Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Eleito Presidente de São Tomé e Príncipe em 18 de julho de 2016, Evaristo Carvalho exerceu o mandato até 02 de outubro de 2021, quando foi sucedido por Carlos Vila Nova
Testemunhos que comprovaram o achado
Recordo o agradável passeio, que me proporcionou na sua viatura, em Fevereiro de 2016, à Lagoa Azul, durante o qual tive o prazer de lhe mostrar a pedra com a inscrição deixada pelos navegadores portugueses,“Talant de Bien Faire" , que pude encontrar em Agosto de 2015, com o são-tomense, Pires dos Santos, meu companheiro na escalada do Pico Cão Grande
Com o registo parcial da célebre divisa do Infante Dom Henrique, que os navegadores portugueses das caravelas, ali teriam deixado, há mais de V séculos, quando aportaram, naquele local, a chamada Lagoa Azul, uma singular baía de águas profundas, situada a nordeste de S. Tomé, num espaço privilegiado e protegido dos ventos - http://canoasdomar.blogspot.com/2018/12/descoberta-de-s-tome-ha-uma-pedra.html
Com o coronel Monteiro e outros amigos |
Referem historiadores, que os navegadores portugueses, costumavam gravar no tronco das árvores ou nas pedras. aquele símbolo, quando chegavam a uma terra até então desconhecida- Esta frase está inscrita no túmulo do Infante D. Henrique, que era o seu lema e que hoje serve de divisa à Escola Naval – E significa desejo ou vontade de bem-fazer, exortando a um esforço pessoal e coletivo de perfeição
Com o Pires dos Santos, com quem diz a descoberta |
Referem historiadores, que os navegadores portugueses, costumavam gravar no tronco das árvores ou nas pedras. aquele símbolo, quando chegavam a uma terra até então desconhecida- Esta frase está inscrita no túmulo do Infante D. Henrique, que era o seu lema e que hoje serve de divisa à Escola Naval – E significa desejo ou vontade de bem-fazer, exortando a um esforço pessoal e coletivo de perfeição
Infelizmente, já foi desfeita. Houve na área umas triturações nas pedras e esses vestígios ficaram irreconhecíveis. Para meu desapontamento, pude comprovar esse facto em Maio de 2019
Sim, havia, entre nós, laços de amizade e de camaradagem, desde os distantes tempos, em que ambos trabalhávamos na Brigada de Fomento Agropecuário: ele, como Chefe de Secretaria, eu como modesto técnico agrícola.
Mesmo assim, ele sempre foi humilde, pacato e cordial, igual a si próprio, relacionando-se com todos, da mesma maneira respeitosa, simpática, cordata a e comunicativa
De seu nome completo, Evaristo de Espírito Santo Carvalho; natural de Santana, distrito de Cantagalo, signo balança, nascido a 22 de Outubro de 1941: conheço o Evaristo Carvalho, desde o dia em que ele trabalhou na secretaria de Brigada de Fomento Agro-Pecuário, sob a direção do Eng. Morbey, onde rapidamente ascendeu a Chefe dos Serviços Administrativos.
Pessoa respeitada e admirada por todos – Fomos colegas: ele com os papeis, na secretaria que ficava situada na cidade, eu na apicultura, a recolher enxames no mato, com as minhas barbas de abelhas no colmeal da Brigada ou a polinizar a baunilha, lá para os lados da Roça Santa Margarida, na área da então Vila da Trindade, com os demais técnicos da Estação Agrária e Florestal.-
Soube, mais tarde, que foi alvo de um processo disciplinar por parte da chefia do referido organismo, um ano antes da independência - O Eng Morbey, muito competente, mas tinha o seu feitio complicado, a lembrar alguns trejeitos dos roceiros.
A mim, descontou-me uma semana de trabalho, por via dos dias em que eu faltei, quando fiz sozinho e clandestinamente a travessia .de canoa ao Principe. Claro que acabei por não ficar por lá muito tempo. Mas devo-lhe o ter-me assinado o relatório do meu tirocínio do Curso de Técnico Agrícola, que, não o pudendo concluir nem na roça, nem naquela estação agrária, mas no serviço militar, quando ali fui encarregado de dirigir os serviços da Agro-Pecuária.
Anos depois, em Janeiro de 1974, pouco antes do 24 de Abril, também eu fui afastado de ascender aos quadros do ER de STP, da Emissora Nacional, onde era operador, por caturrice de um tal Eng Freire, chefe desta estação, por via de um artigo que publiquei na revista angolana Semana Ilustrada. - Tenho ainda cópia desse telegrama enviado para Lisboa.
De vez em quando, também via o Evaristo, na área dos laboratórios, em humilde diálogo com o Chefe da Brigada ou outros engenheiros e regentes agrícolas, tomando até o mesmo jipe de regresso à capital. Que me lembre, nunca o vi zangado ou de semblante encrespado mas, às vezes, com certo ar muito sério e sisudo, pois, tal como outros, teve que engolir algumas prepotências do chefe, quando este tinha as suas saídas mais autoritárias ou bruscas.
Impunha-se pela qualidade do seu trabalho, em que toda a gente confiava: não era estilo subserviente ou de vergar-se em devaneios artificiais para cair nas graças hierárquicas, tal como também não era suposto que se lhe conhecesse qualquer tendência anticolonialista, ao contrário de um funcionário (já me não ocorre o nome) que fazia de capataz nos trabalhos agrícolas e, dada a sua impertinência, na voz e na postura, até se dizia que ele ia ser o dono daqueles terrenos e da ilha, se algum dia S. Tomé, ascendesse à independência.
Esta palavra, não era comum ser pronunciada (era proibida no léxico linguístico colonial) mas pessoalmente também não duvidava que não deixasse de ser pensada e até muito desejada, numa certa elite da Ilha – Nomeadamente por aquela que sofrera os horrores do Batetá, ainda com a memória bem fresca, daquelas atrocidades do Governador Carlos Gorgulho.
Nessa altura, o jovem Evaristo, já tinha 14 anos: por certo que dificilmente se esquecerá – e se calhar aquele seu ar introspetivo, um tanto ou quanto contristado, que evidencia quando não sorri, lhe terá ficado do que observou nesses atribulados dias, porventura aos seus pais, amigos ou familiares. - Filho de Pedro Carvalho dos Santos e de Maria do Espírito Santo Dias – Sim, pois qual foi a família que escapou à fúria colonial desses conturbados dias?!.
Nenhum comentário :
Postar um comentário