Entrevista a Adolfo Simões Müller (1909-1989, três anos antes
da sua morte, a propósito da adaptação da novela histórica “A Torre de Ramires, de Eça de
Queiroz - Falar deste escritor, jornalista e poeta português, nascido em
Lisboa, é associá-lo ao nome de uma das mais notáveis figuras da literatura infantil, com cerca de meia
centena de obras publicadas, além de várias adaptações para a juventude, tais como
Os Lusíadas (1980) A Peregrinação (1980)A Morgadinha dos
Canaviais (1982) e As Pupilas do
Senhor Reitor (1984) Para o público juvenil escreveu, entre outros, os
livros constantes da coleção Gente Grande para Gente Pequena, onde em
cada livro romanceou a vida de personalidades nacionais e da humanidade . Foi ainda
ele o autor do primeiro folhetim de rádio, As Pupilas do Senhor Reitor”, na
altura em que era diretor do gabinete de estudos de programas da EN
VÍDEO -MEMÓRIA
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Sem dúvida, um
grande erudito, que dedicou toda a sua vida à escrita, um excelente
comunicador, que infundia uma natural simpatia. Recebeu-nos, em sua casa, no
seu gabinete de trabalho, poucas horas antes do lançamento da novela histórica
“A Torre de Ramires, que adaptou de Eça de Queiroz – Eis como nos explicou essa adaptação:
A novela é apresentada como sendo da autoria de Gonçalo Mendes Ramires, como autor independente, que apresenta as suas obras publicadas, que tem a sua biografia, que tem a sua critica de imprensa, tudo isso constitui um autor – Em que o Eça é um comentador, um apresentador do Gonçalo; é como se ele criasse um heterónimo. Quer dizer: o Gonçalo Ramires, funciona, em relação ao Dr. José Maria de Eça de Queirós, como heterónimo do Fernando Pessoa. Como, na obra do Eça de Queiroz, o Teodoro, do Mandarim, ou o Raposão, do Primo Basílio, são também figuras em que o Eça de Queiroz, se desdobra
Referiu-nos,
ainda, que o livro está recheado de pequenas notas, em que, cada uma delas,
o obrigou a uma aturada investigação –
Disse-nos, também, que “Eça de Queiroz foi buscar na boca de Ramirez,
palavras obsoletas, da época, do século XIII, simplesmente, eu procurei
encontrar o correspondente moderno, atual, daquelas palavras e verifiquei que
algumas palavras que o Eça põe na boca do Gonçalo Ramires, como sendo do século
XII, só apareceram mais tarde. Quer dizer, o Eça fez do Gonçalo, em vez de
empregara anacronismos, empregar neologismos.
O QUE DIZ
ALICE VIEIRA – DE ADOLFO SIMÕES MÚLLER
“A Vida
do Infante D. Henrique e o descobrimento do mundo
“Com os livros de Adolfo Simões Müller, eu
aprendi que a nossa vida era aquilo que nós quiséssemos fazer dela.[…] Com O Príncipe do Mar (que têm agora
nas vossa mãos), eu aprendi a ter orgulho do povo a que pertenço – que se meteu
à aventura sobre águas desconhecidas, rumo a terras desconhecidas, ouvindo as
vozes de então garantir que a linha do horizonte era o fim do mundo, e que para
lá do fim do mundo havia só dragões. Mas o infante D. Henrique sabia que nada
disso era”
BIOGRAFIA
Adolfo
Simões Müller (Lisboa, 18 de Agosto de 1909 - 17 de Abril de 1989) foi um
escritor e jornalista português. Frequentou
a Faculdade de Medicina mas abandonou o curso. Foi secretário de redacção do
jornal Novidades, fundador e director até 1941 do jornal infantil O Papagaio e
director do Diabrete, e do semanário juvenil o Foguetão [2] (1961) e da revista
de banda Estreou-se na literatura com o volume de poemas Asas de Ícaro (1926).
No entanto, foi a literatura infantil que o celebrizou, tendo escrito obras
como Caixinha de Brinquedos (1937, Prémio Nacional de Literatura Infantil) e O
Feiticeiro da Cabana Azul (1942
Para
o público juvenil escreveu, entre outros, os livros constantes da colecção
Gente Grande para Gente Pequena, onde em cada livro romanceou a vida de
personalidades como Madame Curie (A Pedra Mágica e a Princesinha Doente),
Robert Scott (O Capitão da Morte), Camões (As Aventuras do Trinca-Fortes),
Thomas Edison (O Homem das Mil Invenções), Gago Coutinho (O Grande Almirante
das Estrelas do Sul), Wagner (O Piloto do Navio Fantasma), Gutenberg (O
Exército Imortal), Florence Nightingale (A Lâmpada que Não se Apaga), Infante
Dom Henrique (O Príncipe do Mar), Cervantes (O Fidalgo Engenhoso), Serpa Pinto
(Através do Continente Misterioso), Marco Polo (O Mercador da Aventura), Fernão
de Magalhães (A Primeira Volta ao Mundo - Prêmio Nacional de Literatura em
1971),[1] Baden-Powell (A Pista do Tesouro) ou Hans Christian Andersen (O
Contador de Histórias).
Entre
outras obras, adaptou para a juventude Os Lusíadas (1980), A Peregrinação
(1980), A Morgadinha dos Canaviais (1982) e As Pupilas do Senhor Reitor
(1984). Em 1982, recebeu o Grande Prémio
da Literatura Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua
obra,[4] onde também se incluem livros como Meu Portugal, Meu Gigante (1931),
Jesus Pequenino (1934), A Última Varinha de Condão (1941), Historiazinha de
Portugal (1944), A Última História de Xerazade (1944), Dona Maria de Trazer por
Casa (1947), O Livro das Fábulas (1950) e A Viagem Maravilhosa de Comboio
(1956), num total com mais de 70 obras.
Outras
das suas obras são Tejo Rio Universal, Sola Sapato Rei Rainha, Douro: Rio das
Mil Aventuras, Histórias do Arco da Velha, Moço Bengala e Cão ou a adaptação
juvenil das Mil e Uma Noites. – Excerto de Adolfo Simões Müller – Wikipédia,
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