Jorge Trabulo Marques –
Jornalista – Antigo aluno da Escola Agrícola Conde S. Bento, em Santo Tirso,
atualmente chamada de Escola Profissional Agrícola
Conde de São Bento - Estes quatros santomenses,
duas alunas e dois alunos, frequentavam esta Escola há seis anos - Espero que esta centenária Escola os tenha ajudado a dar um
rumo e sentido às suas vidas, tal como me ajudou a mim, bem como a todos que a
frequentam http://apepa.pt/escola-profissional-agricola-conde-de-sao-bento/
SANTO
TIRSO E SÃO TOMÉ - CIDADES DE NOMES SANTOS - E COM PROTOCOLOS DE COOPERAÇÃO. - Escrevia eu estas palavras,
há seis anos, num dos meus sites: “ O nome de Santo Tirso não é (ou pelo menos
não devia ser) desconhecido para muitos habitantes da Ilha de S. Tomé -
As geminações têm um cunho social e não deviam ser mera
formalidade. - Santo Tirso, está geminada com Santana (região
de Cantagalo), Porto (com Neves), Guimarães (com Mé-Zochi, cidade da Trindade)
e Seixal (com região de Lobata, cidade de Guadalupe) - Mas, pelos vistos, até hoje, na maioria
dos casos, tais geminações não passam de meras formalidades e de fogo de
vista.
Ainda bem que, as
promessas, passam aos atos: Pois foi com
especial agrado que tomei conhecimento de que, foi assinado um protocolo de uma
parceria, entre a
Câmara de Santo Tirso, a escola profissional, a Santa Casa da Misericórdia
local e a Associação Liga das Comunidades de São Tomé e Príncipe, que vai
permitir que , cinco alunos oriundos da cidade de Santana, na
autarquia de Cantagalo, vão a partir do ano letivo 2019/2020 e durante três anos frequentar
a Escola Profissional Agrícola Conde São Bento, em Santo Tirso.
A ligação de Santo Tirso a Cantagalo
remonta a 1994, "altura em que se tornaram cidades geminadas",
lembrou o presidente da câmara, Joaquim Couto, citado pelo documento. https://www.dn.pt/lusa/interior/cinco-alunos-de-sao-tome-e-principe-vao-frequentar-cursos-profissionais-em-santo-tirso-10825658.htm
EXCERTOS
DA POSTAGEM, EDITADA, EM 15/04/2013 SOB O TÍTULO
Santo Tirso e a celebração de um século da Escola Agrícola Conde de São
Bento – Romagem de saudade de um antigo
aluno e o encontro com antigos colegas e
jovens estudantes santomenses – Santo Tirso geminada com Santana (região de
Cantagalo) Uma geminação bem acasalada
com o verde da paisagem da Ilha de São
Tomé Para ver os vídeos e mais imagens e pormenores poderá clicar em www.odisseiasnosmares.com/2013/04/santo-tirso-e-celebracao-de-um-seculo.html
OUTRA POSTAGEM
FOI EDITADA EM 08/06/2014 - Escola Agrícola
(de Santo Tirso,
da cidade geminada com Santana
SE
GOSTA DE SANTO TIRSO E DA SUA ESCOLA AGRÍCOLA - NÃO DEIXE DE ME ACOMPANHAR
NESTA VIAGEM NO TEMPO: DE UM ANTIGO ALUNO DOS ANOS LECTIVOS DE 1959-60 A
1962/63, - Que passou doze anos em S. Tomé, que também aqui os recorda.
ESCOLA
PROFISSIONAL AGRÍCOLA CONDE SÃO BENTO - 100 ANOS! – BONITA IDADE E
MUITA EXPERIÊNCIA OFERECIDA E PARTILHADA
A Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento é centenária, está de Parabéns. Motivo de orgulho para a cidade de Santo Tirso, antigos e atuais alunos, conselho diretivo, corpo docente e antigos professores.
Chegou a temer-se que, com a descolonização, não havia saídas para cursos agrícolas, quer de nível médio ou superior . Mas, se há quem tire o canudo e fique com ele na mão, pelos vistos, não é nesta atividade. Sucede com os cursos teóricos. Os de formação profissional continuam a ter bons níveis de empregabilidade. Tal é o caso da Escola Profissional de Santo Tirso – Em declarações à imprensa, o Diretor da centenária Escola Profissional Agrícola do Conde de S. Bento (EPACSB), em Santo Tirso, Carlos Furtuosa, garante que a instituição tem índices "superiores ao normal" de empregabilidade (30%) e continuidade para o ensino superior (50%).Escola Agrícola de Santo Tirso tem índice de empregabilidade ..
DESCONHECIA O PROGRAMA DAS COMEMORAÇÕES - IA À PROCURA DE CONSULTAR O RELATÓRIO DO FINAL DO CURSO E DEPAREI COM A ESCOLA EM FESTA
Preza-me de ter sido um dos antigos alunos desta Escola. Estive lá na semana passada, tendo-me encontrado com alguns jovens santomenses, que estão a frequentar os seus cursos. Fui lá para rever o meu relatório do estágio, que elaborei em São Tomé, com vista a editar um trabalho jornalístico mas ainda não me foi facultado.Parti de S. Tomé numa canoa e não pude levar a a cópia comigo.
.
UMA INTERESSANTE INICIATIVA ASSINALANDO O CENTENÁRIO DA BIBLIOTECA ROSAE Vejam alguns exemplos de alunos e professores. http://epacsb-bibliotecarosae. blogspot.pt/
A Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento é centenária, está de Parabéns. Motivo de orgulho para a cidade de Santo Tirso, antigos e atuais alunos, conselho diretivo, corpo docente e antigos professores.
Chegou a temer-se que, com a descolonização, não havia saídas para cursos agrícolas, quer de nível médio ou superior . Mas, se há quem tire o canudo e fique com ele na mão, pelos vistos, não é nesta atividade. Sucede com os cursos teóricos. Os de formação profissional continuam a ter bons níveis de empregabilidade. Tal é o caso da Escola Profissional de Santo Tirso – Em declarações à imprensa, o Diretor da centenária Escola Profissional Agrícola do Conde de S. Bento (EPACSB), em Santo Tirso, Carlos Furtuosa, garante que a instituição tem índices "superiores ao normal" de empregabilidade (30%) e continuidade para o ensino superior (50%).Escola Agrícola de Santo Tirso tem índice de empregabilidade ..
