Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Maria
Celestina Fernandes, autora de
mais de uma dezena de obras, uma referência na poesia, na literatura
infantil e juvenil angolano, tal como é sublinhado, “das poucas que
dividem o tempo com os menores, dando-lhes manancial de informações,
através de
livros nos quais aborda variados temas, com realce para os aspectos
sócio-culturais e ambientais do país: tradições, mitos, usos e costumes,
fauna,
flora, belezas naturais, entre outros.
Entre os seus muitos poemas, tomámos a
liberdade de aqui lhe transcrevermos estes seus belos versos, com imagens que lhe fizemos, há 4 anos na feira do Livro
de Lisboa
Amar é
dar-se
Ainda que silenciosamente
Ama-se:
Quem se quer,
Quando se quer,
Onde se quer.
Ainda que silenciosamente
Ama-se:
Quem se quer,
Quando se quer,
Onde se quer.
Amar é
sentimento livre de dois gumes,
Ora magoa,
Se incompreendido e rejeitado;
Ora reconforta,
Se retribuído e partilhado.
Ora magoa,
Se incompreendido e rejeitado;
Ora reconforta,
Se retribuído e partilhado.
Amar é como
alimentar da chama
Que exige constância
Para mantê-la acesa,
Senão ela se extingue
Deixando atrás de si a fria cinza"
Que exige constância
Para mantê-la acesa,
Senão ela se extingue
Deixando atrás de si a fria cinza"
Poema Amar In poemas
AS CRIANÇAS SÃO TAMBÉM O FERMENTO PARA A MAGIA DOS SEUS LIVROS E DA SUA POESIA
– É o que pode depreender-se das suas palavras na entrevista que concedeu à
agência angolana AGNOP /
Angop: Publicou, recentemente, “Os Padrinhos da Nazarena”, uma obra
marcada por temas como a guerra, a exploração, a infidelidade, a infertilidade,
a discriminação, a adopção, o preconceito e o racismo. Quem tem acompanhado o
seu trabalho vai encontrar aqui uma grande viragem?
Maria
Celestina Fernandes (MCF) –
O livro “Os Padrinhos da Nazarena” é o meu terceiro romance. Já tenho no
mercado “Os Panos Brancos e Amuxiluanda”. Porém, o meu compromisso com as
crianças é eterno. Enquanto tiver forças e imaginação, vou continuar a escrever
para as novas gerações. É um trabalho ao qual me dedico com amor, paixão (…).
Angop:
Quem lê Maria Celestina Fernandes encontra, nas suas obras, uma espécie de
toque mágico, um tónico que cativa e incentiva os leitores a continuarem a
meditar. Onde vai buscar a inspiração para escrever?
MCF – A inspiração partiu de crianças, que são os
meus próprios filhos. Quando eram pequenos, eu lia para eles e, assim,
incentivava-os também a gostar de ler desde muito cedo. Comentávamos depois as
leituras, até que um dia me decidi a escrever algo para eles. A experiência foi
bonita, e foi muito surpreendente a forma como receberam a invenção da mãe. Não
só adoraram, mas também pediram que escrevesse outra estória e, a partir dali,
iniciei a minha aventura pelo mundo da literatura, particularmente na vertente
infantil. Escrevi o primeiro conto, o segundo e, por eles, se possível fosse,
apresentar-lhes-ia um por dia.
Maria Celestina Fernandes, nasceu no
Lubango, a 12 de Setembro de 1945. Fez os seus estudos primários e secundários
em Luanda, tendo completado o ensino licial no liceu Salvador Correia. É
Assistente Social, formada pelo Instituto de Serviço Social Pio XII e
licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto.
Ingressou em 1975 para o quadro do Banco Nacional de Angola, onde trabalhou por
mais de duas décadas, inicialmente com a função de chefe do Departamento Social
e depois como Subdirectora da Direcção Jurídica, categoria em que se reformou.
Iniciou a carreira literária no início
da década de oitenta, com a publicação de trabalhos no Jornal de Angola e
Boletim da Organização da Mulher Angolana-OMA.
Sua maior produção é dirigida à
literatura infanto-juvenil.
Era uma vez um rapazinho que um dia
desejou possuir o sol. Se alguma vez olharem para o céu, a hora do pôr do sol;
se por acaso descobrirem qualquer coisa, lá em cima, que lembre um menino.
Pois, não se esqueçam que esse menino pode bem ser um Hossi!...
Extractos do conto "A Bola de
Fogo" In: A Árvore do Gingongos, 1993,p.17.
Tem as seguintes obras editadas:
Obras Infanto-Juvenil
A Borboleta Cor de Ouro 1990,
UEA;Kalimba 1992, INALD; A Árvore dos Gingongos 1993, Edições Margem; A Rainha
Tartaruga, 1997 INALD;A filha do Soba 2001, Editorial Nzila: O Presente 2002,
Edições Chá de Caxinde; A Estrela que Sorri 2005, UEA, É Preciso Prevenir 2006,
UEA; As Três Aventureiras no Parque e a Joaninha 2006, UEA; União Arco Íris
2006, INALD; Colectânea de Contos 2006, INALD
Sonhando; A Abelha e a Flor do Campo e
Kalimba; O Menino Brincalhão; Canção Para os Kandengues, Amigas em Kalandula; A
Rainha Tartaruga; O Jardim do Livro
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