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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Parque dos Poetas, em Oeiras - Memória de Alda Espírito Santo , Recordada para sempre, pelo autarca Isaltino Morais, “num local lindíssimo”, voltado para onde o Tejo acaba e o mar começa”, em pedra talhada pelo escultor Zémé Gracias, que “acolhe 54 esculturas de poetas de língua portuguesa”

Jorge Trabulo Marques - Jornalista




Memória de Alda Espírito Santo – Perpetuada no Parque dos Poetas, pelo Escultor Zémé, inspirada no poemas, Lá no "Água Grande" a caminho da roça negritas batem que batem co'a roupa na pedra / Batem e cantam modinhas da terra"

O Município de Oeiras, inaugurou, neste último sábado, no Parque dos Poetas,  mais dois Conjuntos Escultóricos: um do escultor santomense, Zémé Gracias, em homenagem à poeta Alda Espírito Santo e outro  de Chartres de Almeida, em homenagem ao poeta António Feijó.

A tarde, embora correndo ventosa, era  banhada por  um sol esplendoroso, sob a cúpula de um imenso teto azul, que se espelhava num verde luminoso, fresco e luxuriante,  quase tropical, com uma vista deslumbrante, que se descobria da parte mais elevada de majestosa colina, voltada  sobre o mítico e vasto estuário do Tejo, que lá ao fundo  se abria e espraiava, como que a despedir-se da terra e a  confundir-se    com a imensidade do azul do   atlântico e do céu,  proporcionando uma panorâmica de rara e impressionante beleza  poética.





Neste vídeo, o registo de algumas palavras do escultor santomense, Zémé e as opiniões de  outros artistas, amigos, que estiveram presentes na inauguração da obra – Os  artistas santomenses. Ismael Sequeira, Estanislau Neto, Valdemar Dória, José Chambel, o artista angolano Paulo Kussy e o moçambicano Nataluma, que teceram rasgados elogios à obra de Zeme 

A cerimónia,  presidida pelo Presidente da Câmara, Isaltino Morais, começou com uma receção, aos convidados à entrada do Templo da Poesia, seguindo-se depois as duas inaugurações agendadas,  tendo terminado  às 19h30, com um Cocktail oferecido no Terraço do Templo da Poesia
O Parque dos Poetas é, sem dúvida,  um dos mais emblemáticos “Espaços Verdes da Grande Lisboa. Também considerado um “museu ao ar livre” de arte escultórica, o único em Portugal e o maior da Europa.

Quando ali chegámos, já a cerimónia ia avançada – A área é vastíssima, ocupa 22, 5 hectares – Embora ali estivéssemos, há uns anos,  por ocasião da 1ª fase da inauguração, perdemo-nos na álea da extensa alameda, nas suas muitas “ilhas”, nos pequenos jardins temáticos que acolhem as esculturas e as respetivas homenagens a poetas da língua portuguesa



ISALTINO MORAIS  E A HOMENAGEM A ALDA ESPÍRITO SANTO, NO PARQUE DOS POETAS, EM OEIRAS E NUM SITIO MARAVILHOSO, VOLTADO PARA ONDE O TEJO ACABA E O ATLÂNTICO COMEÇA   "A filosofia deste parque é a do maior acolhimento dos poetas da língua portuguesa. Portanto, era obrigatório ter cá a Alda do Espírito Santo.Por outro lado, também fazemos questão que o escultor seja santomense - Declarou-nos o dinâmico autarca




No final do simpático Cocktail, que o município  ofereceu  aos convidados, que estiveram na cerimónia inaugural dos dois conjuntos escultóricos,  além de aproveitarmos para felicitar, o Presidente do Município Isaltino Morais, por tão brilhante iniciativa, e já  depois de  termos recolhido opiniões  dos vários artistas, quisemos também ouvir as suas palavras.

Começou por explicar que há várias razões para que, a Alda do Espírito Santo, ali esteja representada - "porque a filosofia deste parque é a do maior acolhimento dos poetas da língua portuguesa. Portanto, era obrigatório ter cá a Alda do Espírito Santo.
Por outro lado, também fazemos questão que o escultor seja santomense
Procuramos conciliar a homenagem, do ponto de vista poético com a arte pública, a escultura, fazendo com que o Parque seja um repositório, em que o tema, o pretexto da cultura, da arte, seja a poesia mas pretendemos representar as diferentes correntes  da arte pública

Sublinhou que "é um local lindíssimo, que acolhe 54 esculturas de poetas de língua portuguesa e cerca de  34  escultores, uns mais figurativos, outros com obras mais abstratas, mais simbólicas, mas julgo que é isso que dá uma grande riqueza a este parque; portanto, temos aqui escultores de várias nacionalidades, embora de língua portuguesa e  poetas de várias nacionalidades e pintores  

Quanto à escolha do sítio para o espaço dedicado, em Homenagem à poeta Alda da Graça Espírito Santo,  disse-nos “o local foi escolhido, não foi obra do acaso: “repare que está voltado para onde o Tejo termina e o mar começa

Recordou- nos também,  a geminação que a Câmara de Oeiras, tem com o Príncipe  

Disse-nos que “temos muitos santomenes, também qui em Oeiras, que viviam em condições difíceis, entretanto, a camara criou uma politica de alojamento e com Cabo Verde a mesma coisa.

