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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Rute Norte – A ciclista portuguesa – Pedalando agora pela surpreendente Nova Iorque – Depois de ter percorrido as ilhas de S. Tomé e Príncipe, por trilhos e caminhos - E de outros extensos percursos pela China, Índia e outros países do Oriente, eis que se vira agora para o ocidente dos EUA – Belo exemplo feminino de desportivismo e de coragem

Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Rute Norte, a quem, desde já desejamos, boa sorte e votos de maravilhosas viagens, é  talvez um caso único de uma mulher que decide aventurar-se aos mais diversos e  exóticos percursos, fora do seu país. Mesmo que, ao fim do dia, o rescaldo do seu esforço seja extenuante ou até lhe deixe algumas bolhas nos pés, nem por isso perde o sorriso, o à vontade  o seu otimismo: é que ela não pedala por pedalar mas para conhecer gentes e costumes, convivendo e partilhando momentos de saudável convívio.
E foi justamente esse convívio que pôde  partilhar, nas Luxuriantes Ilhas Verdes do equador durante quase um mês, percorrendo ao todo 550 km de bicicleta nas duas ilhas: 205 na ilha do Príncipe e 345 na ilha de São Tomé. Nesta viagem não ando
COM SAUDADE DE S. TOMÉ  PRÍNCIPE – E DOS SABOROSOS PRATOS TÍPICOS 
Ei-lo, o famoso calulu! Cheira bem! E também sabe muito bem, posso garantir-vos. Desapareceu tudo. Não sobrou nada. A Nelta perguntou-me se eu queria mais, e eu disse que não, mas hoje arrependo-me. Devia ter comido uma barrigada de calulu! Devia ter repetido várias vezes!
A Nelta explica-me entretanto: o calulu é feito com folhas e peixe. “Folhas” – é a palavra usada para legumes e plantas. Maquiqué, quiabo, beringela, folha da mina, libô de água, libô de quintal, otage e outras. No tempo da gravana é difícil arranjar todas as folhas, diz-me a Nelta. Leva muitas mais. E eu não faço ideia se os nomes das folhas estão bem escritos.

Depois: banana-prata (a bola de massa). Ou seja, não é banana-pão, aquela usada em São Tomé e Príncipe para cozer e fritar, esta é a banana normal, a fruta que se come. E aquela pasta calha ali que nem uma luva.
Depois: farinha de mandioca, na taça à esquerda, para misturar com o calulu. E eu misturei e cumpri as regras todas. Os peixes: maxipombo, andala, atum, voador, e outros tantos. Tudo por 50 dobras. Ainda hoje sonho com este calulu.https://rutenorte.com/sao-tome-e-principe/550-km-de-bicicleta-sozinha-29-dias-098/
POR MEGA CAPITAL AMERICANA
Agora a surpreender-nos, com as suas belas imagens e aliciantes crónicas, sobre outras distantes paragens, começando por dizer sentir-se como  "um dos Sete Anões", face a tão gigantescas panorâmicas

- Aqui compartilho com o leitor algumas fotos e excertos das suas palavras
É o que me ocorre dizer ao pensar nesta cidade gigante – Nova Iorque. Tudo é grande: os edifícios são grandes, as ruas são grandes, as avenidas ainda maiores, o metro é enorme. Somos anões numa cidade gigante.














