Jorge Trabulo Marques – Jornalista – Em STP, como correspondente da
revista angolana, “Semana Ilustrada”, operador de rádio no E.R. de STP, entre outras atividades anteriores e, posteriormente em Portugal.
Perdeu-se a voz do mais
carismático cantor e dançarino, da música pop cabo-verdiana, Jorge Neto,
mas, naturalmente, não muitos do seus discos e LPs conhecido pela sua performance
no palco e pela sua emblemática frase “uau” – Estava a recuperar de um
duplo AVC, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa. de que fora acometido, no passado dia 30 de
Dezembro, em casa, isto depois de um outro de que havia
sofrido há 8 anos, vindo a falecer na
quinta-feira passada, dia 20.
JORGE NETO - A Morte que matou a lira cabo-verdiana e santomense aos 56 anos
BREVE ENTREVISTA, para a Rádio Comercial-RDP, que me concedeu,
em Lisboa, no principio da década de 90,
num encontro casual, ainda com um sotaque mais europeu de que ilhéu – Com a voz inicial de Júlia Lelo, que gravei no antigo e mítico Botequim de Natalia Correia -- Aqui lhe presto o meu singelo tributo, com este
video, ilustrado com algumas imagens da sua carreira
JORGE
NETO - A Morte que matou a lira cabo-verdiana e santomense aos 56 anos
BREVE CONFISSÃO “o meu espectáculo exige muita ginástica, tenho que fazer
muita ginástica. Eu tenho um corpo realmente musculoso mas não tenho a intenção
de usar o meu corpo na violência. És religioso acreditas nalgum ser
sobrenatural? Eu acredito em várias coisas, não tenho uma religião propriamente
dita. Mas há livros em que eu acredito: Coisas do misticismo, em que acredito
que sejam realmente possíveis. Não bebo álcool nem fumo tabaco. Tenho que ter
uma preparação muito grande para manter o equilíbrio para não me sentir tonto .
Eu faço uma alimentação muito rigorosa para não ter problemas nem tonturas, à base de cereais e de proteínas de soja, o mais possível de alimentos naturais.
Faço muita ginástica de manhã e à noite antes de me deitar
Jorge Neto nasceu em São Tomé e Príncipe em
1964, na antiga Roça Água Izé, filho de pai santomense, Henrique Neto, natural de
Santana (também ele grande dançarino, tal como viria a ser o filho, ligado grupos folclóricos),
enfermeiro naquela roça da CUF. A mãe de Jorge Neto, era serviçal
cabo-verdiana, pois, naquele tempo, os forros não trabalhavam como serviçais
nas Roças: moravam nas suas aldeias ou vilas e iam trabalhar nas roças, quando
queriam, em empreitadas de capinagem, em plantações, nas colheitas
de cacau, dos cocos e das
pinhas do azeite e, por vezes, também do café. porém, depois de concluírem
as tarefas, que lhe eram destinadas,
voltavam para suas humildes cubatas, não iam para as senzalas. como os contratados de Cabo verde ou como os outros serviçais - diga-se, mais forçados de que contratados- de Angola e Moçambique.
Em Fernão Dias - Regresso |
Na roça Uba-Budo. almoço da marmita |
Por exemplo, quando fui empregado de
mato na Roça Uba-Budo, os forros que ali iam trabalhar, eram sobretudo de
Santana: à medida que concluíam a empreitada,
iam-se embora. O empregado de mato, geralmente branco, esse, é que só podia voltar ao terreiro da
dependência ou da sede da roça, ao fim do dia; por lá andava de machim na mão, chovesse ou fizesse sol, até ao pôr-do-sol. Acordava às 4.30 da manhã para a
formatura do pessoal no terreiro para depois dali seguir com um
certo número de trabalhadores e o capataz, mesmo antes do sol se erguer do oceano. Por vezes, o capataz é que trazia o seu grupo de forros.