DESCONHECIA O PROGRAMA DAS COMEMORAÇÕES - IA À PROCURA DE CONSULTAR O RELATÓRIO DO FINAL DO CURSO E DEPAREI COM A ESCOLA EM FESTA
Preza-me de ter sido um dos antigos alunos desta Escola. Estive lá na semana passada, tendo-me encontrado com alguns jovens santomenses, que estão a frequentar os seus cursos. Fui lá para rever o meu relatório do estágio, que elaborei em São Tomé, com vista a editar um trabalho jornalístico mas ainda não me foi facultado.Parti de S. Tomé numa canoa e não pude levar a a cópia comigo.
.
UMA INTERESSANTE INICIATIVA ASSINALANDO O CENTENÁRIO DA BIBLIOTECA ROSAE Vejam alguns exemplos de alunos e professores. http://epacsb-bibliotecarosae.
SANTO TIRSO, CIDADE, TEM MAIS MAGIA QUE O SANTO QUE LHE DEU O NOME
Realmente, Santo Tirso não é uma cidade qualquer - Além de ser prendada com uma Escola Profissional Agrícola, numa quinta que, noutros tempos, já foi Convento e que dispõe talvez das terras mais férteis do concelho e da mais bela exposição, é sem dúvida uma cidade verde: À sua volta e nas suas praças e parques, há muita verdura e muitas flores.
Creio que nem Sintra lhe leva a palma. Enquanto esta é quase mergulhada pelo arvoredo das faldas da serra, Santo Tirso estende-se como que alcandorada por um vasto presépio. Debruçada sobre o Rio Ave, e, tendo o Monte Córdova, de Nossa Senhora de Assunção, como a sentinela vigilante de toda extensão do seu casario e até do próprio concelho
A cidade de Santo Tirso está geminada com
a Vila de Santana, distrito de Cantagalo (em São Tomé e Príncipe) - Outros municípios
portugueses, também reforçaram idênticos laços de cooperação: a cidade
de Matosinhos
está geminada há vários anos com São João de Angolares; Porto (com
Neves), Guimarães (com Mé-Zochi, cidade da Trindade) e Seixal , com região de
Lobata, cidade de Guadalupe. E a capital de Água
Grande e Bragança assinaram acordo de geminação
O distrito de cantagalo faz termo com o de Água Grande, sendo S.Tomé, cidade, a capital distrital e do país. Tem cerca de 14 mil habitantes e ocupa uma superfície de 119 km - Sem desprimor para Santana, debruçada sobre o Atlântico, com praias magnificas devia ter sido com S. Tomé.
Não tanto pelo fato de uma das suas freguesias se chamar São Tomé de Negrelos, mas até por uma questão de semântica natural - Falar-se de São Tomé e Santo Tirso é o mesmo que pronunciar lugares de lenda e de poesia. E não só: Pelos verdes multicores e intensos que as caracterizam - Aliás, toda a Ilha e também Santana. No entanto, creio que a afinidade, com S. Tomé (cidade e capital) assentava que nem uma luva: ambas são marcadas pelo elemento água: pelos seus rios.
A que se debruça em torno da Baía Ana de Chaves, é atravessada pelo Água Grande. E a que foi o berço da industrialização do têxtil em Portugal (agora, com as fábricas em ruínas, devido à globalização e concorrência oriental), tendo a seus pés um belo açude do Rio Ave. Onde os olhos saudosos de estudantes santomenses, que frequentam a Escola Agrícola, para aqui obterem ali cursos de formação profissional, muito úteis ao seu país. são como que tentados a relembrar a paisagem e a rever a baía da sua linda capital.
Pelo que me apercebi, quer a amenidade do seu microclima, quer as suas belezas naturais, fá-los-ão sentirem-se como que a contemplar os verdes luxuriantes da sua longínqua ilha. De resto, foi esta a mesma sensação que eu tive, quando desembarquei em São Tomé, no já distante ano de 1963, para ali ir estagiar como Agente Rural, desta mesma Escola, nas Roças de cacau e café - De registar esta curiosidade: no dia. 12 de Julho comemora-se, em São Tomé, a proclamação da independência do arquipélago; um dia antes, a 11 de Julho é o feriado municipal de Santo Tirso, dia do padroeiro São Bento
O importante
é o vínculo, mas sobretudo as intenções: seja através de uma vila ou
cidade - Até porque há quem se sirva das geminações para congeminar -
Recebem milhões de fundos da UE, com esse pretexto e ficam com a fatia
de leão.
Santo Tirso ,
até 1834 era composto pelas freguesias de Santo Tirso, São Miguel do Couto e
Santa Cristina do Couto. Em 1998 perde o atual concelho
da Trofa, deixando de ser um dos 10 mais populosos do
país. Santo Tirso, pertence à Região Norte do Distrito do Porto e à
sub-região do Grande Porto, tendo cerca de 14 mil habitantes. Sede
do município com 135,31 km² de área e 71 530 habitantes
São Tomé, capital do distrito de Água Grande e
de São Tomé e Príncipe, na África Ocidental,
com uma população estimada em 2005 de 56.166 habitantes. Ainda sem
porto de acostagem, é através da sua baía que é exportado o cacau,
madeira e bananas - O turismo, as suas belas praias e paisagens, é outra das
suas maiores riquezas - O petróleo, de que tanto se tem falado, por enquanto,
ainda repousa muto abaixo das profundidades das suas águas.
Saí
com 18 anos - Já lá vai quase meio século - Os sinos da igreja matriz
ainda são os mesmos mas não me apercebi da existência dos sons da velha
sineta que estava ali pendurada junto aos claustros da adega e da
portaria , que o Sr. Martins ia tocar para os alunos deixarem o recreio
e irem para as aulas ou vice-versa . Não me dei conta dos seus tinidos
de cabra refilona. Agora, também já não há a rigidez de outros tempos.
Fazia-se a chamada. Quem chegasse atrasado, levava falta. Umas quantas,
penalizavam o aluno. Agora nas escolas funcionam as campainhas - Nem
sempre. E toda a gente tem telemóveis e relógios de pulso para se
orientar com os horários.
COLÉGIO DAS CALDINHAS PRÓS MENINOS RICOS
Havia então a Escola Comercial e Industrial. E, relativamente perto de santo Tirso, o famoso Colégio das Caldinhas, (ainda existente) para onde ia a fina flor da burguesia - E também os filhos de estadistas estrangeiros. Alguns até vindos de países africanos que viriam apoiar os movimentos de libertação - Constou-se-me que estáva lá a estudar um dos filhos de Patrice Lumumba - E que teria chegado a visitar a Escola Agrícola Conde de "São Bento", acompanhado por um pequeno grupo de seus colegas.
