O anúncio da morte acontece sete dias depois do General João Seria ter brilhado num grande show musical na Ilha do Príncipe, por ocasião do 28º aniversário da autonomia regional, numa festa marcada pela presença do Presidente da República, Carlos Vila Nova, com quem trocou opiniões sobre o seu grande sonho de abrir uma escola de música
Um verdadeiro general de talento de voz e de empatia com o público, envergando boina e a farda militar nos concertos, aceitou o desafio, que lhe fora proposto pelos Pesquisadores da Universidade de Oxford e do Programa Tatô, de através de um video gravado no cenário Idílico de algumas das maravilhosas praias, com letras cantadas em três línguas locais, como forma de sensibilizar e cativar a opinião pública – sobretudo as comunidades das praias piscatórias - de forma a abster-se do consumo da carne e dos ovos de tartaruga - hábito enraizado na gastronomia local - , que vão desovar nas areias
O músico Gabriel João, mais conhecido por General João Seria, um dos mais emblemáticos cantores são-tomenses e “astro” do conjunto África Negra, morreu ontem, dia 4 de Maio, na sua residência, em Santana, Distrito de Cantagalo, soube-se de fontes familiares
De acordo com uma das filhas, diz o Telá Nón, o cantor de 74 anos de idade, foi encontrado sem vida, na casa onde vivia. A filha assegura que o cantor não estava doente, mas, que, no entanto, padecia de problemas de tensão.
O Presidente da República, Carlos Vila Nova, o Governo, liderado pelo
primeiro-ministro, Patrice Trovoada, são dentre outras várias entidades
públicas que manifestaram profundo pesar pela morte do cantor João Seria.
Tal como já tive ocasião de sublinhar, num post que editei, em 2014, no meu blogue canoasdomar, na sequência de uma atuação na Discoteca B.Leza, este espaço foi pequena demais para tanto entusiasmo e tanta gente assistir ao caloroso espetáculo do histórico Conjunto África Negra e de alguns dos seus ídolos mais antigos. como seja o lendário General João Seria
Espantosa exibição que entusiasmou e levou ao rubro, quer os santomenses da diáspora e outros africanos dos PALOP, quer os Portugueses e de outras nacionalidades, que não quiseram perder tão rara como extraordinária oportunidade! - E, antes mesmo de ser espetáculo, já o era na expetativa que se gerava à porta da conhecida casa de diversão lisboeta
General João Seria – Um autêntico general da música santomense. Vê-se que o homem tem cabelo brancos mas a genica e energia que manifesta no palco, o seu timbre de voz - num genial talento de vocalista e de comunicador com o público - não dá a menor pista para se lhe decifrar a idade.
É um dos tais generais que parece não conhecer período de reforma ou tempo de
pausa para depor as sua artilharia musical. - tanto mais que até trouxe alguns
CDs para, a dada altura, os puxar pelos bolsos das calças e os distribuir ao
acaso pelos muitos braços que se erguiam à frente do palco. Penso que, a sua
atuação, foi espontânea, que não fazia parte do reportório do programa. Foi
pelo menos a ilação que pude extrair quando, o repórter de televisão de S.
Tomé, Alcibiades Pequeno, subiu ao palco para anunciar a grande surpresa da
noite
O Conjunto África Negra é uma legenda como " grande embaixador da música
de São Tomé depois da independência. Nasceu em 1974, a tocar nos “fundões”,
bailes ao ar livre onde se juntavam as diferentes comunidades de pescadores e
trabalhadores das plantações de café e cacau da ilha. Ao longo dos anos, com
apogeu na década de 80, maturou um estilo de rumba específico são-tomense,
influenciado pelo soukous e pelo highlife. Regressam agora a Portugal, depois
de mais de duas décadas de ausência e atividade intermitente. Do sexteto que
veremos em Sines, dois membros integraram a formação original, o vocalista João
Seria e o guitarrista Leonildo Barros.
João Seria iniciou a carreira nos ano 60 no agrupamento musical “Cabana”, na ilha do Príncipe, passou por algum tempo no conjunto Sangasuza, para depois chegar e manter até à data, praticamente, da sua “extinção”, no conjunto Africa Negra, onde brilhou e atingiu o apogeu nos anos 80, não só a nivel nacional como em Angola, Cabo-Verde, Gabão, Camarões e, ultimamente, na América Latina, nos shows no Brasil e no festival da Colombia.
Além da voz sonante, o General João Seria brilhou também com a sua presença em
palco, nos “fundões ou terraços”, através dos gestos e danças com que
acompanhava o ritmo.
Intérprete de várias músicas amplamente conhecidas, como “Aninha”, “Carambola
Nova Moca”, “Pedlêlo” e outras, o General João Seria foi por várias vezes
homenageado pelo Governo de São Tomé e Príncipe pela sua estimável contribuição
no engrandecimento da cultura nacional, sobretudo no campo musical.
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