Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Há ainda outra parte da entrevista por editar
C
As confissões que me fez, o distinto professor
universitário de matemática e de engenharia geográfica e historiador dos
descobrimentos portugueses. Uma referência à militância cívica e à idoneidade
intelectual. Autor
de uma extensa bibliografia, com mais de 200 trabalhos publicados nas áreas da
matemática e da historiografia e também
um bom conversador, um homem culto e generoso, com um grande sentido de humor.
Se fosse vivo, hoje completaria 102 anos . Mas
deixou-nos em 22 de Janeiro de 1992 - Recebeu-me em sua casa – Na qual me
deu o prazer a honra de me conceder uma
interessantíssima entrevista, cujo registo sonoro fui hoje
recuperar do meu vasto arquivo de repórter da antiga Rádio
Comercial-RDP e com a qual aqui desejo prestar o meu singelo tributo, nesta
data,
"Os Portugueses foram, sem sombra de dúvida. Pioneiros,
definiram uma das mais importantes viragens da história da humanidade. o mundo
do conhecimento começou então a alargar-se a limites inimagináveis e o da convivência a quebrar fronteiras pra
chegar hoje a todo o planeta em que
vivemos: as transformações então
operadas foram irreversíveis”
Sem incluir as actividades
dos Portugueses desse tempo quaisquer excertos duvidosos ou pouco credíveis, podemos dizer, com
orgulho que cada um por isso queira sentir que eles foram os primeiros e, sem dúvida, os principais artífices de tal alteração. E, se quisermos descer ao
pormenor , devemos então aludir à evolução da náutica, de uma arte que era para
uma técnica, transformação que eles foram capazes de realizar” – Escreve em “DÚVIDAS NA
HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES
Os Descobrimentos Portugueses Contribuíram Para o Conhecimento do Mundo
Dada a
extensão da entrevista, a mesma foi dividida em duas partes Neste vídeo, Luís de Albuquerque, falou-me da
importância da viagem de Vasco da Gama à India, da chegada de Colombo à
América, que considera ter sido descoberta por um acaso, visto o objetivo de Espanha, ser o de procurar a via mais fácil e direta de atingir igualmente
a Índia, sem ter que descer ao fundo do continente africano,
Tendo então
sido nomeado, Presidente do Conselho cientifico das Comemorações dos descobrimos, previstas
para 1998, revelou-me algumas das intenções como se previa assinalar tão
importante efeméride, que acabaria por decorrer
no Parque das Nações, construído propositadamente para dar expressão a esse importantíssimo evento
DADOS BIOGRÁFICOS
Luís Guilherme Mendonça de Albuquerque.
Nasceu em Lisboa, em 06.03.1917. Licenciado em Ciências Matemáticas (1939) e em
Engenharia Geográfica (1940) pela Universidade de Lisboa. Ingressa no corpo
docente da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra em 1941, como
assistente do 1.º grupo (Análise e Geometria) da 1.ª secção.
Aprovado por unanimidade no concurso para Professor de cadeiras e cursos anexos de Desenho na Faculdade de Ciências (provido em 11.01.1949).
Aprovado por unanimidade no concurso para Professor de cadeiras e cursos anexos de Desenho na Faculdade de Ciências (provido em 11.01.1949).
Em 1959/1960 estuda Métodos Estocásticos
na Universidade de Göttingen (Alemanha Federal) com uma bolsa do Instituto de
Alta Cultura, seguindo os seminários do Professor Konrad Jacobs. No regresso à
Faculdade é-lhe entregue a cadeira de Álgebra; virá a ser um dos impulsionadores
da mais tarde chamada Escola Portuguesa de Álgebra Linear, que alcança grande
prestígio internacional.
Em 1961 surge a Série de Separatas do
Agrupamento de Estudos de Cartografia Antiga da Junta de Investigações do
Ultramar (JIU), que é inaugurada pela Secção de Lisboa do Agrupamento com um
trabalho de Teixeira da Mota, e pela de Coimbra com o seu estudo Os Almanaques
Portugueses de Madrid.
Com a publicação de O Livro de Marinharia
de André Pires, em 1963, é lançada a Série Memórias da JIU, fruto do trabalho
desenvolvido nas duas secções do AECA.
Aprovado no concurso para Professor
Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (9 de julho de
1966).Exerce então as funções de Secretário da Faculdade de Ciências da sua
Universidade até 1968, retomando-as no biénio de 1970-72.
Em 25 de Abril de 1968 foi nomeado
Professor Catedrático em comissão de serviço na Universidade de Lourenço
Marques (Estudos Gerais Universitários de Moçambique), situação em que se
manteve até 1970.
Assume a presidência do Conselho Diretivo
da Faculdade de Ciências de maio a setembro de 1974.
Em 1974-76 é Governador Civil do Distrito
de Coimbra, único cargo de natureza política que ocupará alguma vez.
De 1976 a 1978 desempenha novamente as funções
de Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra, e desta última data a 1982 as de Vice-Reitor da
Universidade.
Diretor da Biblioteca Geral da
Universidade desde 1978 até à data da jubilação.
A partir de 1979 colaborou na criação da
Escola Superior de Formação de Professores de Cabo Verde, onde profere vários
ciclos de conferências sobre Matemática e História.
Nos anos letivos de 1980-81 a 1982-83
lecionou o seminário "História da Cultura Portuguesa - O
Renascimento" na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nos anos
subsequentes lecionará outros cursos relativos à temática da sua especialização
histórica nesta mesma Faculdade, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
e na Universidade Autónoma de Lisboa.
Integra a Comissão Consultiva da XVII
Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura (que tem lugar em Lisboa no ano
de 1983), dirigindo o núcleo dos Jerónimos desta Exposição e o respetivo
catálogo.
Doutor Honoris Causa em História pela
Universidade de Lisboa em 1985.
Em 1986 foi Diretor de Estudos Convidado
na École des Hautes Études en Sciences Sociales da Sorbonne.
Em 1986 e 1987 publicam-se os dois volumes
do Livro de Homenagem intitulado A Abertura do Mundo. Estudos de História dos
Descobrimentos Europeus em Homenagem a Luís de Albuquerque.
Jubilação universitária em 1987. Profere a
última lição na Universidade de Coimbra e são-lhe dedicadas diversas cerimónias
de homenagem em Lisboa e Coimbra.
No ano seguinte é assinado com o Círculo
de Leitores o contrato de edição do Dicionário de História dos Descobrimentos
Portugueses, que todavia só será publicado como obra póstuma.
Com data de 1989 vem a público o maior
projeto editorial que dirigiu: os seis volumes da obra coletiva Portugal no
Mundo. Paralelamente publica-se a coleção Biblioteca da Expansão Portuguesa,
cinquenta volumes com edições em versão atualizada de fontes, e reedição ou
mesmo edição de trabalhos historiográficos sobre a História dos Descobrimentos
e da Expansão. Planeia, dirige e coordena ambas as séries, tendo escrito para
elas algumas dezenas de textos.
A 2 de junho de 1990 inaugura-se a
Exposição "Portugal-Brasil. A Era dos Descobrimentos Atlânticos", na
The New York Public Library. É um dos Curadores desta Exposição de grande
impacto internacional, e colabora ativamente no Catálogo com a Introdução
escrita em parceria com Max Justo Guedes, um ensaio, um apêndice, e a autoria
de boa parte das 161 legendas de peças.
Em outubro de 1991 é hospitalizado em
consequência de um acidente cardiovascular, de cujas sequelas não se recomporá.
Morre em Lisboa, em 22.01.1992, no Hospital de Marinha.
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