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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Duque da Ribeira- Porto - O mítico e valoroso barqueiro que eu conheci - 24-03-1902 – 11-09-1996 - Um humilde e corajoso marinheiro que salvou dezenas de pessoas de serem afogadas no Rio Douro, resgatou cadáveres presos nos lodos e nas margens com as suas fateixas e até o corpo de um meu antigo colega no Rio Ave, em Santo Tirso, que ali morreu afogado - Foi ainda o mestre dos meninos da Ribeira, que ensinou a nadar com boias de cortiça para evitar que se afogassem – Que foi também como eu aprendi nos poços da minha aldeia

Jorge Trabulo Marques - Jornalista - E antigo aluno da Escola Agrícola de Santo Tirso


Com apenas onze anos, salvou um homem de morrer afogado no Rio Douro, no Porto, e, a partir daí, foi protagonista, ao longo de décadas, de inúmeros salvamentos naquele local Figura muito popular na Ribeira do Porto: muito admirado pela sua generosidade e  tenacidade:  quando o alertavam de que alguém tinha caído ao rio ele não mais  descansava  enquanto o não resgatasse o corpo,  após o que pousava na margem e dava-lhe um beijo na testa.

O seu barco tinha o nome de “Capitão Cobb", de outro herói do Douro  - A sua forte ligação ao rio valeu-lhe várias honrarias e elevou-o ao estatuto de figura pública, reconhecida nacional e internacionalmente. Conviveu com várias personalidades portuguesas e estrangeiras, tendo o seu livro de autógrafos, recebido  assinaturas de Isabel II, rainha de Inglaterra, Ramalho Eanes, Mário Soares e Samora Machel (presidente de Moçambique
CONHECI-O PELA  PRIMEIRA VEZ EM SANTO TIRSO - NOS ANOS 50  ONDE FOI CHAMADO PELO DIRECTOR DA ESCOLA AGRÍCOLA PARA ALI RESGATAR O CORPO DE UM ALUNO - MEU COLEGA 




No meu tempo, mal  chegava o Verão, mesmo com o leito algo enegrecido, aventurávamo-nos a tomar por lá uns banhos e a navegar em pequenos barcos a remos, que eram alugados junto   a um pequeno cais da ponte -  Infelizmente, um pouco acima do termo da bouça com o rio,  afogou-se por lá um      dos nossos colegas.

O lendário Deocleciano Monteiro, popularmente conhecido por  Duque da Ribeira sulcou o rio a cima e a baixo, com as fateixas, durante uma semana, até o encontrar preso a uns arbustos, quase junto às pranchas onde costumávamos lançarmo-nos à água.  Mais tarde, em Maio de 1992, encontrei-me com ele na Praça da Ribeira, no Porto - Recordámos aquele trágico afogamento; ofereceu-me um cartãozinho autografado. 

Foi no Rio Ave que dei as primeiras remadas. E quem sabe senão os primeiros ensaios para as minhas aventuras, que mais tarde levei a cabo nos mares do Golfo da Guiné, com as pirogas santomenses. Por aqueles tempos, iam ali muitos pescadores domingueiros, pescavam-se por lá uns peixitos jeitosos; carpas, barbos e enguias. Ao que parece, esse hábito tem sido incentivado em saudáveis  concursos de  Pesca Desportiva - CM Santo Tirso

A CIDADE DO PORTO DISTINGUI-O COM UM BUSTO  
Como testemunho da sua  coragem e humanidade, foi--lhe dedicado um busto em frente à ponte D. Luís onde Lhe foi colocada uma lápide, com estas singelas palavras: Ao Duque da Ribeira, Símbolo e Sentido, Testemunha e Protagonista da Ribeira. A homenagem da cidade

Tinha 94 anos quando morreu e as suas cinzas foram espalhadas pelo rio Douro: “a .sua coragem fez com que recebesse medalhas, honrarias e condecorações. Foi elevado ao estatuto de figura pública. Conviveu com várias personalidades portuguesas e estrangeiras e no seu livro de autógrafos constavam as assinaturas de Isabel II, rainha de Inglaterra, Ramalho Eanes, Mário Soares e Samora Machel (presidente de Moçambique). https://webook.pt/blog/2017/03/08/quem-era-o-duque-da-ribeira/

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