JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA
AS
ILHAS DO ATLÂNTICO MAIS FLAGELADAS PELAS SECAS - E que terão inspirado a curiosidade do promissor jovem cientista inglês de 22 anos para o
trilho da fama mundial -Charles Darwin
Recordando os pormenores da escala do veleiro Beagle HMS por Santiago, onde viajava o naturalista inglês, que teve por guia um padre cabo-verdiano e, como intérprete, um espanhol que ali fora parar nas lutas da guerra peninsular – Oferecemos-lhe a transcrição integral do relato e algumas imagens parecidas com as que terá observado. "Noutro dia cavalgámos até à vila de S. Domingos, situada perto do centro da ilha"
SANTIAGO, ILHAS DE CABO
VERDE, 16 de janeiro de 1832 - Vistas a
partir do mar as imediações do Porto da
Praia apresentam um aspecto desolado. O fogo vulcânico das idades passadas e o
calor tórrido de um sol tropical tornaram o solo estéril e, na maioria dos lugares,
mal propício para vegetação. O campo ergue-se em sucessivos degraus de terra
plana, entremeados de alguns montes cónicos e o horizonte é limitado por uma
cadeia irregulares- de montanhas mais altas
"Durante a nossa estadia
observei os hábitos dos animais marinhos. A grande Aplísia é muito comum. Esta lesma marinha tem cerca de cinco polegadas de comprido e é de uma cor
amarelado sujo, ralada de púrpura. Na
extremidade anterior tem dois pares de antenas, das quais as superiores se
assemelham em forma às orelhas de um quadrúpede."
"Enquanto procurava
animais marinhos, com a cabeça a uns dois pés da margem rochosa, fui mais vez
saudado por jacto de tinta acompanhado
de um ligeiro ruído de disparar . A princípio não sabia o que era. mas depois descobri que se tratava da
lula" - Mais à frente todo o relato
Charles Darwin fez uma viagem a bordo do navio HMS Beagle, que inicialmente estava planeada para durar um ano, mas acabaria por se prolongar em quase cinco anos – o Beagle não retornou até 2 de outubro de 1836.
O objetivo
da expedição era o de mapear a costa da
América do Sul. E a presença do então talentoso, sedutor e curioso, jovem inglês, de 22 anos, não era a de coletar e estudar a biodiversidade,
mas tão somente o de fazer companhia ao
capitão da embarcação, que buscava uma pessoa simpática e comunicativa, com quem
pudesse conversar durante a longa viagem.
O veleiro utilizado tinha o nome de HMS Beagle, em referência à raça de cães
Avaliar pela leitura das suas observações, não foi em Cabo Verde que terá feito o maior número das descobertas ou as mais relevantes para
o célebre tratado das espécies, no entanto, conclui-se que terá
sido a singularidade insular o ponto de partida a espevitar a sua curiosidade
pelas coisas da natureza e a dar largas à sua sensibilidade e imaginação de genial e genuino cientista : no vasto campo da ordem vegetativa, animal e mineral.
É justamente o que se pode depreender das suas primeiras
anotações, no diário que, mais tarde viria a publicar, sob o título "Uma Viagem
do Beagl", com o qual o viria a granjear considerável fama e respeito nos meios científicos. Sobretudo,
posteriormente, ao utilizar várias das suas
observações no célebre Teoria da
Evolução, cujo capitulo tomei a liberdade transcrever do pequeno opúsculo editado na coleção da Expo 98, com tradução de Helena Barbas.
Através do relato da referida obra, consta-se que ficou encantado com os
sorrisos e a hospitalidade das pessoas, com a
geologia das rochas e a panorâmica árida da ilhas, onde não chovia há um ano, das
cabras que ali procuravam alguma folha e sustento - Além disso, as aves, os insetos, os animais
marinhos e que ali
conheceu, até o divertiram: como a
lesma-marinha; a lula camaleónica, as galinhas-da-índia;” provavelmente em número de
cinquenta ou sessenta. Eram extremamente desconfiadas e não deixaram que nos
aproximássemos. Fugiam como perdizes num dia de chuva em Setembro, correndo com
as cabeças levantadas e, se perseguidas, prontamente levantavam voo. O pássaro mais comum é o pica-peíxe (
jagoensis), que mansamente pousa nos ramos da planta do rícino e daí salta
sobre os gafanhotos e lagartos. Também o surpreendeu o espetáculo de um grande forte e uma catedral em ruínas.
