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terça-feira, 12 de julho de 2022

HÁ 47 ANOS - 12-07-1975 NASCEU MAIS UMA NAÇÃO DE LINGUA PORTUGUESA - A que dei visibilidade jornalística antes de o ser – Aeroporto Internacional de São Tomé e Príncipe passa a chamar-se Aeroporto Nuno Xavier – Feliz Iniciativa

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Saúdo calorosa e fraternalmente o Povo de S. Tomé e Príncipe - Depois de dois anos de confinamento por via da Covid-19, que veio dificultar a vida às populações e causar limitações sanitárias de vária ordem, além de perdas humanas, crise que o Governo tem procurado debelar, dentro do que lhe tem sido possível, eis que finalmente se vão comemorar os 47 anos de independência, num contexto mais livre e alegre, tal como vinha sucedendo na maior festividade do país.

Aproveito para calorosamente também saudar os seus governantes e dirigentes políticos, atuais e fundadores do MLSTP e dos partidos que posteriormente se vieram a formar, a todos quantos se têm batido pelo bem-estar e progresso destas maravilhosas Ilhas, seja na politica ou socialmente, desejando que esta data seja vivida no mesmo ambiente de paz , de fraternidade e de alegria, que faz parte da matriz pacifista e acolhedora do povo santomense

O Povo santomense voltou a reviver o flogá na Praça da Independência, no coração da capital para comemorar o 47º aniversário -  - Na manhã do dia 12, tal como estava previsto, decorreu na histórica “Praça da Independência” a cerimonia oficial das comemorações do 47º aniversário, com o desfile dos grupos culturais

Tendo o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, mais uma vez exortado para realização do recenseamento eleitoral antes das eleições legislativas, autárquicas e regional marcadas para 25 de Setembro

Noutra passagem do seu discurso, o chefe de Estado sustentou que “se a independência significou para nós, a faculdade de decidirmos os nossos próprios caminhos e de sermos os únicos protagonistas da nossa história, ela também colocou-nos desafios e pressões das mais variadas natureza”.

Além de ter manifestado dor e consternação face a morte de José Eduardo, ex-presidente da Angola, Vila Nova sublinhou que “aproveito para esta solene cerimonia para render homenagem particular a dois ilustres filhos desta terra e obreiros da independência que quis o destino nos deixaram neste ano 2022! Refiro-me ao Dr. Carlos Tiny e ao antigo Presidente da República, Evaristo Carvalho”.

A República Democrática de São Tomé e Príncipe teve sua autonomia em 12 de julho de 1975. Tornou-se independente sob a bandeira do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), após 505 anos sob domínio português.

Após o 25 de Abril, o General António Spínola então Chefe de Estado de Portugal reconheceu num discurso o direito a autodeterminação dos povos das colónias portuguesas, mencionou Angola, Moçambique e Guiné Bissau ignorando por completo Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

Face a essa descriminação, no dia 15 de Junho de 1974, surgiu, na capital das duas Ilhas,, o primeiro movimento nacionalista implantado em São Tomé e Príncipe, em perfeita sintonia com a direção do movimento, que nessa altura se encontrava em Libreville (Gabão) denominado de Associação Cívica pró-MLSTP presidida pela poetiza Alda do Espírito Santo, Filinto Costa Alegre Daniel Daio, a que se juntaram o Alcino Pinto, o Gabriel Costa, o Varela, o Salvador Ramos, o Rafael Branco, a Bela Neves, a Nazaré Tiny, a São Silveira, a Dua, e tantos, tantos outros, rapidamente dinamizando e mobilizando trabalhadores, santomenses, cabo-verdianos, angolanos e moçambicanos, e especialmente jovens estudantes, palaiês, pescadores, enfim gente de todas as avenidas da nação santomense, decididos a mobilizar a população pela libertação do arquipélago do jugo colonial .

SPÍNOLA ENVIA RICARDO DURÃO PARA SE OPOR AO MOVIMENTO PRÓ-INDEPENDÈNCIA – Galvanizado pela Associação Cívica Pró-MLSTP


O ex-comandante do Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, conhecia bem o arquipélago, as roças e os roceiros, com os quais convivera em altas jantaradas e almoçaradas, nas sedes das administrações. Spínola, não queria a independência desta ex-colónia e enviou-o com a missão de se juntar aos roceiros e liderar um golpe contra-revolucionário. Quando alertei Pires Veloso, da presença do inesperado oficial, envergando farda de militar de combate, ele já lhe tinha dado instruções para regressar no mesmo voo. "Já sei que ele aí está: vai já no mesmo avião. Não se preocupe". tendo-o obrigado a regressar no mesmo avião. Fui testemunha desse episódio

O movimento pró-independentista apreciou atitude do Governador, que até então não acreditava nas boas intenções de Pires Veloso, pois via-o com desconfiança - Os santomenses olhavam os militares portugueses, como tropa de domínio colonial. Porém, a partir daquela altura, o Governador passou a ser visto como um dos seus e com outros olhos.

