Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Foi precisamente há 67 anos mas a
lembrança  desses ignóbeis acontecimentos permanece ainda bem viva na
memória dos escassos sobreviventes, mas não esquecida na memória coletiva de um
Povo, que hoje recorda, com a já tradicional  "Marcha da
Liberdade", com partida às sete da manhã, da Praça da Independência, as
largas centenas de mortos que barbaramente foram espancados no Campo de
Concentração de Fernão Dias.
 Um local pantanoso, infestado
de mosquitos, embora a escassos metros da praia, onde muitos presos, ou 
eram imediatamente acorrentados e lançados ao mar ou, ainda sob o peso de
fortes grilhetas,  obrigados a carregar pesadas tinas de água ou grandes
blocos de pedra, por forma a que o seu extermínio ainda fosse mais doloroso,
porque física e psicologicamente mais sórdido e lento, quando não sufocados
pelo terreno movediço da lama para onde também eram atirados ou mortos vivos em
valas abertas pelos próprios prisioneiros, que eram obrigados a cavar a sepultura,
sob as prepotências e as arbitrariedades de um contratado  de  angola, um tal Zé
Mulato, um inqualificável verdugo que  que as autoridades foram buscar à
cadeia,  onde  cumpria pena de assassínio, para chefiar o dito campo
de morte.
Um local pantanoso, infestado
de mosquitos, embora a escassos metros da praia, onde muitos presos, ou 
eram imediatamente acorrentados e lançados ao mar ou, ainda sob o peso de
fortes grilhetas,  obrigados a carregar pesadas tinas de água ou grandes
blocos de pedra, por forma a que o seu extermínio ainda fosse mais doloroso,
porque física e psicologicamente mais sórdido e lento, quando não sufocados
pelo terreno movediço da lama para onde também eram atirados ou mortos vivos em
valas abertas pelos próprios prisioneiros, que eram obrigados a cavar a sepultura,
sob as prepotências e as arbitrariedades de um contratado  de  angola, um tal Zé
Mulato, um inqualificável verdugo que  que as autoridades foram buscar à
cadeia,  onde  cumpria pena de assassínio, para chefiar o dito campo
de morte. 
 Portugal “assume a responsabilidade”
pelo
Portugal “assume a responsabilidade”
pelo 
EM PORTUGAL - NUMA REMOTA ALDEIA - TAMBÉM HOUVE OUTRO MASSACRE
Claro que não se pode dizer que, em 1953, os tempos também fossem bons para os portugueses que viviam na “metrópole do império colonial”, muito pelo contrário: eram tempos de repressão, de fome e de miséria – Nas escolas as crianças eram reprimidas à chibatada e com reguadas de deixar as mãos arder e ensanguentadas -
E quem poderá esquecer o massacre de a pequena aldeia do colmeal, onde nasceu o meu bisavô paterno, varrida por ação de um processo judicial, injusto e prepotente, no dia 10 de Junho de 1957, com os seus habitantes despejados à força, com desfecho trágico de casas queimadas e algumas mortes por balas da GNR- a guarda pretoriana do regime colonial-fascista -, é também outra das páginas negras da História da Lusitânia moderna – Ver pormenores em http://www.vida-e-tempos.com/2019/09/colmeal-romagem-espiritual-silenciada-e.html
A MÁGOA QUE DIFICILMENTE SERÁ APAGADA DA MEMÓRIA DOS SOBREVIVENTES

 Em 1974, entrevistei
algumas das vítimas para a revista Semana Ilustrada, de Luanda, duas
dos quais em Fernão Dias, no local do famigerado campo de Concentração e outro
santomense, ainda  com feridas por
sarar numa das pernas, com que foi acorrentada - - Trabalhos
jornalísticos esses que me haveriam de custar graves dissabores, violentas reações
por parte, de alguns colonos. que me furaram os pneus do meu carro à navalhada,
penduraram uma forca na porta de minha casa e me agrediram selvaticamente
Em 1974, entrevistei
algumas das vítimas para a revista Semana Ilustrada, de Luanda, duas
dos quais em Fernão Dias, no local do famigerado campo de Concentração e outro
santomense, ainda  com feridas por
sarar numa das pernas, com que foi acorrentada - - Trabalhos
jornalísticos esses que me haveriam de custar graves dissabores, violentas reações
por parte, de alguns colonos. que me furaram os pneus do meu carro à navalhada,
penduraram uma forca na porta de minha casa e me agrediram selvaticamente
"Prenderam-me
durante 45 dias. Houve a ideia de arranjar mão-de-obra gratuita. E daí surgiram
as prisões, mais prisões sem quaisquer razões para isso. Procurava-se emprego e
não se encontrava. No entanto, as rusgas sucediam-se e as pessoas que
encontravam eram presas. É claro que houve um ou outro que reagiu sobre essas
atitudes."
Pouco depois do 25 de Abril, vi com os
meus próprios olhos  essas feridas -  Ainda em chagas vivas por
sarar! ... Provocadas por longo cativeiro, no campo de concentração de Fernão
Dias, acorrentados a bolas de ferro, tal como aos escravos nos barcos
negreiros. Pude entrevistar algumas dessas pessoas para a Revista Semana
Ilustrada.
Vi também  a fotografia da famosa
cadeira onde os presos eram algemados, submetidos a ignóbeis espancamentos e
torturas,  até sujeitos a choques elétricos para os obrigarem a confessar
e assinar declarações de factos forjados para os incriminarem o seu envolvimento
numa revolta que pretenderia matar o governador e os colonos e aproveitarem-se
das suas mulheres  - Mais tarde  a PIDE, enviada   por
Salazar, iria negar a existência da conspiração, que depois de ter sido
rotulada de comunista, passar a ser provocada por elementos desafetos ao regime .
Escasseava a  mão de obra barata..E o
governador planeava construir grandes edifícios à custa do trabalho
forçado nas ilhas e  mandou o ajudante de campo armado em soldado
nazi a comandar um grupo de milícias para  ordenar o trabalho
obrigatório.. Num verdadeiro retorno aos primórdios do ignóbil e duro
esclavagismo, até que,  numa remota aldeia perdida no mato,  algures
pela Vila da Trindade, alguém se encheu de coragem e reagiu sobre o fogoso
e arrogante alferes, que teve a reação popular que merecia  e à altura da
leviandade e do desprezo como olhava a  população  e impunha  a
sua vontade .

