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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

PÁGINAS HISTÓRICAS DAS INVASÕES NAPOLEÓNICAS EM VILA NOVA DE FOZ CÔA - -

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 


AS TROPAS DO GENERAL MASSENA TAMBÉM PASSARAM POR FOZ CÔA- E ESTIVERAM AQUARTELADAS EM ALMENDRA

"A Terceira Invasão Francesa teve início em Julho de 1810 e terminou em Abril de 1811, com a retirada das forças francesas para Cidade de  Rodrigo. O exército invasor era o maior dos que já tinham invadido Portugal, em 1807 sob o comando de Junot e 1809 sob o comando de Soult. O comandante deste exército, o marechal Massena, era um dos mais conceituados marechais de França. Para a sua derrota contribuiu não só a qualidade do exército anglo-luso, sob comando de Wellington, mas também a estratégia utilizada por este general e desenvolvida com base nas Linhas de Torres Vedras. https://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_invas%C3%A3o_francesa_de_Portugal


Estiveram aquarteladas em Almendra, servindo-se do Solar do Visconde de Almendra - Na debandada, pegaram-lhe o fogo, deixando uma das suas  partes completamente consumida e  destruída pelas chamas.

Este facto foi-me relatado por um dos atuais herdeiros deste solar na altura de uma exposição da história do solar e de uma visita de D. Duarte Pio Duque de Bragança, amigo da família - De facto, não há ninguém que, ao passar junto a este solar - e é ponto de passagem obrigatório quem demande Foz Côa ou viaje para Figueira de Castelo Rodrigo e Almeida que não repare neste gracioso edifício, c
onstruído em granito no século XVIII, sendo  considerado  um dos melhores exemplos da arquitetura civil barroca.

Igreja matriz de V.Nova de Foz Côa
Trata-se, com efeito, de um dos mais belos solares  do concelho de Vila Nova de Foz Côa, que, "tem sido  testemunho das vivências de muitas gerações de nobres ilustres, foi última habitante do solar Márcia Augusta de Castilho Falcão Mendonça de Morais Sarmento, filha mais nova do 3º Visconde do Banho. Atualmente, o palácio de Almendra pertence aos herdeiros de Márcia Augusta.In Solar do Visconde de Almendra– 


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Presume-se que os invasores franceses, não terão deixado de cometer - enquanto permaneceram em Almendra - entre outras barbaridades, também abusos sexuais sobre as mulheres, cujos maridos assassinavam, tanto mais que é das freguesias do concelho, onde há muitas pessoas de olhos verdes e aspeto nórdico, sendo, porém, a sua principal origem árabe. Aliás, é das únicas terras que tem quase o mesmo sotaque que os alentejanos. Contudo, o que passou para os dias de hoje é praticamente fruto de transmissão oral –  


Contudo, já o mesmo não sucede com a sua passagem pela sede do concelho: É, ainda, num dos capítulos, de “A História do Culto de Nossa Senhora da Veiga, que o seu autor, o Cónego José António Marrano, faz a descrição da passagem das tropas napoleónicas por Foz Côa – Todavia, nem uma palavra à matança dos Judeus – sendo ele (marrano) um dos descendentes dos judeus convertidos.

 Diz o antigo pároco que “Foi  no dia 28 de Agosto de 1810, que os franceses fizeram a terceira invasão a Portugal, comandados pelo General Massena. Acompanhavam-nos os melhores generais  de Napoleão, Resnier, Ney e Junot.

Tomaram a posição de Almeida e dirigiram-se a Viseu, onde entraram no dia 10 de Setembro. Na passagem foram tomando diversas terras que ficaram ao sul do Douro e entre outras visitaram também  Vila Nova de foz Côa, que se preparou para a resistência, pois já tinha conhecimento da invasão e já receava o ataque.

A aproximação dos soldados de Messena foi conhecida com alguma antecedência. Vieram pelos lados do Flor da Rosa. O velho Domingos, homem de prestígio entre a população e alcaide do Castelo, anunciou do alto das muralhas deste, que o inimigo se aproximava.
A vila, naquele tempo, restringia-se quase às moradias  do Castelo; por fora, estava apenas a igreja e poucas casas.

A população fugiu espavorida, foi um pânico enorme, como é de supor!
Ficaram os soldados e o velho Domingos. Muitos abandonarem tudo e fugiram imediatamente. Outros ficaram pouco tempo, o suficiente para esconder aquilo que não podiam levar.

Num esconderijo de uma casa pertencente à velha Cereja, ao lado nascente, detrás de uma cozinha, foram arrecadar as Imagens de Nossa  Senhora da Soledade e das Dores. Os paramentos da igreja foram depositados debaixo do altar , onde estavam as mesmas imagens, do lado norte. Muitos estragaram-se com a chuva e a humidade. Uma rapariga que andava a guardar uma vaca na Lameira e não teve conhecimento da fuga, quando veio à tarde ficou espantada por não encontrar ninguém, além do velho Domingos que lhe referiu o acontecido e lhe disse que fugira tudo em direcção às Cortes da Chã.
A rapariga não se precipitou.

Foi a casa, escondeu algumas coisas no tal segredo da cozinha, onde estavam as imagens de Nossa Senhora; tomou o dinheiro que os pais deixaram numa tigela de barro, pão e outras coisas e dirigiu-se para as Cortes de Chã. Perto das Cortes do Margarido, gritou pela Mãe, que pouco tempo depois apareceu. Queixou-se-lhe amargamente  porque a deixara sozinha.

A mãe respondeu-lhe: a aflição foi tão grande que me esqueci de tudo, até que te tinha a ti, minha querida filha! Os nossos soldados, para deterem os invasores, foram colocar uma peça de artilharia  no terreiro da Capela de Nossa Senhora da Conceição, para ali oferecerem resistência, mas não conseguiram nada, retiraram na mesma direcção que o povo levou, pelo caminho de Chã, em cujas cortes alguns populares foram esperando até ver no que aquilo dava. Os soldados franceses entraram na vila, que encontraram deserta. A isto e coisas semelhantes, se referiu o general Massena  numa carta a Napoleão. Caminhamos por desertos, dizia ele. Era a táctica dos portugueses; retirar e levar consigo tudo o que pudessem.

À frente, do grosso do exército,  os franceses mudavam  as guardas avançadas, que puderam conhecer a direcção que os foz-coenses tinham tomado e marchavam em sua perseguição.

Os nossos que isso perceberam foram retirando em direcção Pocinho, para tomarem a barca que os levasse além Douro.
Chegados ao Pocinho, os cavaleiros franceses não avançam mais. Traziam intérpretes que procuravam atrair  o último grupo dos nossos que já ia a meio do Douro em direcção à Quinta do Campo.
Chamavam: Marie. Marie…..
Alguns dos nossos, que já estavam do outro lado, gritavam ao mesmo tempo: “Não voltei atrás porque são franceses”. Se voltassem, apanhavam-lhes a barca e estavam todos perdidos.
Não podendo avançar , a guarda francesa, desistiu de seguir para Trás-os-Montes e foi juntar-se aos seus que se dirigiam para Viseu.






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