Entrevista conduzida pelos jornalistas Jorge Trabulo Marques e Intermamata - Repórter da STP-Press - Na postagem anterior veja o video e os pormenores da 1ª parte da entrevista https://canoasdomar.blogspot.com/2022/07/jorge-bom-jesus-os-oceanos-andam.html
De facto, é um governo que conseguiu sobreviver!... Nós vamos chegar ao fim da legislatura!... E quero-vos dizer que não foi fácil!... Muita gente apostava o contrário: era difícil prever que este governo conseguisse sobreviver de uma maioria tão tangente e num mosaico de coligação, que conseguisse chegar ao fim; simplesmente estamos a conseguir
Afirmou no hall de um hotel de Lisboa, o Primeiro-Ministro, Jorge Bom
Jesus, no último dia da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, coorganizada
pelos governos de Portugal e do Quénia, em declarações aos jornalistas, Jorge
Trabulo Marques e Intermamata, repórter da STP-Press,
Referindo que "a herança do governo anterior não foi fácil… Ainda se
lembram da falta de energia, dos problemas salariais. Problemas que nós
herdamos… Fomos superando paulatinamente.
Como se não bastasse, foi um governo num
período de todas as contrariedades… Desde logo a pandemia, que demorou dois
anos; as intempéries; as pontes, entre outras… Portanto, fomos superando essas
várias crises, tentado fazer o melhor que nos podíamos, dentro desse quadro
difícil… E, enfim, não fizemos o que desejaríamos, mas o que nos foi possível –
Quanto às relações institucionais com o
atual Presidente, respondeu-nos que, tanto com o atual Presidente, como com a
que com o saudoso, que têm sido cordiais, são bastante aceitáveis, até porque,
todos nós estamos a concorrer para aquilo que são os desígnios do Estado e do
Povo de S. Tomé e Príncipe: que é o bem-estar e o desenvolvimento de todos os
órgãos de soberania.
Apesar da sua independência, existe uma interdependência, uma convergência nesse sentido: seja a Assembleia Nacional, seja a Presidência , a Justiça, e, nós que somos o Executivo, temos que nos juntar, darmos as mãos para resolver os problemas ingentes que S. Tomé e Príncipe possui:
- Como sabe, problemas estruturais, os problemas da pobreza, os problemas económicos e financeiros num contexto cada vez mais difícil!,… A guerra na Ucrânia, a subida dos preços dos cereais!... Do Combustível… Da energia!... Dos transportes!... Falámos há pouco tempo da pirataria no Golfo da Guiné, que faz aumentar ainda mais o custo dos contentores e dos barcos!... Porque, hoje, as própria seguradoras exigem muito mais verbas.. Portanto, tudo isso acaba por ter um impacto na vida e na politica são-tomense
S. Tomé -Maio 2019 |
Lisboa . Junho 2019 |
À tão sensível questão dos baixos salário, que colocámos, ao PM, Jorge Bom Jesus, começou por frisar, que, de facto, o custo de vida não para de subir, de aumentar!... Até porque estamos a falar de um país que exporta muito pouco!,,, Eu diria quase nada e importa praticamente tudo!... E tudo é comprado no mercado onde os preços não param de subir, de aumentar!.. Portanto, há uma inflação visível à população, que exige, sobretudo, aumento de salários… Alguns estão já congelados há muito tempo e há uma grande pressão sobre o Governo
O que nós fizemos no quadro da mitigação do quadro da pandemia, não tendo conseguido um reajusto revolucionário – pois era preciso reformular toda a pirâmide dos salários com muitos subsídios e proceder a uma reforma salarial muito profunda, nós estamos a proceder a um aumento faseado: começamos agora por o aumento dos salários mais baixos, que eram de mil e cem dobras e nós procedemos a um aumento de mil e quatrocentas dobras, a que nós chamamos de um suplemento salarial para essas classes que auferem os salários mais baixos; de forma a que, dora avante, possam auferir duas mil e quinhentas dobras, o equivalente a 100 euros
Sobre o funcionamento da democracia, de
que, S. Tomé e Príncipe, tem sido um caso exemplar em África, salvo
um certo período, algo mais conturbado, o PM Jorge Bom Jesus,
concordou com a nossa observação dizendo que, realmente, a cultura democrática,
“ é qualquer coisa que nos deve orgulhar, porque nada justifica a
razão da força!... Penso que o Povo é quem mais ordena e é preciso, de quatro
em quatro anos, dar a voz à população para julgar o trabalho dos
políticos que têm por obrigação fazer o melhor.. O politico está ao serviço do
Povo!... Nós somos os servidores! E penso que, qualquer politico,
que se preze, tem de fazer o melhor para o seu país!... Nem sempre é possível
mas é preciso continuar a desafiar e tentando
Em resposta, ao pedido de uma mensagem à comunidade santomense no exterior, proposta pelo repórter Intermamata, o Chefe do Governo aproveitou “para felicitar a diáspora da nossa comunidade… Dizendo-lhe que faz parte das nossas ilhas!... Eu diria, até, que nós temos S. Tomé e Príncipe e, a nossa diáspora , é a nossa terceira Ilha e, o santomense, lá onde estiver, independentemente da localização, a sua contribuição é sempre válida, é sempre a bandeira de S. Tomé e Príncipe, que é içada cada vez que as competências santomenses se exprimem. É por isso,, que nós dizemos a casa santomense, que é preciso lutarmos! Trabalharmos muito!... Buscarmos excelência!... Temos que ser muito bons!... Porque, sobretudo nós, os pequenos países, temos que sonhar grande para sermos um pouco maiores!... Só assim é que os grandes nos poderão respeitar
Confessou que nasceu no Riboque da parte
paterna e outra parte materna de Changra, de Santo Amaro
Por fim, ao pedir-lhe que fizesse um
balanço da sua atividade politica nos últimos quatro anos, respondeu-nos: “Eu
penso que – modéstia à parte, o balanço é positivo, sobretudo quando nós
comparámos a dificuldade do percurso!... As contrariedades!... Os
contratempos!... E aqui, toda a gente sabe do que estou a falar!...
