Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Informação e análise - Fotos do autor deste site
AS CARÊNCIAS ALIMENTARES AINDA NÃO FORAM ELIMINADAS E AS CRIANÇAS SÃO AS
QUE MAIS SOFREM MAS HÁ A ESPERANÇA EM DIAS MELHORES POR PARTE DE JORGE BOM JESUS
São
Tomé e Príncipe registou em 2015 mais casos de tuberculose do que em
2014 – segundo então foi anunciado por fonte sanitária, por ocasião da
celebração do Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose.
O mundo tem 2754 bilionários (e mais de 400 mil milionários) 18 Janeiro, 2019 Num único ano, o mundo ganhou 400 mil novos milionários, definidos como pessoas que detêm entre 1 e 30 milhões de dólares. https://zap.aeiou.pt/mundo-bilionarios-milionarios-236625
Cerca de 1,4 milhões de crianças estão em risco de morte por desnutrição na Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iémen, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância. – A natureza, em S. Tomé e Príncipe, é fértil e generosa, e salva as crianças desse flagelo, mas, certamente que maioria seria o índice de mortalidade infantil, caso não fosse o apoio prestado por várias associações humanitárias, que chama a si o cuidado, o esforço e carinho de fornecerem alimentos, cuidados de saúde, educação e a mais variada assistência, a elevado número das crianças santomenses.
O mundo tem 2754 bilionários (e mais de 400 mil milionários) 18 Janeiro, 2019 Num único ano, o mundo ganhou 400 mil novos milionários, definidos como pessoas que detêm entre 1 e 30 milhões de dólares. https://zap.aeiou.pt/mundo-bilionarios-milionarios-236625
Cerca de 1,4 milhões de crianças estão em risco de morte por desnutrição na Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iémen, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância. – A natureza, em S. Tomé e Príncipe, é fértil e generosa, e salva as crianças desse flagelo, mas, certamente que maioria seria o índice de mortalidade infantil, caso não fosse o apoio prestado por várias associações humanitárias, que chama a si o cuidado, o esforço e carinho de fornecerem alimentos, cuidados de saúde, educação e a mais variada assistência, a elevado número das crianças santomenses.
A EVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA INSTÁVEL MAS
PACIFICA - FEUDO ARROGANTE DE PATRICE TROVOADA VEIO PROVOCAR ENORMES
FISSURAS NA SOCIEDADE SANTOMENSE
"Ao contrário da
maioria das dependências coloniais da Europa na África, São Tomé tornou-se uma
república sem derramamento de sangue, após a ascensão em Lisboa de uma junta
militar de esquerda e o fim da ditadura estabelecida por António Salazar.
Em 1991, houve uma
transição pacífica de uma regra de uma pessoa para a democracia. Muito
parecido com a independência de Portugal, o derramamento oficial do marxismo
por São Tomé foi gerido sem perturbações The New Yorker 7 de outubro de
2002 "
"Em entrevista, o ex-presidente
Miguel Trovoada declarou que, embora as pesquisas fossem muito pacíficas, os
resultados das eleições eram fraudulentos pela intervenção do dinheiro. - Isso
pode ser um exagero até certo ponto, mas provavelmente é correto que o partido
Trovoada tenha sido superado em gastos na campanha eleitoral de 2002 Cooperación
en la Explotación de Petróleo y Gas en el Mar
Imagem Web |
Seja em África, seja em que continente ou pais for, a globalização e o liberalismo selvagem, só promove as desigualdades sociais: torna os ricos mais ricos, esmagando a classe média e agravando a pobreza -
Ricos estão cada vez mais
ricos e os pobres cada vez mais pobres - 21/01/2019 - A fortuna dos
multimilionários cresceu 12% em 2018, a um ritmo de 2200 milhões de euros
por dia, enquanto a riqueza da metade mais pobre da população mundial reduziu
11%, revela um relatório publicado pela Oxfam.
