Jorge Trabulo Marques - Jornalista
UM PEQUENO MAS MARAVILHOSO PAIS QUE CONTINUA A SER CIOSO DA SUA LÍNGUA ANCESTRAL, COM A QUAL CANTA, SORRI, BRINCA CHORA OU SONHA - VALE A PENA OUVIR A SUA MUSICALIDADE RECORDANDO O DEBATE VIVÍSSIMO, HÁ 6 ANOS, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DO DICIONÁRIO LIVRE Santome-Português/Livlu-nglandji santome-putugêji, apresentado, em Julho de 2013, na sede da ACOSP - Associação da Comunidade de S.Tomé e Príncipe em Portugal, a que se seguiu um debate muito interessante e participativo, do qual aqui lhe deixámos o registo de algumas intervenções e de uma entrevista que nos concedeu na oportunidade.
UM PEQUENO MAS MARAVILHOSO PAIS QUE CONTINUA A SER CIOSO DA SUA LÍNGUA ANCESTRAL, COM A QUAL CANTA, SORRI, BRINCA CHORA OU SONHA - VALE A PENA OUVIR A SUA MUSICALIDADE RECORDANDO O DEBATE VIVÍSSIMO, HÁ 6 ANOS, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DO DICIONÁRIO LIVRE Santome-Português/Livlu-nglandji santome-putugêji, apresentado, em Julho de 2013, na sede da ACOSP - Associação da Comunidade de S.Tomé e Príncipe em Portugal, a que se seguiu um debate muito interessante e participativo, do qual aqui lhe deixámos o registo de algumas intervenções e de uma entrevista que nos concedeu na oportunidade.
Se alguém quer ver dois ou mais são-tomenses a dialogarem,
gracejando, fazendo humor, divertirem-se, é ouvi-los falar no seu crioulo, mais
conhecido por forro, fôlô, lungwa santome – Claro, que este hábito é mais usual
com as pessoas mais velhas: as novas gerações, vão-se acostumando ao português,
havendo mesmo muitos jovens que, além de não o falarem, dificilmente já o
entendem, ou, pelo menos, com o mesmo à-vontade e fluência dos seus pais –
Porém, o lançamento de um valioso dicionário, vai certamente contribuir para
dar novo fôlego à segunda língua mais falada em toda a ilha de São Tomé, exceto
na ponta sul.
O contacto entre povoadores portugueses e africanos na ilha de
São Tomé, a partir de finais do século XV, deu início a um processo de
crioulização que originou o aparecimento de quatro grupos crioulos com
identidades e línguas distintas. Adotando uma abordagem interdisciplinar, esta
comunicação tem por objetivo discutir a origem e o contributo das populações e
línguas africanas no povoamento das ilhas do Golfo da Guiné (São Tomé, Príncipe
e Ano Bom)
Tjerk Hagemeijer, é
professor e investigador na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, no Departamento de Linguística Geral e Românica - Doutorado
em Letras (Linguística Geral), Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, com a classificação de Aprovado com Distinção e Louvor (por
unanimidade) – Do seu currículo fazem parte numerosos trabalhos - Mas detalhes em ]curriculum vitae
CURIOSA PROPOSTA POR UM MUSICÓLOGO SANTOMENSE
O auto Floripes e Tchiloli a Património da Humanidade - Sugestão lançada pelo musicólogo são-tomense, Carlos Almeida, atual quadro da Sociedade Portuguesa de Autores, durante a “ Conversa sobre o “Dicionário Santome – Português” - Um dos vários eventos com que a diáspora assinalou os 38 anos sobre a proclamação da independência - Teve lugar na sede ACOSP - Associação da Comunidade de S.Tomé e Príncipe em Portugal, tendo contado com a presença do Prof. Tjerk Hagemeijer, do Centro linguístico da Universidade Nova de Lisboa, responsável do livlu-nglandji, “santome-portugêji, em coautoria com Gabriel Antunes de Araújo, da Universidade de São Paulo.
O fado é português e já foi classificado como Património Imaterial da Humanidade. Amália Rodrigues, com a sua voz inconfundível, deu-lhe a projeção internacional que merecia. A morna é única e tipicamente cabo-verdiana – E teve na interpretação de Bana, falecido recentemente, em Lisboa, a grande figura que mais projetou pelos quatros cantos do mundo a doce melodia das Ilhas de Cabo Verde.