No caso de de STP, no âmbito da cooperação decentralizada com o município, há projetos que vamos desenvolvimento em cooperação com o Príncipe
O último, por exemplo, foi a propósito da Teoria da Relatividade, a CM de Oiras vai financiar o plantário, que vai ficar instalado na Roça Sundy 

 O ESCULTOR SANTOMENSE ZEME GRACIAS – AUTOR DA ESTÁTUA DO REI AMADOR E DE VARIADÍSSIMAS E IMPORTANTES OBRAS ARTÍSTICAS


De seu nome completo, José Mendonça Graçias – Passou a ser conhecido por Zémé, juntando as duas letras de Zé (José) ao Me (de Mendonça – É natural do Riboque, o bairro  histórico da resistência santomense -  É o escultor mais representado em STP, e mesmo no estrangeiro – A última das suas obras, a que antecedeu ao conjunto escultórico, dedicado a Alda Espírito Santo,  que agora é inaugurado, foi a estátua do mítico Rei Amador, que gerou acesa polémica, uma vez o seu nome ter sido ignorado, no ato da inauguração







ESTÁTUA DO REI AMADOR – A VERDADE QUE NÃO FOI REVELADA PELO ENTÃO MINISTRO  DA EDUCAÇÃO OLINTO DAIO, DO GOVERNO DE PATRICE TROVOADA    - A monumental e belíssima estátua, de 3 metros de altura, erguida no centro da praça, fronteira  ao antigo cinema Marcelo da Veiga, o Arquivo Histórico, e a Biblioteca Nacional, inaugurada sem o conhecimento do seu criador.
Mal pago e, ainda por cima, ignorado   -  O nome de Zémé  não foi tido nem achado, nem pelo Presidente da República e muito menos pelo ministro da Educação Olinto Daio, na cerimónia de inauguração, tal como então foi denunciado pelo jornal Téla Nón.

Estivemos também no local onde a obra foi criada e trabalhada por Zémé, em Odrinhas, próximo de Sintra – Falámos com os seus colegas, que lhe teceram rasgados elogios, cuja entrevista contámos Igualmente vir a editar  - Já o devíamos ter feito, só que nos temos repartido por outras questões,  relacionadas com temas de atualidade  e assim se foi protelando, sem quase nos apercebemos.

Tal como é do conhecimento público, Amador, foi um escravo que em 1595, liderou uma revolta contra os colonizadores da ilha de São Tomé. Só que o herói, que foi proclamado Rei, acabou por ser traído, pelos seus próprios companheiros, tendo sido detido pelos colonizadores , mais tarde, assassinado
PARQUE DOS POETAS - MAIS DE QUE EVOCAR  OS SEUS NOMES, É UM CONVITE À CONTEMPLAÇÃO E AO DEVANEIO POÉTICO

É publicamente reconhecido que, o  Parque dos Poetas é um convite à cultura, ao lazer, à contemplação.  É um espaço onde se plantou a semente e onde se colhe poesia.
Ocupa uma área de 22,5 hectares com uma configuração que se alonga desde o nível de planalto - antigos campos de trigo e pastagem - descendo em direção à zona ribeirinha. Pela Alameda dos Poetas, que é o percurso central do parque, caminha-se sobre lajes com poemas. Esta alameda é ladeada por "ilhas", pequenos jardins temáticos que acolhem as esculturas e as respetivas homenagens a poetas da língua portuguesa.
Encontram-se aqui as esculturas de: Álvaro Carneiro, Álvaro Raposo de França, António Matos, António Vidigal, Armindo Alípio Pinto, Carlos Marreiros, Clara Menéres, Cristina Ataíde, Dódo das Máscaras, Fernando Conduto, Flávio Miranda, Francisco Brennand, Francisco Menezes, Francisco Simões, Graça Costa Cabral, Gonçalo Bastos, Hélder Coelho Batista, Irene Vilar, João Antero, João Cutileiro, João Jorge Duarte, João Oom, José Aurélio, José João Brito, José Rodrigues, Lagoa Henriques, Laranjeira Santos, Leão Lopes, Luísa Perienes, Mário Cravo Júnior, Moisés Preto Paulo, Pedro Cabrita Reis, Pedro Campos Rosado, Rui Matos, Susana Piteira e Zulmiro de Carvalho.

