Por
Jorge Trabulo Marques - Jornalista –
Sporting Club de São Tomé - Semana Ilustrada -Foto de minha autoria |
Páginas da História do Futebol Português em S. Tomé e Príncipe, vinculo que ainda hoje mantém e em cujo País da Lusofonia passam as cores dos principais clubes portugueses, sendo as do Sporting as mais representativas dos três clubes .
HISTÓRIA SECULAR DO SPORTING CLUB DE SÃO TOMÉ
Foto do Facebook - Sporting Club de S. Tomé |
Atrás das cores do lendário
Foto do
Facebook - Sporting Club de S. Tomé |
Fomos testemunha em alguns desses casos, em favor de um Clube, de nome O Lafões Hoquei Clube, de forte cunho regionalista, fundado por colonos oriundos da região centro de Portugal, que era a colónia mais populosa em S. Tomé, sendo a formação da equipa, constituída, maioritariamente, por filhos de colonos ou por militares portugueses e dirigida por oficiais.
Em Fev. de 1953, o Governador Carlos Gorgulho, quis eliminar alguns dos seus atletas e associados, no campo de concentração de Fernão Dias - Em finais de Outubro de 1972, o sistema colonial, interrompeu o campeonato, a pretexto dos incidentes provocados num jogo com o Lafões, favorecendo, com esse procedimento, este clube, que era líder da classificação, negligenciando as verdadeiras causas, provocando um forte abalo psicológico nos seus dirigentes, treinador e massa associativa.
Mas comecemos pelo que é descrito, e profusamente documentado , em “O Nacionalismo
Politico São-Tomense”, por Carlos Espírito Santo:
“O Sporting Club de S.
Tomé foi um clube sócio-desportivo-cultural fundado na ilha de São Tomé, no ano
de 1912. A este propósito, Jorge Roma, em «A nossa vida desportiva» afirma:
«Nasceu o
"Sporting" no ano de 1912. Um grupo de rapazes, alguns dos quais já
falecidos e outros ausentes da Colónia, chefiados por Alfredo Menezes de Alva,
Jorge Castelo David e outros, pensaram em organizar um "team" de futebol
a que deram o nome de "Sport Club de S. Tomé". O "team"
vinha sendo instruído pelos inglezes do Cabo Submarino, europeus e africanos.
Foram estes homens que desinteressadamente nos ensinaram a dar pontapé na bola.
Vínhamos a pouco e pouco praticando o desporto até que um dia, resolvemos pedir
um desafio oficial ao "team" do Cabo, pedido que foi aceite
prontamente. Marcado o dia para um domingo, dia da nossa estreia, comparecemos
no antigo campo da Cadeia, onde tivemos um “match" com o “team" dos inglezes
africanos. Apezar de todos os esforços empregados pelos nossos adversários, não
lhes foi possível derrotar-nos; empatamos o jogo.»
Prossegue Jorge Roma no
referido texto:
Gentileza de Marcelo - 2019 - Principe |
Além da secção
desportiva, o Sporting também funcionou como um espaço sociocultural de grande
relevo, organizando festas, marchas populares e representações teatrais. Era
sem dúvida um local privilegiado pelos funcionários, trabalhadores e estudantes
de São Tomé, tendo sido, por esta razão, mencionado por Carlos Gorgulho durante
a Guerra da Trindade, desencadeada por este governador contra a população
nativa, como um dos sítios onde tinham lugar reuniões secretas dos
nacionalistas-conspiradores.
Marcelo em Fernão Dias - 2018 |
Quando João Jesus Bonfim
estava preso na Brigada de Fernão Dias, apareceu Gorgulho que acusou este
nativo de ter participado nas reuniões realizadas na sede do Sporting Club de
S. Tomé e nas quais planearam matar todos os brancos que residiam na referida
ilha e nomear o Eng. Salustino Graça governador
Ora, tal como frisa
Salustino Graça, Gorgulho «procurou eliminar toda e qualquer consciência
colectiva, com as tentativas de dissolução da Associação de Socorros Mútuos da
Trindade, da Caixa Económica e agora do Sporting Club», e porque não conseguiu
lograr êxito nesse intento, teve que desencadear a Guerra da Trindade para
erradicar da sociedade diversos grupos socioprofissionais»
Futebol de S. Tomé e Príncipe e a sua ligação a Portugal –
GEDSON FERNANDES - JOGADOR DO BENFICA - UMA DAS ESTRELAS NASCIDA NAS ILHAS VERDES DO EQUADOR
Nenhum outro Clube, tanto o Benfica, como o Sporting (o F.C. do Porto), lograva os privilégios de que gozava o clube dos Lafonenses, com fortes influências nas arbitragens e nas estâncias oficiais desportivas – Nos meus 12 anos, em que vivi em São Tomé, pude testemunhar alguns desses escandalosos casos, um dos quais relatei na extinta revista angolana, Semana Ilustrada, em Novembro de 1972, cujo artigo, mais à frente, passo a reproduzir na íntegra.