O Governo deste país, ao mesmo tempo que prestava homenagem a um dos seus mais admirados filhos, fez aprovar uma resolução da morna como Património Histórico e Cultural Nacional – Um passo importante para a sua candidatura à UNESCO a Património da Humanidade. Ora, aí está também o momento do Governo de S.. Tomé, valorizar e promover, a nível mundial, duas das suas mais singulares expressões artísticas de cariz etnográfico, histórico e teatral.
Falou-se
da referida obra, como surgiu e dos vários contributos e colaboradores,
assim como da importância que assumem os 8500 vocábulos (verbetes)
para “os falantes nativos, estudantes e interessados nas línguas
crioulas de base portuguesa.” – Considerada a
mais completa obra de referência da principal língua autóctene da
República de São Tomé e Príncipe. Produzido a partir de fontes orais e
escritas, cada verbete em santome traz a transcrição fonética e a
equivalência em português, incluindo nomes científicos de plantas e
animais. O leitor encontrará também uma lista de palavras
correspondentes em Português..
O DEBATE CONTOU COM A PRESENÇA DO PROF.FRANCISCO ZAMORA SEGORBE, DE ANO BOM, SURPREENDEU A ASSISTÊNCIA PELA SEMELHANÇA DO SANTOME COM O FALAR DE ANO BOM
Lê-se
na apresentação do dicionário santome-putugêli, que “O santome, também
conhecido como forro, fôlô, lungwa santome, dialeto ou são-tomense, é
uma língua crioula de base lexical portuguesa que surgiu no século XVI,
na ilha de S. Tomé, fruto do contacto entre o português e diversas
línguas do continente africano. Depois do português, língua oficial, o
santome é a segunda língua mais falada na República de s. Tomé e
Príncipe, mas não goza, actualmente, de estatuto oficial, embora tenha
sido declarada uma das línguas nacionais, ao lado do angolar (ngola) e
do principense (lung’ie).
O contacto entre
povoadores portugueses e africanos na ilha de São Tomé, a partir de finais do
século XV, deu início a um processo de crioulização que originou o aparecimento
de quatro grupos crioulos com identidades e línguas distintas. Adotando uma
abordagem interdisciplinar, esta comunicação tem por objetivo discutir a origem
e o contributo das populações e línguas africanas no povoamento das ilhas do
Golfo da Guiné (São Tomé, Príncipe e Ano Bom)
Tjerk Hagemeijer, é
professor e investigador na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, no Departamento de Linguística Geral e Românica - Doutorado
em Letras (Linguística Geral), Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, com a classificação de Aprovado com Distinção e Louvor (por
unanimidade) – Do seu currículo fazem parte numerosos trabalhos - Mas detalhes em ]curriculum vitae
A
crioulização no Golfo da Guiné: entre línguas, genes e história | Seminários
Uma excelente oportunidade para linguistas, mas especialmente para estudiosos
da cultura ancestral das Ilhas do Golfo da Guiné e seus habitantes:
Tjerk Hagemeijer é o autor do Dicionário Livre
Santome-Português/Livlu-nglandji santome-putugêji em São Tomé e Príncipe, apresentado,
em Julho de 2013, na sede da ACOSP
- Associação da Comunidade de S.Tomé e
Príncipe em Portugal, a que se seguiu um debate muito interessante e participativo,
do qual aqui lhe deixámos o registo de algumas intervenções e de uma entrevista
que nos concedeu na oportunidade.