Imagem - Web |
Segundo um estudo
do Instituto Europeu da Igualdade do Género (EIGE, na sigla original) em 2014,
mais de 122 milhões de habitantes da UE viviam em agregados populacionais
considerados pobres (53% mulheres e 47% homens), mais de 55% dos quais em idade
ativa (entre 25 e 64 anos) – Desde então, a tendência não se inverteu:” https://www.jn.pt/mundo/interior/europa-com-mais-pobres-23-milhoes-sao-criancas-5526043.html
Falta comida nas escolas — uma
razão para o abandono escolar em São Tomé - PÚBLICO - Hoje
Em 2012, o Estado
comprometeu-se no “fornecimento diário de refeições quentes” aos alunos até ao
6º ano. Mas “cumpre só 20%”, diz o coordenador do programa de alimentação
escolar – Diz o PÚBLICO, num artigo assinado por Ana Dias Cordeiro, do qual
tomámos a liberdade de aqui transcrever alguns excerto, referindo que, Walter e
Óscar, que surgem na sua reportagem, são
nomes fictícios
Walter, professor da 3.a
classe, tem mais de 60 alunos por sala. Diz não se lembrar dos nomes de
todos, não lhes dedicar a atenção devida. Quando olha para o sistema de ensino,
não vislumbra perspectivas para estas crianças. E há uma ironia amarga nisto:
“Elas são o futuro de São
Contudo, acalenta a esperança de que uma
maior atenção seja dada à educação. O novo primeiro-ministro de São Tomé e
Príncipe, Jorge Bom Jesus, foi professor durante vários anos, director-geral da Educação, director
da Escola de Formação de Professores e Educadores e ministro da Educação entre
2008 e 2010 e mais tarde entre 2012 e 2014. “Ele tem essa sensibilidade. É professor de carreira e
foi duas vezes ministro da Educação”, diz Walter que não quer apresentar-se com
o verdadeiro nome.
Imagem facebook |
segunda vez a independência”, diz Óscar,
nascido depois de 1975.
Nenhum dos dois esconde a decepção, a
ânsia de expor o que sabem há anos e vivem diariamente. Querem libertar-se do
silêncio e do medo que se lhes colou à pele nos últimos anos quando jornalistas
foram ameaçados e funcionários públicos intimidados.
Denunciam mais do que muitos activistas
mas sem dar a cara. Não podem perder o emprego. Mas não toleram mais
injustiças. Como funcionário de um importante ministério, Óscar conheceu longo
dos anos directores-gerais, governantes e outros responsáveis políticos de
passagem ou de regresso à base. Não sabe em quem confiar.
Como
Walter, dá o benefício da dúvida a este novo Governo liderado pelo MLSTP-PSD
(Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata).
O movimento histórico da luta pela libertação
e partido único até às primeiras eleições multipartidárias ficou em segundo
lugar nas eleições de há seis meses, mas Jorge Bom Jesus negociou com vários partidos uma coligação
para afastar o partido do então primeiro-ministro, Patrice Trovoada, líder do
partido mais votado nas eleições.
No discurso de tomada de posse, Bom Jesus
apresentou-se com a aura de quem promete um corte com o passado ao
declarar a luta contra a corrupção como prioridade.
Walter fala muito a sério quando diz que é
a corrupção no ensino que mais lhe mói o pensamento, as fraudes e os enganos
que atingiram exactamente o sector que não podiam atingir: “Isso está a matar o professor, isso
está a matar o aluno. O aluno que tiver dificuldades, não vai ser acompanhado. O professor dá aula, sai da aula e em vez de
ir para a biblioteca aprofundar os seus conhecimentos, tem de ir para a roça, à
pesca ou trabalhar à noite como motoqueiro [táxi de
motorizada].” Raiva do ensino Walter não está pior do que a maioria da
população, mas isso não basta.
