Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Memória de Alda
Espírito Santo – Perpetuada no Parque dos Poetas, pelo Escultor Zémé, inspirada
no poemas, Lá no "Água Grande" a caminho da roça negritas batem
que batem co'a roupa na pedra / Batem e cantam modinhas da terra"
O Município de Oeiras, inaugurou, neste último sábado, no Parque dos Poetas, mais dois Conjuntos Escultóricos: um do escultor santomense, Zémé Gracias, em homenagem à poeta Alda Espírito Santo e outro de Chartres de Almeida, em homenagem ao poeta António Feijó.
A tarde, embora correndo ventosa, era banhada por um sol esplendoroso, sob a cúpula de um imenso teto azul, que se espelhava num verde luminoso, fresco e luxuriante, quase tropical, com uma vista deslumbrante, que se descobria da parte mais elevada de majestosa colina, voltada sobre o mítico e vasto estuário do Tejo, que lá ao fundo se abria e espraiava, como que a despedir-se da terra e a confundir-se com a imensidade do azul do atlântico e do céu, proporcionando uma panorâmica de rara e impressionante beleza poética.
Neste vídeo, o registo de
algumas palavras do escultor santomense, Zémé e as opiniões de outros artistas, amigos, que estiveram
presentes na inauguração da obra – Os artistas santomenses. Ismael
Sequeira, Estanislau Neto, Valdemar Dória, José Chambel, o artista angolano
Paulo Kussy e o moçambicano Nataluma, que teceram rasgados elogios à obra de
Zeme
A cerimónia, presidida pelo Presidente da Câmara, Isaltino
Morais, começou com uma receção, aos convidados à entrada do Templo da Poesia,
seguindo-se depois as duas inaugurações agendadas, tendo terminado às 19h30, com um Cocktail oferecido no Terraço
do Templo da Poesia
O Parque dos Poetas é, sem dúvida,
um dos mais emblemáticos “Espaços Verdes da Grande Lisboa. Também considerado
um “museu ao ar livre” de arte escultórica, o único em Portugal e o maior da
Europa.
Quando ali chegámos, já a
cerimónia ia avançada – A área é vastíssima, ocupa 22, 5 hectares – Embora ali estivéssemos, há uns anos, por ocasião
da 1ª fase da inauguração, perdemo-nos na álea da extensa alameda, nas suas muitas
“ilhas”, nos pequenos jardins temáticos que acolhem as
esculturas e as respetivas homenagens a poetas da língua portuguesa
ISALTINO MORAIS E A HOMENAGEM A ALDA ESPÍRITO SANTO, NO PARQUE DOS POETAS, EM OEIRAS E NUM SITIO MARAVILHOSO, VOLTADO PARA ONDE O TEJO ACABA E O ATLÂNTICO COMEÇA "A filosofia deste parque é a do maior acolhimento dos poetas da língua portuguesa. Portanto, era obrigatório ter cá a Alda do Espírito Santo.Por outro lado, também fazemos questão que o escultor seja santomense - Declarou-nos o dinâmico autarca
ISALTINO MORAIS E A HOMENAGEM A ALDA ESPÍRITO SANTO, NO PARQUE DOS POETAS, EM OEIRAS E NUM SITIO MARAVILHOSO, VOLTADO PARA ONDE O TEJO ACABA E O ATLÂNTICO COMEÇA "A filosofia deste parque é a do maior acolhimento dos poetas da língua portuguesa. Portanto, era obrigatório ter cá a Alda do Espírito Santo.Por outro lado, também fazemos questão que o escultor seja santomense - Declarou-nos o dinâmico autarca
No final do simpático Cocktail, que o município ofereceu aos convidados, que
estiveram na cerimónia inaugural dos dois conjuntos escultóricos, além de aproveitarmos para felicitar, o Presidente do Município Isaltino Morais, por tão brilhante iniciativa, e já depois de termos recolhido opiniões dos vários artistas, quisemos também ouvir as
suas palavras.
Começou por explicar que há várias razões
para que, a Alda do Espírito Santo, ali esteja representada - "porque a filosofia deste parque é a do
maior acolhimento dos poetas da língua portuguesa. Portanto, era obrigatório
ter cá a Alda do Espírito Santo.
Por outro lado, também fazemos questão que
o escultor seja santomense
Procuramos conciliar a homenagem, do ponto
de vista poético com a arte pública, a escultura, fazendo com que o Parque seja
um repositório, em que o tema, o pretexto da cultura, da arte, seja a poesia
mas pretendemos representar as diferentes correntes da arte pública
Sublinhou que "é um local lindíssimo, que acolhe 54
esculturas de poetas de língua portuguesa e cerca de 34 escultores,
uns mais figurativos, outros com obras mais abstratas, mais simbólicas, mas
julgo que é isso que dá uma grande riqueza a este parque; portanto, temos aqui
escultores de várias nacionalidades, embora de língua portuguesa e poetas de várias nacionalidades e pintores
Quanto à escolha do sítio para o espaço
dedicado, em Homenagem à poeta Alda da Graça Espírito Santo, disse-nos “o local foi escolhido, não foi obra
do acaso: “repare que está voltado para onde o Tejo termina e o mar começa
Recordou- nos também, a geminação que a Câmara de Oeiras, tem com o Príncipe
Disse-nos que “temos muitos santomenes,
também qui em Oeiras, que viviam em condições difíceis, entretanto, a camara
criou uma politica de alojamento e com Cabo Verde a mesma coisa.