Da pandemia!... As intempéries!... Os preços da guerra!... Tudo isso…
Bem, estamos a falar de factos… Isto ao
nível internacional, àquilo que se passou no mundo!... Mas também
internamente!... Nós herdamos constrangimentos de mais de quatro décadas!... Os
problemas estruturais! Que um Estado frágil, em desenvolvimento, tem há muito
tempo!... Basta relembrar que, S. Tomé e Príncipe, vem de cerca de 20
Governos!... Portanto, fomos superando!,.. Esta pobreza,
quase crónica!... Enfim, o Governo tentou!.. Tentou!... Em problemas
de dívidas!... Em problemas energéticos! De infraestruturas, entre outros!,,,
E penso, que, estando a chegar ao final
de uma legislatura, colocámos também a nossa pedra, o nosso tijolo na
construção de S. Tomé e Príncipe. E penso que demos alguns passos em frente!
2016- Baía Ana Chaves |
Quem viu a cidade de S. Tomé,
sensivelmente há 4 anos atrás – estou a falar em 3 Dezembro de 2018,
quando nós entramos – tínhamos a cidade completamente
esburacada!...Desfigurada!... Hoje as coisas mudaram bastante!
Em termos de liberdade de expressão!... Penso que, hoje, o santomense se sente muito mais
Obras que há muito se impunham |
livre de expressão! Das suas
ideias!... E penso, que, nalguns casos, a liberdade até roça a libertinagem!...
Que é preciso corrigir!... Nós também não podemos deixar descambar a
democracia!... A democracia não é libertinagem, não é anarquia!.., Mas, enfim,
é um país muito mais livre!... Nós encontrámos um país muito
crispado!... De gente com medo de falar!... Enfim, são factos que nós temos
como ativos deste Governo!
Mas também ao nível social!... Como
disse, houve vários investimentos! Vamos aumentar agora os salários!... Houve
investimento ao nível das 16 famílias renumeradas, que auferem 1800 dobras de
dois em dois meses!... Portanto, isto significa para o Governo, uma injeção na
economia, de dois em dois meses, de um milhão e duzentos mil dólares!... Mas
também ao nível do empreendedorismo, entre outros, o balanço no computo geral é
encorajador.
BIOGRAFIA -Confessou-nos que nasceu no Riboque, no histórico bairro de capital, com origem da parte paterna e outra parte materna de Changra, de Santo Amaro, em 26 de Julho de 1962 - De seu nome completo, Jorge Lopes Bom Jesus acadêmico, linguista e político santomense, membro do MLSTP-PSD
Entre 2008 e 2010, sob o governo de Rafael Branco, foi Ministro da Educação e Cultura e de 2012 a 2014 atuou como Ministro da Educação, Cultura e Ciência no governo de Gabriel Costa- Líder da oposição entre julho e novembro de 2018, tornou-se primeiro-ministro do seu país em 3 de dezembro do mesmo ano
Na juventude rumou para a Europa onde formou-se em literatura francesa e portuguesa, com mestrado em língua portuguesa e especialização em literatura africana pela Universidade de Toulouse, na França.
Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto concluiu as especializações em pedagogia do francês como língua estrangeira e pedagogia da língua portuguesa. Ainda possui PhD em administração pública pela Universidade de São Tomé e Príncipe.
Sua carreira profissional inclui os cargos de assessor do Ministro da Cultura e Informação, Diretor Geral de Educação e Treinamento, Secretário Geral da Comissão Nacional para a UNESCO, Diretor de Planejamento e Inovação Educacional, diretor da Biblioteca Nacional de São Tomé e Príncipe, Diretor da Escola de Formação de Professores e Educadores (EFOPE; atual Instituto Superior de Educação e Comunicação da Universidade de São Tomé e Príncipe), Presidente da Aliança Francesa e vários anos como professor
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