O ANGOLANO AMADEU - QUEM O NÃO RECORDA?!...
Na nossa Escola, alunos africanos, a bem dizer, só havia o angolano Amadeu: - Muito afável. Todos os demais alunos e professores simpatizavam com ele. Tive-o como um grande amigo. Para não sairmos, aos domingos, com a mesma roupa, chegávamos a trocar as camisolas de lã no Inverno. Quando havia os desfiles da mocidade portuguesa, lá fora, ou, mesmo, com as visitas, cá dentro - não faltavam expressões como estas: "Olha! ali um pretinho!..." "Vai ali um pretinho!...". Um negro era coisa rara. Hoje não é assim. É frequentada pelos que nascem em Portugal e pelos que vêm de Cabo Verde, de S. Tomé, Guiné, Angola, Moçambique e de outras paragens. Todavia, é uma pequena minoria, em comparação com o nível de frequência nas faculdades e noutros estabelecimentos de ensino. Foi pelo menos esta a impressão com que fiquei.
Imagem,
ao lado, na companhia de trabalhador santomense, em Fernão Dias, da
então Roça Rio do Oiro, da Companhia Agrícola Vale Flora agrária
Os nativos não iam além de capatazes e, geralmente, o trabalho que lhes era destinado era o da capinagem.. - Até os brancos tinham todos de começar de empregado de mato - Foi a categoria que me deram e o ambiente colonial que eu fui encontrar em S. Tomé. Pagavam mal e trabalhava-se de sol a sol. . Só se tinha direito a férias de quatro em quatro anos.No mato, o trabalho era todo de empreitada aos serviçais. Estes podiam regressar às sanzalas - angolanos, moçambicanos e caboverdeanos - , concluídas as tarefas e depois de apanharem umas quantas ratazanas (principal praga do cacau) mas o empregado do mato continuava até ao fim do dia de machim na mão.. Apanhava-se a chuva no corpo, que acabava também por secar com a roupa, sem se mudar. Não se andava de guarda-chuva. Quanto muito, cortava-se uma folha de bananeira.
Além disso, o administrador da roça, impunha que os "negros deviam ser tratados todos por tu e abaixo de cão". Pelo menos, o Pereira da Roça Uba-Budo (talvez das roças a mais desumanizada e agarrada à disciplina férrea colonial) foi isto que me ordenou: não permitia que o empregado de mato ou os feitores tratassem por você, qualquer serviçal. Como não acatei as suas ordens, mandou-me de castigo para a Ribeira Peixe, ao sul da Ilha, a contar cacaueiros velhos, com um cabo-verdiano(também castigado) numa área abandonada e infestada da terrível cobra-preta. Um dia ele foi picado e morreu. . Ainda encontrei alguns exemplos de uso da chibata.
SETE OFÍCIOS
Por
força
dessa inadaptação, acabei por ser uma espécie de homem dos sete
ofícios:
empregado de mato nas roças; apicultor de abelhas africanas na B.F.AP
- Pouco maiores que as varejas mas extremamente agressivas, assassinas,
pois, se perturbadas, são capazes de perseguir uma pessoa centenas de
metros! Levei
milhares de picadas quando ia tirar
os enxames nos buracos dos coqueiros e de outras árvores: pretendia-se
colonizar a abelha selvagem para colocar colmeais nos palmares,
unicamente para aumentar a polininização, que é cruzada, visto
produzirem pouco mel - É bom mas, como têm flora todo o ano, armazenam
escassos favos, apenas o indispensável. - Mas não havia máscara que me
valesse. Se
houvesse patos ou galinhas por perto, atacavam-lhe a cabeça e não
escapavam - Clike e veja: Por que as abelhas africanas são tão perigosas? -
Um dia vi que havia uma colmeia muito calma; dei uns toques e apercebi-me de que os sons eram de calmaria. Meti a abelha mestra numa gaiola de rede e fiz pousar cinco quilos no queixo, sem uma única picada - O meu auxiliar fez o resto - a fotografia. Aliás, bastaria uma ferroadela para o cheiro do veneno destabilizar todo o enxame. Claro, nada de movimentos bruscos, uso de sabonetes ou perfumes que as excitasse.
Mas se o leitor tentar a experiência, cuidado com as "africanas" que não são para brincadeiras! - Evite aproximar-se dos enxames ou tocar-lhes - Disparam exércitos de ferrão em riste em todas as direções. Uma ocasião, uma mulher com uma criança ao colo, ao passar num caminho, a mais de duas centenas de metros, enfiarram-se na carapinha da criança, iam-na matando! Logo que ouvimos os gritos, corremos para lá e foi à força do fumigador que a salvámos. Cheguei a não poder sair de casa, quase cego, com os olhos inchados ou a não poder calçar os sapatos, devido aos inchaços nos pés. Pois são muito espertas: atacam onde menos se espera: até nos testículos. E, ao tirar-se o enxame, só desistem do ataque, quando a sobrevivência está em risco, depois de morrer mais de um terço - A partir daí, pode-se tirar a máscara e pegarem-se às mãos-cheias, que já não há picadas para ninguém
O DIA EM QUE ESTIVE LADO A LADO COM MÁRIO SOARES E SEU FILHO JOÃO
Fui
ainda polinizador de baunilha, de cacau e palmeiras (BFAP); inquiridor
da FAO, através da Missão de Inquérito Agrícola, nas pequenas parcelas
dos "forros" - Deu para ver até
onde chegava a usurpação das suas terras: com os roceiros a expandirem
as balizas do pau sabão até as fazerem desaparecer - E também o estado em que estavam - Sem qualquer apoio técnico governamental,
muitas delas, cheias de capim, mas também quase não valia a pena serem
tratadas, dadas as reduzidas dimensões, autênticos quintais - salvo a
do Agrónomo Salustino da Graça do Espírito Santo , um modelo de exploração da cultura do ananás - Foi aí, que, numa
manhã ridente de sol equatorial, na altura em que ali me dirigira na
qualidade de sargento da messe de oficiais e Agro-Pecuária, encontrei
Mário Soares e o seu filho João Soares, então jovem moço, ambos em ameno
e agradável convívio com
o mais ilustre santomense, talvez o mais perseguido e torturado pela
PIDE - Fui também aprendiz de feiticeiro: quando fiz a viagem de canoa
ao Príncipe, foram eles que vieram ter comigo, tendo havido
reciprocidade de experiências. Além disso, ainda vedor, arte que aprendi
com o nosso Prof. Eng.
