Jorge Trabulo Marques. Autor da descoberta e coordenador do evento
NASCER DO SOL NA PEDRA NO SANTUÁRIO RUPESTRE DA PEDRA DE Nª SRª da CABELEIRA, ASSINALA A ENTRADA DA PRIMAVERA
Equinócio da Primavera 2019
Os equinócios ocorrem duas vezes por ano, na primavera e no outono, nas datas em que o dia e a noite têm igual duração. A partir daqui até ao início do outono, o comprimento do dia começa a ser cada vez maior e as noites mais curtas, devido ao Sol percorrer um arco mais longo e mais alto no céu todos os dias, atingindo uma altura máxima no início do Solstício de Verão. É exatamente o oposto no Hemisfério Sul, onde o dia 20 de março marca o início do Equinócio de Outono. http://oal.ul.pt/equinocio-da-primavera-2019/
VENHA PARTILHAR OS MAIS ESPLENDOROSOS MOMENTOS DE POESIA E DE ENCANTAMENTO - Com a leitura de poemas de de David Mourão Ferreira, Amália Rodrigues, Alda Graça Espírito Santo, Teixeira de Pascoais, Manuel Daniel entre outros poetas.
A observação do alinhamento solar decorre, entre as 07.00 e 07.30, no lugar de Quebradas-Tambores, num rochoso planalto sobre o Vale da Ribeira de Piscos, em cujo curso se situam alguns dos principais núcleos de gravuras rupestres classificados como Património da Humanidade. Oportunidade excelente para celebrar o primeiro dia da estação mais desejada e florida do ano e principiar bem um santo dia. Num local agreste mas encantador - Longe do habitual bulício urbano, em perfeita comunhão com a Natureza e com os olhos postos numa das mais esplendorosas imagens solares
Quis um feliz caso, que eu pudesse ser o privilegiado dessa fabulosa descoberta, em 2001, tal como a dos monumentos megalíticos que se seguiram, especialmente o da Pedra do Solstício, mercê de continuada investigação, este alinhado com o solstício do Verão, junto do qual, graças a algumas boas vontades, têm decorrido outras celebrações.
O objetivo destes eventos, não visa promover qualquer espécie de culto ou de sacrifício, como talvez os povos, que se abrigavam por estas penedias, o terão feito, mas tão somente o de recuperar, o que, esses ancestrais costume ou rituais, teriam de mais belo, energético, sagrado e purificador: o estreitamento com as maravilhas concedias pela Mãe-natureza, de que a sociedade atual, tanto se tem divorciado, em favor do supérfluo, do superficial e do ruidoso
Deus deu-me a graça de me revelar o maravilhoso segredo que esta e outras pedras guardavam, em 2001 e 2002, esquecido na poeira dos milénios – Além da Pedra do Solstício, alinhada com o pôr-do-sol no primeiro dia do Verão, existe também a Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, que o povo da minha adeia, há muito conhece: o que desconhecia é que, além de santuário, era também um calendário solar pré-histórico -
A pedra fica situada no Maciço dos Tambores-Mancheia, no perímetro do Parque Arqueológico do Vale do Côa, arredores da aldeia de Chãs, concelho de Vila Nova de Foz Côa
Este enorme megálito com 4, 5 metros de altura e sensivelmente o mesmo de comprimento, é atravessado pelos raios solares do nascer do dia e está alinhado com os Equinócios da Primavera e do Outono O fenómeno pode ser observado no próximo dia 20, instantes depois da sete horas da manhã
Venha, pois, descobrir e viver momentos de rara beleza e de esplendor! Partilhar connosco da alegria e do brilho de um espetáculo solar de sublime transcendência, que a leitura de uns belos versos vêm ainda mais sublimar -
Podendo desfrutar de uma imagem verdadeiramente invulgar aos olhos rendidos e pasmados de quem queira gozar do privilégio de se postar frente ao eixo do monumental megálito, assistindo e vendo abrir-se através de uma graciosa câmara, em forma de uma surpreendente pupila ocular, rasgada de poente a nascente, a que no antigo Egipto chamavam de Olho de Hórus, o piscar faiscante de um feixe de luminosos raios solares, como se de repente, algo de um outro mundo, lhe pudesse ofertar o mais belo cristal ou manjar dos deuses
Podendo desfrutar de uma imagem verdadeiramente invulgar aos olhos rendidos e pasmados de quem queira gozar do privilégio de se postar frente ao eixo do monumental megálito, assistindo e vendo abrir-se através de uma graciosa câmara, em forma de uma surpreendente pupila ocular, rasgada de poente a nascente, a que no antigo Egipto chamavam de Olho de Hórus, o piscar faiscante de um feixe de luminosos raios solares, como se de repente, algo de um outro mundo, lhe pudesse ofertar o mais belo cristal ou manjar dos deuses
ESTA É OUTRA MARAVILHA EXISTENTE NAQUELA ÁREA – NAS FALDAS DE UM ANTIGO CASTRO, NA FACE VOLTADA A POENTE, UMA MONUMENTAL ESFERA DE PEDRA ALINHADA COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO O VERÃO
Aparentemente, mais lembra terra de ninguém, parda e vazia paisagem de um qualquer pedaço lunar, porém, estou certo que não haverá alguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido destas cinzentas fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, subtis fragrâncias, e volvendo o olhar em torno dos vastos horizontes que se rasgam por largos espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco
" O Nascimento" - Teixeira de Pascoaes
Aí vem a estrela! Aí vem, sobre a montanha,
Rompendo a sombra etérea do crepúsculo!
