NESTA NOITE DE PAIXÃO E DE REFLEXÃO PASCAL
embora longe da minha aldeia, meu pensamento leva-me àqueles meus sagrados
lugares, recordando as minhas peregrinações místicas que começaram quando a minha
vida parecia estar sentenciada - Foi há uns 25 anos: - Era navegar no
desconhecido, mas valeu a pena ter arriscado ser aceite ser cobaia num ensaio
clínico; valeu correr o risco .
Foi uma das minhas ressurreições, além
de outras que enfrentei na vasta solidão do oceano e até o ano passado, quando
contraí uma horrível pneumonia - Mas estou bom, e já vou na segunda noite que
não durmo . Não sou amigo de dormir. Dou-me bem com poucas horas. Tornei-me
vegetariano. Recostado sobre a cama , ouvindo coros gregorianos, evitando o
ruído televisivo Dormir demais,, creio que embrutece e torna-nos lascivos
"VIDA ETHEREA"
Desfeita a ilusão do pavoroso nada,
Consoladora a Fé promette à humanidade
Depois de noite horrenda a luz da
madrugada
D'uma vida imortal na etherea
imensidade.
Chimera não será de mente alucinada
Crer que não fique em pó virtude e
santidade.
E que aos justos e bons esplendida
morada
Nos orbes sideraes conceda divindade..
Mas, se, n'um vôo feliz, eu fôr ao
firmamento
Para gosar também uma perpétua glória
Embora convertido em cherubim alado
A glorificação terei como tormento,
Se a morte produzir a perda da memória
Do tempo em que na terra amei e fui
amado.
António D'Azvedo Castelo Branco
Do livro Meridionaes
Livro póstomo - 1925
Dia a sua biografia que "foi
Inspector da Penitenciária, bacharel formado em direito pela Universidade de
Coimbra, escritor, poeta, antigo deputado, ministro da Justiça, etc.
Nasceu em Vilarinho de Samardã a 23 de
dezembro de 1843. É filho de Francisco José de Azevedo e de D. Carolina Botelho
Castelo Branco, irmã do falecido romancista Camilo Castelo Branco, visconde de
Correia Botelho.
Cursou com distinção a faculdade de
direito, em que se formou, e já então se tornara notável como escritor e poeta.
Entrando na carreira politica, o primeiro cargo oficial que desempenhou foi o
de administrador do concelho de Murça. No ano de 1879 o círculo de Vila Real o
escolheu para seu representante em cortes, candidatura que conservou por muitos
anos, ocupando por vezes a presidência da câmara dos deputados. Para estudar o
sistema penitenciário foi ao estrangeiro com o dr. Agostinho Lúcio da Silva.
Nomeado em 1884 subdirector da Penitenciária de Lisboa, desde que esta cadeia
entrou em exercício, e por morte do director, Jerónimo Pimentel, ficou ocupando
este lugar, em que se conserva ainda hoje.
O ministério regenerador em 1893, no
gabinete presidido pelo sr. conselheiro Hintze Ribeiro, o chamou para a pasta
da Justiça e Negócios Eclesiásticos. Os relatórios sobre a penitenciária,
publicados pelo sr. conselheiro Azevedo Castelo Branco são de grande valor e
tem causado sensação como estudo de psicologia criminal. Enquanto ministro,
publicou alguns diplomas notáveis, um dos quais é relativo aos alienados. Em
1896 foi nomeado par do reino, tomando posse em sessão de 9 de junho do mesmo
ano http://www.arqnet.pt/dicionario/castelobranco_azevedo.html
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