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segunda-feira, 3 de abril de 2023

S. Tomé e Príncipe – Pesca nas águas do Gabão é fiscalizada em comum-acordo com os dois países na ZEE - Para lá têm navegado canoas e traineiras, sem problemas. Mas agora quem levou a ripada foi o país da traineira dos 14 pescadores, que lhe veio a permitir um brilharete diplomático


Jorge Trabulo Marques - Jornalista 
Desde há vários anos que navegam para as águas das costas do Gabão,  tanto  traineiras, como canoas: à falta de peixes nas águas territoriais do arquipélago, “pescador tem de aventurar-se” -  Confessou-me de velhos  lobo dos mar em Nov. de 2014, num reencontro de memórias das mesmas aventuras pelos mares dos tornados e tubarões do Golfo da Guiné  

O pescador tem que aventurar-se” -É assim a vida dos pecadores das canoas e das traineiras, em S. Tomé – Foi esta uma das explicações  que nos confessaram três desses bravos homens do mar, junto a uma das traineiras, fundeadas na Baía Ana de Chaves, 39 anos depois de termos deixado esta ilha para a tentativa solitária  de uma travessia oceânica de de canoa, que acabaria por saldar-se por uma  dramática  odisseia de 38 dias  

Afinal, agora quem sofreu com a fiscalização foi um dos  países fiscalizadores  

Em Agosto de 2016, STP e o Gabão, decidiram agir em conjunto para fiscalizar as atividades de pesca na sua zona económica exclusiva. O então Ministro da Economia e da Cooperação Internacional de São Tomé e Príncipe, Agostinho Fernandes, disse que o mar do país conserva recursos importantes. que estão a ser explorados por terceiros, cuja contra-partida nacional é sem dúvidas bastante reduzida. Fruto da nossa capacidade de fiscalizar o que tem sido feito em termos de pescas nas nossas águas», frisou, Agostinho Fernandes.

O Ministro da Defesa e do Mar, Carlos Stock, também esteve presente na cerimónia que pela primeira vez une os dois países vizinhos na gestão e fiscalização dos recursos pesqueiros existentes nas suas águas territoriais. https://www.telanon.info/politica/2016/08/01/22462/stp-e-o-gabao-juntos-na-fiscalizacao-da-pesca-na-zee/

POBRES DOS PESCADORES - DEPOIS DE DETIDOS E HUMILHADOS  - SALVOU-SE UM BRILHARETE DIPLOMÁTICO PARA OS LIBERTAR  - Mas, então que acordo clebrado foi aquele para se atirarem agora  aos pobres pescadores santomenses, aprisionando a sua traineira quando, afinal, o objetivo da fiscalização,  visava fiscalizar  "as actividades das embarcações da União Europeia que pescam nas suas águas territoriais de ambos os países? 


Ambos se iniciaram na pesca das canoas, a grande escola dos pescadores santomenses – Preferem integrar a equipa das traineiras, porque têm mais segurança e pescar mais. Enquanto as canoas, muito dificilmente podem perder a terra  de vista, as traineiras podem ir pescar para outras distâncias, até junto da costa africana, e melhorar um pouco mais a jornada. que só é compensada em função da quantidade de peixes que apanham.

 Longe vão os dias dos mares à volta de S. Tomé e Príncipe, estarem povoados por imensos cardumes das mais variadas espécies de peixes  -Agora,  tanto as canoas, como as traineiras, têm de ir procurar o pescado noutras águas. Isto, porque, as frotas pesqueiras que operam nas águas territoriais, vão varrendo tudo o que vem às redes.  – Sobretudo, os pescadores das canoas, regressam à praia quase de mãos vazias 

Desabafos de lamentos e preocupações, que tive oportunidade registar num espontâneo e ocasional encontro, na praia da Rosema, em Neves, capital do distrito de Lembá, numa bela tarde de Maio de 2019

Neves -1972- S -Jorge Trabulo Marques Autor do Artigo  

Em cuja baía, nos últimos anos da colonização, chegou a existir um dos mais avançados empreendimentos industriais de África, de fabrico de cerveja e distribuição de gás, além de um bem apetrechado porto pesqueiro, donde partiam e regressavam várias traineiras de pesca para capturas nas águas territoriais do arquipélago, até às vizinhas costas do Gabão e, a bem dizer, por todo o Golfo da Guiné.


Txilamo Ni Son” e os 14 pescadores já zarparam daquelas águas

A embarcação de pesca, que foi intercetada nas águas territoriais do Gabão, e os 14 pescadores a bordo, foi libertada pelas autoridades marítimas e pela justiça gabonesa.

“Txilamo Ni Son”(Tira-me do Chão), é o nome da embarcação de pesca que fez-se ao mar esta quinta feira de regresso a São Tomé. – Diz o Téla Non

O Ministério dos Negócios Estrangeiros,  diz que o desfecho do caso dos 14 pescadores são-tomenses detidos numa área protegida da zona económica exclusiva do Gabão, testemunha as excelentes relações de amizade, de cooperação e de irmandade existentes entre a República Democrática de São Tomé e Príncipe e a República Gabonesa.

Mas, segundo refere a (STP-Press) – O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, disse ter dado o seu “engajamento e palavras” às autoridades gabonesas para a libertação e regresso dos catorze pescadores e a respectiva embarcação, que se encontravam detidos no Gabão, por quase duas semanas, por pesca ilegal, mas que o armador terá de pagar 15 mil euros ao Estado gabonês. 

“Foi aplicada uma multa que também conseguimos reduzir e mesmo antes do pagamento os pescadores foram libertados e receberam a sua embarcação e estão a caminho de São Tomé”, disse Patrice Trovoada. A hora da chegada esta prevista para às 15h00 de hoje.  

Segundo o primeiro-ministro “a multa inicial era de 30 milhões de FCA, mais ou menos, 50 mil euros, mas ficou-se pelos 15 mil, que o armador vai ter de pagar e eu espero que pague, porque houve um engajamento, uma palavra do Governo são-tomense, os pescadores estão de regresso, estão de saúde e não foram maltratados”.  

 


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