Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
AS TROPAS
DO GENERAL MASSENA TAMBÉM PASSARAM POR FOZ CÔA- E ESTIVERAM AQUARTELADAS EM
ALMENDRA
"A Terceira Invasão
Francesa teve início em Julho de 1810 e terminou em Abril de 1811, com a
retirada das forças francesas para Cidade de
Rodrigo. O exército invasor era o maior dos que já tinham invadido
Portugal, em 1807 sob o comando de Junot e 1809 sob o comando de Soult. O
comandante deste exército, o marechal Massena, era um dos mais conceituados
marechais de França. Para a sua derrota contribuiu não só a qualidade do
exército anglo-luso, sob comando de Wellington, mas também a estratégia
utilizada por este general e desenvolvida com base nas Linhas de Torres Vedras.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_invas%C3%A3o_francesa_de_Portugal
Estiveram aquarteladas em
Almendra, servindo-se do Solar do Visconde de Almendra - Na debandada, pegaram-lhe o
fogo, deixando uma das suas partes completamente consumida e
destruída pelas chamas.Este facto foi-me relatado por um dos atuais herdeiros deste solar na altura de uma exposição da história do solar e de uma visita de D. Duarte Pio Duque de Bragança, amigo da família - De facto, não há ninguém que, ao passar junto a este solar - e é ponto de passagem obrigatório quem demande Foz Côa ou viaje para Figueira de Castelo Rodrigo e Almeida que não repare neste gracioso edifício, construído em granito no século XVIII, sendo considerado um dos melhores exemplos da arquitetura civil barroca.
| Igreja matriz de V.Nova de Foz Côa |
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Presume-se que os
invasores franceses, não terão deixado de cometer - enquanto permaneceram em
Almendra - entre outras barbaridades, também abusos sexuais sobre as mulheres,
cujos maridos assassinavam, tanto mais que é das freguesias do concelho, onde
há muitas pessoas de olhos verdes e aspeto nórdico, sendo, porém, a sua
principal origem árabe. Aliás, é das únicas terras que tem quase o mesmo
sotaque que os alentejanos. Contudo, o que passou para os dias de hoje é
praticamente fruto de transmissão oral –
Contudo, já o mesmo não sucede com a sua passagem pela
sede do concelho: É, ainda, num dos capítulos, de “A História do Culto
de Nossa Senhora da Veiga, que o seu autor, o Cónego José António
Marrano, faz a descrição da passagem das tropas napoleónicas por Foz Côa –
Todavia, nem uma palavra à matança dos Judeus – sendo ele (marrano) um dos
descendentes dos judeus convertidos.
Diz o antigo pároco que “Foi no dia 28 de Agosto de 1810, que
os franceses fizeram a terceira invasão a Portugal, comandados pelo General
Massena. Acompanhavam-nos os melhores generais de Napoleão, Resnier, Ney
e Junot.
Tomaram a posição de Almeida e dirigiram-se a Viseu, onde entraram no dia
10 de Setembro. Na passagem foram tomando diversas terras que ficaram ao sul do
Douro e entre outras visitaram também Vila Nova de foz Côa, que se
preparou para a resistência, pois já tinha conhecimento da invasão e já receava
o ataque.

A aproximação dos soldados de Messena foi conhecida com alguma
antecedência. Vieram pelos lados do Flor da Rosa. O velho Domingos, homem de
prestígio entre a população e alcaide do Castelo, anunciou do alto das muralhas
deste, que o inimigo se aproximava.
A vila, naquele tempo, restringia-se quase às moradias do Castelo;
por fora, estava apenas a igreja e poucas casas.
A população fugiu espavorida, foi um pânico enorme, como é de supor!
Ficaram os soldados e o velho Domingos. Muitos abandonarem tudo e fugiram
imediatamente. Outros ficaram pouco tempo, o suficiente para esconder
aquilo que não podiam levar.
A rapariga não se precipitou.

À frente, do grosso do exército, os franceses mudavam as
guardas avançadas, que puderam conhecer a direcção que os foz-coenses tinham
tomado e marchavam em sua perseguição.
Chegados ao Pocinho, os cavaleiros franceses não avançam mais. Traziam
intérpretes que procuravam atrair o último grupo dos nossos que já ia a
meio do Douro em direcção à Quinta do Campo.
Chamavam: Marie. Marie…..
Alguns dos nossos, que já estavam do outro lado, gritavam ao mesmo tempo:
“Não voltei atrás porque são franceses”. Se voltassem, apanhavam-lhes a barca e
estavam todos perdidos.
Não podendo avançar , a guarda francesa, desistiu de seguir para
Trás-os-Montes e foi juntar-se aos seus que se dirigiam para Viseu.

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