O  Parque dos Poetas -  Um espaço multifacetado,  que concentra no mesmo recinto, atividades culturais, desportivas e ambientais
Com uma vista deslumbrante sobre o rio e sobre o atlântico, agiganta-se perante o visitante uma imensidão de azul sobre o verde, proporcionando uma panorâmica de grande beleza. 


O Templo da Poesia, o Labirinto, a Ilha dos Amores ou as Fontes Cibernéticas, são uma parte das inúmeras possibilidades de visita e deleite que o Parque dos Poetas tem para oferecer.
Anfiteatros - Campo de Futebol - Fontes cibernéticas - Gruta de Camões - Ilha dos Amores – Labirinto - Mãe d’água - Riachos e lagos - Templo da Poesia - Parques infantis - Parque de merendas - Zonas de estar – Miradouro http://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/turismo/Paginas/parquedospoetas.aspx



Alda Espírito Santo (1926-2010) e o português António Feijó (1859-1917). São já 60 os poetas portugueses (50) e de países ou territórios de expressão portuguesa que moram no magnífico jardim que se estende ao longo de 22,5 hectares.

O escultor santomense Zémé é o autor do conjunto escultórico dedicado à sua compatriota; e Chartres de Almeida assina a escultura de homenagem ao poeta António Feijó.




 ZÉMEÉ FEZ-NOS A REVELAÇÃO, ANTES DE TER INICIADO A OBRA- QUE  LHE LEVARIA 4 MESES





Lá no "Água Grande" a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.

Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.

As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.

E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.

NASCEU EM S. TOMÉ, A 30 DE ABRIL DE 1926 E FALECEU EM LUANDA, A 9 DE MARÇO DE 2010 " Combatente da luta pela independência nacional, poetisa, considerada expoente máximo do nacionalismo são-tomense, pós independência. Alda Graça, morreu em Angola para onde foi evacuada desde a última semana

por razões de saúde. Morreu na terra dos seus compatriotas de luta pela independência nacional, como Mário Pinto de Andrade. Um dos nomes de Angola que Alda Graça muitas vezes citou nas suas intervenções públicas. - Palavras do Téla Nón em 9 de Março de 2010, por ocasião da sua morte

Frisando que "Tombou uma das últimas referências da sociedade são-tomense. A notícia da morte de Alda do Espírito Santo numa clínica em Angola, para onde foi evacuada na última semana, chegou no meio da manhã, e encontrou a maioria dos são-tomenses prevenidos. Aos 83 anos de idade o estado de saúde de Alda Graça, era preocupante

Foi evacuada na última semana para Angola. Submetida a uma intervenção cirúrgica acabou por não resistir por mais tempo.

Desde a juventude que Alda Graça do Espírito Santo viveu numa residência humilde na Chácara, arredores da capital São Tome. No ano passado disse ao Téla Nón que só sairia da sua casa de Chácara para o descanso eterno no cemitério do alto São João


"A poetisa que imortalizou o massacre de 1953 no poema TRINDADE, marca presença em todos os momentos de São Tomé e Príncipe, através da letra do hino nacional de que ela é autora. Expoente máximo da literatura são-tomense, uma referência nacional, que no entanto nunca aceitou elogios. «Acho um exagero da vossa parte, porque eu não me considero monumento nenhum. O monumento é o povo, o monumento é o país, monumento é aquilo que nós queremos construir. De forma que a vanglória é qualquer coisa que não faz parte de mim mesma», disse Alda Graça em Abril de 2009, a quando da homenagem prestada a ela por ocasião do 83º aniversário.

Foi membro do governo de transição que conduziu São Tomé e Príncipe a Independência, como Ministra da Educação e Cultura, mais tarde assumiu a pasta da inform1ação e cultura. Fez dois mandatos como Presidente da Assembleia Nacional Popular.

Criou a União dos Escritores e Artistas São-tomenses, onde até Fevereiro último trabalhava na criação de novos valores para literatura são-tomense. «Tenho imensa pena, lamento não ter tido a capacidade de fazer para o meu país, aquilo que eu gostaria de ter feito. De poder por exemplo, encontrar a nossa cidade de São Tomé, erguida a medida dos seus moradores. Precisamos valorizar o que é nosso», afirmou Alda Graça em Abril de 2009. - Téla Nón
ABEL VEIGA .

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