Dado os profundos laços, que tinha com S. Tomé, embora tendo daqui saído aos 11 anos para Portugal, por várias vezes aqui se deslocou Tendo gravado aqui alguns dos seus temas mais populares, Felicidade e Rosinha, este na antiga Roça Rio do Oiro, Roça Agostinho Neto,onde existe uma numerosa comunidade de cabo-verdianos e onde eu também trabalhei como empregado de mato, um ano depois de ele ter nascido
A sua morte, noticia de destaque pela imprensa portuguesa e dos PALOP que “O mundo da música caboverdiana, em particular, e lusófona, globalmente, ficou mais pobre, com a morte do cantor, compositor e artista de palco, Jorge Neto.
A sua morte, noticia de destaque pela imprensa portuguesa e dos PALOP que “O mundo da música caboverdiana, em particular, e lusófona, globalmente, ficou mais pobre, com a morte do cantor, compositor e artista de palco, Jorge Neto.
"Jorge Neto, monstro da música pop
caboverdiana, nasceu há 55 anos, em S. Tomé e Príncipe, de mãe caboverdiana e
pai santomense e cresceu nos arredores de Lisboa, onde começou a dar os
primeiros passos no mundo da música.
Mas, foi em Roterdão na Holanda, que com
outros nomes duma nova música pop caboverdiana, com influências do reggae,
kizomba ou cabolove, que Jorge Neto, se tornou o ícone da banda Livity.
Estávamos nos fins dos anos 80 começos
dos anos 90, Jorge Neto, ganha o concurso Todo o Mundo Canta, na Holanda, e vai
representar a diáspora caboverdiana nesse país, em 1987, no Todo o Mundo Canta,
em Cabo Verde.
Sai como a grande estrela do Todo o
Mundo Canta de Cabo Verde, e com os seus companheiros do Livity, vão
revolucionar a música pop contemporânea, introduzindo a dança espectacular no
palco, ganhando fãs, em todo o mundo lusófono.
De sucesso em sucesso, primeiro com os
Livity, depois, com os grupos Coladance e Splash, Jorge Neto, Grace Évora ou
outra grande estrela da música caboverdiana, Gil Semedo, percorrem os palcos da
Holanda, Europa e de todos os países afro-lusófonos, nomeadamente, sua terra
natal, S. Tomé e Príncipe.
O desaparecimento físico, de Jorge Neto,
mergulhou numa profunda tristeza, não só os caboverdianos, de todas as esferas
musicais, culturais e políticos, mas também de todos os lusófonos e suas
diásporas espalhadas pelo mundo.
Gilyto Semedo, produtor, cantor e
bailarino, que dividiu o palco várias vezes com o grande artista, Jorge
Neto, recorda este seu grande amigo, com quem passou, inclusivamente, por
Paris, num concerto inesquecível, no Elisée Montmartre.
A morte de Jorge Neto, foi "um
choque que entristeceu a todos e com a notícia ficámos paralisados, porque é um
sentimento inexplicável", assim, reagiu, também a cantora crioula, Solange
Cesarovna, Presidente da SCM, Sociedade caboverdiana da Mú
A morte de Jorge Neto, foi "um choque que entristeceu a todos e com a notícia ficámos paralisados, porque é um sentimento inexplicável", assim, reagiu, também a cantora crioula, Solange Cesarovna, Presidente da SCM, Sociedade caboverdiana da Mú
De notar enfim, que o cantor e homem de palco, Jorge Neto, dançarino, que se inspirou nos passes de James Brown e Michael Jackson, gravou discos com os Livity, mas também a solo e deixa-nos para a história cultural e musical, a sua famosa canção "Rosinha" e álbuns, como Nha Palco, “Dja ca Da”, “Jorge Neto”, “Papia Bu Manera”, “Dia Diferente”, “Neto e Cabo Verde”; “Boca Povo", Rapaz Novo" ou "Harmonia". http://www.rfi.fr/pt/cabo-verde/20200221-morreu-jorge-neto-gigante-da-m%C3%BAsica-pop-caboverdiana
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