Este o excerto do relato – “O local fica
perto da. sede da de pendência Fernão Dias, à Roça Rio do Ouro, à frente de um'
mar azul  imenso, bordado de viçosos coqueiros e de um capim que
cresce exuberantemente  e, por entre vestígios e recortes de antigas
construções, em tempos utilizados para servir a ponte de cais acostável para  os-
barcos de longo curso que ali atracam  (...) 
Lá se encontravam ainda, junto à praia
conforme nos disse, os dois ta marinheiros onde diariamente eram estendidos os cadáveres
e dali transportados, por uma camioneta, para uma vala comum, no cemitério da
cidade. 

Acompanhou-nos ao lugar, onde ficava a casa que o
chefe da brigada do campo de concentração e de trabalhos Forçados utilizava
para pro ceder às torturas, aos interrogatório e  julgamento das inúmeras
pessoas que para ali iam presas. 
Por último, trouxe-nos ao lugar onde os presos partiam
brita para construção de uma pista para o aeroporto que a partir de ali se
pretendia iniciar e apontou-nos o pântano onde eram também forçados a
trabalhar. Na berma do mesmo, encontramos ainda uma argola de uma corrente de
ferro, com que eram amarrados. Mata ali e vai pôr
junto desses tamarinos e tapa com  chapa”.concentração e de trabalhos Forçados utilizava para
pro ceder às torturas, aos interrogatório e  julgamento das inúmeras
pessoas que para ali iam presas. 
Tudo isto lhe ouvimos de viva voz com
palavras de emoção e tristeza , ao  recordar aqueles horrendos
episódios  de que foi vitima e assistiu - Pormenores das duas
entrevistas neste site em http://www.odisseiasnosmares.com/2015/02/s-tome-e-principe-memorias-do-batepa-5.html
 A  MÁRTIR POVOAÇÃO DE BATEPÁ
 SOBREVIVENTE - A DOR QUE O TEMPO AINDA NÃO APAGOU - ESPANCADA À CRONHADA DEPOIS DE LHE METEREM A CABEÇA NUM TANQUE DE  ÁGUA - Era menina e estava grávida.
Maria dos Santos, mais conhecida por
Mena  - Ainda  jovem, e  mesmo grávida, não foi poupada à brutalidade facínora das
ordens do então Governador Carlos Gorgulho: arrastada à força de sua casa, levada para um calabouço
na então Vila de Trindade, espancada barbaramente, Primeiro deu-se o saque às
casas: carregaram o que puderam dos modestos teres e haveres, após o que as
incendiaram.

Imagens e palavras de um abominável
massacre. O pai de Teresa, esposo de Maria dos Santos, , também vitima da mesma
barbárie, depois de lhe terem queimado a casa e o carro (que saquearam antes
de a incendiarem) ainda procurou refúgio no mato mas foi apanhado, preso e
enviado para o Campo de Concentração de Fernão, onde acabaria por embarcar, com
mais 120 homens para serem lançados ao mar, no barco António Carlos. Tal porém
não sucederia por  a tripulação do navio se ter oposto, tal como vim  a
saber através de outro depoimento, que obrigaram o comandante a deixar os
prisioneiros na Ilha do Príncipe, onde acabariam por ficar presos  
– 
Um desses  valorosos homens era o
cabo-verdiano, Bernardino Lopes Monteiro, pai  do Coronel Victor
Monteiro Dias,  que foi  chefe do Gabinete do Presidente
Fradique Menezes e de Manuel Pinto da Costa, a  cujo episódio, já me
referi  neste site.  ...http://www.odisseiasnosmares.com/2019/02/sao-tome-decorre-hoje-comemoracao-do-3.html


 
Nenhum comentário :
Postar um comentário