No seu livro “Vice-Rei do Norte - Memórias e Revelações, faz uma breve referência, mas é omisso em apontar o nome do oficial - E alude também à inesperada invasão dos colonos ao Palácio do Governo, que não estavam mentalizados para a inesperada independência, visto nas ilhas não ter havido a luta armada e os sinais existentes nas colónias de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau


Era, então, desde 1970, correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada, tendo dado o meu contributo para a divulgação às ações da Associação Cívica, pró-MLSTP, acompanhando as suas reuniões na sua sede, no Bairro do Riboque, bem como divulgando as primeiras imagens e testemunhos dos massacres de 3 de Fevereiro de 1953, conhecidos pelos massacres do Betepá


Graças à liberdade de expressão instaurada pelo movimento das forças armadas portuguesas, apesar das enormes dificuldades económicas com que me defrontei, nem assim deixei de escrever e de publicar o que tinha a publicar, mesmo quando alguns colonos, me colocarem uma forca de corda pendurada sobre a minha porta (ainda tenho a fotografia); pois não queriam que eu escrevesse sobre o direito do tão sacrificado povo destas maravilhosas ilhas verdes do equador, pudessem livrar-se do jugo colonial e ascender à independência, pelo que foi alvo de alvo de várias agressões e ameaças de morte


Por duas vezes, furaram os pneus do meu carro à navalhada, (ao ponto de ter que o estacionar junto à sentinela do palácio do governador), agrediram-me barbaramente.

Pior do que isso, quando uma multidão furiosa de colonos invadiu aquele palácio para exercerem coação e insultarem o então coronel Pires Veloso, ao verem-me, ali nas imediações, passei eu a ser o mau da fita e das suas frustrações, correram todos imediatamente atrás de mim, como loucos, para me lincharem.

Eram milhares a apedrejarem-me e a espalharem-se por todas as ruas para me apanharem. Ainda fui atingido com uma pedra na cabeça, que me provocou um ferimento grave. Por pouco não me mataram e fui esmagado. Por sorte, consegui entrar numa escada e lograr um esconderijo, num telhado, até ao anoitecer, com a cabeça e o rosto ensanguentado, sem poder tratar-me do ferimento.

Depois tive que me refugiar quinze dias no mato, em casa de um santomense amigo, o Constantino Bragança, um dos meus companheiros na escalada do Pico Cão Grande


Desembarquei em novembro de 1963, para fazer um estágio, como Técnico Agrícola, numa roça – Estive um ano em Angola, onde fui frequentar o curso de sargentos milicianos, seguido do curso de comandos – e deixei a Ilha de São Tomé, pela última vez, em outubro de 1975, a bordo de uma piroga para tentar a travessia solitária de São Tomé ao Brasil, que me levaria a um longo e tormentoso naufrágio de 38 dias. – Depois de ter feito travessia de S. Tomé à Nigéria, em Março do mesmo ano – Projeto, acalentado, desde há vários anos, mas que me vi forçado antecipar por via das agressões e perseguições de que estava a ser alvo por parte de alguns colonos, sim, com vista a demonstrar que as ilhas poderiam ter sido inicialmente povoadas por povos da costa africana, tal como sucedeu nas ilhas do Oceano Pacifico, muito antes de serem descobertas por navegadores europeus.

Pelos muitos testemunhos recebidos, estou certo que a população e as mais diversas entidades e personalidades de S. Tomé e Príncipe, continua a ter por mim um grande respeito e admiração e me considera como um dos seus

PAPALAVRAS DO FUNDADOR DA NACIONALIDADE SANTOMENSE - Em 12 de Julho de 2015  - Do então Presidente Manuel Pinto da Costa  https://canoasdomar.blogspot.com/2015/07/sao-tome-e-principe-ha-40-anos-nasceu.html


Temos de ser capazes de assumir os erros cometidos com humildade porque todos os cometeram e a, partir daí, ultrapassar o passado, encarar com realismo o presente e construir, com esperança, o futuro.
Gostaria, a este propósito, saudando calorosamente nesta ocasião, os povos irmãos de Moçambique, Angola, Cabo-Verde e Guiné Bissau que celebram como nós a independência, recordar e citar palavras recentes do ex-presidente Moçambicano, Armando Guebuza.
Disse este:


“O nosso maior sucesso foi termos adquirido uma identidade, podermos ter as nossas próprias opções e até cometer os nossos próprios erros”…
É na nossa identidade, que começámos a reconstruir nas quatro décadas que levamos de independência que reside a chave para o sucesso de São Tomé e Príncipe, recusando a nacionalização do pessimismo, da crítica destrutiva, do desânimo, da inércia e do isolamento insular que nos empurra constantemente para nós próprios.

Existem motivos mais que suficientes para acreditar que, apesar dos erros cometidos, apesar da pobreza que ainda não vencemos, das carências estruturais que persistem, que valeu a pena e somos capazes de conquistar um futuro de progresso, desenvolvimento e justiça social.
Podíamos ter feito melhor? Podíamos.
Podíamos ter cometido menos erros? Podíamos.
Podíamos ter alcançado melhores resultados? Podíamos.
Mas é valorizando o que conseguimos enquanto povo apesar de todas as dificuldades que enfrentámos que podemos potenciar o que há de melhor em nós e o país, não tenhamos dúvidas, precisa do melhor de nós. De todos nós, sem exclusões de qualquer natureza. 


Alcançámos progressos significativos em áreas fundamentais para o desenvolvimento como a saúde e educação onde estamos à beira de conseguir cumprir em vários domínios os objectivos do milénio definidos pelas Nações Unidas.

Temos uma democracia estabilizada e com provas dadas de maturidade



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