“Eu tenho raiva de ser professor.” As bolsas
de estudo para estudantes foram reduzidas, primeiro para 75% do seu
valor inicial, e depois para 50%, quando estava a concluir o curso num dos
estabelecimentos de ensino superior em São Tomé.
Apenas precisava de mais uns meses para
concluir o curso e receber o salário de professor com formação.
Em vez disso, e porque a bolsa ficou suspensa, recebe menos 1500 dobras (o equivalente a 60 euros) num vencimento
total que ronda as 4000 dobras (160 euros). O salário mínimo corresponde a 1100
dobras (menos de 50 euros).
As bolsas eram atribuídas a 100% com as
verbas financiadas pelas empresas de petróleo, como constava do contrato com as
autoridades de São Tomé e Príncipe para a exploração dos blocos que operavam. Mas
o Ministério da Educação determinou um critério para as percentagens.
Embora esteja à frente de um programa sob
a tutela do Ministério da Educação, o coordenador do Programa Nacional de
Alimentação e Saúde Escolar (PNASE), Edson Sanches Moniz, não esconde a discordância na forma
centralizada como são geridos os fundos.
A planificação é feita para 180 dias (seis
meses), mas os recursos disponíveis só cobrem 80 dias, diz Edson Moniz sobre a
planificação feita no último ano lectivo. Passados esses 80 dias, deixou de haver comida nas escolas.
“E esse tem sido um dos factores fundamentais do abandono e do insucesso
escolar do pré-escolar e do básico”, afrma.
A maioria das crianças não come nada, diz
com preocupação antes de citar um inquérito realizado pelo Programa Alimentar
Mundial (PAM) a mais de 5800 crianças em São Tomé e Príncipe. “A maioria respondeu que a
refeição na escola é a refeição mais segura que tem no dia. Se não comerem na
escola, correm o risco de não comerem nada.”
O PNASE foi criado, como lei, em 2012,
para beneficiar um universo de cerca de 50 mil alunos. A nova legislação
resultava da disponibilidade do país para passar a assegurar esse papel de
forma gradual até 2016. Desde 1976, a alimentação escolar tinha sido garantida
pelo PAM (agência das Nações Unidas). Através desta lei da República, o Estado
comprometeu-se ao “fornecimento diário de refeições quentes” a todos os alunos
inscritos nas creches, jardins-de-infância e escolas do ensino básico, até ao
6.o ano, com vista à “redução das taxas de absentismo e abandono escolar” e à
“melhoria do processo de ensino e aprendizagem” das crianças. Sem mesas ou cadeiras O
projecto falhou: “O Estado não está a conseguir assegurar o custo da alimentação
escolar. O orçamento necessário para cobrir a alimentação é mais do que o dobro de todo o orçamento
do Ministério da Educação”, avalia Edson Moniz.“O Governo cumpre só 20% do
previsto.”
Como professor, Walter sente-se enganado e
com poucas forças para a tarefa de ensinar crianças do básico, sem livros, ou
cadernos, e que chegam às aulas sem comer.
Acontece dentro e fora da capital “Temos casos de desmaios, quase todos os dias. Trazemos as crianças para a sala dos professores, ligamos para a ambulância. Acontece porque muitos vêm sem terem tomado o pequeno-almoço”, diz Hermitério Sacramento, director da Escola Secundária de Básica de Neves no Noroeste da ilha de São Tomé. Nesta escola, onde até há pouco tempo havia alunos a acompanhar as aulas de pé com os cadernos encostados à parede, por não haver mesas e cadeiras, há em média 480 alunos nas 5.a e 6.a classes. Esse número cai drasticamente nos anos seguintes: entre o 7.o e o 12.o ano, há um total de 1159 alunos, ou seja, em média apenas 193 alunos por ano.
“Temos de pensar no sucesso escolar. Não
estamos a ver a base, a motivação dos professores e a contribuição dos pais que
devem incentivar os filhos a estudar.
Muitos não vêm à escola saber qual a situação dos filhos”,
diz Hermitério Sacramento.
