A apresentação da obra, que decorreu ao fim da tarde do passado dia 19, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a presença de José Manuel Sobral (ICS-ULisboa) e Ângelo Torres (ator e realizador) e moderação de Ana Lúcia Sá (Iscte-IUL), além de outras personalidades, como o Embaixador de S. Tomé e Príncipe, em Lisboa, António Quintas.
Contou com uma plateia, muito atenta e entusiástica, na qual se viam vários rostos, bem conhecidos do meio literário e artístico de S. Tomé, entre os quais os músicos, Pedro Quaresma, Ninho Anguene e Ricardo Costa, que animaram a sessão, antes e depois da apresentação da obra – O linguista Tjerk Hagemeijer e o investigador g Gerhard Seibert, foram também, outros dos académicos, que seguiram atentamente o evento.
Dêxa puíta sócópé. Música em São Tomé e Príncipe do colonialismo à
independência" , aborda as transformações do universo musical em São
Tomé e Príncipe desde meados do século XIX, época da recolonização das ilhas e
da construção de roças de café e cacau, até à década de 1990
Magdalena
Bialoborska Chambel, formada em antropologia e música, investigou durante
vários anos a realidade e a história musical de São Tomé e Príncipe A partir de
mais de 100 entrevistas e recorrendo a fontes escritas e audiovisuais, analisou
os vários grupos sociais do arquipélago – os ilhéus, os trabalhadores
contratados e os colonizadores portugueses – e respetivos géneros musicais,
como, por exemplo, socopé, quiná, dêxa, puíta, tchabeta, funaná, bulauê, música
dos agrupamentos e dos conjuntos ou mesmo música clássica.
O Embaixador de S. Tomé e Príncipe, em Lisboa, António Quintas, que marcou presença na tribuna de honra, teceu rasgados elogios à obra, que , “ensina-nos a conhecer quem somos nós, como vivemos, como nos relacionámos e como nos alimentamos, tanto do ponto de vista espiritual, como também sob o ponto de vista gastronómico, sublinhando que a língua de S. Tomé e Príncipe é muito rica, sem falar das metáforas que são faladas no nosso pais, deixando o desafio aos próximos investigadores, que nos ajudem a conhecer as múltiplas facetas do homem santomense”
Por sua vez, o e José Manuel Sobral, investigador Principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Diretor da revista Análise Social, na pormenorizada analise que fez ao livro, frisou tratar-se de “uma historiografia, conhecida e citada amplamente pela autora, em que avultam, entre os nomes mais recentes, os de Francisco Tenreiro, Carlos do Espírito Santo, Augusto Nascimento, G. Seibert, escritores como Albertino Bragança, académicos como Inocência Mata e Armindo Espírito Santo e, entre os que se ocuparam mais especificamente da música, mestre Barrinho, Fernando Reis ou Lúcio Amado.
Recordando que “a música é uma das
dimensões expressivas fundamentais das identidades dos coletivos humanos, a par
de outras, como a língua ou a cozinha” destacando o facto, por exemplo, em
momentos de reunião da diáspora são-tomense em Portugal, como nas festas que
comemoram o dia da Independência, a 12 de Julho, nas diversas manifestações a que tem assistido – “no
Mercado da Ribeira em Lisboa, em Massamá, no Parque das Conchas em Lisboa, na
Amora- a música estava sempre presente. Às vezes com conjuntos a tocarem em
palco, outras vezes com recurso a ""playback"", algo também
frequente no país na atualidade, segundo o estudo da Magdalena.
No final da apresentação da Obra, a que se
seguiu uma sessão de autógrafos, quisemos também recolher a opinião de Gerhard
Seibert investigador associado na Centro
de Estudos Internacionais - CEI - ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
(ISCTE-IUL), autor de várias obras, investigador da história e dos assuntos
políticos e sociais de São Tomé e Príncipe, que, conquanto ainda não tivesse
lido a obra, ficou com a impressão que fez uma recolha exaustiva, reconhecendo tarar-se
de um trabalho de teor inédito e de prática
científica.
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