É referido por estudiosos que “O Beagle" não
estava pronto para velejar até o início de novembro, e foi então repetidamente
atrasado por ventos fortes, zarpando só em 27 de dezembro de 1831. Passou pela
Ilha da Madeira (mas não aportou nela) indo então para Tenerife, mas proibido
de desembarcar por causa da quarentena de cólera imposta a barcos vindo da
Inglaterra. Eles fizeram sua primeira parada na ilha vulcânica de Santiago no
Arquipélago do Cabo Verde, e é onde o Diário de Darwin começa.
Daqui o navio dirige-se ao arquipélagos de São Pedro e São Paulo e de
Fernando de Noronha, Bahia (Salvador), em 29 de fevereiro, onde Darwin ficou
maravilhado com a floresta tropical. A visão da escravidão foi considerada
ofensiva por Darwin. Ao retrucar isso a FitzRoy quando ele disse que a mesma
era justificável, fez com que FitzRoy perdesse a calma e o baniu da expedição.
Os oficiais do barco apelidaram o capitão de "hot coffe" (café
quente) devido ao seu temperamento na situação, e após algumas horas ele pediu
desculpas a Darwin e pediu para que ele permanecesse na expedição. https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Viagem_do_Beagle
Depois de ter deixado o Brasil - em Salvador e Rio de Janeiro -, viajou
para o Uruguai, Montevidéu, Argentina,
Patagónia no Chile e Ilha Galápagos, que pertence ao Equador. Em seguida foi
para o Haiti, passou pela Nova Zelândia, Austrália e África. Depois desse
percurso, ele retornou à Bahia e seguiu para a Inglaterra. Nessa jornada Darwin
viu que há muita diversidade de meio ambiente e que cada lugar tem suas
características, tanto na vegetação, quanto na fauna e flora”.
SANTIAGO, ILHAS DE CABO
VERDE, 16 de janeiro de 1832 - Vistas a
partir do mar as imediações do Porto da
Praia apresentam um aspecto desolado. O fogo vulcânico das idades passadas e o
calor tórrido de um sol tropical tornaram o solo estéril e, na maioria dos lugares,
mal propício para vegetação. O campo ergue-se em sucessivos degraus de terra
plana, entremeados de alguns montes cónicos e o horizonte é limitado por uma
cadeia irregulares- de montanhas mais altas. Tal como observado através da
atmosfera nublada deste clima. o cenário é de grande interesse; se, de facto.
uma pessoa acabada de chegar do mar, e que pela primeira vez se passeia por um
pequeno bosque de coqueiros, pode ser juiz de ali1uma coisa além da sua própria
felicidade. De um modo geral, a ilha seria considerada como muito pouco
interessante; mas para alguém acostumado apenas a uma paisagem inglesa, o prospecto novo. de uma terra
completamente estéril possui uma
grandeza que maior presença de vegetação destruiria. Dificilmente se pode
descobrir a verdura de uma única folha sobre a vasta extensão das planícies de
lava; no entanto, rebanhos de cabras, junto com algumas vacas, lá se arranjam
para subsistir. Chove multo raramente, mas durante uma pequena parte do ano
caem chuvas torrenciais e depois delas desponta imediatamente uma ligeira vegetação em cada fenda. Murcha
depressa. mas é a partir de forragem tio naturalmente formada que vivem os
animais. No momento presente já há um
ano que não chove. largos e de fundo direito, muitos dos vales servem apenas durante alguns dias
aquando da estação das chuvas como leito para n 6guas. e estão cobertos por
matagais de arbustos sem folhas. Poucas criaturas vivas os habitam.O pássaro mais comum é o
pica-peíxe (D1tce/o jagoensis), que mansamente pousa nos ramos da planta do
rícino e daí salta sobre os gafanhotos e lagartos. Tem cores brilhantes, mas
não tão belas quanto as da espécie europeia: também existe uma grande diferença
no seu voo, comportamento, local de habitação - que em geral é nos vales mais secos .