“Quando começa a reprovar, o aluno desiste
logo.” Em parte, devido ao sistema que o impede de prosseguir se chegar com
mais de 14 anos ao 6º ano (onde deveria chegar com 11 anos) ou com 17 anos ao
8.o ano (onde deveria chegar, se não reprovasse nunca, com 13 anos).
Quando ultrapassa a idade permitida, resta
apenas ao aluno frequentar o curso nocturno sobretudo disponível no ensino
privado. Há escolas onde com um mero atraso no pagamento das propinas os alunos são impedidos
de frequentar as aulas,
como o PÚBLICO testemunhou na Escola de
Madalena de Canossa, na capital. Aqui, a directora expulsa os estudantes
até estes fazerem a transferência da mensalidade em falta.
Seria bom alterar as regras para alargar
as oportunidades, sublinha Hermitério Sacramento. “Na educação
estamos por uma só causa. Não devíamos politizar as coisas.”
Walter diz que é a corrupção no ensino que
lhe mói o pensamento, as fraudes e enganos que atingiram o sector que não podiam
atingir: “Isso está a matar o professor, isso está a matar o aluno” “Há muitas crianças numa luta pela
sobrevivência”
Com a grande caixa que leva à cabeça,
Fatinha parece uma senhora pequenina. Tem 12 anos e protege o primo de dez anos
que a acompanha na venda entre o mercado central e o Parque Popular de São Tomé.
As caixas, que equilibram em perfeita sincronia com o passo, contêm espetadas de búzios molhados em malagueta. O rapaz está inquieto: perdeu dez dobras que lhe deram por duas espetadas que vendeu, e não abe como explicar isso ao pai Wilma, que tem 17 anos e vende pála-pála, a banana frita cortada em lascas como batatas, conta como o pai uma vez lhe deu pancada por não levar para casa o dinheiro de dois pacotes que não não regressaram na cesta. “Eu disse que os tinha comido”, diz Wilma, em tom de graça. “Quando eles dizem que comeram porque tinham fome, os pais respondem: ‘comeste o nosso dinheiro’”, enquadra Carlos da Costa, cozinheiro num restaurante do Parque Popular na capital.
As caixas, que equilibram em perfeita sincronia com o passo, contêm espetadas de búzios molhados em malagueta. O rapaz está inquieto: perdeu dez dobras que lhe deram por duas espetadas que vendeu, e não abe como explicar isso ao pai Wilma, que tem 17 anos e vende pála-pála, a banana frita cortada em lascas como batatas, conta como o pai uma vez lhe deu pancada por não levar para casa o dinheiro de dois pacotes que não não regressaram na cesta. “Eu disse que os tinha comido”, diz Wilma, em tom de graça. “Quando eles dizem que comeram porque tinham fome, os pais respondem: ‘comeste o nosso dinheiro’”, enquadra Carlos da Costa, cozinheiro num restaurante do Parque Popular na capital.
Os brinquedos x que imaginação vai recorrer |
A história de Carlos da Costa, de 29 anos,
é quase a de Fatinha, com um final feliz. Com 12 anos também trabalhava. Vendia
de tudo mas continuou na escola e estudou até ao liceu.
Escurece cedo na linha do Equador que
atravessa a ilha. E quando escurece, todos os dias tem à sua espera Caixão
Grande, o bairro onde Fatinha mora nos arredores de São Tomé demasiado longe
para continuar a irà escola, suficientemente perto para
trabalhar
na cidade.
A tristeza de Fatinha funde-se em duas
lágrimas que lhe correm inesperadamente pela face instantes depois de dizer que
teve de deixar de estudar. Como Carlos, Fatinha sempre foi boa aluna. A mãe, sozinha com quatro filhos,
foi quem desistiu por ela.
A.D.C., São Tomé e Príncipe
http://publico.newspaperdirect.com/epaper/viewer.aspx~
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