No caso de de STP, no âmbito da cooperação
decentralizada com o município, há projetos que vamos desenvolvimento em
cooperação com o Príncipe
O último, por exemplo, foi a propósito da Teoria
da Relatividade, a CM de Oiras vai financiar o plantário, que vai ficar
instalado na Roça Sundy
O ESCULTOR SANTOMENSE ZEME GRACIAS – AUTOR DA ESTÁTUA DO REI AMADOR E DE VARIADÍSSIMAS E IMPORTANTES OBRAS ARTÍSTICAS
PARQUE DOS POETAS - MAIS DE QUE EVOCAR OS SEUS NOMES, É UM CONVITE À CONTEMPLAÇÃO E AO DEVANEIO POÉTICO O ESCULTOR SANTOMENSE ZEME GRACIAS – AUTOR DA ESTÁTUA DO REI AMADOR E DE VARIADÍSSIMAS E IMPORTANTES OBRAS ARTÍSTICAS
De seu nome completo, José Mendonça Graçias
– Passou a ser conhecido por Zémé, juntando as duas letras de Zé (José) ao Me
(de Mendonça – É natural do Riboque, o bairro histórico da resistência santomense - É o escultor mais representado em STP, e mesmo
no estrangeiro – A última das suas obras, a que antecedeu ao conjunto
escultórico, dedicado a Alda Espírito Santo, que agora é inaugurado, foi a estátua do mítico
Rei Amador, que gerou acesa polémica, uma vez o seu nome ter sido ignorado, no
ato da inauguração
ESTÁTUA DO REI AMADOR – A
VERDADE QUE NÃO FOI REVELADA PELO ENTÃO MINISTRO DA EDUCAÇÃO OLINTO DAIO, DO GOVERNO DE
PATRICE TROVOADA - A monumental e
belíssima estátua, de 3 metros de altura, erguida no centro da praça,
fronteira ao antigo cinema Marcelo da
Veiga, o Arquivo Histórico, e a Biblioteca Nacional, inaugurada sem o
conhecimento do seu criador.
Mal pago e, ainda por cima,
ignorado - O nome de Zémé não foi tido nem achado, nem pelo Presidente
da República e muito menos pelo ministro da Educação Olinto Daio, na cerimónia
de inauguração, tal como então foi denunciado pelo jornal Téla Nón.
Estivemos também no local
onde a obra foi criada e trabalhada por Zémé, em Odrinhas, próximo de Sintra – Falámos com os seus colegas, que
lhe teceram rasgados elogios, cuja entrevista contámos Igualmente vir a
editar - Já o devíamos ter feito, só que
nos temos repartido por outras questões,
relacionadas com temas de atualidade
e assim se foi protelando, sem quase nos apercebemos.
Tal como é do conhecimento público, Amador,
foi um escravo que em 1595, liderou uma revolta contra os colonizadores da ilha
de São Tomé. Só que o herói, que foi proclamado Rei, acabou por ser traído,
pelos seus próprios companheiros, tendo sido detido pelos colonizadores , mais
tarde, assassinado
É publicamente
reconhecido que, o Parque dos Poetas é
um convite à cultura, ao lazer, à contemplação. É um espaço onde se
plantou a semente e onde se colhe poesia.
Ocupa uma área de 22,5
hectares com uma configuração que se alonga desde o nível de planalto - antigos
campos de trigo e pastagem - descendo em direção à zona ribeirinha. Pela
Alameda dos Poetas, que é o percurso central do parque, caminha-se sobre lajes
com poemas. Esta alameda é ladeada por "ilhas", pequenos jardins
temáticos que acolhem as esculturas e as respetivas homenagens a poetas da língua
portuguesa.
Encontram-se aqui as
esculturas de: Álvaro Carneiro, Álvaro Raposo de França, António Matos, António
Vidigal, Armindo Alípio Pinto, Carlos Marreiros, Clara Menéres, Cristina
Ataíde, Dódo das Máscaras, Fernando Conduto, Flávio Miranda, Francisco
Brennand, Francisco Menezes, Francisco Simões, Graça Costa Cabral, Gonçalo
Bastos, Hélder Coelho Batista, Irene Vilar, João Antero, João Cutileiro, João
Jorge Duarte, João Oom, José Aurélio, José João Brito, José Rodrigues, Lagoa
Henriques, Laranjeira Santos, Leão Lopes, Luísa Perienes, Mário Cravo Júnior,
Moisés Preto Paulo, Pedro Cabrita Reis, Pedro Campos Rosado, Rui Matos, Susana
Piteira e Zulmiro de Carvalho.