Trata-se,
com efeito, de um investigador dedicado aos vários crioulos do Golfo
da Guiné – Com Nélia Alexandre é coautor de um estudo bastante
aprofundado, publicado na Internet, subordinado ao título “ Os crioulos
da Alta Guiné e do Golfo da Guiné: uma comparação sintáctica”, do qual
- seguidamente - tomamos a liberdade de transcrever um excerto, dada a
sua importância para melhor compreensão do dicionário santome-putugêji
Os
crioulos de base lexical portuguesa da Alta Guiné (CAG) e do Golfo da
Guiné (CGG) constituem duas famílias linguísticas independentes cuja
formação remonta aos séculos XV e XVI, num contexto de escravatura,
tendo resultado do contacto entre o Português (arcaico e regional) e
diferentes línguas africanas de diversas famílias do Níger-Congo. Os
CAG incluem o Kabuverdianu (CCV), o Kriyol (CGB) e o crioulo de Casamansa1;
os CGG abrangem o Santome (ST), o Angolar (ANG), o Principense (PR) e o
Fa d’Ambô (FA). Não obstante os progressos alcançados na crioulística
ao longo das últimas décadas, continua aceso o debate sobre a formação
destas línguas e sobre a sua afiliação genética e tipológica. Em
particular, diversos autores têm proposto que os crioulos formam uma
classe de línguas tipologicamente distinta de outras línguas. A mais
antiga hipótese de que os crioulos constituiriam uma classe genética
(ou uma família linguística) devido a um conjunto aparente de
semelhanças traduz-se na chamada monogénese, uma teoria que advogava
que todos os crioulos teriam na sua origem um único pidgin Português
(Sabir ou West-African Pidgin Portuguese), que foi relexificado por
outras línguas. Esta hipótese foi entretanto refutada, mas dela
reteve-se, até hoje, a ideia bastante difundida de que os crioulos
descendem de pidgins diversos que, no curso do tempo, se transformaram
em línguas naturais (nativização), através de um processo de aquisição
de L2 com restrições de acesso à Língua-Alvo (o Português, nos
contextos em questão). O facto de se ter abandonado a monogénese não
significa que não exista uma relação genética entre subconjuntos de
crioulos, de que os CAG e os CGG são exemplos, mas também os crioulos
de base lexical francesa das Caraíbas ou os crioulos de base lexical
portuguesa na Índia – Excerto Os crioulos da Alta Guiné e do Golfo da Guiné.p
CURIOSA PROPOSTA POR UM MUSICÓLOGO SANTOMENSE
O auto Floripes e Tchiloli a Património da Humanidade - Sugestão lançada pelo musicólogo são-tomense, Carlos Almeida, atual quadro da Sociedade Portuguesa de Autores, durante a “ Conversa sobre o “Dicionário Santome – Português” - Um dos vários eventos com que a diáspora assinalou os 38 anos sobre a proclamação da independência - Teve lugar na sede ACOSP - Associação da Comunidade de S.Tomé e Príncipe em Portugal, tendo contado com a presença do Prof. Tjerk Hagemeijer, do Centro linguístico da Universidade Nova de Lisboa, responsável do livlu-nglandji, “santome-portugêji, em coautoria com Gabriel Antunes de Araújo, da Universidade de São Paulo.
"Embora sendo uma peça de origem europeia, o Tchiloli é hoje património cultural são-tomense. Pois, após ter sido introduzido em S.Tomé, passou a ser praticado por são-tomenses e com algumas alterações conforme a percepção do mesmo povo. Temos na obra influências europeias e africanas, que fizeram com que tivéssemos o Tchiloli que hoje temos. O Tchiloli constitui um dos testemunhos da história de S. Tomé e ao mesmo tempo, traço da presença e dominação europeia no nosso país. - See more Património de S. Tomé.: Tchiloli
"Anualmente no dia 15 de Agosto, a ilha do Príncipe é invadida por milhares de visitantes que para ali se dirigem a fim de assistir a festa de São Lourenço e o Auto de Floripes. Atracção cultural que preenche o cartaz turístico da ilha do Príncipe, é um teatro de rua cujo argumento retrata o conflito entre cristãos e mouros. Auto de Floripes -
HÁ QUE PRESERVAR E VALORIZAR O PATRIMÓNIO CULTURAL
O fado é português e já foi classificado como Património Imaterial da Humanidade. Amália Rodrigues, com a sua voz inconfundível, deu-lhe a projeção internacional que merecia. A morna é única e tipicamente cabo-verdiana – E teve na interpretação de Bana, falecido recentemente, em Lisboa, a grande figura que mais projetou pelos quatros cantos do mundo a doce melodia das Ilhas de Cabo Verde.