Futebol de S. Tomé e Príncipe e a sua ligação a Portugal –
Apesar de algumas feridas do tempo
colonial, de um modo geral, o futebol português – mas sobretudo as três
principais equipas – Sporting, Benfica e Porto - mesmo 44 anos depois da
descolonização – continua a suscitar um grande entusiasmo na população destas
ilhas, que seguem os relatos ou as transmissões televisivas, com grande
entusiasmo e são tema de comentários habituais. Contudo, o clube, com maiores tradições nas duas ilhas, é, indubitavelmente,
o Sporting, que ali conta com três coletividades com o seu nome.
GEDSON FERNANDES - JOGADOR DO BENFICA - UMA DAS ESTRELAS NASCIDA NAS ILHAS VERDES DO EQUADOR
Nenhum outro Clube, tanto o Benfica, como o Sporting (o F.C. do Porto), lograva os privilégios de que gozava o clube dos Lafonenses, com fortes influências nas arbitragens e nas estâncias oficiais desportivas – Nos meus 12 anos, em que vivi em São Tomé, pude testemunhar alguns desses escandalosos casos, um dos quais relatei na extinta revista angolana, Semana Ilustrada, em Novembro de 1972, cujo artigo, mais à frente, passo a reproduzir na íntegra.
Em Março
de 2016 – o Grande Derby Sporting 0 – Benfica 1 – Em São Tomé, Benfiquistas
vibraram com a vitória dos Águias em Alvalade
Benfiquistas de São Tomé vibraram com a vitória em Alvalade - Jogo
vivido ao rubro na esplanada do Hotel Avenida – Em noite de grande chuvada, na
capital, que provocou avarias no sinal de transmissão da TVS – Depois ainda
houve quem pudesse ver o jogo através do computador – via internet - Só vimos a
segunda parte (enquanto o sinal não foi interrompido)e já com o Benfica
adiantado no marcador por um golo de Mitroglou, aos 20 minutos mas deu para ver
o entusiasmo com que o jogo da noite foi vivido aqui na maravilhosa Ilha do
meio do Mundo, onde o futebol português é atentamente seguido e conta com
grandes entusiastas - Nomeadamente, do Benfica, Sporting e Porto
O Futebol
Clube do Porto, também conta com muitos simpatizantes em STP - Nuno Espírito Santo, atualmente a fazer sucesso como treinador do Wolverhampton,
foi no clube dos dragões, que foi catapultado para a ribalta do futebol
De sublinhar, que este
famoso desportista santomense, foi homenageado
pela Universidade de Wolverhampton em reconhecimento pelo sucesso que o clube logrou conquistar sob o seu comando. Elevando-o
à 1ª liga após sete anos de ausência e
pela contribuição que tem dado ao desporto na região.
OS BONS EXEMPLOS DÃO SEMPRE BONS FRUTOS
PÁGINAS DA HISTÓRIA DE UM
BRIOSO CLUBE DESPORTIVO E CULTURAL – O SPORTING CLUB DE SÃO TOMÉ
A BRONCA – Este o título
que dávamos a um extenso artigo, publicado na edição de 1- a 8 de Novembro de 1972, da revista Semana Ilustrada, de
Luanda, com entrevistas ao então
presidente do Sporting Club de S. Tomé, Tomé Agostinho das Neves e ao seu Treinador,
Raúl Wagner.
O CAMPEONATO PROVINCIAL
DE FUTEBOL DE S. TOMÉ FOI INTERROMPIDO.
Segundo uma nota do
Conselho Provincial de Educação Física, difundida pelo Emissor Regional da Ilha,
em virtude dos incidentes registados no Estádio Sarmento Rodrigues, no passado
dia oito de Outubro, durante o encontro de futebol entre as equipas do Sporting
Clube de S. Tomé e Lafões Hóquei Club, o
Conselho Provincial de Educação Física, dada a gravidade da situação que afecta
as mais elementares normas desportivas,
deliberou, em sessão de 18 daquele mês, suspender o prosseguimento do
campeonato de S. Tomé, até conclusão do inquérito, que decorre já os seus trâmites naquele Organismo.