Malheiros - capataz dos jardins da
cidade - CMSTP; operador de rádio (ERSTP) fotógrafo e jornalista;
alpinista e navegador solitário - E só não fui agente da CIA, porque me
recusei trair os meus amigos - cia em são tomé
E agora?!..Depois de uma profícua carreira no jornalismo (graças a aprendizagem na Escola Agrícola, pois não tenho outra formação académica, que me deu a oportunidade de entrevistar imensa gente, anónima e conhecida), talvez o místico – Conjugando a espiritualidade com a fotografia – Pois, se não há plena certeza da imortalidade, há pelo menos a possibilidade de fixar um momento de sublimidade para a posteridade.
Parti
de S. Tomé, tal como cheguei: sem um tostão nos bolsos. Mas com uma
experiência humana e espiritual, que não troco por dinheiro algum.
Nas restantes colónias, o negro ainda tinha a possibilidade de se defender - Se o patrão o chatiasse, tinha para onde ir. Mas, em S. Tomé, cada roça era um feudo, uma colónia prisional, com hospital e a sua justiça. Havia muita prepotência. Encontrei os hábitos coloniais, não muito diferentes dos descritos no Equador de Miguel Sousa Tavares. Foi tal a afronta que, só na Tropa, ao encarregarem-me da Agropecuária do quartel, pude aproveitar para elaborar um relatório e concluir o meu estágio - Fui substituir um sargento pedófilo, que fazia da quinta do quartel o lugar para devorar os cabacinhos de meninas.
Em seis meses, abasteci o quartel de hortaliças, bananas, papaias, ananases, ovos, frangos e galinhas. Tendo recebido um louvor. E era esse relatório que eu ia consultar e que me foi recusado. Cuja cópia não pude trazer comigo, visto ter partido numa canoa.
"A Escola Profissional Agrícola de S. bento tem as suas instalações integradas no antigo Mosteiro de S. Bento construído no século X, mas o que se v~e hoje é o resultado de construções dos séculos XVII e XVIII (...)
Em Junho de 1913, por decreto assinado por Manuel de Arriaga, é criada a Escola Profissional de Agricultura Conde de S. Bento, Diário do Governo Nº 146/1913, de 25 de Junho mantendo desde então a tradição do Ensino Agrícola. - Em Outubro de 1915, o estabelecimento passou a chamar-se Escola Prática de Agricultura Conde S. Bento(decreto (..)Nova reestruturação ocorre em 1934 no ensino agrícola. Em resultado a Escola passa a formar “feitores agrícolas”, formação que tem a duração de quatro anos, em que o último é um tirocínio feito na própria Escola. O ensino agrícola sofre novas mudanças entre 1957 e 1992, destacando-se a leccionação de cursos gerais e complementares (1973), do curso profissionalizante de Técnico Agrícola nos ramos agropecuária e indústria alimentar com a duração de 3 anos (10º, 11º e 12º – 1980), e de cursos Técnico-Profissionais (1983), permitindo o acesso ao Ensino Superior - Mais pormenores em:Escola Agrícola comemora 100 anos (1913-2013) | SantoTirsoDigital
RECORDAÇÕES INOLVIDÁVEIS...
Na verdade, quem transpõe a porta principal, paredes meias com a Igreja matriz, e, tem logo pela frente e ao seu lado direito, uma parede atapetada de era, que naquele dia estava a ser aparada (trabalho que cheguei a fazer algumas vezes) mais parece ter a sensação se estar a caminhar para um Éden perdido no tempo de que ir ao reencontro das antigas instalações e dos verdes campos de um antigo convento – Ou terá sido por mero acaso que os monges beneditinos do antigo Mosteiro de S. Bento, escolheram estas margens do Rio Ave, como o local eleito para o seu recolhimento, aprendizagem, oração e subsistência? –
Quem visita a Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento ,
jamais poderá olvidar-se dos momentos felizes ou dos dias de
recreação, de estudo e aprendizagem profissional, ali vividos. De
resto, quem passa por Santo Tirso, dificilmente deixa de associar a sua
beleza àquele singular enquadramento: os campanários da Igreja e os
antigos edifícios, atualmente repartidos pelo Museu Municipal Abade Pedrosa ,
instalado no piso superior do referido edifício conventual e
as instalações da Escola Agrícola, Conde de S. Bento, com as duas
fertilíssimas herdades! – As Quintas do Mosteiro, de dentro e de fora,
doadas pelo Conde de São Bento à Santa Casa da Misericórdia.
Parti
de Lisboa, na véspera, de comboio ao princípio da tarde. Mas ainda me
quedei algumas horas no Porto. Pois também gosto muito desta cidade: mas
acabei por pernoitar, no SOLAR S.BENTO . - Sem dúvida, simpatia no acolhimento e muito boas acomodações. Pelo que depreendi, atualmente, a par do Hotel Cidnay, não se encontram outras hospedagens.
A
crise atinge profundamente também esta cidade. O restaurante deste
Solar só já funciona para servir pequenos almoços ou refeições
encomendadas. Trata-se, pois, de uma exploração familiar e a preços
acessíveis. Situa-se na margem direita do Rio Ave, o local é realmente
aprazível, conta com excelentes quartos, que, muitos dos bons hotéis de
cinco estrelas, não dispõem. Pena a minha reforma não permitir grandes
devaneios.
- O MOINHO AINDA LÁ EXISTE MAS ESTÁ QUASE DESTELHADO - É UMA PENA QUE UMA PEÇA DE MUSEU, SE ENCONTRE ABANDONADA E NAQUELE ESTADO
Mal
deixei a Rua Alberto Pimentel, eis-me a caminhar na ponte do Rio Ave,
com uma bonita surpresa ao longo da margem: a de um passeio pedonal. Uma
tira avermelhada através da qual é possível olhar mais de perto a
Escola Agrícola e o açude, que, devido a uma primavera que continua
chuvosa, transbordava ludoso e prateado, sob o reflexo do céu cinzento
mas algo luminoso. Antes assim que negro como alpechim, que é o seu
aspeto geral que costuma ter, devido às descargas poluidoras.
