JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA
Pese as limitações do confinamento, nem
por isso os tradicionais moliceiros deixarão de sulcar a ria da cidade e ostentar as suas garridas
cores – E, naturalmente, os sorrisos de quem neles navegar
É
noticia de que, “a quinta edição, de
menor dimensão, não perde a ligação ao território aveirense, com espetáculos de
rua, concertos, novo circo e instalações espalhados pela cidade. O Festival dos
Canais começa esta quinta, 16, e prolonga-se até dia 26
AVEIRO NOSSA VENEZA – Tributo Poema e Récita de Euclides Cavaco.
"Neste vídeo do talentoso amigo Afonso Brandão, partilho esta dedicatória
à cidade que assaz admiro e aos muitos amigos que tenho o privilégio de lá possuir".
A envolvência é dada pelos canais da ria de Aveiro, a marcar de forma tão
particular a cidade. O Festival dos Canais aproveita este cenário para
construir uma programação que vive muito (mas não só) dos espetáculos de rua e
da proximidade com o público. “Temos esta dimensão do espaço público,
valorizando praças, jardins e equipamentos culturais da cidade”, sublinha José
Pina, responsável pela programação.
A ligação forte com o público, construída ao longo de quatro edições, levou
a organização a manter máximo possível da programação que já estava a ser
pensada, adaptada aos tempos de pandemia. “Seremos dos primeiros festivais do
País a passar por esta experiência, mas é um desafio aliciante e motivador,
porque estamos a contribuir para o relançamento das dinâmicas culturais”, aponta
o programador. A entrada é gratuita, sujeita às limitações impostas pela
segurança, tendo os bilhetes que ser levantados na bilheteira do Teatro Aveirense
A identidade
do Festival dos Canais foi preservada, nomeadamente a aposta na criação
artística contemporânea. “O programa terá coproduções, algumas delas a estrear
aqui, além de encomendas a artistas e companhias, tendo por base matérias da
agenda local, nacional ou internacional, como as alterações climáticas, a
sustentabilidade ou a inclusão”, refere José Pina.
Entre as
estreias, destaque para O Outro, de João Paulo Santos, mestre do
mastro chinês e uma das figuras com mais destaque do circo contemporâneo
português, que conta com a participação do dançarino de hip hop Iliass Mjouti.
O espetáculo decorre no Rossio, desta sexta, 17, a domingo, 19, em vários
horários. Entre as propostas mais originais está Ilhas Suspensas,
a criação de Wura Moraes e Daria Efrat, que propõe um “percurso a bordo de um
barco pela ria de Aveiro, ao longo de uma paisagem silenciosa e contemplativa”,
com o público a cruzar-se com diferentes performances site specific (18-19,
25-26 jul, sáb-dom às 12h e 18h, já com algumas apresentações esgotadas).
Este ano, a
criação local será reforçada, enquanto forma de “potenciar o território”,
sublinha o programador. É o caso de Isto Aconteceu de Repente –
Distorção, o novo espetáculo da companhia Red Cloud Teatro de Marionetas,
com texto de Jorge Louraço Figueira, uma peça com marionetas, atriz, cinema de
animação e vídeo, “em torno da venda do último bilhete para a última volta no
carrossel”, para ver no Teatro Aveirense (24-26 jul, sex-dom).
Também em
sala, desta vez no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian,
decorrerá o cine-concerto Surdina, a partir do filme do realizador
Rodrigo Areias, com música de Tó Trips e argumento de Valter Hugo Mãe (16 jul,
qui 22h30). A maior lotação será a do recinto com 630 lugares (devidamente
distanciados) da Praça Marquês do Pombal, onde decorrerão os concertos de Dino
D’Santiago (18 jul, sáb), Cuca Roseta (24 jul, sex) e do saxofonista Henk Van
Twillert com Hélder Moutinho (25 jul, sáb), sempre às 21h30. Em versão mais
intimista serão os concertos da Orquestra Filarmonia das Beiras, ao final da
tarde, às 19h30, na escadaria Fernando Távora e no claustro da Misericórdia
(dias 19, 25 e 26 jul).
De referir,
ainda, as instalações que invadem a cidade, como as do projeto City Lab, com
duas criações: Totems, de Alijia Biala e Iwo Borkowicz, no Jardim
do Rossio; e We Are All in the Same Boat, de Samuel Zealy, no
largo do Parque da Cidade. Já no canal central, com a água como protagonista,
será a apresentação de Wave Shape (18-19 jul, sáb-dom), uma
fusão de escultura, som, instalação e dança, interativa, com o público a ler um
conjunto de códigos QR distribuídos pelo local. Uma forma curiosa de promover a
paisagem.
Festival dos Canais > Aveiro > 16-19, 24-26 jul, qui-dom > grátis,
levantamento de máximo de dois bilhetes no Teatro Aveirense > festivaldoscanais.p
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