Um dia, dois dos oficiais
e eu cavalgámos até à Ribeira Grande,
uma aldeia a poucas milhas a ocidente de Porto da Praia. Até chegarmos ao vale
de S. Martinho o terreno apresentava-nos o seu usual aspecto pardo monótono:
porém ali, um minúsculo regato de i1ua dava origem à mais refrescante margem de
luxuriante vegetação. Levámos uma hora a chegar à Ribeira Grande, e ficámos
surpreendidos pelo espectáculo de um grande forte e uma catedral em ruínas. 'Antes que o seu porto
fosse assoreado, a pequena cidade era o principal povoado da ilha, mas agora
apresenta um aspecto melancólico, embora muito pitoresco. Tendo conseguido um
padre negro por guia, e como intérprete
um espanhol que havia lutado na Guerra Peninsular, visitámos uma série de
edifícios, de entre os quais se destacava uma igreja antiga. Nela tinham sido
enterrados os governadores e capitães-generais da Ilha. Algumas das pedras
tumulares registavam datas do século
dezasseis. Os ornamentos heráldicos eram
as únicas coisas, em todo este lugar retirado, que nos faziam lembrar a Europa.
A igreja ou capela formava um dos lados de um quadrângulo, no meio do qual
crescia um grande maciço de bananeiras. Noutro lado havia um hospital, com
cerca de uma dúzia de hóspedes de aspecto miserável.
Regressámos à Venda para
o jantar. Um número considerável de homens, mulheres e crianças, todos negros
como azeviche, reuniram-se para nos observar. Os nossos companheiros
mostravam-se extremamente alegres, e tudo o que dizíamos ou fazíamos era
seguido pelas suas risadas vigorosas. Antes de deixar a cidade visitámos a
catedral. Não parece ser tio rica como a igreja menor, mas vangloria-se de ter
um pequeno órgão, que produzia os 1alnchos mais singularmente desarmoniosos. Adiantámos alguns xelins ao padre negro e dando-lhe
palmadinhas na cabeça o espanhol disse,
com grande candura, que achava que a cor dele não fazia grande diferença.
Regressámos então a Porto da Praia tão
depressa quanto os póneis o permitiam.
Noutro dia cavalgámos
até à vila de S. Domingos, situada perto do centro da ilha. Numa pequena
planície que atravessámos, cresciam umas poucas de acácias enfezadas, com as copas
curvadas numa posição singular, por acção do constante vento marinho, algumas
delas fazendo até um ângulo recto relativamente ao tronco. A orientação dos
ramos era exactamente NE por N, e SW por S. Estes cataventos naturais devem
indicar a direcção predominante da força do vento marinho. A viagem tinha
deixado tão poucas marcas no solo estéril,
que aqui perdemos o nosso rasto e fomos parar a Fontes. Tal só o
descobrimos quando lá chegámos; e depois ficámos muito contentes
com o nosso engano. Fontes é uma bonita
aldeia, com um pequeno regato, e tudo parece prosperar, salvo, de facto, quem melhor
o deveria - os seus habitantes. As crianças negras, completamente nuas e com um
aspecto muito miserável, carregavam molhos de lenha duas vezes maiores que o
seu próprio corpo.
Perto
de Fontes vimos um grande bando de galinhas-da-índia - provavelmente em número
de cinquenta ou sessenta. Eram extremamente desconfiadas e não deixaram que nos
aproximássemos. Fugiam como perdizes num dia de chuva em Setembro, correndo com
as cabeças levantadas e, se perseguidas, prontamente levantavam voo.
