São Tomé - Albertino Bragança - Pioneiro da Literatura São-Tomense e também um ativista pela independência do seu pais - Recordando a entrevista que me concedeu, juntamente com dois seus compatriotas, o Vera Cruz e Domingues Cravide também ele um dos antigos militantes do MLSTP., que me trouxe à memória os episódios das perseguições de que foi alvo, quer por alguns colonos, como também por militares da metrópole por dar voz ao movimento pró-independência, ao ponto de assaltarem minha residência e me esfaquarem até o colchão. .
Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Este é mais um dos registos, que aproveito para recordar do meu arquivo e que pude gravar em 2015, quer nas comemorações do 12 de Julho, quer durante a minha estadia, aquele ano, na maravilhosa Ilha de S. Tomé.
Albertino Bragança, autor de vários livros, detentor de um prestigiado currículo, quer em termos políticos, quer no âmbito cultural
Recentemente, o nome de Albertino Bragança é sublinhado pelo jornal Téla Nón, destacando o seu contributo na literatura de S. Tomé e Príncipe, citando as suas obras e a sua formação, a que, também, de novo, é mu intuiro aqui voltar a recordar com a entrevista que tive o prazer de registar por ocasião das comemorações do 12 de Julho de 2015, ou seja o 45ª aniversário sobre a independência destas duas maravilhosas ilhas verdes do equador.
Encontrava-se em Portugal, quando se deu a Revolução de Abril, tendo frequentado a Universidade de Coimbra (Faculdade de Ciências) entre 1964 e 1969.
Albertino Homem dos Santos Sequeira Bragança nasceu em S. Tomé, em 9 de Março de 1944 - Foi ele, que, em Lisboa, na qualidade de membro da Associação Cívica Pró-MLLSTP, organizou a primeira grande manifestação pró-independência – Diz: Eu lembro-me, que, em Lisboa, quando a 27 de Julho, o General Spínola fez uma declaração a reconhecer o direito à autodeterminação e independência de Angola, Moçambique e da Guiné-Bissau mas não falou de S. Tomé e Príncipe e de Cabo Verde, então nós fizemos uma grande manifestação de mais 50 mil pessoas em Lisboa e fomos ter com Kurt Valdaime, que era na altura, o Secretário-Geral das Nações Unida
Regressado ao país após a independência, a par da sua atividade como técnico de educação (sector onde desempenhou diversos cargos diretivos), dedicou-se a intensa atividade cultural, tendo criado em 1984, com Frederico Gustavo dos Anjos e Armindo Aguiar, as Edições Gravana Nova, que tiveram o mérito de dar à luz Bandeira Para Um Cadáver, de Frederico Gustavo dos Anjos, e Rosa do Riboque e Outros Contos, de sua autoria. Em 1985 organiza, com a reputada poetisa Alda do Espírito Santo e a plêiade de jovens dedicados às artes e letras de S. Tomé e Príncipe, a União Nacional de Escritores e Artistas de S. Tomé e Príncipe (UNEAS), de que é Secretário-Geral.
Com “Rosa do Riboque e Outros Contos”, de 1985, Albertino Bragança dá início a um percurso pioneiro na literatura são-tomense que se foca em relatos ficcionais sobre a realidade do arquipélago formado por duas ilhas principais, São Tomé e Príncipe, no período anterior e posterior à sua independência, em 1975. Nos seus contos e romances o autor aborda temas ‘tabu’, preconceitos e estigmas sociais, entretanto esbatidos na realidade actual, mas não necessariamente resolvidos. Um dos seus contos, “Preconceito”, trata a questão da discriminação entre descendentes de escravos alforriados e os trabalhadores contratados para as roças de cacau e café, vindos de Cabo Verde, Moçambique, Angola, que chegavam a São Tomé e Príncipe para trabalharem “em regime de escravatura mascarada de contrato”, descrevem os historiadores. Os contratados viviam em condições precárias e eram marginalizados, tanto por colonizadores como por nativos. Estas condições laborais, defendem alguns investigadores, estiveram na origem do massacre de Batepá, em 1953, que opuseram trabalhadores contratados e nativos instrumentalizados pelo poder colonial.https://pontofinalmacau.wordpress.com/2018/03/06/albertino-braganca-o-escritor-contestatario-na-linha-da-frente-da-democratizacao-de-sao-tome-e-principe/
UM BRAVO À ASSOCIAÇÃO CÍVICA PRÓ-MLSTP
Fui dos raros portugueses, senão talvez o único, que pude ter a honra e o prazer de acompanhar de perto a campanha mobilizadora da Associação Cívica Pró-MLSTP – Fi-lo, inicialmente, como jornalista, mas, sendo também o cidadão que conhecera. no corpo e no espírito, as diabruras, abusos e prepotências de um certo colonialismo, que teimava em ignorar os novos ventos da história, sim, por natural empatia, depressa me sentia irmanado e identificado com a mesma luta, que me haveria de custar as mais selváticas agressões.
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