O que se passou então para que fosse tomada tão drástica decisão?
Quando terminou o
encontro (que acabou antes da hora regulamentar ) as cenas de indisciplina,
sucederam-se.”Em conclusão: uma tarde triste de futebol, que, ainda no dizer
daquele jornal , num jogo de futebol que pôs frente a frente duas equipas
dispostas a tudo, menos jogar futebol. in Voz. de S. Tomé- 1O/1O/72 - página desportiva.
Portanto, o que acabamos
de descrever, foi o móbil da questão, isto é o da suspensão do campeonato, cuja
decisão foi tomada dez dias depois pelo organismo máximo do desporto santomense,
o Conselho Provincial de Educação Física. Entretanto, antes que fosse tomada
tal decisão, outro caso haveria de surgir, que multo daria que falar
.
O SPORTING DE S. TOMÉ NÃO
COMPARECEU AO JOGO DA 18ª. JORNADA
Por tanto, foi isto o que
aconteceu no decurso do jogo Sporting-Lafões. No domingo imediato, algo mais
haveria de suceder. O Sporting Club de
S. Tomé não compareceu, ao jogo que tinha de efectuar com o Andorinha Sport
Club para a 18ª jornada do Campeonato
Provincial. O caso troou como uma bomba no meio futebolístico local e de
certa maneira na massa desportiva em geral. Comentários vários teceram-se de
imediato em torno daquela colectividade. O Sporting era o clube que estava na berlinda. Era o alvo. O
grande atingido, mesmo pela crítica Adeptos e simpatizantes do popular clube
também conjecturavam as mais díspares ideias de não comparecimento da sua
equipa no Sarmento Rodrigues. Os outros os não adeptos e simpatizantes, esses,
então, é que não poupavam o Clube em nada. O Sporting não compareceu. O
Sporting é isto, o Sporting é aquilo. Ou foi por isto ou por aqueloutro motivo. Em
suma: o Sporting era o grande réu. E afinal de contas não era assim, como veremos
adiante
A Direcção do Sporting, devido à série de ocorrências registadas naquele jogo, que, atendendo à pequenez do meio, tiveram a maior repercussão na sua massa associativa como nos próprios atletas, e receando que as mesmas tivessem implicações no jogo seguinte, entendeu, em devido tempo, dirigir um ofício à Associação Provincial de Futebol, pelo qual solicitava a suspensão das suas actividades desportivas enquanto não fosse instaurado um rigoroso inquérito sobre as ocorrências no jogo Sporting-Lafões.
E a verdade é que, embora o pedido de
inquérito fosse satisfeito, no que concerne ao adiamento do jogo ( conforme foi
pedido em segundo ofício ) não foi atendido,
Por seu turno, a rádio local, alheia, segundo
apuramos, do que se estava a passar, entre aquele Clube e a Associação,
continuou anunciando a
realização do jogo, Sporting-Andorinha.
Resultado: o público, o
habitual público que ocorre às partidas de futebol, como não fora avisado do
contrário, compareceu como de costume. Aguardou impaciente o início do jogo,
que, como dissemos, não se concretizou.
Perante isto, o público reagiu. Não
gostou. Comentou à sua
maneira. Ao seu belo prazer.
Por seu turno, a rádio local, alheia, segundo apuramos, do
que se estava a passar, entre aquele Clube e a Associação, continuou
anunciando a realização do jogo, Sporting-Andorinha. Resultado: o público, o habitual público que ocorre às partidas de
futebol, como não fora avisado do contrário, compareceu como de costume. Aguardou
impaciente o início do jogo, que, como dissemos, não se concretizou.
Perante isto, o público
reagiu. Não gostou. Comentou à sua
maneira. Ao seu belo prazer.
Se era ou não possível à
Associação Provincial de Futebol atender ao pedido do Sporting, isto é adiar o
jogo, não sabemos perfeitamente Porém duma coisa estamos certos, pois nos
informaram os homens do Sporting, que em 15 de Agosto do corrente ano foi pelo
mesmo Clube solicitado aquela Associação
o adiamento do jogo desse dia para 19, sendo o pedido atendido. Será por as
circunstâncias e os motivos serem outros?
