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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Poesia de S. Tomé e Príncipe - À Sombra do Oká, de Olinda Beja, dia 23, na Casa das Artes, no Porto - Acompanhada em tons musicais santomense e gestos de magia e encanto

Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Poetisa São-Tomense, Olinda Beja e a magia de uma linda voz – “Foi o mar que engoliu o nosso grito imenso”, em Fevereiro de 53”  – De novo na senda da divulgação da  maravilhosa poesia de S. Tomé e Príncipe – À Sombra do Oká” é o mais recente livro de Olinda Beja – já distinguido com o Grande Prémio Literário Francisco José Tenreiro, o  maior prémio literário de S. Tomé e Príncipe




O Oká de Guadalupe
A apresentação da referida obra, que tem merecido largos elogios e sido muito apreciada, nas várias sessões da autora, e a que nós já nos referimos, em Nov do anos passado, em  -  http://www.odisseiasnosmares.com/2015/11/s-tome-sombra-do-oka-surpreendente.html  -  desta vez vai ser apresentada no próximo dia 23 de maio, pelas 18 horas, na Casa das Artes, no Porto, após a realização da 3ª edição das «Conversas Nortear», na qual a escritora vai participar juntamente com Diego Ameixeiras.
 Conceição Beirão Carvalho – natural de S. Tomé e Príncipe, que reside há vários anos em Barcelos, professora e escritora,  com várias obras publicadas na área do conto juvenil, é a personalidade que, agora na invicta cidade, fará a apresentação de "À Sombra de Oká"   Um  livro de poesias, que,   segundo a autora, levou dez anos para ser concluída e por isso mesmo descreve uma longa jornada de sangue, suor e lágrimas. O título do livro tem como referência a maior e mais mítica árvore das ilhas São Tomé e Príncipe, com os seus duendes, curas, feitiços e magias relacionados a cultura luso-africana.

“É um dos mais belos livros de poesia em língua portuguesa dentre os que já tive a oportunidade de ler.” Amarino Queiroz, Professor da UFRN – Brasil




PRELÚDIOS

no limiar da sombra de um velho oká
se espreguiçam sons e brisas, rastejos e ondas
e nossas fragilidades todas
aqui se semeiam  amores e ódios, intrigas e fleumas
aqui se amantizam lamentos e alegrias
como jogo de bligá em domingo festivo

na sombra do oká o rasto do obô primevo e fiel
com a palavra poema  em juramento solene

aqui sob a ramada desta árvore frondosa que dará canoas  e
boia e jangada e caixa
de guardar memória
a palavra deslizará como óleo de coco em nossa pele ansiosa
a palavra florirá para depois coagular nas bocas sedentas  do
dizer
e da palavra sairá a esperança
a força
a redenção
a  palavra será seiva
a exsudar-se da árvore mãe
a penetrar na alma de todos os ilhéus

aqui não há desertos nem oásis nem tão pouco
rios despidos de fronteiras
 nem rochedos agrestes a encobrir ternuras
aqui há tão somente a sombra deste oká inderrubável e imóvel


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