A verdadeira poesia
existe à flor do mar e voga solta ao sabor das correntes e do vento - Se
a vires, não a percas de vista! - Parte sozinho no teu barquinho e vai a sós silencioso e determinado ao seu
encontro
Obra de Olaf Nordlien - Propriedade do devaneio íntimo no meu humilde lar |
MEU TRIBUTO AO PINTOR OLAF NORDLIEN E À EPOPEIA VIKING
"Amargo é o vento hoje à noite
Atira os cabelos brancos do oceano
Esta noite não temo os guerreiros ferozes da Noruega
Percorrendo o mar da Irlanda »
Antigo Poema Irlandês
OLAF NORDLIEN - 1864 -
1929 - O PINTOR NORUEGUÊS QUE VIVEU OS ÚLTIMOS ANOS DA SUA VIDA
NUMA MODESTA CABANA À BEIRA MAR E COMPÔS ALGUNS DO
SEUS QUADROS INSPIRADO NA SAGA VIKING
Olaf Nordlien - Foi um pintor norueguês do final do século XIX e início do século XX, que viveu, entre 1864 e 1929, tendo passado os últimos anos da sua vida numa cabana à beira mar - Tenho o prazer de possuir uma das suas telas, a primeira destes dois quadros e de a poder ter nas mãos e a contemplar .
A BBC já lhe dedicou um extenso e aprofundado documentário, retirando-o, de algum modo, do esquecimento a que parecia votado.
É dito que ele "pintou principalmente imagens de paisagens e paisagens marítimas puras. Sua obra mostra paisagens de montanhas e árvores predominantemente desertas: Nordlien pintou paisagens com montanhas cobertas de neve, lagos claros e cachoeiras trovejantes inspiradas pela grande natureza escandinava - de vez em quando há pequenas casas que testemunham a existência do homem. Basicamente, a gama de cores dos artistas é guiada pela realidade, com variações de tons mais brilhantes e mais escuros de suas pinturas”
Obra de Olaf Nordlien |
Sozinho
perante tão extrema grandeza marítima,
tão
imensa e misteriosa amplidão
e
ser-se ao mesmo tempo
extrema fragilidade e ínfima pequenez,
é,
sem dúvida, coragem, triunfo e arrojo
às
adversidades da inóspita natureza!...
Sede
insaciável de se ser bafejado pela luz mais clara e pura dos astros!
Voar
como ave perdida pelos vastidão infinita dos espaços!
Errar
como um vagabundo pelos mares de todo o mundo!
Instantânea
e antiquíssima harmonia! Voluptuoso jorro de energia!
Lufada
fresca, vivo e perene rasto a divindade!
Levado
a sós por genuínos impulsos de aventura,
pensamentos
insondáveis, chamamentos
de
bravura ocultos, inimagináveis!
É
o aspirar da palavra solar,
ter
por companhia,
o
ritmo, a graça, a melodia
o
deslumbramento dinâmico do anelado azul,
a
vibrátil claridade.
A
conjugação de todas as ânsias reprimidas
na
esteira de se alcançar, num só desejo, numa só vontade,
os
limites do inatingível, a margem
do
insuperável e do sobrenatural!
Percorrendo
vastas planícies salgadas em turbulentas águas,
deixando
para trás preocupações triviais, ódios mesquinhos.
Mesmo que a ousadia condene a viver um só instante de eternidade,
Mesmo que a ousadia condene a viver um só instante de eternidade,
oh,
sim! vale a pena viver o sublime,
correr
o risco e a temeridade.
Decifrar
os enigmas do incognoscível
estar
ao mesmo tempo dentro e fora da verdade,
dos
misteriosos limites que comandam os desígnios
da
morte e da vida.
Foto de minha autoria - Obtida num daqueles longos dias de incerteza, deslumbramento e fantasmagoria |
Navegar
sozinho, sem outros meios náuticos de navegação,
com
o destino completamente à mercê de um errático acaso,
ao
sabor do imprevisto e do filtro do instinto,
perdido
entre o vento, o olvido
e
as espáduas do esquecimento,
oh!
não é temeridade vã, inútil o laço da solidão!