A paisagem tornou-se mais estranha,
Mais cheia de silêncio e de mistério!
Dormem ainda as árvores e os homens,
E dorme, em alto ramo, a cotovia…
E, se ergue já seu canto, é porque sonha
julga ver, sonhando, a luz do dia!
E, pelos negros píncaros, a estrela
É divino sorriso alumiante.
Oh, que esplendor! Que formosura aquela!
É lírio de oiro aberto! É rosa a arder!
Aí vem a estrela! Aí vem, sobre a montanha,
Tão virginal, tão nova, que parece
Sair das mãos de Deus, a vez primeira!
E como, sobre os montes, resplandece!
Persegue-a o sol amado... No oriente,
Alastra um nimbo anímico de luz.
E a antiga dor das trevas, suavemente,
Ondula, em transparência e palidez.
Aí vem a estrela, alumiando a serra!
E os olhos encantados dos pastores
Voltam-se para a estrela... E cá na terra
Há mágoas e penumbras, a fugir...
Como ela voa, cintilando e rindo
Aos penhascos agrestes e desnudos!
E os pastores, atentos, vão seguindo
A direcção etérea do seu voo...
E a quimérica estrela deslumbrante
Parou sobre a capela, onde a Saudade
Agasalhava o Deus recém-nascido,
Com seu manto de amor e claridade.
E, amparando-o nos braços, lhe estendia
Os seios maternais. A criancinha
Mamava. E a Saudade lhe sorria,
Num enlevo, num êxtase sagrado.
A primavera, errante no Marão,
Veio cobrir de lírios e de rosas
O berço do Menino. E veio o outono,
E vieram ermas sombras dolorosas.
Logo, o outono rezou a sua prece
Excerto - Teixeira de Nascoaes
ABENÇOADA LUZ QUE ME ILUMINAS E TRANSFORMAS
"Quem és tu! Quem és tu, ó minha Alma?
«Não te conheço, não! E todavia,
Vejo teu lindo rosto, e sinto bem
A minha dôr beijar tua alegria!
Se és luz, dissipa a nuvem que te veste!
Toma presença humana, ao pé de mim!
Antes fosses um tronco ou rocha agreste
Do que essa Fórma animica e ilusoria!»
E ela então: «Se entendeste a minha voz,
É porque sou vivente creatura...
E é perfeito signal de que eu existo
O teu amor por mim, essa ternura.
Não sabes quem eu sou? Mas para quê
Desejas tu saber! Mais vale amar!
É luz crucificada a luz que vê...
E saberás um dia quem eu sou.»
Teixeira de Pascoaes
“Quem és tu? Quem és tu, ó minha alma?
Não te conheço, não. E, todavia,
Vejo a tua figura, e sinto bem
A minha dor a beijar a tua alegria!
Se és luz, dissipa a nuvem que te veste!
Toma presença e vida, ao pé de mim!
Antes fosses um tronco ou rocha agreste
Do que essa forma anímica e ilusória…”
Teixeira de Pascoaes - In Marânus
Teixeira de Pascoaes produziu a partir da experiência existencial da saudade - presente de forma vaga e imprecisa nos seus primeiros textos em verso - uma reflexão, a que subjaz o princípio fundamental de que o ser manifesta uma condição saudosa. Do Ser ao ser, processa-se uma verdadeira queda ontológica, uma cisão existencial, manifestando o mundo, na sua condição decaída, um "pathos universal". Da condição saudosa de ser resulta pois uma condição dolorosa do mesmo ser. Dor de privação, dor de saudade, consciência da finitude, de imperfeição, de insuficiência ôntica.
A experiência da dor pelo homem saudoso, é simultaneamente individual e universal. Por ela o homem–poeta entende o mundo como "uma eterna recordação", percebendo a realidade como evocadora de uma outra realidade mais real que aquela.o.
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