O Parque
dos Poetas - Um espaço multifacetado, que concentra no mesmo recinto, atividades
culturais, desportivas e ambientais
Com uma vista deslumbrante sobre o rio e
sobre o atlântico, agiganta-se perante o visitante uma imensidão de azul sobre
o verde, proporcionando uma panorâmica de grande beleza.
O Templo da
Poesia, o Labirinto, a Ilha dos Amores ou as Fontes Cibernéticas, são uma parte
das inúmeras possibilidades de visita e deleite que o Parque dos Poetas tem
para oferecer.
Anfiteatros -
Campo de Futebol - Fontes cibernéticas - Gruta de Camões - Ilha dos Amores –
Labirinto - Mãe d’água - Riachos e lagos - Templo da Poesia -
Parques infantis - Parque de merendas - Zonas de estar – Miradouro http://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/turismo/Paginas/parquedospoetas.aspx
Alda Espírito Santo (1926-2010) e o português António Feijó (1859-1917).
São já 60 os poetas portugueses (50) e de países ou territórios de expressão
portuguesa que moram no magnífico jardim que se estende ao longo de 22,5
hectares.
O escultor santomense Zémé é o autor do conjunto escultórico dedicado à sua
compatriota; e Chartres de Almeida assina a escultura de homenagem ao poeta
António Feijó.
ZÉMEÉ FEZ-NOS A REVELAÇÃO, ANTES DE TER INICIADO A OBRA- QUE LHE LEVARIA 4 MESES
ZÉMEÉ FEZ-NOS A REVELAÇÃO, ANTES DE TER INICIADO A OBRA- QUE LHE LEVARIA 4 MESES
Lá no
"Água Grande" a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e
riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
histórias contadas, arrastadas pelo vento
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
As crianças
brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos
cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
NASCEU EM S. TOMÉ, A 30 DE ABRIL DE 1926
E FALECEU EM LUANDA, A 9 DE MARÇO DE 2010 " Combatente da luta pela
independência nacional, poetisa, considerada expoente máximo do nacionalismo
são-tomense, pós independência. Alda Graça, morreu em Angola para onde foi
evacuada desde a última semana
por razões de saúde. Morreu na terra dos seus
compatriotas de luta pela independência nacional, como Mário Pinto de Andrade.
Um dos nomes de Angola que Alda Graça muitas vezes citou nas suas intervenções
públicas. - Palavras do Téla Nón em 9 de Março de 2010, por ocasião da sua
morte
Frisando que "Tombou uma das
últimas referências da sociedade são-tomense. A notícia da morte de Alda do
Espírito Santo numa clínica em Angola, para onde foi evacuada na última semana,
chegou no meio da manhã, e encontrou a maioria dos são-tomenses prevenidos. Aos
83 anos de idade o estado de saúde de Alda Graça, era preocupante
Foi evacuada na última semana para
Angola. Submetida a uma intervenção cirúrgica acabou por não resistir por mais
tempo.
Desde a juventude que Alda Graça do
Espírito Santo viveu numa residência humilde na Chácara, arredores da capital
São Tome. No ano passado disse ao Téla Nón que só sairia da sua casa de Chácara
para o descanso eterno no cemitério do alto São João
"A poetisa que imortalizou o massacre de 1953 no poema TRINDADE, marca presença em todos os momentos de São Tomé e Príncipe, através da letra do hino nacional de que ela é autora. Expoente máximo da literatura são-tomense, uma referência nacional, que no entanto nunca aceitou elogios. «Acho um exagero da vossa parte, porque eu não me considero monumento nenhum. O monumento é o povo, o monumento é o país, monumento é aquilo que nós queremos construir. De forma que a vanglória é qualquer coisa que não faz parte de mim mesma», disse Alda Graça em Abril de 2009, a quando da homenagem prestada a ela por ocasião do 83º aniversário.
Foi membro do governo de transição que
conduziu São Tomé e Príncipe a Independência, como Ministra da Educação e
Cultura, mais tarde assumiu a pasta da inform1ação e cultura. Fez dois mandatos
como Presidente da Assembleia Nacional Popular.
Criou a União dos Escritores e Artistas
São-tomenses, onde até Fevereiro último trabalhava na criação de novos valores
para literatura são-tomense. «Tenho imensa pena, lamento não ter tido a
capacidade de fazer para o meu país, aquilo que eu gostaria de ter feito. De
poder por exemplo, encontrar a nossa cidade de São Tomé, erguida a medida dos
seus moradores. Precisamos valorizar o que é nosso», afirmou Alda Graça em
Abril de 2009. - Téla Nón
ABEL VEIGA .
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