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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

As pessoas de São Tomé são únicas. Eles têm o seu próprio jeito de “brincar”, manter a calma e fazer as coisas deles”. “É uma pequena ilha, quase perdida no oceano, mas incrivelmente bela” Foi muito triste descobrir que a violência doméstica

De Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Informação e análise  - Foto registada, anos 80, no Estoril´  ALDA SPÍRITO SANTO  - A GRAÇA E O SORRISO DA AMÁVEL GRANDE MÃE SANTOMENSE, QUE UM DIA CAPTEI E QUE JAMAIS SERÁ ESQUECIDO - Poemas ao fundo deste poste   C

 
 
O SORRISO ETERNO QUE UM DIA  CAPTEI DA  GRANDE MÃE  DAS ILHAS VERDES DO EQUADOR

Não há bela sem senão, nem feia sem sua graça.!- Diz antigo  provérbio. E, de facto,  «todas as coisas, mesmo belas ou boas, têm o seu ponto fraco». – É o que sucede em S. Tomé e Príncipe: as duas ilhas são espantosamente belas; o povo é pacifico e tem o seu jeito especial de brincar e do leve leve. Todavia, há mão dura na violência doméstica: mais no leva leva de que no leve leve – Apontam estudos e observações que as mulheres são as mais atingidas. 


09/04/2018 - É uma pequena ilha, quase perdida no oceano, bem na costa oeste da África, mas incrivelmente bela. O que eu não amo neste lugar?… Nada realmente. A natureza aqui é linda, oceano azul em torno da terra, selvas para explorar, montanhas para caminhadas, cachoeiras quase a cada 10 km. Eu o chamei de "paraíso na terra"


As pessoas de São Tomé são únicas. Eles têm o seu próprio jeito de “brincar”, manter a calma e fazer as coisas deles. No início, é um pouco difícil adotar como estrangeiro, mas você rapidamente se acostumará com isso. Além disso, são pessoas muito receptivas, com um enorme sorriso no rosto, e um abraço amigável vai recebê-lo em todos os lugares. Eu não falo português, que é quase a única língua falada nesta terra, mas vou lhe dizer que quase não precisei me preocupar com isso, apesar de estar triste por não conseguir me conectar completamente


Lute contra a violência doméstica ... um dos projetos que me tocou

Foi muito triste descobrir que a violência doméstica (principalmente contra as mulheres) é um problema sério em muitas famílias. E como coisa cultural, as mulheres não devem denunciar tais assuntos à polícia, porque isso é considerado um assunto de privacidade da família. Highlights from São Tomé and Principe – Faces2Hearts

Qualquer cubata nestas Ilhas,  é um fosforo
OUTRO ESTUDO DIZ O SEGUINTE: - São Tomé e Príncipe é um país muito pequeno composto por duas ilhas situadas ao largo da costa da África no Golfo da Guiné. A nação é um dos países africanos mais pobres, com metade da população vivendo com menos de dois dólares por dia.

O país adquiriu sua independência de Portugal em 1975, promulgou reformas democráticas em 1980 e atualmente não possui instituições de ensino superior; como resultado deste ambiente, o empoderamento das mulheres em São Tomé e Príncipe ficou em segundo plano. 


Mulheres em São Tomé e Príncipe 


Constitucionalmente, as mulheres em São Tomé e Príncipe têm direitos iguais em política, educação, negócios e cargos governamentais; mas, na realidade, a desigualdade de gênero é importante em todo o país. A violência doméstica e o abuso contra as mulheres são generalizados, mas como a sociedade é extremamente tradicional, as mulheres não falam muito sobre as injustiças cometidas contra elas.


GRANDE MÃE  - Alda  Espírito Santo, poeta, professora e jornalista, a voz feminina de S. Tomé e Príncipe, figura emblemática da luta pela independência do país,  autora do hino nacional, em cuja poesia, passou a inquietude e o sentimento das mulheres da sua pátria, 
 APRENDI MAIS UMA TRISTE METÁFORA: EM STP, QUANDO MULHER É VIOLENTADA, NÃO DIZ QUE LEVOU PANCADA, MAS MAS QUE  "INCÊNDIO"  ARDEU CASA -

Eduarda dos Santos, viu a minha fotografia do acidente que tive, há 3 anos no Pico Cão pequeno, e, pensando que fosse agora, mandou-me esta amável e comovente mensagem: que me deixou os olhos em lágrimas - "Força meu amigo eu. Não estou nada bem preciso de muito apoio tive um incêndio que fiquei em zero; pouco peso e preciso de ajuda por favor" - 

Seu desabafo de profunda mágoa e tristeza – Com as suas palavras, pensei que fosse um incêndio que lhe tivesse ardido a casa, mas, pelo que entretanto pude apurar, o incêndio foi outro: aquele que lhe teria queimado as costas. Isto, porque, numa sociedade prolifera, mais machista de que feminista,   tal como comprovam os estudos,  mulher continua a ser escrava em sua casa e, se levar purrada, tem de comer e de calar.  