Aterrar em Nova Iorque, entrar no comboio e sair na Penn Station, uma das estações principais em pleno centro de Nova Iorque, subir as escadas do metro e olhar para cima, ainda com as bagagens na mão. Pouco céu se vê, no meio de tantos edifícios. Estamos noutro mundo. Ainda há pouco saímos da pequenina e pitoresca Lisboa, e estamos agora noutro mundo. Em pleno bulício das seis da tarde. Carros apitam, passam pessoas apressadas, três mil táxis tornam as estradas amarelas, e nós tão pequeninos no meio disto.- Excerto https://rutenorte.com/new-york/10-days-chronicle-01//
VIAGEM AÉREA EXCELENTE - SEM OS SUSTOS QUE DE VOLTA E MEIA OSTENTAM AS MANCHETES DOS JORNAIS 
 Correu muito bem, vá lá. Nem voos atrasados, nem perca de bagagens. Estava previsto chegarmos às cinco da tarde ao aeroporto JFK, e assim foi. Fomos na British Airways até Londres (três horas), e daqui até Nova Iorque na Virgin Atlantic (sete horas e meia). Com o tempo de ligação – três horas, mais os tempos de espera no aeroporto, foram ao todo catorze horas. Nada mau. Depois da viagem até à Austrália, na outra ponta do mundo, tudo parece fácil.
[Nota: apenas começaram a haver voos diretos entre Lisboa e Nova Iorque a partir de 2016. Esta viagem decorre em 2012].
Chegados ao JFK a verdade é que não fazíamos ideia de como ir até ao centro da cidade. Achei tão vulgar, a verdade seja dita, ir do aeroporto JFK para o centro de Nova Iorque, que nem me macei a investigar previamente. Com certeza que alguém há-de dizer-nos. É bom ir assim, sem preocupações, esta viagem é fácil. Sabia que havia metro e comboios, isso sabia. Quais e onde, é que não fazia ideia. O meu namorado muito menos – desde cedo me elegeu a guia oficial e depositou essas canseiras nas minhas mãos
Olhei à volta e considerei que exagerei na despreocupação, confesso. Bom, agora há que perguntar a alguém.
E de facto foi rápido e simples. À saída do aeroporto estava uma mulher fardada, forte e de cor negra, em pé no meio do passeio, com uma placa ao peito a dizer “Customer Services”. Então diga-nos lá para onde vamos, se faz favor. (Gosto mesmo disto, de não saber para onde vou). Depois de lhe dizermos que queríamos ficar na Penn Station, ela pensou um pouco (ainda teve de pensar?) e enquanto nos dava as instruções deu um grito. Viu o meu relógio. Já estou habituada, este relógio acompanha-me para todo o mundo e faz sucesso em todos os continentes – o norte-americano inclusive, está visto. Abri o relógio, fechei o relógio, ela deliciada e disse “Somos mesmo raparigas!…” – enquanto o meu namorado pacientemente nos observava, divertido. (Estas agora ficam aqui a falar do relógio e não se despacham…)
Ela disse então que era hora de ponta e que não era aconselhável irmos de metro com as bagagens. Disse-nos para apanhar o “Air Train” até à Jamaica Station, e daqui apanhar o “LIRR”. (Apanhar o quê?, perguntei-lhe, e ela repetiu… É mesmo giro estar numa cidade grande e não saber patavina. O LIRR é um comboio).
Informou-nos ainda dos preços de tudo, sem sequer perguntarmos, e lá fomos. Temos aqui um bom Customer Service.
O “Air Train” é uma espécie de metro aéreo não pilotado que viaja entre os vários terminais do aeroporto até à estação de metro e de comboios chamada “Jamaica Station”. O bilhete custa cinco dólares e apenas se paga à saída. Bem que procurámos onde tirar o bilhete, antes de entrar, mas não havia máquinas nem ninguém para informar-nos. Bom, entremos, quero ir-me embora, de certeza que eles vão arranjar maneira de cobrar-nos. E assim foi.
E depois o LIRR, no qual tirámos o bilhete na máquina automática – uma senhora apressada atrás de nós ajudou-nos. Nós a clicar nos botões todos, sabemos lá onde está a Penn Station nesta máquina.
E foi rapidíssimo. Em vinte ou trinta minutos estávamos no hotel.
Tudo correu bem nesta viagem, maravilhoso.
https://rutenorte.com/new-york/10-days-chronicle-02/
Não se iludam com os hotéis no centro, não pensem que são mais caros do que os dos arredores. Não corresponde totalmente à verdade. Sim, um hotel no centro é mais caro, porém já existem muitas ofertas com preços idênticos aos outros.
Relativamente ao nosso hotel – o New Yorker Hotel – na Oitava Avenida a uns cinquenta metros da Penn Station, e a quinhentos metros da Times Square, deixou-nos completamente satisfeitos. Foi uma excelente escolha e conseguimos melhores preços dado que comprámos a nossa estadia ainda em Janeiro (fomos em Julho). Este hotel tem uma presença histórica na cidade, existe desde 1930, tendo sofrido uma série de obras de remodelação. Neste hotel, pode ler-se no seu website, ficaram personalidades desde Muhammad Ali, Nikola Tesla, o Presidente John F. Kennedy, até Jennifer Hudson, entre outras.
Dado que nas minhas viagens procuro sempre hotéis históricos – desde a nossa cidade do Porto até à Índia – o New Yorker Hotel foi sem dúvida uma boa escolha. O pessoal era simpático e tivemos um frigorífico no quarto, para deixar as bebidas bem frescas para o dia seguinte. Fomos em regime de apenas alojamento, ou seja, o pequeno-almoço não estava incluído. Questionei-os por email sobre o pequeno-almoço, e a resposta foi que era doze dólares por dia, por pessoa, e que durante a semana era Continental (croissants, flocos de aveia, iogurtes, sumos, café, cereais, queques) e ao fim de semana era Americano, o qual já inclui ovos, carne, waffles e panquecas. Optámos por não ter pequeno-almoço, assim. Levámos cereais, comprámos leite e ficámos despachados.
Entramos diretamente na tarde do segundo dia.
O primeiro foi a viagem e a chegada ao hotel às seis da tarde – ainda houve oportunidade para dar uma volta pela Times Square, levantar uns bilhetes reservados, e jantar fora: o primeiro hambúrguer com batatas fritas

