Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Informação e análise
Alguns
esqueletos de ferro destes batelões, permanecem desde a era
colonial, em consequência de um violento tornado que assolou a Ilha, lançando a
pique as várias dezenas, que ali existiam fundeados, que serviam para
transbordo das mercadorias a transportar ou descarregar dos navios
que fundeavam ao largo, tal como, ali, ainda hoje sucede, devido à falta
de um porto de acostagem. - Tal situação sucedeu justamente na pavorosa noite
em que eu largara, numa piroga, da Praia Gamboa para a Nigéria, no qual ainda
fui envolvido.
Pior que no tempo colonial |
Embora sejam o testemunho de um certo período
histórico, longe de constituírem peças de museu, pelo que o mais
aconselhável era serem retirados, até porque estão a escassos metros da vedação
da avenida marginal ou então puxados para o mar largo para servirem de corais
aos peixes - Deste modo, creio revelarem algum desleixo e um mau contraste na
panorâmica de uma baía geralmente tranquila, que deveria transmitir uma
imagem de serenidade, de paz e de beleza e não a de um antigo cemitério
de despojos naufragados - Pelo menos quando não é assolada pelo mau
tempo.
Refere o Téla Nón que
"um dos contentores, foi recuperado graças ao empenho e determinação dos
operários do Porto de São Tomé. Quando abriram o contentor, uma grande pressão
de água saiu da porta do contentor. Dezenas de sacos de arroz, estavam
ensopados com água salgada. http://www.telanon.info/sociedade/2011/06/07/7355/mais-um-carregamento-de-arroz-e-outros-produtos-alimentares-naufragado-ao-largo-de-sao-tome/
O pescador
tem que aventurar-se” -É assim a vida dos pecadores das canoas e das
traineiras, em S. Tomé, que largam ou aportam na Baía Ana de Chaves – Falámos com três desses bravos homens do
mar, junto a uma das traineiras, fundeadas na Baía Ana de Chaves, que se
iniciaram na pesca das canoas, a grande escola dos pescadores santomenses –
Preferem integrar a equipa das traineiras, porque têm mais segurança e pescar
mais. Enquanto as canoas não podem perder a etrra de vista, as traineiras podem
ir pescar para outras distâncias, até junto da costa africana, e melhorar um
pouco mais a jornada. – Não deixe de ouvir alguns pormenores das suas
histórias, no vídeo que aqui lhe oferecemos
ESTE ERA O TEOR
DO TÍTULO DA POSTAGEM NA QUAL FAZIA ALUSÃO AOS FANTASMAGÓRICOS
ESQUELETOS
S Tomé e Príncipe desgovernado e a saque: - Misterioso
desaparecimento do navio Santo António, há 2º dias e sem rasto. Barcos e
catamarãs que negligentemente se deixam afundar ou desaparecer: Doenças que matam
e se ocultam. Milhões de euros ou de dólares anunciados e que voam não se sabe
como: Traineiras de pesca desviadas da ilha da Madeira umas levaram sumiço,
outras afundadas inexplicavelmente. Comércio marítimo clandestino com o Gabão
envolvendo militares. Pirataria internacional fazendo transbordo junto à costa
– O Povo destas maravilhosas ilhas merecia melhor sorte, que ser governado por
u primeiro-ministro que nem sequer aqui tem raízes e laços afetivos. http://www.odisseiasnosmares.com/2017/07/s-tome-e-principe-desgovernado-e-saque.html
Finalmente
a remoção das fantasmagóricas carcaças. Foi o que mais me chocou quando, 39
anos depois, ao voltar a S. Tomé, me depararei com uma tão bela Baía, sulcada
por tão perigosos escolhos ferruginosos. Alguns desses esqueletos cravados de
ferrugem e de conchas eram de batelões que foram afundados quando, em Março de
1975, parti de canoa rumo à Nigéria - Foi de noite, e ao aproximar-me do ilhéu
das Cabras, comecei por ser atingido por uma violenta tempestade, que
deitaria ao fundo vários batelões ali existentes,
tal como pude confirmar quando regressei, a S. Tomé, nesse mesmo ano, num avião
militar, para concluir a escalda do Cão Grande e tentar a travessia oceânica de
canoa -
Quem chorou lágrimas, naquela noite, pensando que
eu tivesse morrido no meio daquele vendaval, foi a minha companheira, a
Margarida, natural de S. Tomé, que me acompanhou até à praia Gamboa e me viu
partir: a única pessoa que sabia que o meu destino era a Nigéria para onde me
dirigia por causa de selváticas agressões, de que estava a ser alvo por parte
de alguns colonos, que me moveram ferozes perseguições, devido aos meus artigos
publicados na Semana Ilustrada, quer pró-independência, quer pela denúncia do
Batepá.
O
saudoso Prof. Ferreira da Silva, fez o favor de me levar no seu carro, a mim e
â Margarida, até aquela praia, com os mantimentos para essa viagem, que eu
andava a preparar algum tempo para comprovar a minha teoria de que as ilhas
poderiam ter sido ligadas por canoas, mas que acabei por precipitar, pelas
razões que expus.
Àquele amável professor português. eu argumentei que ia passar
uns dias no Ilhéu das Cabras para me escapar das tais perseguições, que ele
também conhecia, receando que a vedeta da marinha pudesse vir ao meu encontro e
me impedisse de tão arriscada aventura: por isso mesmo, optei por largar de
noite, mas só Deus sabe, o pandemónio que eu enfrentei, mal me fiz ao largo no
meio daquelas tempestuosas trevas.
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Obrigado, Conceição Lima, pela excelente imagem, que me deixou
contente e ao mesmo tempo me conduziu a ir ao fundo das minhas antigas
memórias, que guardo dessa maravilhosa ilha
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