Mas
o desejo porfiado e ardente em decifrar
os
calmos e febris prodígios do desconhecido,
a
busca incessante do oiro na sua essência,
no
seu estado original, ainda incandescente
a
procura dos silêncios visíveis
dos
sons puros na grande imensidão,
no
seu estado selvagem, verdadeiramente inocentes!
Vozes,
rumores e murmúrios de todos os tempos
que
soem e repercutam ecos
de
invulgar pureza e libertação!
Guiado
pelos astros e pelo mesmo instinto das aves
-
tal foi o meu caso: uma Bússola
dá
uma ajuda mas não indica o lugar.
Os Vikings usaram
a Bússola Solar Mais nada.
Todavia,
dominaram os mares no seu tempo.
Leituras
satélite por GPS, informações astronómicas,
a
posição exacta a qualquer hora:
Instrumentos
náuticos, esses, só os grandes barcos, ao largo!
-
Vi alguns mas não me viram a mim - Eu não era nada.
Até
ia perdido, prisioneiro de um incerto e amargo destino -
E
eles, os pilotos sem os instrumentos a bordo?!...O que seria deles?!..
Mesmo
assim, talvez se sentissem menos livres
e
mais prisioneiros do que eu!..
Ir
sozinho para o mar, é partir
em
demanda dos mais ténues rumores e labirintos sagrados!
Saciar
a fome da floração silenciosa, da vagabunda dança de um sopro
íntegro
de
fulgor furtivo de sabedoria e pureza.
É
fazer-se ao mar e navegar sem contrapartidas seguras à partida
e
não ter qualquer certeza de paisagens imaginárias ou reais à chegada!..
É
a transparente e claríssima sede de nostalgia dos mais puros céus!
É
viajar na senda dos séculos passados, eras volvidas
ou
dos que ainda hão-vir por vontade de Deus.
Apelar
ao instinto animal (que raramente se engana, tal como o da ave)
É
vidência! Deslumbramento! Itinerário transfigurado.
É
trocar o certo pelo incerto
-
Sem todavia saber que próximo futuro o aguarda,
a
que portos poderá arribar,
que
enseadas de ilhas frondosas o esperam,
que
recortes de orlas vai contemplar,
que
escolhos vai ter pelo caminho,
que
perigos e ameaças
lhe
poderão interromper a viagem.
Largar
tudo - os horários, a família, os amigos,
a
tranquilidade de um lar - e partir
mar
fora numa frágil piroga
ou
até em barcos maiores e bem equipados,
singrando
o ondulante manto líquido,
trocando
o certo pelo incerto, o desconhecido,
não
receando os revés da ousadia e a má sorte,
não
temendo as partidas da omnipresente imagem da morte,
alheio
a tudo: às inesperadas variações dos ventos,
à
dança e contra-dança de correntes poderosas
súbitos
vendavais, "súbitas trovoadas
temerosas!"
Navegar
sobre as ondas encapeladas,
ir
de velas enfunadas, é sentir a alma rubra!
Alheia
aos perigo que rondam por toda a parte,
subindo
ou imergindo
dos
insondáveis abismos!
Navegar
à flor das águas agitadas é ter por companhia
a
menos de um palmo ou da grossura de uma tábua,
a
cova funda e horrível da mais funesta e imensa sepultura
.
Deixar,
enfim, que o mar e o vento cumpram a sua palavra!
Não
pensar em horários nem perder tempo em coisas banais
Ser
sonho ousado que se cumpra e nada mais!
Jorge Trabulo Marques
A terra natal dos Vikings era a Noruega,Islândia , Suécia e Dinamarca. - Uma
das figuras que ainda hoje mais admiro, naqueles países, é o norueguês Thor
Heyerdahl - Já expliquei (noutro post) as razões pelas quais ele influenciou as
minhas travessias, - porém, volto aqui a reproduzir a breve nota.
