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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Sobreviver no mar dos tornados e tubarões -Meus versos e a voz do náufrago 38 dias e noites de trevas ou de luar

 


 


Sobreviver no mar dos tornados e tubarões -Meus versos e a voz
do náufrago 38 dias e noites a fio -Ou então
abra sua janela em
dia ou noite de temporal! Se não estiver à
beira-mar ou a navegar
Meu espírito permanece firme à incerteza que
o ameaça toldar!
Neste meu regresso à vida primitiva onde só
ouço o vento e o mar!
O que me perturba são as calmarias ou os
inesperados tornados!
Suas ventanias demoníacas surgidas nesta
imensidade Equatorial!

Mas, ó Deus Divinal!...! Tende piedade deste
pobre naufragar!
Quando as lágrimas salgadas meus olhos os
vierem toldar!
Em noites vestidas de trevas e breu ou
brilho de luar divinal!
Totalmente entregue e submisso a um contínuo
marulhar!
Empurrado pelo vento e para onde as ondas o
quiserem levar!

Oh! Divindade Suprema! Aonde me levará este
esquife fantasmal?!..
Por mais que interrogue minha piroga, não a
ouço responder!
Em noites tempestuosas e assombrosas, sinto
a eterna solidão!
Sou um abandonado vagabundo, a tudo
resistindo pra sobreviver!
Já desprovido da única lanterna, só uma
bússola, nesta vastidão!...

Mas, então, de que te lamentas, tu, afinal,
meu coração esquivo e agora atormentado?!
Nesta noite obscura que te ameaça mergulhar!
Não terá sido loucura insensata teres-me
confiado
teu relicário da minha vida em tão precária
fragilidade?!...

A bem dizer, eu não sei, nem me importa
saber disso.
Amo o mar sagrado e as vidas por ele já
engolidas!! .
Vim à deriva e sem saber a que ilha o costa
vou aportar.
Meu destino é ditado pelo soprar dos ventos
e correntes!...
Não tenho nenhum itinerário ou horário
programado!
Não sou senhor de mim: - lancei-me sozinho
ao mar
sem instrumentos náuticos e cartas de marear.

Medito e por vezes fico ainda mais triste e
em sobressalto,
ao sentir o mar a rugir e o vento a
fustigar-me e a uivar!
Nada mais posso fazer que sentir a ansiedade
dos vivos nas horas incertas ou esperar
absorto
pela eterna paz dos mortos se a vida me
escapar
.
Vou balanceado para onde o vento soprar!.
À flor das águas, vogando deitado e solto!
Vou para onde me arrastarem as suas vagas!
Para onde os caprichos do destino, me
quiserem levar!....

Meu colchão é côncavo estreito e duro -
Muito desconfortável.
Não me permite sequer abrir os braços, mal
posso respirar.
Pior ainda quando estendo e cubro a escavada
piroga
com o toldo de plástico. Meu coração, quase
sufoca,
possuído pelas sombras do oceano noturno.

Mesmo assim, meus olhos, cansados e cegos da
escura treva!
- Desconhecendo, em absoluto, se estou perto
ou longe de terra,
aqui perdido e solitário num horrível vazio
sonoro e turvo
flutuando e rolando à tona desta ondulante
superfície -
sim, nem por isso cedem a cerrar as
pálpebras à continuada
afronta que os amarra e afunda nesta escuríssima
obscura muralha!

Vão abertos, em persistente vigília e alerta
- Não param de sondar
os ruídos e os marulhos! E, quando estes
ressoam no casco
mais os intrigam e ameaçam ! -Não venham
eles causar
maior inundação à negra clausura
que já de si os inunda e ofusca -
Arregalados,
perscrutam e devassam a penumbra absoluta
-Porém, nada enxergam do que vai dentro ou
lá fora
- Vão cegos mas não desistem de sondar e perscrutar!

Quando não chove e o céu está descoberto,
não vejo o mar
mas ouço constantemente as suas pancadas ao
meu lado,
até que adormeço com o bailado das estrelas
- Mas hoje
ainda não vi nem as estrelas nem consegui
adormecer
Sou um navegante, inquieto, inseguro e
preocupado!...
Ocorrem-me muitas ideias errantes, mil
pensamentos
a que não consigo dar respostas, não sei
responder!

Resta-me saber aproveitar o inexprimível
marulhar
das ondas no seu contínuo recuar, enrolar e
avançar!
Pois, mesmo sacudido, sei que é preciso
nunca desistir!
Os minutos parecem horas, eternidades- Nada
a fazer
senão perscrutar a misteriosa noite e saber
esperar!
Só ela faz divagar e sonhar os poetas, os
homens do mar!

Pois todos os momentos, por mais negros e
incertos que sejam,
vão além dos mares e da terra, são parte do
Universo!
São verdadeiramente divinos!. Pertencem a
Deus!
Mesmo através da mais cerrada escuridão,
elevam-se dos mares ou da terra aos céus!

Excerto de um dos meus poemas
a lembrar aqueles dias e noite de assombração
do meu continuo derivar e naufragar
naquela imensa vastidão do grande golfão
por onde Luís de Camões navegou e cantou.
«««««««««««««

Sim, vagueava como se estivesse no interior
de um caixão à espera de ser sepultado a todo momento nas profundezas das
águas. A minha vida estava sempre suspensa, a dois dedos do abismo - Depois que
perdi a maior parte dos apetrechos e passaram a ser as correntes e os ventos a
comandar os meu destino, havia esperança (sim, nunca a perdi) mas não podia
alimentar certeza alguma - Não sabia onde estava nem a que ilha ou ponto da
costa podia ir dar. Mas também não sabia, em absoluto, se lá chegava.

Sim, meus olhos têm muito que contar . Meus
olhos, viram muitas tempestades, noites medonhas, inarráveis!...Manhãs e tardes
de ameaça e de assombração!... Mas também se maravilharam com muito azul do céu
e do mar...

Viveram horas intensas!..
Fantasmagóricas!... Dias e dias!... Noites e noites a fio!...Completamente exposto
ao sol, à chuva, aos elementos, às intempéries... Só desta vez - além de outras
duas, uma de 3 outro de 13 de S. Tomé à Nigéria - foram 38 dias seguidos, entre
Outubro e Novembro de 1975 - Mais das vezes passados à deriva, devido à perda
dos remos principais, que um violento tornado mos roubara.


Sobreviver no mar dos tornados e tubarões38 dias a fio Ouça-me ou abra a janela nesta noite de tempestade em Portugal, Vagueava como se estivesse permanentemente no interior de um caixão à espera de ser sepultado a qualquer o momento nas profundezas das águas. A minha vida estava sempre suspensa, a dois dedos do abismo  - Depois que perdi a maior parte dos apetrechos e passaram a ser as correntes e os ventos a comandar os meu destino, havia esperança (sim, nunca a perdi) mas não podia  alimentar certeza alguma - Não sabia onde estava nem a que ilha ou ponto da costa podia ir dar. Mas também não sabia, em absoluto, se lá chegava.

Sim, meus olhos têm muito que contar . Meus olhos, viram muitas tempestades, noites medonhas, inarráveis!...Manhãs e tardes de ameaça e de assombração!... Mas também se maravilharam com muito azul do céu e do mar...

Viveram horas intensas!.. Fantasmagóricas!... Dias e dias!... Noites e noites a fio!...Completamente exposto ao sol, à chuva, aos elementos, às intempéries... Só de uma vez foram 38 dias seguidos, entre Outubro e Novembro de 1975 - Mais das vezes passados à deriva, devido à  perda dos remos principais, que um violento tornado mos roubara.

 

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