O Governo deste país, ao mesmo tempo que prestava homenagem a um dos seus mais admirados filhos, fez aprovar uma resolução da morna como Património Histórico e Cultural Nacional – Um passo importante para a sua candidatura à UNESCO a Património da Humanidade. Ora, aí está também o momento do Governo de S.. Tomé, valorizar e promover, a nível mundial, duas das suas mais singulares expressões artísticas de cariz etnográfico, histórico e teatral.
DEBATE BASTANTE HUMORADO E ACALORADO
Se alguém quer ver dois ou mais são-tomenses a dialogarem, gracejando, fazendo humor, divertirem-se, é ouvi-los falar no seu crioulo, mais conhecido por forro, fôlô, lungwa santome – Claro, que este hábito é mais usual com as pessoas mais velhas: as novas gerações, vão-se acostumando ao português, havendo mesmo muitos jovens que, além de não o falarem, dificilmente já o entendem, ou, pelo menos, com o mesmo à-vontade e fluência dos seus pais – Porém, o lançamento de um valioso dicionário, vai certamente contribuir para dar novo fôlego à segunda língua mais falada em toda a ilha de São Tomé, exceto na ponta sul.
SÃO OS MAIS VELHOS QUE FALAM FLUENTEMENTE O SANTOME MAS HÁ GENTE NOVA E SIMPÁTICA QUE DÁ CARTAS E NÃO LHES FICA ATRÁS
Depois da apresentação da obra em várias instituições, em Portugal, no Brasil e em S. Tomé (Lançamento do Dicionário Livre Santome-Português/Livlu-nglandji santome-putugêji em São Tomé e Príncipe ) essa honra coube também à ACOSP - Associação da Comunidade de S.Tomé e Príncipe em Portugal,
S.
Tomé e Príncipe ainda continua a ser um país com enormes carências. As
roças já não são o que eram mas há fábricas de cacau – um dos mais
apreciados do mundo e antes não existiam. E há sobretudo menos
mortalidade infantil e uma notável conquista sobre o analfabetismo. Ora,
ao promover-se a sua língua crioula, é indubitavelmente um valioso ato
cultural.
VEJA AS SEMELHANÇAS ORAIS DO Fá d'Ambô com o Santome o Santome
O DEBATE CONTOU COM A PRESENÇA DO PROF.FRANCISCO ZAMORA SEGORBE, DE ANO BOM, SURPREENDEU A ASSISTÊNCIA PELA SEMELHANÇA DO SANTOME COM O FALAR DE ANO BOM
“Fá d'Ambô, Fla
d'Ambu, annabonense, annobonés ou annobonense (em lingua
portuguesa) chamado falar de Ano Bom e língua anobonenseou anobonesa) é
um crioulo Portugu~es falado na Ilha de Ano Bom, Guiné Equatorial, estima-se que existam até 9 mil falantes deste dialeto.
Segundo estudiosos, o crioulo de Ano Bom, é baseado em 82%,
do forrro, enquanto que uns 10% de seu léxico se baseia no castelhano.
É falado por descendentes de mestiços entre africanos, portugueses e
espanhóis; devido à similaridade entre o português e o castelhano não se
sabe que origem têm certas palavras. Fá d'Ambô – Wikipédia, a enciclopédia livre
Livlu-Nglandji é como se chama o primeiro dicionário do crioulo
A
primeira referência histórica ao santome data de 1627, altura em que o
Padre Alonso de Sandoval, a partir de Cartagena, (Colômbia), menciona a
existência de da lengua de San Thomé. Já o século XVIII, mais
precisamente em 1766, Gaspar Pinheiro da Câmara também faz alusão a esta
língua ao escrever que he de saber que a gente natural destas ilhas
tem língua sua e completa, com pronúncia labeal, mas de que não consta
haver inscrição alguma (...) (apud Espírito Santo 1998:59, nota 1). a
língua escrita só apareceria pela primeira vez na segunda metade do
século XIX, quando autores como Francisco Stockeler e António Lobo de
Almada Negreiros, bem como os pioneiros dos estudos crioulos , Hugo
Schuchardt e Adolpho Coelho, nos dão a conhecer os primeiros fragmentos
da língua” - excerto
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