Parece que é o que se pretende fazer crer. De qualquer maneira houve um
erro. Por sinal até muito grande· Não ser enviado qualquer comunicado aos
órgãos de informação, neste caso, especialmente, ao Emissor Regional, de que o
jogo não se realizaria. Evitava-se assim, deste modo que o público comparecesse
ao Estádio Sarmento Rodrigues e tivesse ficado com uma ideia completamente
diferente da que ficou, mais recrudescida ainda pelos comentários que
injustamente e por ignorância da realidade, lhe foram movidos.
TROCA DE IMPRESSÕES COM O
PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO SPORTING CLUBE
DE S. TOMÉ SR. TOMÉ AGOSTINHO DAS NEVES
Que haverá então com a
equipa do Sporting de S. Tomé? Que motivos a levaram a não comparecer para a
disputa do seu último jogo do campeonato?..
O seu Presidente
prontamente nos elucidou, dando-nos as cópias dos ofícios havidos entre este
clube e a Associação, para que deste
modo o esclarecimento ainda fosse mais completo. Eis a sua opinião: “No jogo realizado em 8 do corrente, entre as
equipas do Sporting e Lafões, tudo correu mal,
a meu ver, desde os jogadores ao árbitro, que não teve pulso suficiente
para reprimir ou então estava actuando com parcialidade
O Sporting, na
terça-feira, 10 de Outubro, enviou urna carta à Associação Provincial de
Futebol, pela qual pediu a abertura de
um Inquérito a fim de se apurar o
responsável por tudo quanto aconteceu. E na qual se disse que, “enquanto durar
o inquérito e não for garantida ao nosso Clube, uma actuação, no futuro,
imparcial da equipa de arbitragem, a equipa do
Sporting não participa em quaisquer provas”. Isto, claro, no intuito de
evitar mais dissabores, além daqueles que se passaram, pois alguns atletas negaram
a sua colaboração, e como se sabe é indispensável.
Foi-nos respondido pela
Associação da Província de Futebol , pela sua carta de 11 do corrente, de que
havia ordenado a abertura do inquérito.
Em carta do 13/10/72, o Sporting pediu à A.P.F. de S. Tomé, a complacência na aplicação da pena, porquanto se estava envidando esforços no sentido de persuadir os atletas a darem, como de costume, a sua colaboração, acabando por informar a mesma Associação que os Jogadores têm ainda os ânimos exaltados e a moral muito abalada, pelo que se rogava à A. P. F. o adiamento do jogo do próximo domingo, isto ê ( Sporting-Andorinha ) marcado para o dia 15. do corrente, até à resolução do inquérito.
Queremos que fique bem
esclarecido que o Sporting Clube de S. Tomé, não pediu a sua desistência do
campeonato, mas sim uma alteração do calendário, o que era da competência da
Associação.
Mais importante, o que
desejo frisar é forma, como a A.P.F.
encarou as nossas cartas, não dando conhecimento em devido tempo ao Emissor
Regional, do pedido do Sporting no sentido de se adiar o jogo, evitando assim
que o público fosse para o Estádio para assistir a um desafio de futebol, que
ela Associação sabia de antemão que não se havia de realizar. Confesso que a
atitude da A.P.F. caiu mal, no meu espírito,
porque podia classificar-se de um propósito,
E já que você está
disposto a ouvir-me mais um pouco, queremos que fique também bem expresso, que o
autor do programa “Desporto é Tema”, o
nosso amigo Carlos Cardoso, fez referências pouco abonatórias ao Sporting, Clube de tradições nesta Província, sem procurar saber como as
coisas se passaram".
ENTREVISTA COM O
TREINADOR DO SPORTING CLUB DE S. TOMÉ -
SR. RAÚL WAGNER
Seguidamente procuramos o treinador da equipa do Sporting Club de S. Tomé, Sr. Raúl Wagner, com quem igualmente trocamos impressões sobre o assunto. E com ele falámos durante alguns momentos. Momentos que, além das suas palavras, nos disseram bem do seu descontentamento, mesmo até desencorajamento, do falatório que se tem gerado em torno da sua equipa; inculpando os seus atletas de certas coisas e atitudes que estão muito longe dos propósitos que os animam. O desporto pelo desporto. No qual todos, desde dirigentes, treinador e atletas, sem qualquer interesse monetário, que não seja apenas o de servir o seu Sporting de alma e coração. Raúl Wagner, mostrou-se um homem desiludido, com a série de injustiças e incompreensões de que tem sido alvo a sua equipa, Um homem disposto quase que a abandonar o seu papel, as funções que, com tanto carinho e devoção, desde há alguns anos vem desenvolvendo. Eis as suas palavras, que começam também precisamente com a lembrança, péssimo claro, do jogo, Lafões Sporting.