OS BANHOS NO RIO AVE
OS BANHOS NO RIO AVE
No
meu tempo, mal chegava o Verão, mesmo com o leito algo enegrecido,
aventurávamo-nos a tomar por lá uns banhos e a navegar em pequenos
barcos a remos, que eram alugados junto a um pequeno cais da ponte -
Infelizmente, um pouco acima do termo da bouça com o rio, afogou-se
por lá um dos nossos colegas.
O lendário Deocleciano Monteiro, popularmente conhecido por Duque da Ribeira, sulcou o rio a
cima e a baixo, com as fateixas, durante uma semana, até o encontrar preso a
uns arbustos, quase junto às pranchas onde costumávamos lançarmo-nos à água.
Mais tarde, em Maio de 1992, encontrei-me com ele na Praça da Ribeira, no
Porto - Recordámos aquele trágico
afogamento; ofereceu-me um cartãozinho autografado.
Foi no Rio Ave que dei as
primeiras remadas. E quem sabe senão os primeiros ensaios para as minhas
aventuras, que mais tarde levei a cabo nos mares do Golfo da Guiné, com as
pirogas santomenses. Por aqueles tempos, iam ali muitos pescadores
domingueiros, pescavam-se por lá uns peixitos jeitosos; carpas, barbos e
enguias. Ao que parece, esse hábito tem sido incentivado em saudáveis
concursos de Pesca Desportiva -
CM Santo Tirso
DIZEM QUE MELHOROU A QUALIDADE DE ÁGUA MAS O NÍVEL DE VIDA PIOROU - EM TODO O PAÍS
Referem
as noticias que, nos últimos anos, com o aumento de ETARS, em
funcionamento do Rio Ave e seus afluentes, tem-se verificado uma
melhoria da qualidade da água deste rio. Ainda bem. As fábricas, que
eram os principais agentes poluidores, encerraram, e, pelos vistos, a
crise, tem destas coisas: melhorou a água mas pirou o nível de
vida. Naquele tempo ganhava-se mal mas havia emprego para toda a gente.
O 25 de Abril trouxe a democracia e a esperança... Mas foi sol de pouca duração... A classe media está em vias de desaparecer, há mais desigualdades sociais e um milhão de desempregados - Democracia burguesa, com o controlo dos média, é no que dá. Passou-se de uma censura declarada a uma sofisticada em nome dos bons costumes dos liber dominus económico: primeiro o cifrão depois o zé Cagalhão.
INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS - A COMEÇAR PELO MERCADO CHINÊS QUE CONTRIBUIU PARA O ENCERRAMENTO DE FÁBRICAS E DESTRUIU O PEQUENO E MÉDIO COMÉRCIO
O ocidente absorve tudo o que a China produz (o
que é bom e o que não
presta) e a china absorve unicamente o que lhe interessa! - Este é um
dos lados insólitos da luta das espécies. O outro problema, não
é tanto o da água mas da introdução de espécies exóticas, que, tal como
noutros rios, constituem a maior ameaça às espécies autóctones. Fonte
consultada Peixes no Rio Ave – Que espécies
E lá estavam, do lado da igreja matriz, as estufas, os talhões das hortas e das flores, com os vários telheiros de onde em onde, os caminhos com as latadas – Sobretudo aqueles que me proporcionaram tão aprazíveis passeios ao longo do rio. Tanta memória a recordar nos quatro anos letivos do meu curso!
Vi que o Ave já pode ser contemplado de um lado e do outro das margens. Mas, para mim, a extensão para onde fixava mais o olhar, era mesmo para a margem esquerda: os campos que bordejam o rio: os que se situam a montante e a jusante da ponte. A jusante, nada de novo. O terreno parecia estar de pousio. Era ali que se semeavam os grandes milheirais e algumas searas de trigo, centeio e cevada. Lá ao alto, na colina, era a quinta da eira, onde se celebravam as festas da rosas; agora em obras para ali construírem as instalações da Escola de Hotelaria. Obra polémica, que, pelo que me foi dado apurar, vem descaracterizar o lugar. - Dizem que é para a "requalificação das margens do Rio Ave, que contempla a reabilitação dos Edifícios da Quinta de Fora do Mosteiro de S. Bento” In Santo Tirso ganha escola profissional de hotelaria
Já por ali passaram milhares de estudantes e muitos professores. Uns melhores de que outros mas lá continua. Os hábitos da Escola Agrícola de S. Tirso, já não são os mesmos que eu conheci, entre 1959 e 63, mas ainda há por lá muita memória viva - Ainda permite recordar muitas imagens.
Com Vergílio Ferreira e Jorge Amado - E à direita, com Jorge Amado
Quase
50 anos depois, muita coisa já mudou no nosso país - E, no ensino, até
para pior, atribuindo canudos sem esforço e sem estudo. Não creio que
seja o caso. Foi uma visita breve mas o bastante para ter muito que
contar - É esse relato que aqui lhe deixo com algumas das fotografias
que ali fiz e outras que fui buscar ao álbum das minhas antigas
recordações
.
QUEM
FOSSE BOM ALUNO E PROVASSE DIFICULDADES FINANCEIRAS FAMILIARES, NÃO
PAGAVA PENSÃO NEM PROPINAS - COM MEDIA ACIMA DE 14 VALORES
Preza-me de ter sido um bom aluno. Naquela altura havia uma grande exigência escolar. Mas o ensino não era gratuito. Não era acessível a qualquer bolsa. O recurso era o seminário. Depois da instrução primária, também tentei ali a minha chance mas fui despedido por falta de vocação. Conto isso em VERGILIO FERREIRA - PARA SEMPRE NO ESPAÇO INVISIVIEL
A minha visita fui curta - Mesmo assim, deu para matar algumas saudades de um tempo que já lá vai mas que continua a deixar ainda muita memória - E que perdurará enquanto for vivo.
Claro que vi alegria e boa disposição junto de alunos e professores. Claro que haverá problemas. Deu para ver alguns e também houve quem mos quisesse transmitir. Talvez noutra oportunidade. Eu ia ali quase com a mesma devoção de quem vai a Fátima e o mais importante era divagar, dar largas à imaginação, ao espírito e recordar.. Na vida há um tempo para tudo: o tempo agora na Escola Agrícola é o de festa. Apanhou-me de surpresa. Mas ainda bem.
