Jorge Fonseca - Outra das grandes glórias do desporto das Ilhas Verdes do Equador - Imagens da Web
O atleta luso-são-tomense, Jorge Fonseca, que
se sagrou, campeão do mundo na categoria de -100kg em Tóquio, no Japão,
alcançando a “melhor classificação de sempre em campeonatos do mundo”, ao
vencer o russo Niyaz Ilyasov., tornou-se no primeiro luso-santomense a conquistar uma medalha de ouro em Mundiais
ao derrotar Ilyasov, terceiro classificado nos Mundiais de 2018.
DN O agora
campeão do mundo em Judo nasceu em São Tomé e Príncipe. Jorge Fonseca veio para
Portugal com a mãe e com o padrasto e viveram na Damaia. Foi no concelho da
Amadora que Jorge Fonseca despertou para o judo.
Nascido em
São Tomé e Príncipe a 30 de outubro de 1992, Jorge Fonseca chegou a Portugal
com 11 anos. Ainda jogou à bola com os outros miúdos na rua, "mas não
tinha jeito nenhum" e começou a praticar judo numa escola na Damaia
seduzido pelos combates de Pedro Soares, que hoje é seu treinador no Sporting.
"O Pedro Soares dava aulas na escola da Damaia. Eu ia olhando pela janela
para ver como era, no dia a seguir voltava... Fui começando a gostar. Ainda não
era assim nada de especial, mas pedi autorização à minha mãe e fui
experimentar. Sabes, eu não era assim, era um bocado gordinho... Comecei a
investir no trabalho do meu corpo para ser um grande judoca", recordou em
tempos, ao Observador, o novo campeão do mundo de judo na categoria -100 kg.
Demorou pouco a impor-se
no tatami e em 2013 deu mostras de poder fazer carreira no judo. Nesse ano
conquistou o título português de sub-23 e conseguiu algo de inédito para o judo
nacional ao tornar-se o primeiro atleta masculino português a alcançar o título
de Campeão da Europa de sub-23.
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A glória ameaçava
chegar quando a vida lhe trocou as voltas. Aos 17 anos foi pai e as prioridades
mudaram. Pouco depois da felicidade de ser pai, em 2015 o judoca descobriu que
tinha um tumor na perna. Apesar disso o judo nunca deixou de fazer parte do seu
dia-a-dia.
Superou a doença
com a ajuda do filho. "Foi complicado, porque quando fazia os tratamentos
estava sempre maldisposto, de cara trancada, e tinha ali ao meu lado o meu
filho que me fazia rir. Cheguei a ir treinar doente. Na altura dos tratamentos
ficava arrasado, mas quando estava com ele ganhava força", desabafou o
atleta ao jornal Sporting, que treina três horas de manhã, outras três à tarde
e folga apenas ao domingo.
Com o tempo
consumido pela família, a saúde e o judo, os estudos foram ficando para trás.
Agora, garante que ainda quer acabar o 12.º ano para poder ir para a polícia.
Até lá brilha no judo. E é no Japão, país onde já foi detido por duas vezes -
uma delas por passar a rua fora da passadeira, a outra por correr na rua sem
T-shirt -, que ele espera repetir o triunfo daqui a um ano. Jorge Fonseca sonha
ganhar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020: "Tenho de acreditar que vou conseguir."
O primeiro campeão mundial
Até aqui, dizia
que tinha o campeonato do Mundo "entalado na garganta" depois de um
sétimo lugar conquistado nos anteriores mundiais. Agora, no Japão, Jorge
Fonseca vingou-se e conquistou o título mundial na categoria de -100 kg, ao
vencer o russo Niyaz Ilyasov na final e após ter derrotado o azeri Elmar
Gasimov, o georgiano Liparteliani, o chileno Briceno, o indiano Avtar Singh e o
irlandês Benjamin Fletcher. . https://www.dn.pt/edicao-do-dia/31-ago-2019/interior/jorge-fonseca-o-campeao-do-mundo-comecou-na-damaia-e-foi-pai-aos-17-anos-11254291.html
EXPRESSO – “Tive a sorte
de ter o Dr. Passarinho que me disse: ‘Ouve lá, ó preto, vais superar o cancro
e serás o maior’. Era o que precisava ouvir”
Depois de ser campeão do
mundo de judo, em Tóquio, Jorge Fonseca deu uma entrevista ao Expresso. Esta é
a versão integral de uma conversa longa em que o judoca conta detalhes de uma
vida que nem sempre foi fácil
Eu comecei a festejar uma
medalha antes, porque sabia que mesmo que perdesse ia ser vice-campeão do mundo
e por isso já estava feliz. Mas antes do combate o meu treinador chamou-me
disse que eu tinha capacidade para fazer mais e estivemos a falar durante uma
hora. Acabei por mudar aquela minha forma de pensar.
O que ele lhe disse que o
fez mudar de ideias?
"Tu ainda não
ganhaste nada. Tu tens idade, tens tempo para fazer história, por isso
aproveita esta fase boa em que estás para fazer história". Quando ele me
disse que eu não tinha ganho nada ainda, eu pensei "fogo!?" (risos).
Mas por um lado fez-me aumentar a autoestima de que podia ser campeão do mundo.
Por isso entrei muito confiante para o último combate, sabia o que tinha de
fazer. Acabei por projetar o meu adversário no início do combate e tive de
aguentar três minutos até final.
Consegue ouvir e
assimilar alguma coisa do que o treinador lhe diz durante o combate?
Sim.
Nós estamos muito perto um do outro e basicamente estou sempre a vê-lo. Eu
tento concentrar-me só no meu adversário e no meu treinador e abstrair-me do
público, por isso consigo ouvir a voz do Pedro durante o tempo todo. – Excerto https://tribunaexpresso.pt/entrevistas-tribuna/2019-09-20-Tive-a-sorte-de-ter-o-Dr.-Passarinho-que-me-disse-Ouve-la-o-preto-vais-superar-o-cancro-e-seras-o-maior.-Era-o-que-precisava-ouvir
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