.No segundo dia estávamos ainda decididos a não andar carregados com a máquina nem a tirar fotos a uma cidade cujas imagens se vêem constantemente na internet, televisão ou cinema, e com muito melhor qualidade do que as nossas. E eu muito menos a escrever crónicas. Pelo que a máquina ficou no hotel. O que fizemos? Começámos pelo tradicional Hop on Hop off, o autocarro de dois andares com o último piso descoberto, para ter uma primeira visão da cidade. Calhou a ser feriado – estamos a 4 de Julho, o famoso Dia da Independência. Foi pura sorte, e assim o autocarro percorreu muito mais facilmente as ruas, por vezes quase desertas às nove ou dez da manhã. Dado que foi a nossa primeira manhã em Nova Iorque, e tratando-se de uma quarta-feira, estranhámos haver tão pouco movimento, sobretudo após a noite anterior, com um bulício louco na Times Square às onze da noite. Não nos lembrávamos que era feriado. Esta gente só sai à noite? Não vai trabalhar de manhã? Estão presos no trânsito fora de Nova Iorque para entrar na cidade?…
Que ingenuidade a nossa. Bom, mas a frase “The city that never sleeps” não corresponde totalmente à verdade. No feriado de manhã estão todos a dormir.
Neste passeio tivemos o primeiro contacto com a parte “downtown” de Nova Iorque: o SoHo, a Little Italy,  Chinatown, East Village, Chelsea, etc, etc. Havemos de cá voltar. Para perceber rapidamente o que é “downtown” e “uptown”, basta olhar para o mapa da crónica anterior. A parte sul, onde se vê a Estátua da Liberdade, é a “downtown”. Aí ficava originalmente a cidade de Nova Iorque, e aí se situa hoje o seu centro financeiro. À medida em que a cidade foi crescendo – para norte, claro – essas novas áreas foram sendo identificadas como “uptown”. Hoje tornou-se num termo relativo: qualquer coisa ao sul pode ser entendida como a “parte baixa.” Inversamente, qualquer coisa ao norte é a “parte alta.”
Mas voltando ao nosso passeio.
Terminado o Hop on Hop off, perto do meio dia, subimos nos rapidíssimos elevadores até ao 21º andar do New Yorker Hotel. Agarrei finalmente na máquina.
Ok, vamos tirar fotos.

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