Preza-me de ter sido um bom aluno. Naquela altura havia uma grande exigência escolar. Mas o ensino não era gratuito. Não era acessível a qualquer bolsa. O recurso era o seminário. Depois da instrução primária, também tentei ali a minha chance mas fui despedido por falta de vocação. Conto isso em VERGILIO FERREIRA - PARA SEMPRE NO ESPAÇO INVISIVIEL
A
partir do segundo ano tive isenção de pensão e de propinas, o que foi
uma grande ajuda para os meus pais e permitiu ao meu irmão que pudesse
também ali ir estudar. Mas o Fernando Trabulo Marques (um ás no
atletismo) só pôde fazer o 2º ano. Não havia dinheiro para mais. Devo
dizer que o meu nome próprio é Jorge Luís Marques, filho de Maria
Joaquina Trabulo e de Manuel Joaquim Marques - Como não me batizaram com
o apelido de minha mãe, adoptei-o como pseudónimo jornalístico e
literário.
A minha visita fui curta - Mesmo assim, deu para matar algumas saudades de um tempo que já lá vai mas que continua a deixar ainda muita memória - E que perdurará enquanto for vivo.
Claro que vi alegria e boa disposição junto de alunos e professores. Claro que haverá problemas. Deu para ver alguns e também houve quem mos quisesse transmitir. Talvez noutra oportunidade. Eu ia ali quase com a mesma devoção de quem vai a Fátima e o mais importante era divagar, dar largas à imaginação, ao espírito e recordar.. Na vida há um tempo para tudo: o tempo agora na Escola Agrícola é o de festa. Apanhou-me de surpresa. Mas ainda bem.
PASSOU-SE DO PORTUGAL DO SALAZARISMO AO PORTUGAL DO OPORTUNISMO
A Escola Agrícola, é para qualquer antigo aluno um local de memória, de saudade e de peregrinação –- E também para os professores competentes e dedicados. Se algum docente não souber respeitar esse sentimento, está deslocado na profissão - A cunha em Portugal está instituída e há muito quem seja promovido a oficial, quando nem sequer para Cabo devia servir.
Quem ali estudou nesta secular e já mítica escola, jamais a esquecerá. Quem subiu centenas de vezes as escadas para as salas de aulas (ou mesmo frequentou só as pré-fabricadas), conheceu os dormitórios, o salão do Estudo e biblioteca, jogou bola no campo da bouça, comeu ali os mais saborosos morangos e nêsperas, sim, mesmo não tendo vivido o regime de internato ou semi-internato, manterá dela um cordão umbilical até à sepultura.
Quem, após tantos anos, indo ao refeitório, depois de atravessar aquele belo jardim, em forma de quadrilátero, com geométricos canteiros de sebes rasteiras, tracejados de frisos de conchas, ocupando a parte central dos edifícios, com o velho chafariz ao centro e os peixes encarnados a rabear, ali, lado a lado aos vetustos claustros, claro que não deixará de sentir alguma comoção, um misto de nostalgia, um sentimento algo inexplicável, intraduzível em palavras – No meu tempo, uma das praxes aos calouros, constava em medir com um fósforo o percurso do primeiro ao último claustro das arcadas que suportavam os pisos das aulas e do dormitório, sob a supervisão atenta (gozona e maquiavélica) dos mais velhos.
Oh quantas recordações não me vieram
à memória naquelas escassas horas da manhã de Sexta-feira, dia 12 de
Abril!... Ah! a Festa das Rosas!.. Que agora é bianual - É pena... O que é bom sabe a pouco... Dias maravilhosos!
E, então, quando entrei no velho refeitório, sob as mesmas arcadas de cantaria, oh quantos pensamentos de outros tempos!.. Até do fartote de ovos que a Natércia e o Cientista apanharam na Tasca do Monte. Na semana em que estivemos de serviço aos galinheiros juntamos uma cesta de ovos e, num domingo à tarde, saltámos o muro da boiça e fomos entregá-los ao homem da tasca para os fritar - Não é difícil de imaginar o que nos sucedeu com o vinho verde servido em malgas - Foi cagunçada toda a semanada. Numa das noites, devo ter delirado - Como era um bocado sonâmbulo, levantei-me e fui acordar o malaquias à bofetada, que, acordando aos gritos, acordou também todo o dormitório. Para não ter mais problemas no género, acabei por ficar instalado alguns meses, como externo, na Casa de Santa Zita, com o Veloso, que morreu na Guiné.
NOUTRO TEMPO OS PROFESSORES NÃO SE SENTAVAM À MESA DOS ALUNOS
É inegável que o ensino, em Portugal, está mais acessível e democratizado - Mas também não menos verdade é o facto de que há menos rigor pedagógico e mais conflitos entre professores e alunos - A todos os níveis: desde o primário, médio ao superior.
Depois de ter visitado a Biblioteca, que passou a ocupar as instalações da antiga lavandaria, onde se guardavam as malas, sim, após ali ter tido o prazer de dialogar com um grupo de santomenses, pedi autorização para almoçar no refeitório, que ali fica contíguo, a qual gentilmente me fora concedida pelo encarregado. Enquanto esperava a minha vez na fila, não deixei porém de olhar todo aquele espaço e de vasculhar uma vez mais os escaninhos de uma memória que parece agarrar-se ainda mais ao passado à medida que os anos passam – e já lá vão quase 50! Vi muita alegria e muita vivacidade. Vi professores a comer na mesa dos alunos, o que, naqueles tempos, creio que só acontecia na Ceia de Natal. Nem mesmo nas excursões: também professores e alunos se apartavam por mesas ou sítios
NO TEMPO EM QUE HAVIA A FILA PARA A BROA COM FIGOS OU NÊSPERAS
Soube que terminou o internato - Os alunos vão pernoitar na Casa do Estudante, na cidade. Mas, as filas, agora só dentro do refeitório. Quando ali estudava, os alunos entravam e sentavam-se nas mesas - A única fila que havia era a da merenda. Pelo lado de fora da cozinha, na álea voltada para o Rio Ave. À medida que ia chegando a sua vez, o aluno recebia uma fatia de broa com figos, nêsperas ou outro fruto da época. No refeitório, para cada dia da semana, havia invariavelmente os mesmos pratos: desde o cozido à portuguesa até batatas à espanhola. Agora, a sopa de caldo verde não chegava à mesa em grandes terrinas, nem o prato do dia era servido pelos empregados em grandes travessas. É o sistema usual das cantinas escolares. Em todo o caso, o serviço pareceu-me eficiente, não tive que esperar muito tempo na fila, lá chegou a minha vez. Duas pernas de frango, batatas fritas e arroz, sabiam bem e comeram-se num trago.