Refere outro estudo que tem havido alguns avanços, mesmo assim são elas as grandes obreiras do lar:  "39% das famílias são-tomenses são chefiadas por mulheres. Mas o processo de emancipação da são-tomense trouxe o aumento das tarefas e responsabilidades para a mesma. Muitas iniciam a jornada às 3h da manhã e terminam às 22h. Pois, por um lado, elas têm que contribuir para a renda familiar, e por outro lado, são responsáveis pelas tarefas domésticas.



 
Foto de Faces2 Hearts
Por outro lado, nas centenas de amáveis  mensagens que recebo no Facebook, às quais, com  muita pena, me é difícil lê-las ou responder todas, sim, porque, de outro modo, acabaria por não poder fazer o meu trabalho jornalístico, recebi uma simpática mensagem Maria Semedo Fortes, que  me pareceu muito feliz dentro do seu bonito estampado pano, com que se agasalha, fazendo-me crer que a foto não terá sido registada na sua ilha, mas, algures pelas invernais de outras bandas

AS CUBATAS DE MADEIRA – SÃO FRÁGEIS E INSALUBRES AOS MOSQUITOS E ÂS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS - POIS AINDA EM DEZEMBRO DUAS CRIANÇAS MORRERAM CARBONIZADAS

Foi em S. João da Várzea, na preferia da capital são-tomense.- Era então noticiado, que, de acordo com testemunhas citadas pela Rádio Nacional, o incêndio aconteceu cerca das 15 horas e consumiu quase por completo uma residência construída em madeira.

As duas crianças viviam com uma prima, que também se encontrava na residência.

Este é o segundo caso de incêndio em que morrem crianças carbonizadas em São Tomé. O primeiro ocorreu há cerca de dois anos, no distrito de Mé Zóchi, em que morreram duas crianças e o pai. https://www.jn.pt/mundo/interior/duas-criancas-morrem-em-incendio-em-sao-tome-e-principe-10305766.html


PARA AS CRIANÇAS DE S. TOMÉ – O TURISTA É UM AMIGO  - Mas também para a generalidade da população - Desde que não abuse da sua hospitalidade, o visitante, aonde quer que vá, é sempre bem recebido

“Amigo!” – É desta forma como as crianças (mais carenciadas) se dirigem ao turista, em S. Tomé, a que, geralmente, acresce um sorriso.

Certo que é na intenção de lhe pedir alguma coisa – E, a bem dizer, como pouca coisa se contentam:  por exemplo, com uns simples  lápis, esferográficas, cadernos, bonés, peças de  roupa - Talvez até mais de que o dinheiro. Porém, mesmo que a criança não receba nada em troca, senão a indiferença (o que é difícil a um coração mais sensível não corresponder ao menos com uma expressão de simpatia a rostos tão amorosos e gentis, como são os destas Ilhas), as crianças, continuam a sorrir ou a expressar  aquele ar de inocência (nunca de azedume)  que se assemelha mais  ao olhar de pasmo, de descoberta que ao desencanto..

Sim, o forasteiro é visto com simpatia, porque, as pessoas que ali vão de visita, são encaradas como amigas: que vêm descobrir os encantos paradisíacos de uma terra  - Mas também, aos olhos quem aqui vive, elas são vistas como fonte de descoberta: porque toda a pessoa é diferente da outra;  no mundo não há ninguém igual. 
Ambas as duas Ilhas, são  uma das maravilhas da criação. E a razão pela qual o turista (quer por mais novos ou mais velhos,  miúdos ou graúdos) não é visto como o  estrangeiro, que vem usurpar mas  como o amigo que traz uma mais valia à terra, é fácil de explicar: é porque, o temperamento do santomense é por natureza pacifico e, nestas ilhas,  o turismo, além de ser  a principal fonte de divisas,   ainda não logrou corromper os costumes.  Oxalá tal nunca aconteça.


ESTE É O APETECÍVEL PRODUTO DO HORTO DO COSME OSTILIO  -  FELIZ E CONTENTE COM OS SEUS SABOROSOS PRIMORES E A SUA FAMÍLIA _ Cujas fotos teve a gentileza de me enviar por mensagem no FB.



PARA QUEM VIVA NA EUROPA OU NOUTRA QUALQUER PARTE DO MUNDO - Sim, é preciso voar sobre as águas do Atlântico e do Golfo da Guiné  ou viajar de navio, mas, quem o puder fazer, concluirá facilmente que não se arrependerá,  porque ficará maravilhado





S. Tomé e Principe, é  talvez dos poucos países onde a pobreza não tem o rosto da fome, que caracteriza a maioria dos 
países de África- A terra é fértil e generosa e oferece os melhores frutos. Contudo, nem só de fruta pão (ou de outros frutos), se pode ter uma existência saudável e condigna: há muitas mais carência, nomeadamente a nível de medicamentos, de apoio escolar, vestuário e de outros alimentos, que são imprescindíveis a um crescimento saudável  e que não estão ao alcance da maioria da  população.