“O Sporting pouco interesse tinha no jogo em causa, na medida em que tinha a sua posição mais ou menos definida na tabela classificativa.
Ao Lafões, pelo contrário, líder do
Campeonato, interessava-lhe sobremaneira para uma maior consolidação do título.
E, sinceramente, o jogo foi uma coisa que me desiludiu, pois nunca esperei tal
incidente com a equipa do Latões.
E isto não é só porque a
equipa do Lafões tem no seu conjunto muitos rapazes com quem eu me dou muito
bem, mas também por ser uma equipa com quem a “claque” do meu clube simpatiza.
O jogo foi correndo e, já
anteriormente, na primeira volta, o encontro com o Lafões deu uma certa
“barraca”, na medida em que o árbitro marcou um livre e que até certo não
concordamos e ainda hoje não acreditamos que tenha existido. E, mesmo, houve um
árbitro do Provincial, que agora faz parta da equipa que escolhe os árbitros
para os encontros, que me confessou que nunca podia ter existido aquele livre
que ele marcou. O Sporting perdeu esse jogo. O Lafões ganhou-o.
Enfim, fomos
andando esperando que o jogo da segunda volta fosse melhor e mais correcto
possível, que o juiz da partida tivesse outro comportamento, em relação à equipa do Sporting, pois o que nós
pretendíamos era praticar futebol, na medida em que as nossas aspirações ao
título, já estão postas de lado, e portanto, estávamos convencidos que o Jogo
seria bonito. Porém, isso não aconteceu, e não aconteceu porque tivemos um
árbitro que não esteve à altura. Eu não vou frisar somente o aspecto
'futebolístico, porque apesar de tudo ainda não me sinto suficiente senhor daquilo,
pois eu posso ser um fervoroso religioso, ir à igreja há muitos anos e não saber bem da religião, como
posso estar a praticar, futebol durante muito tempo e não saber realmente as
coisas de futebol. Mas outros problemas surgiram a que o árbitro não soube pôr
termo naquela altura. Se logo que as palavras que chegaram a ser proferidas
dentro do campo, tivesse tomado medidas, podiam trazer muito menos
consequências.
Não tomou medidas e o jogo, entretanto, tomou um aspecto em que
ele foi obrigado a acabá-lo antes do seu termo regulamentar. Mas os factos que
se passaram depois do jogo, lá fora, muito embora não seja eu o individuo para
neste caso responder pelo Sporting, que é
Direcção, o Sporting não está implicado nesses acontecimentos. É uma
opinião totalmente errada, que o Sporting não se apresentou ao jogo com o
Andorinha por este ou aquele motivo, mas pelos factos que se passaram dentro do
rectângulo, e determinaram que o Sporting escrevesse à Associação pedindo um
rigoroso inquérito.
Não alinhámos no domingo
passado, porque os Jogadores, em face dos insultos que receberam no campo e,
dentro daquela atmosfera em que a coisa se processou, muitos não querem jogar,
e por causa disso, para que se evitasse
qualquer outra coisa ou má interpretação,
o Sporting, em devida altura, escreveu à Associação pedindo um rigoroso
inquérito. Até que durasse o mesmo o Sporting suspendia as suas actividades desportivas pelo que não havia razão para que
surgissem reparos no programa “Desporto é Tema”, nem que o Emissor falasse do Jogo, na medida em que a Provincial
foi informada na altura própria para
evitar outras consequências. E esse pedido não foi tomado em consideração, porque
surgiu depois o jogo marcado e sem qualquer adiação.
Dizem que o desporto é
uma escola de virtudes, mas um individuo acaba por sofrer vexames, pois as
pessoas que têm direito a tomar medidas não as tomam na altura precisa, depois
vão buscar-se outras razões totalmente diferentes para justificar certas
atitudes. Porque as razões das coisas não estão assim à superfície; é preciso
entrar-se dentro do facto.
Até agora e perante tal
estado de coisas, não me sinto com força nenhuma, nem eu nem os meus rapazes.
Mas enfim, pode ser que o próprio tempo venha a resolver tudo.”
Oxalá que sim. São os
nossos votos. - Jorge Trabulo Marques
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