NO TEMPO EM QUE ÉRAMOS OBRIGADOS A IR EM FORMATURA À MISSA COM A FARDA DA MOCIDADE PORTUGUESA - Eu sou o fardado da MP na ponta direita da imagem
Antes de descer o caminho até ao rio e dar um giro frente à vacaria, dar uma olhadela à bouça ali ao fundo, ir até ao fontanário do batismo e junto a um outro sob o qual havia um tanque para cultura de agriões, onde agora não jorra uma gota de água, lá vi o antigo recreio com as suas bancadas de cimento e as traves do basquetebol - serão as mesmas?... Fiquei na dúvida – Sim, onde o Prof. Samuel (que foi treinador da Académica e do Tirsense) nos dava aulas de ginástica. E, aos domingos e dias santos, partíamos em formatura com a farda da mocidade portuguesa a prestar a guarda-de-honra à bandeira, quando esta era levantada no momento mais solene da missa.. No Inverno era uma chatice: o que nos valia é que o banho de chuveiro de água fria, já nos preparava com uma certa dose de resistência para andarmos depois de camisa e calção curto e perna descoberta.
ANTIGAMENTE HAVIA O IMPÉRIO DA CUF - AGORA HÁ OS DO CONTINENTE, DO PINGO DOCE E ORIENTAIS - AINDA MAIS DEVASTADORES
Fui chefe de quina - a Mocidade Portuguesa era obrigatória. Ter umas divisas era então algo sedutor. E, quando me calhava a mim, lá ia eu: “Esquerdo, direito! Esquerdo direito!”. O pior é que eu sentia um quase terror por estar isolado e de braços cruzados à frente da formatura. E, depois, ainda por cima, algo tímido, a ter que dar as vozes para estenderem o braço à bandeira! - Sem dúvida, inimaginável a minha preocupação!..Com todos os olhares acestados em mim!... Sim, havia uma disciplina de religião e moral - Em que a religião da igreja andava de mãos dadas com a do Estado - Em sintonia: Clero, Família, Fado, Colonialismo, Touradas e Estado - E agora?!... Há tudo isso mas de forma diferente e muito mais: antes havia o impório da CUF? Agora há o dos Continentes, dos Pingo Doces e da Lojas dos Chinocas, que acabaram com milhares de pequenos e médios empresários - Para já não falar das fábricas que encerraram. Eu, que fui preso pela PIDE, às vezes fico sem saber o que se ganhou: as colónias estão independentes e acabou-se a exploração?!...
Do lado norte ficavam as coelheiras.
Agora, não me pareceu que ainda lá existissem. Pude subir pelas escadinhas do
regato até ao velho lago, ver os gansos e os patos, ouvir o seu grasnar,
a linguagem que se eterniza através dos tempos. Lembrando-me da carpintaria,
que se situava na rua que passa por detrás do lago - Vi que
tinha as portas fechadas. Foi lá que uma ocasião deparei com um quadro da Santa
Inquisição. Ao lado ficavam as oficinas da serralharia -
Depois detive-me junto a um grupo de estudantes, que se preparavam para
ter uma aula de instrução de condução de trator no campo – Professor e alunos,
inexcedíveis em simpatia – Houve registo de imagens para a posteridade, com
agrado de todos. Bela rapaziada e mestres generosos e amáveis!
Ao passar pelos sítios dos antigos aviários e pocilgas, pude visitar as gaiolas de aves tropicais e répteis exóticos, que não existiam. Recordei-me da algraviada dos ruídos, naqueles tempos e agora não me apercebia desses característicos sons – Pois, uma parte das instalações era a céu aberto.
À saída ainda voltei a espreitar
para a adega e onde também se situava a leitaria e a queijaria, as
centrifugadoras para fazer saborosa manteiga. Vi a Casa das
Ferramentas transformada em Casa das Vendas, onde comprei um frasco de
mel - mas foi à saída. Pude dialogar com alguns professores e
alunos. Deambulei um pouco pelas alamedas das camélias. Fui até à margem do rio
– passeio inevitável. E por lá andarilhei alguns momentos sob as ramadas,
ainda nuas de folhas, imerso em memórias antigas.
Na verdade, gosto muito de Santo Tirso. Sou natural da aldeia de Chãs, concelho de Vila Nova de Foz Côa. Mas, além do meu torrão natal e dos seus amplos espaços envolventes, há duas terras que também me marcaram para sempre: Santo Tirso e São Tomé - a primeira cidade que eu conheci, foi Lisboa, aos 12 anos.
Aqui que resido, desde que regressei da "Pérola do Equador" mas confesso que sempre me senti um pouco estrangeiro - Vim para aqui como marçano e não posso esquecer-me dessa adolescência difícil, com algumas noites a dormir na rua. E porque razão eu gosto tanto de Santo Tirso?... - Quase pela mesma razão que gosto de S. Tomé. Se não tivesse vindo a frequentar aqui o curso de técnico agrícola (Agente Rural), nunca teria ido para a Ilha de S. Tomé, onde gostaria de voltar e poder mostrar pessoalmente as fotografias dessas minhas odisseias solitárias.E escaladas verticais no Pico cão grande
DESEJO
Gostava de um dia apresentar nesta cidade ou na Escola Agrícola a exposição das minhas aventuras marítimas que inaugurei no Padrão dos Descobrimentos, com um poema de António Ramos Rosa e de sua mulher Agripina Marques Espero que esse desejo um doa seja concretizado(vinde ver o mar!
Ainda há uma certa resistência quando se alude à probabilidade das Ilhas poderem ter sido povoadas por intrépidos pescadores africanos através das suas pirogas, antes dos europeus ali terem aportado - E esta minha demonstração ainda fere alguns ouvidos - Os compêndios coloniais ensinaram-nos a dizer que Portugal ia do Minho a Timor e que as Ilhas de S. Tomé e Príncipe estavam desertas. - Pois é, mas entretanto até já foram descobertos mapas, com nomes árabes das Ilhas, antes de 1470 ilhas asben e sanam, povoadas por canoas africanas
Como chegaram ali os africanos?.. Foi à procura da resposta dessa interrogação que eu parti sozinho, munido apenas de uma simples bússola. Uma coisa é o espírito dos nossos marinheiros, que eu sempre admirei essa gesta heroica de corajosos navegadores, indo de canoa da cidade de S. Tomé à Espraínha, onde dizem ter aportado pela primeira vez as caravelas de João de Santarém e Pero Escobar, desfraldando a bandeira portuguesa, no dia em que se comemoravam os 500 anos sobre a "descoberta" - Outra a verdade histórica
Gostava de um dia apresentar nesta cidade ou na Escola Agrícola a exposição das minhas aventuras marítimas que inaugurei no Padrão dos Descobrimentos, com um poema de António Ramos Rosa e de sua mulher Agripina Marques Espero que esse desejo um doa seja concretizado(vinde ver o mar!