O cenário de S. Domingos
possui uma beleza totalmente inesperada, dado o carácter predominantemente
sombrio do resto da ilha. A aldeia está situada na base de um vale cercado de
majestosas muralhas com reentrâncias de lava estratificada. As rochas negras
oferecem o mais espantoso contraste com a vegetação verde brilhante que
acompanha as margens de um pequeno regato de águas elaras. Aconteceu que era um
grande dia de festa e a aldeia estava cheia de gente. No regresso alcançámos um grupo de cerca de vinte jovens
raparigas negras vestidas com o melhor gosto; o contraste entre as peles negras
e as suas roupas de linho branco de neve era realçado pelos turbantes coloridos
e grandes xailes. Assim que nos aproximámos, viraram- se todas subitamente e,
cobrindo o caminho com os xailes cantaram todas com grande energia uma canção selvagem, e marcavam batendo nas pernas com as mãos. Atirámos-lhes alguns
vinténs que foram recebidos risadas estridentes, e deixámo-las a redobrar
o ruído da sua canção.
Já foi dito que a atmosfera é geralmente muito
nebulosa; tal parece dever-se principalmente a uma poeira impalpável que está
constantemente a cair, mesmo sobre os navios no mar alto. A poeira é de uma cor
acastanhada. e sob o maçarico facilmente se funde num esmalte negro. É produzida,
como creio, pela erosão e desgaste das rochas vulcânicas, e deve vir das costas
de África. Uma manhã, a paisagem
encontrava-se singularmente clara; as montanhas distantes projectava-se com o
contorno mais puro sobre um pesado banco de nuvens azul-escuro. A julgar pela
aparência, e de acordo com casos similares observados em Inglaterra, supus que
o ar estava saturado de humidade. O facto, porém, revelou-se ser exactamente o
oposto. O hipómetro acusava uma diferença de 29º 6' entre a temperatura do ar e
o ponto de precipitação do orvalho. Esta
diferença era quase o dobro da que observara nas manhãs anteriores Este invulgar nível de secura atmosférica era
acompanhado por relâmpagos contínuos.
Não será, então, um caso invulgar encontrar um notável grau de transparência
aérea com um tal estado de tempo?
A geologia desta ilha é a
parte mais interessante da sua história
natural. Entrando no porto, pode ser vista em frente dos recifes perfeitamente
horizontal uma faixa branca correndo por algumas milhas ao longo da costa
e à altura de cerca de 45 pés acima da
água. Sob observação, descobre-se que este extracto branco consiste em matéria calcária, contendo
numerosas conchas incrustadas idênticas que agora existem na costa próxima.
Descansa sobre rochas vulcânicas antigas cobertas por uma corrente de basalto
que deve ter entrado no mar quando esta cama
branca de conchas ainda jazia no fundo . É interessante traçar as mudanças que o calor da lava
sobrejacente produziu sobre a massa friável. Nalgumas partes foi convertida em
pedra firme com uma espessura de várias polegadas. tão dura quanto o melhor
grés; e a matéria terrestre, originalmente misturada com a calcária. foi separada em pequenas manchas
deixando assim a cal branca e pura. Noutras partes formou-se um mármore
altamente cristalino, e os cristais de carbonato e de
cal são tão perfeitos que podem facilmente ser medidos pelo goniómetro
reflector. A mudança é ainda mais extraordinária onde a cal foi apanhada
pelos fragmentos escoriáceos da superfície inferior da corrente; porque aí está
convertida em grupos de fibras maravilhosamente
irradiadas e semelhantes a aragonite. As camadas de lava erguem-se em
planícies ligeiramente Inclinadas em
direcção Interior ao ponto interior de onde procederam originalmente os
dilúvios de pedra derretida. Dentro do período dos tempos históricos. creio que
não se manifestaram quaisquer sinais de actividade vulcânica em alguma parte
de Santiago. Este estado de repouso
existe, provavelmente, devido à vizinha ilha do Fogo estar frequentemente em
erupção. Mesmo a forma de uma cratera só raramente se consegue descobrir nos
cumes dos montes cobertos de cinza vermelha; no entanto, podem distinguir-se na
costa os ribeiros mais recentes formando uma linha de rochedos de altura menor,
mas ultrapassando os que pertencem a uma série mais antiga: a altura do rochedo
oferece, assim, uma rude medida da sua idade
Durante a nossa estadia
observei os hábitos dos animais marinhos. A grande Aplísia é muito comum. Esta lesma marinha tem cerca de cinco polegadas de comprido e é de uma cor
amarelado sujo, ralada de púrpura. Na
extremidade anterior tem dois pares de antenas, das quais as superiores se
assemelham em forma às orelhas de um quadrúpede. Em cada lado da superfície
inferior ou pé, existe uma membrana larga, que às vezes parece funcionar como
ventilador, desencadeando o fluir de uma corrente de água sobre as brânquias
dorsais. Alimenta-se de algas delicadas que crescem entre as pedras em águas
enlameadas ou paradas, e encontrei-lhe no estômago várias pedras, como nas
moelas dos pássaros. Quando perturbada, esta lesma segrega um fluido vermelho-escarlate que tinge a água
no espaço de um pé ao seu redor. Além deste melo de defesa, espalha-se-lhe pelo
corpo uma secreção acre que provoca uma sensação aguda e picante, semelhante à
produzida pela Fisália, ou anémona
navio-de-perra-português.
