Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Este post foi editado em Maio de 2014, noutro meu site - Já lá vão quase 5 anos - Lembrei-me de o editar neste por a personagem, Thomas Panneck. me parecer ser um corajoso exemplo de coragem e de humildade
Thomas Panneck "The Last Hobo" – - Um dos videos, gravados no mês passado, em Espinho, já conta com mais 50 mil visitas no youtube
Chama-se Thomas Panneck, de nacionalidade alemã. Já percorreu a europa. Calcula que tenha andado a pé mais de 50 mil quilómetros, desde que deixou de trabalhar para revistas e jornais, como tipógrafo, fotógrafo e redator – Há cerca de dez anos, abandonou a profissão e toca de pegar numa viola e fazer-se ao mundo, com um simples saco às costas, no seu interior uma bíblia sagrada, acompanhado por um lindo cão, que, além de fiel companheiro, parece ser também o seu maior confidente
Embora a maior parte das pessoas, olhe sem olhar, ande sem ver, todavia, para quem seja minimamente atento, é difícil não reparar naquele rosto esfíngico, emoldurado por uma cabeleira desalinhada branca, onde transparecem ainda algumas madeixas alouradas, do que teria sido nos seus áureos tempos de juventude, barba de figura bíblica - Ao mesmo tempo revelando uma imagem austera mas inspirando, simultaneamente, compaixão, uma grande ternura e sabedoria.
Ontem, domingo, dia 11 de Maio 2014, depois de deixar a Praça do Rossio, onde, nestes últimos três dias, se desenrolou o IX Festival da Máscara Ibérica, com animação e gastronomia, ao subir a Rua Garrette, já quase noite, com a cidade iluminada, dou de caras com um homem, trazendo uma mochila às costas e numa das mãos, um cão pela trela e que ia sentar-se na soleira de uma porta, justamente no sítio onde eu o estava a interpelar - Levado pela minha curiosidade jornalística, disse de mim para mim: aqui está um rosto, digno de ser fotografado, numa pessoa, aparentemente tão descuidada, antevendo, desde logo, que houvesse por trás dessa aparência, uma história singular. De resto, foi assim, como repórter da RDP-Rádio Comercial, que me habituei a descobrir as histórias mais fantásticas, os mais variadíssimos casos humanos.
Antes de lhe pedir autorização para o fotografar, pergunto-lhe o que faz e qual a sua nacionalidade – Fala-me em alemão, ao mesmo que me pede um cigarro. Respondo-lhe que não fumo mas continuo curioso em saber mais pormenores desta figura bizarra, que, inesperadamente, se prepara para se sentar de costas para o seu lindo cão, cujos olhos meigos parecem seguir os do próprio dono e perceber todas as suas palavras, numa língua que eu não entendo. Compreendendo esta minha dificuldade, diz-me que pode falar comigo em espanhol – Até porque meu inglês também não me ajuda. Digamos, num arremedo de castelhano. Só que ele de volta e meia volta à sua linga materna e não é fácil, da qual não entendo patavina. E também porque a sua preocupação agora parece ser a de afinar a sua viola e sintonizá-la com a pequena coluna de som, ali bem juntinho ao seu fiel companheiro, e uma vez por outra levando à boca a cerveja de litro, que trazia na mão oposta à da trela e que parece não dispensar.
Por outro lado, ao mesmo tempo que vai dedilhando alguns sons e ensaiando o nome da letra, que escreve num papel e me passa para as mãos, tenta também pigarrear e limpar a garganta, que não dá mostras de conresponder à música que deseja tocar e cantar, tendo chegado ao ponto de lhe dizer: "não faz mal; posso gravar apenas os sons" - Mas ele lá sabe o que quer e, palavra atrás de palavra, finalmente lá consegue harmonizar a voz com os sons da viola, que diz ter sofrido "construciones"(adaptações) feitas por ele. - Sim, enquanto o seu cão, parece dormitar, como que embalado pela voz do seu dono e dos sons que ele vai dedilhando - Claro, perante a indiferença das escassas pessoas que vão descendo ou subindo o mesmo passeio ou no meio da mesma rua. - E, só uma ou outra, estendendo uma moeda.
Quando lhe digo, que sou jornalista, então ele responde-me que também já andou nas mesmas lides: desde a fotografia (revelando-me ter fotografado com as mais famosas marcas, nomeadamente com a Ninkon), a tipógrafo e a redator.
Pelo que depreendi, não obsatante ter uma atividade criativa, um dia vai de virar as costas ao normal quatidiano e de enveredar pela vida errante, de caminheiro - Por fim, ao despedir-me dele, depois de lhe ouvir, creio que o tema que me indicou (não tenho bem a certeza, se chegou a ser o mesmo) faz-me a última revelação: retira uma bíblia do saco, não para me catequizar mas para me mostrar que é outra das poucas coisas que o acompanha, confessando que os seus país, são muito "cistianos" - Tendo ficado com a impressão de que o pai, teria sido pastor.