Ainda há uma certa resistência quando se alude à probabilidade das Ilhas poderem ter sido povoadas por intrépidos pescadores africanos através das suas pirogas, antes dos europeus ali terem aportado - E esta minha demonstração ainda fere alguns ouvidos - Os compêndios coloniais ensinaram-nos a dizer que Portugal ia do Minho a Timor e que as Ilhas de S. Tomé e Príncipe estavam desertas. - Pois é, mas entretanto até já foram descobertos mapas, com nomes árabes das Ilhas, antes de 1470 ilhas asben e sanam, povoadas por canoas africanas
Como chegaram ali os africanos?.. Foi à procura da resposta dessa interrogação que eu parti sozinho, munido apenas de uma simples bússola. Uma coisa é o espírito dos nossos marinheiros, que eu sempre admirei essa gesta heroica de corajosos navegadores, indo de canoa da cidade de S. Tomé à Espraínha, onde dizem ter aportado pela primeira vez as caravelas de João de Santarém e Pero Escobar, desfraldando a bandeira portuguesa, no dia em que se comemoravam os 500 anos sobre a "descoberta" - Outra a verdade histórica
Na verdade, gosto muito de Santo Tirso. Sou natural da aldeia de Chãs, concelho de Vila Nova de Foz Côa. Mas, além do meu torrão natal e dos seus amplos espaços envolventes, há duas terras que também me marcaram para sempre: Santo Tirso e São Tomé - a primeira cidade que eu conheci, foi Lisboa, aos 12 anos.
Aqui que resido, desde que regressei da "Pérola do Equador" mas confesso que sempre me senti um pouco estrangeiro - Vim para aqui como marçano e não posso esquecer-me dessa adolescência difícil, com algumas noites a dormir na rua. E porque razão eu gosto tanto de Santo Tirso?... - Quase pela mesma razão que gosto de S. Tomé. Se não tivesse vindo a frequentar aqui o curso de técnico agrícola (Agente Rural), nunca teria ido para a Ilha de S. Tomé, onde gostaria de voltar e poder mostrar pessoalmente as fotografias dessas minhas odisseias solitárias.E escaladas verticais no Pico cão grande
UM ABRAÇO DE AGRADECIMENTO AO ANTÓNIO ANDRADE, MEU ANTIGO COLEGA - E AO SEUS AMIGOS AUGUSTO ANDRADE E ANÍBAL SANTOS
Depois de ter deixado as instalações da
Escola Agrícola, visitei o Museu Municipal Abade Faria, e, como não podia
deixar de ser, fui até ao frondoso Parque e à Casa de Chã. Alguém me
falara que ali costumava tomar café um dos meus antigos professores e eu
queria ir cumprimentá-lo. Qual não foi, porém, a minha surpresa que, ao
perguntar pelo seu nome ao empregado do bar, a uns metros ao lado, a uma mesa
junto à vidraça, uma voz me chama: tu não és o navegador solitário? Sim, era
nem mais nem menos que o meu antigo colega Andrade, que, depois de ter
terminado o curso, foi concluir o de Regente Agrícola, atualmente
classificado de Engº Agrário - Mas que comovente supressa! Nem queria
acreditar que, 50 anos depois, revia um antigo colega. .
Ele com tão fresca memória! Recordou-me
até a alcunha pelo qual eu era conhecido. De referir, que, naquele tempo, havia
a cerimónia do batismo dos calouros e era dado um nome a cada um. Deram-me o
Charabaneco mas o nome pelo qual passei a ser conhecido foi o de
"Natércia". Alguém se lembrou da Natércia de Camões e eis de mo
aplicar, não sei a que propósito. Então, como era muito amigo do Cortês (Camilo
Pereira Paiva Cortês, natural de barqueiros), a ele lhe chamavam o
"Cientista", às tantas, já nem era "Natércia" nem
"Charabaneco" mas o "Cientista" e a sua
"Amiga"
SETE NAMORADAS.
SETE NAMORADAS.
Não havia a liberdade que agora há mas fazia-se por se mostrar garanhão. Naquele tempo, toda a rapaziada (e então, logo nós do ancinho e da enxada) se voltava para as namoradas. e fazia questão de as colecionar. Numa excursão ao Algarve, ao passáramos por Vila Viçosa - não sei já se no regresso ou na ida - , não é que fiz pousar sete para a fotografia. Para depois me gabar que tinha engatado sete raparigas de uma vez. Havia-as de quase todas as idades.
Bom, mas já estava a desviar-me do
convívio que tive o prazer de ter com o Andrade. Ainda não se reformou.
Tem um filho que é um génio de violinista na Alemanha: o Pedro Morais Andrade - Sobrinho da
Graça Morais. Falou-me de vários colegas, nomeadamente do Néné Moreira, que,
tal como ele, se formaria em engenharia agrária e vai editar um excelente
livro no dia 31 de Maio, sobre as memórias da Escola Agrícola. Deu-me o seu
contato e já tive o prazer de falar com ele. Entretanto, numa saída para um
curto passeio, encontramo-nos com os seus amigos, Augusto Andrade e Aníbal
Santos, na companhia dos quais pude ainda encontrar-me com o Oliveira e o Júlio, com o qual pousou nas duas imagens, acima e nos lados. Foi, de
facto, uma tarde que não esperava. Tanto mais que ainda tiveram a
gentileza de me levarem de carro até à Estação da CP. Obrigado Amigos. espero
voltar em breve para mais uns agradáveis momentos de convívio
Já em Lisboa pude falar ao telefone com o Néné Morreira, que também me trouxe à memória excelentes recordações. E, depois disso, com o José Luis. Um ano mais novo de que eu e que revelou igualmente uma boa memória. Quem o quiser encontrar em S. Tirso, poderá vê no seu bar BARMALI
Já em Lisboa pude falar ao telefone com o Néné Morreira, que também me trouxe à memória excelentes recordações. E, depois disso, com o José Luis. Um ano mais novo de que eu e que revelou igualmente uma boa memória. Quem o quiser encontrar em S. Tirso, poderá vê no seu bar BARMALI
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