Tenho uma profunda
admiração pela saga
Vikings - Contam-se fantásticas e varridíssimas histórias sobre a
sua audácia!!.. Quão arrojados não foram esses navegadores!... Em mares tão
bravos e frios do Atlântico Norte! - No entanto, eles fizeram longas
distâncias, introduzindo novos métodos da navegação, ousaram enfrentar
dificuldades inauditas - Povoaram várias regiões, desde a Europa à
América. Contam-se mil histórias, associando-os ao saque e à pirataria nos
mares - Bom, essa uma questão algo dúbia. Pois, em boa verdade, não é muita
clara a fronteira, onde acaba a realidade e começa o mito ou a ficção -
Diga-se o que disser, eles foram corajosos marinheiros - E, só por esse facto,
merecem a minha maior admiração.
POETAS E GUERREIROS - É
dito que os “vikings recitavam poemas em campos de batalha. Na hora do combate,
enquanto alguns treinavam, outros improvisavam versos. Criar estrofes e
recitá-las era considerado uma habilidade do homem nórdico e estava presente do
café da manhã ao jantar. Qualquer situação era motivo de declamar. O
historiador islandês medieval Snorri Sturluson da Edda em Prosa, considerada a
maior fonte literária da mitologia nórdica, descreveu episódio na Saga de
St. Olaf, datada de 1230, um episódio que ilustra bem esse apreço. Logo
antes da batalha de Stiklestad, em 1030, o rei Olaf 2º, da Noruega, pediu ao
poeta do reino recitar alguns versos. Foram tão épicos que os sobreviventes
agradeceram ao poeta por ter levantado a moral da tropa antes da derrota (o rei
foi morto). A poesia eddaica tinha enredos envolventes em estrofes curtas,
gravadas em pedras e pedaços de madeira. Os nórdicos tinha um incrível poder de
concisão. http://celtic-vikings.blogspot.com/2015/05/guerreiros-poetas.html
CÉLEBRE EXPEDIÇÃO DE THOR HEYERDAHL – KON-TIKI - INCENDIARAM A MINHA IMAGINAÇÃO. - Thor Heyerdahl é uma das minhas referências e um dos meus míticos heróis .
Os relatos da expedição do norueguês Thor Heyerdahl no seu livro "A Expedição Kon-Tiki -, verdadeiro
clássico da literatura de viagens , exerceu em mim um profundo
fascínio .Não apenas pelo ousado espírito de aventura, mas sobretudo
pelo realismo e consistência científica, com que pretendeu demonstrar
as suas investigações.
Numa jangada de pau-de-balsa, reprodução
exacta às das jangadas índias feitas na América do Sul desde os
tempos da pré-história, Heyerdahl partiu de Callao, no Perú, com uma
equipa composta por seis homens para as ilhas Tuamotu da Polinésia ,
percorrendo mais de 8000 Km, ao longo de três meses.
"Quando os primeiros europeus se aventuraram a atravessar o maior dos oceanos, descobriram com espanto que, exactamente no meio dele, existiam ilhotas montanhosas e recifes de coral liso, em geral, segregados uns dos outros e do mundo por vastas áreas de mar. Cada uma destas ilhas já era habitada por povos que aí haviam aportado antes dos europeus"
"Sabemos, com absoluta certeza, que a primeira raça Polinésia deve
ter vindo em alguma época, espontaneamente ou não, ao sabor das
águas ou com a força das velas de uma embarcação qualquer, até essas
ilhas longínquas" diz o autor da Kon-Tiki, no seu livro
"(...) "De onde podiam ter vindo essas levas tardias de emigrantes?" (...) Falavam uma língua que nenhum outro povo compreendia” (...) Como e quanto teriam erguido as suas pirâmides e estátuas?!. Do livro A Expedição Kon-Tiki
Estas foram as questões que levaram Heyerdahl a organizar a célebre expedição Kon-tiki, . Com esta expedição buscava provar que as ilhas do Pacífico poderiam ter sido povoadas a partir da América do Sul.
Fez um estudo das correntes marítimas e dos ventos dominantes e de
alguns aspectos culturais similares, concluindo que o povoamento da
Polinésia só poderia ter sido feito a partir do leste,
contrariamente à clássica teoria que defendia as migrações a partir
do sul da Àsia, uma vez que, as 5000 milhas que supostamente teriam
que navegar, sendo contra as correntes, constituiriam uma façanha
pouco provável
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