Enquanto ali passavamos...
"Um homem com a voz rouca e uma guitarra gasta pelas marcas da rua conseguiu dar mais cor a um dia de chuva...Ironia que Nas suas costas estava um Banco recheado de dinheiro e a sua frente um chapéu para esmolas...Hoje tive dos momentos mais comoventes e profundos mas ao vê-lo tocar senti-me o homem mais rico do mundo. NTS&Alpha #Novostempos
HÁ COISAS QUE NÃO ACONTECEM POR ACASO – OU ANTES, VÊM AO ENCONTRO DE QUEM NÃO LHE PASSAM DESPERCEBIDA
A praça do Rossio já estava quase a ficar vazia, e, ao deixá-la, deparo com um jovem com um chapéu de coco azulado na cabeça, acompanhado por uma bonita rapariga, trazendo cada um sua mala e um instrumento no estojo às costas. Pergunto o que vêm fazer, quando já todas as tendas estão a encerrar. Respondo-me o jovem artista que é brasileiro e que caba de chegar da Irlanda e que a sua companheira é americana. Vem tocar em Portugal. Registo o seu contato e sigo em direção à Rua Garrette – É então que encontro mais uma figura, como que igualmente acabada de chegar de outro país ou de outro mundo
OS SEUS DOTES ARTÍSTICOS JÁ SÃO REFERENCIADOS NA INTERNET- ONDE SE DIZ QUE O IRMÃO PROCURA SABER SEU PARADEIRO
Agora, em minha casa, consultando a Internet, constato que já houve também quem registasse os sons que a sua voz rouca mais gosta de tocar – Um deles diz o seguinte:
Conny P 1 ano atrás) “Este é o nosso amigo Thomas Panneck "The Last Hobo", tocando nas ruas de "Mercat" do Xàtiva. Passamos a manhã buraco gravação dele um álbum chamado "A última Hobo". Tem cerca de 5 músicas. Todos eles são covers. Ouvir e apreciar a música!” – E logo a seguir estes dois comentários:
Thomas Panneck é meu irmão perdido há muito tempo. Alguém sabe onde ele mora entretanto? Então, por favor entre em contato connypanneck@yahoo.de,
THOMAS PANNECK “THE LAST HOBO” E O BALU
"Percebi que o tinha de fotografar. E muito rapidamente, percebi também, que tinha sido uma das pessoas mais interessantes com quem me havia cruzado nos últimos tempos. O Thomas andara pela estrada há mais de dez anos, uma eternidade. Já viu, descobriu e viveu tudo o que esperava desde que deixou a carreira de designer gráfico na Alemanha. Disse-me com orgulho que já tinha desenhado para a Mercedes-Benz, que tem filhos, que uma das ex-namoradas era fotojornalista; que tivera uma casa, um Mackintosh G3, uma Nikon F. Posses. Mas que era escravo delas e também das relações."
Agora vivia uma vida anormal, mas com normalidade. Planeava regressar este ano à sociedade «I’m Tired. Ten years» e de vir a trabalhar em música.
Falou-me da Sarah Moon, como ela tinha sido uma pioneira na fotografia de moda e nos desfoques «Her photographs have atmosphere, meaning, intensity. But my favorite photographer is Helmut Newton».
Quando lhe perguntei qual era o sítio mais bonito por onde tinha passado falou-me das Astúrias. Que os Picos da Europa o tinham marcado com os seus vales escarpados e rios rápidos. Tinha visto beleza lá.
E depois havia o Balu, como o urso do ‘The Jungle Book’ da Disney. Mas cão, com manchas castanhas no corpo e até nos olhos. Azuis. Cão bonito que servia de companhia e também de sistema de alarme «Somebody stole my passport. Keeping things is hard for someone living in the streets». Andavam pela Palhaça, onde vivo. E depois rumaram a sul. Thomas Panneck “The Last Hobo” eo Balu - Filipe da Silva
OUTRA OPINIÃO
"Me encuentro realizando un proyecto llamado "Antiestudio" donde fotografío gente con la que no tengo ninguna relación, en la calle y de forma totalmente improvisada. He tenido la suerte de cruzarme con gente peculiar, como Thomas, que me regaló este tema y que aquí os dejo.
Puedes difundir mi obra en tu web o blog siempre que me cites como el autor de la siguiente forma "Foto de Aitor Aranda", no está permitido realizar cambios, retoques u otras modificaciones sin mi consentimiento. No te puedes lucrar con mi obra.
En caso de estar interesado en mi trabajo puedes ponerte en contacto conmigo en foto@aitoraranda.com Thomas Panneck | Flickr - Photo Sharing!
En caso de estar interesado en mi trabajo puedes ponerte en contacto conmigo en foto@aitoraranda.com Thomas Panneck | Flickr - Photo Sharing!
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