Por várias ocasiões
fiquei muito interessado a observar os
hábitos de um polvo ou lula. Embora comuns nas poças de água deixadas pela maré
vazante, estes animais não eram apanhados com
facilidade. Por meio dos longos tentáculos e ventosas. conseguiam
esgueirar os seus corpos para fendas muito estreitas de onde, quando assim se
fixavam. era necessário uma força enorme para os retirar. Outras vezes, de cauda para a frente e com a velocidade de
uma seta, precipitavam-se de um lado da
poça para outro, ao mesmo tempo tingiam a água com uma tinta castanho-escura. Estes
animais também escapam a detecção por um
extraordinário poder camaleónico de mudar a sua cor. Parecem variar as
tonalidades de acordo com a natureza do solo sobre o qual passam ; quando, em águas profundas , a sua cor em geral é de um castanho-avermelhado, mas
quando colocados sobre a terra, ou em rasa água, esta coloração escura mudava-se
num verde-amarelado. Examinada mais
cuidadosamente. a cor era um cinzento francês salpicado com Inúmeras pintas minúsculas de amarelo
brilhante: as primeiras variavam de
intensidade enquanto as ultimas desapareciam e apareciam de novo, por turnos Estas mudanças efectuavam-se
de tal maneira que nuvens,
variando de tonalidade entre o vermelho-arroxeado
e o castanho. lhe continuamente sobre o corpo. Qualquer parte do corpo sujeita a um choque galvânico
quase preta: um efeito similar, mas em menor grau, era produzido pele com uma
agulha. Estas nuvens ou rubores, como se
poderão chamar, quando examinados sob
uma lente, são descritos como sendo
produzidos pelas expansões e contracções alternadas de minúsculas vesículas
contendo variados fluídos coloridos.
Esta lula exibia o seu
poder camaleónico, tanto durante o acto de nadar, como quando se mantinha
estacionária no fundo. Muito me divertiram as variadas artes de escapar à
detecção usada por um indivíduo, que
parecia estar perfeitamente consciente de que eu o observava. Depois de ficar
imóvel durante algum tempo, avançava furtivamente por uma a duas polegadas.
como um gato atrás de um rato, às vezes
mudando de cor: assim avançava até que, tendo atingido uma parte mais profunda,
disparou para a frente deixando ama trilha enevoada de tinta para esconder o
buraco para onde se tinha esgueirado.
Enquanto procurava
animais marinhos, com a cabeça a uns dois pés da margem rochosa, fui mais vez
saudado por jacto de tinta acompanhado
de um ligeiro ruído de disparar . A princípio não sabia o que era. mas depois descobri que se tratava da
lula. a qual, embora escondida num
buraco, assim muitas vezes me conduzia a descobri-la. Que possuía o poder de
ejectar água não há dúvida. mas mais ainda, parecia-me certo que dirigindo o
tubo ou sifão da parte inferior do corpo, obtinha uma boa pontaria. Dada a
dificuldade que estes animais têm em sustentar a cabeça, não podem deslocar-se
com facilidade quando colocados no chão. Observei que aquele que eu conservava
na cabina se tornava ligeiramente fosforescente no escuro.
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