Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Poetisa São-Tomense, Olinda
Beja e a magia de uma linda voz – “Foi o mar que engoliu o nosso grito imenso”,
em Fevereiro de 53” – De novo na senda da
divulgação da maravilhosa poesia de S.
Tomé e Príncipe – À Sombra do Oká” é o mais recente livro de Olinda Beja – já
distinguido com o Grande Prémio Literário Francisco José Tenreiro, o maior prémio literário de S. Tomé e Príncipe
A apresentação da referida
obra, que tem merecido largos elogios e sido muito apreciada, nas várias
sessões da autora, e a que nós já nos referimos, em Nov do anos passado, em - http://www.odisseiasnosmares.com/2015/11/s-tome-sombra-do-oka-surpreendente.html -
desta vez vai ser apresentada no próximo dia 23 de maio, pelas 18 horas,
na Casa das Artes, no Porto, após a realização da 3ª edição das «Conversas
Nortear», na qual a escritora vai participar juntamente com Diego Ameixeiras.
O Oká de Guadalupe |
Conceição Beirão Carvalho – natural de S. Tomé e Príncipe, que reside há vários anos em Barcelos, professora e escritora, com várias obras publicadas
na área do conto juvenil, é a personalidade que, agora na invicta cidade, fará a apresentação de "À Sombra de Oká" Um livro de poesias, que, segundo a autora, levou dez anos
para ser concluída e por isso mesmo descreve uma longa jornada de sangue, suor
e lágrimas. O título do livro tem como referência a maior e mais mítica árvore
das ilhas São Tomé e Príncipe, com os seus duendes, curas, feitiços e magias
relacionados a cultura luso-africana.
“É um
dos mais belos livros de poesia em língua portuguesa dentre os que já tive a
oportunidade de ler.” Amarino Queiroz, Professor da UFRN – Brasil
PRELÚDIOS
no
limiar da sombra de um velho oká
se
espreguiçam sons e brisas, rastejos e ondas
e
nossas fragilidades todas
aqui
se semeiam amores e ódios, intrigas e
fleumas
aqui
se amantizam lamentos e alegrias
como
jogo de bligá em domingo festivo
na
sombra do oká o rasto do obô primevo e fiel
com
a palavra poema em juramento solene
aqui
sob a ramada desta árvore frondosa que dará canoas e
boia
e jangada e caixa
de
guardar memória
a
palavra deslizará como óleo de coco em nossa pele ansiosa
a
palavra florirá para depois coagular nas bocas sedentas do
dizer
e
da palavra sairá a esperança
a
força
a
redenção
a palavra será seiva
a
exsudar-se da árvore mãe
a
penetrar na alma de todos os ilhéus
aqui
não há desertos nem oásis nem tão pouco
rios
despidos de fronteiras
nem rochedos agrestes a encobrir ternuras
aqui
há tão somente a sombra deste oká inderrubável e imóvel
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