Ambas as duas Ilhas, são  uma das maravilhas da criação. E a razão pela qual o turista (quer por mais novos ou mais velhos,  miúdos ou graúdos) não é visto como o  estrangeiro, que vem usurpar mas  como o amigo que traz uma mais valia à terra, é fácil de explicar: é porque, o temperamento do santomense é por natureza pacifico e, nestas ilhas,  o turismo, além de ser  a principal fonte de divisas,   ainda não logrou corromper os costumes.  Oxalá tal nunca aconteça.



 POEMAS DE ALDA ESPÍRITO SANTO
Às mulheres da minha terra
Irmãs, do meu torrão pequeno
Que passais pela estrada do meu país de África
É para vós, irmãs, a minha alma toda inteira
— Há em mim uma lacuna amarga —
Eu queria falar convosco no nosso crioulo cantante
Queria levar até vós, a mensagem das nossas vidas
Na língua maternal, bebida com o leite dos nossos primeiros dias
Mas irmãs, vou buscar um idioma emprestado
Para mostrar-vos a nossa terra
O nosso grande continente,
Duma ponta a outra.
Queria descer convosco às nossas praias
Onde arrastais as gibas da beira-mar
Sentar-me, na esteira das nossas casas,
Contar convosco os dez mil réis
Do caroço vendido
Na loja mais próxima,
Do vinho de palma
Regateado pelos caminhos,
Do andim vendido à pinha,
Às primeiras horas do dia.
Queria também
Conversar com as lavadeiras dos nossos rios
Sobre a roupa de cada dia
Sobre a saúde dos nossos filhos
Roídos pela febre
Calcurreando léguas a caminho da escola.

Irmã, a nossa conversa é longa.
É longa a nossa conversa.
Através destes séculos
De servidão e miséria...
É longa a estrada do nosso penar.
Nossos pés descalços
Estão cansados de tanta labuta...
O dinheiro não chega
Para vencer a nossa fome
Dos nossos filhos
Sem trabalho
Engolindo a banana sem peixe
De muitos dias de penúria.

Não vamos mais fazer “nozados” longos
Nem lançar ao mar
Nas festas de Santos sem nome
A saúde das nossas belas crianças,
A esperança da nossa terra.

Uma conversa longa, irmãs.
Vamos juntar as nossas mãos
Calosas de partir caroço
Sujas de banana
“Fermentada” no “macucu”
Na nossa cozinha
De “vá plegá”...

A nossa terra é linda, amigas
E nós queremos
Que ela seja grande...
Ao longo dos tempos!...
Mas é preciso, Irmãs
Conquistar as Ilhas inteiras
De lés a lés.

Amigas, as nossas mãos juntas,
    As nossas mãos negras
Prendendo os nossos sonhos estéreis
Varrendo com fúria
Com a fúria das nossas “palayês”
    Das nossas feiras,
As coisas más da nossa vida.

 Mas é preciso conversar
Ao longo dos caminhos.
    Tu e eu minha irmã.
É preciso entender o nosso falar
    Juntas de mãos dadas,
Vamos fazer a nossa festa...!
    
    A festa descerá
Ao longo de todas as vilas
Agitará as palmeiras mais gigantes
    E terá uma força grande
Pois estaremos juntas irmãs
    Juntas na vida
    Da nossa terra
Mas é preciso conhecer
A razão das nossas secretas angústias.
    Procurar vencer Irmãs
A fúria do rio
    Em dias de tornado
    Saber a razão
Encontrar a razão de tudo...
“Os nossos filhos
O nosso filho morreu
Roído pela febre”...
Muitos pequeninos
     Morrem todos os dias
     Vencidos pela febre
     Vencidos pela vida...
.....................................................
Não gritaremos mais
     os nossos cânticos dolorosos
Prenhes de eterna resignação...
Outro canto se elevará Irmãs,
     Por cima das nossas cabeças.
Vamos procurar a razão.
A hora das nossas razões vencidas
     Se avizinha.
A hora da nossa conversa
     Vai ser longa.
     De roda do caroço
     De roda das cartas
     escritas por outrém,
Porque a fome é grande
E nós não sabemos ler.
Não sabemos ler, irmãs
Mas vamos vencer o medo.
Vamos vencer nosso medo
De sermos sós na terra imensa.
Jamais estaremos solitárias...
Porque a nossa força há-de crescer.
E então conquistaremos
      para nós
para os filhos gerados no nosso ventre,
Nas nossas horas de Angústia
      — Para nós —
A nossa bela terra
No dia que se avizinha

Saindo das nossas bocas,
Uma palavra bela
Bela e silenciosa
A palavra mais bela
Ciciada no nosso crioulo,
A palavra sem nome
      Entoada no silêncio
      Num coro gigante
Correndo ao longo das nossas cascatas,
Das cachoeiras mais distantes,
O canto do silêncio, Irmãs
Há-de soar
Quando chegar a Gravana.
E por hoje, Irmãs
Aguardemos a gravana
Ao longo das nossas conversas
No serão das nossas casas
               sem nome.
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