Jorge Trabulo Marques - Jornalista
(atualização) Meu caloroso agradecimento, ao jornalista Abel Veiga, pela partilha das palavras de Manuel Pinto da Costa, no jornal Téla Nón - Aproveito para informar, que, entretanto, tive a reconfortante mensagem de que, dentro de dias, deverá regressar a S. Tomé para sua grande alegria e reconforto, pois, conquanto esteja arredado da politica ativa, nem por isso deixa de seguir atentamente a realidade do seu país. E, uma coisa, é o que se diz, o que se lê ou se ouve, outra é que os olhos podem ver no interior do espaço térreo onde nasceu, cresceu e pelo qual sempre se bateu.https://www.telanon.info/politica/2023/04/18/40313/conflito-ucrania-e-a-russia-pinto-da-costa-defende-dialogo-como-solucao/
"Invadir um país, eu sou
contra! Condeno! Toda invasão a um país é condenável!" – Sublinha, no entanto,
haver razões históricas, entre os dois países, que desconhece. Referindo,
porém, que todo esse jogo da Ucrânia, de
apoio à Ucrânia, da guerra na Ucrânia,
também não me posso envolver nisso!... São questões de resultantes de
interesses que não são os meus!... Não são do meu país!
Questionado sobre a
posição de S. Tomé manter uma posição neutral, se considera que esta é a
posição que o seu país deve manter, recordando-lhe que, ainda recentemente, o
Embaixador da Federação Russa, foi ali recebido, frisou que condena a invasão e
é pelo diálogo entre os dois.
JTM – Não é pelas armas?
MPC – Não!... Não! …As
armas não vão resolver nada!... Tem que haver diálogo entre as partes!
Ainda longe de se conhecer a polémica, que. nos últimos dias, tem marcado a imprensa internacional ocidental, sobre as recentes posições de Lula da Silva, bem como das posições de Brasília e Pequim defendendo que os diálogos e negociações pela paz são 'única saída viável para crise" , já o co-fundador do MLSTP e da nacionalidade santomense, o 1º Presidente de S. Tomé e Principe, referia haver um grupo de países que podiam mediar o conflito, entre os quais o do atual presente do Brasil
Esta é outra das
passagens, que recordo da interessante e honrosa entrevista, que me concedeu, na visita de cortesia que
tive oportunidade de lhe fazer, no intimidade acolhedora e discreta da
residência de pessoa amiga, nos arredores de Lisboa, para me inteirar do seu
estado de saúde e lhe transmitir uma
palavra amiga, de admiração e apoio, em cujo reencontro me apercebi do seu
olhar atento sobre a situação do seu amado país, a que ainda não pôde voltar,
visto, entretanto, ter tido algumas recaídas,
Como já tive ocasião de
referir, foi um reencontro de simpatia e de cordialidade, muito restrito e
pessoal, visto não ser seu intuito ter encontros com a imprensa, de carácter
social ou político, senão os de assistência médica e pouco mais; oportunidade
honrosa e amável, proporcionando uma troca de memórias de ambos
Além de outras questões,
a que já me referi, perguntei-lhe também o que achava do conflito Rússia
-Ucrânia, reconhece que tem de se encontrar -a forma de se sentarem à mesa e
discutirem- Considerando que não é com a guerra que se resolve o problema
JTM – À pergunta se estaria
disponível, se fosse convidado para intermediar o conflito, visto ser um
observador atento e uma pessoa neutral, independente, de poder, de algum modo, dar o seu contributo para que, a Ucrânia e a
Federação da Rússia, que, no fundo, são dois países com grandes afinidades
históricas e linguísticas pudessem
estabelecer a paz? -agora que se aproxima, dia 24, um ano, sobre a invasão –
Que palavras é que gostaria de transmitir?
MPC – “Tem que se chegar
à conclusão de que, através da guerra, não se pode resolver absolutamente
nada!...” Frisando que vão complicar ainda mais a vida para ambas as partes.
Têm que encontrar a
fórmula de se assentarem à mesa para discutirem!...
Já tinha havido um acordo
entre a Rússia e a Ucrânia!... E esse
acordo não foi devidamente cumprido!... Uma das exigências que se fazia é que,
a Ucrânia, não podia entrar na Nato!...
E porquê?!.... A entrada
da Ucrânia na Nato!... Levava preocupações de carácter estratégico para a
Rússia!...
(…) Mas de qualquer
maneira não é através da guerra que se resolve o problema!.... É assentarem-se
e resolver o problema!....
JTM – Acha, que, depois
desta situação caótica, a que se chegou ainda
há possibilidades de se revolver o problema?!...
MPC – Tem que haver!... A
guerra não é solução!...
Há um grupo de países!...
E, entre eles ….gora, o Brasil, com
Lula, que podem contribuir…
JTM - Conhece Putin?.....
MPC – Não… Não conheço.
Manuel Pinto da Costa,
nasceu no dia 5 de Agosto de 1937, em Água Grande. foi o primeiro Presidente de
São Tomé e Príncipe.
Uma das distintas
figuras, com quem tive a honra e a grata satisfação de dialogar, antes da
independência de S. Tomé e Príncipe e de quem, com igual simpatia e
cordialidade, me despedi ao deixar esta maravilhosa Ilha para tentar a
travessia oceânica, numa frágil piroga, de S. Tomé ao Brasil - Mas só, 39 anos
mais tarde, o poder voltar a reencontrar e abraçar, concedendo-me a honra e o
prazer de me receber na sua residência oficial, no morro da Trindade – Gesto
amigo e cordial, que muito me sensibilizou, de particular significado na minha
vida profissional e do amor a uma terra, ao seu Povo, pacifico e generoso, a
que me sinto ligado por laços de profundo afeto, como se fosse a terra onde
nasci, como se fosse também um dos seus filhos.
Doutor em economia pela Faculdade de Berlim, antiga República Democrática
Alemã, Manuel Pinto da Costa, membro fundador do Comité de Libertação de São
Tomé e Príncipe, primeira organização independentista são-tomense, acabou por
ser figura de consenso no seio dos nacionalistas radicados no estrangeiro, para
dirigir a nova organização política o MLSTP e consequentemente o novo país
independente.
A sua influência na luta pela libertação de São Tomé e Príncipe começou a ser
exercida ainda como estudante. Na década de 60 foi eleito secretário para
informação e propaganda da União Geral dos Estudantes da África Negra, sedeada
em Rabat Marrocos.
Foi presidente do seu país, de 1975 até 1991 e de 2011 até 2016.
Foi um dos primeiros líderes africanos a implementar reformas com vista a
mudança do regime mono partidário para a democracia pluralista. Em 1989 sob
Presidência de Pinto da Costa o povo foi chamado para referendar a nova
constituição política.
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