Jorge Trabulo Marques - Com José Cassandra - Presidente do Governo Regional do Principe |
Príncipe criou legislação para proteger as Abelhas – Diz o Téla Nón - Recordando que “Desde o ano 2018 que as Nações Unidas proclamaram o dia 20 de Maio como sendo o dia mundial da Abelha. Uma forma de despertar a consciência do mundo para a ameaça que paira sobre um dos maiores polinizadores do mundo.
(…) A
ilha do Príncipe, que é património mundial da biosfera, optou pela protecção do
seu ecossistema como factor para a conquista do desenvolvimento sustentável.
Esta semana, a Assembleia Regional do Príncipe deu mais um passo na
consolidação do equilíbrio ecológico da ilha.
Os
deputados da região autónoma, aprovaram o decreto legislativo de protecção das
abelhas na ilha do Príncipe. «É uma lei que vem não só para
punir os infractores, mas também vem dar-nos uma forma digna de produção do mel
e todos os derivados de abelha», afirmou o deputado regional
Francisco Gula.
São
Tomé, onde os apicultores, continuam a usar fogo, para incendiar os enxames, e
assim poder extrair o mel. Milhares de abelhas ficam carbonizados, em cada
acção incendiária de extracção de mel na ilha de São Tomé.- Excertos de Abel
Veiga https://www.telanon.info/politica/2020/08/04/32290/principe-criou-legislacao-para-proteger-as-abelhas/
Sim, fui um dos pioneiros na recolha de exames selvagens para a sua domesticação, num pequeno colmeal, em trabalhos técnicos de investigação, em S. Tomé. Os primeiros meses, foram terríveis!... Depois passei a ficar imune às suas ferroadas e a até apanhar os enxames às mãos cheias. Mas também só o podia fazer, após montes de picadas cegas e a molho sobre a máscara e o fato e lhes aplicar várias fumigações: sobretudo após 1/3 ter-se atirado num autêntico suicídio, sobre mim e meu auxiliar, dado pagarem cara a vida por cada ferroada, até que, por fim - talvez por um instinto de sobrevivência do enxame – lá se acalmarem e ficarem absolutamente inofensivas.
A rainha rodeada das suas damas- Web |
Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Recordo-lhe aqui a minha experiência na apicultura em S. Tomé -
No serviço militar - Encarregado da Agro-Pecuária |
Uma tropa mais agrícola que militar |
Apesar dos riscos inerentes (e não eram tão poucos como isso), considero ter sido a atividade de apicultor, um dos trabalhos mais interessantes, que mais gostei de exercer, quando trabalhei na Brigada de Fomento Agropecuário, em S. Tomé - Além de que tive como empregado de mato na Roça Uba-Budo, Ribeira Peixe e Rio do Ouro - Ali na condição de mais um escravo a juntar a muitos outros - Pois quem lucrava eram os chamados “inspetores da Gravana ou do cachimbo", os proprietários, das grandes plantações, que, vivendo refastelados em Lisboa, ali iam banquetear-se no período mais fresco do ano
Fernão Dias - Na antiga Roça Rio do Oiro |
É, desde há muito reconhecido o papel importantíssimo das abelhas e de outros insectos na polinização de diversas espécies agrícolas, com o aumento substancial das suas colheitas – Esta foi uma das razões que levou a que, a Brigada de Fomento Agro-Pecuário, sob a orientação da Junta de Investigação do Ultramar, em meados dos anos sessenta, introduzisse no campo experimental das suas várias investigações, junto à Roça Santa Margarida, próximo da então Vila da Trindade, atual capital do distrito de Mé-Zóchi, um pequeno colmeal com algumas colónias capturadas de exames selvagens, por forma a que ali se procedesse ao estudo do seu comportamento e à reprodução intensiva, com vista ao desenvolvimento da apicultura em STP: quer para o aproveitamento do mel – produzem pouco, mas o mel é de boa qualidade: pois têm flora todo o ano e não precisam de o armazenar, mas sobretudo para melhorar a polinização dos cafezeiros e nos coqueiros
PR - Evaristo Carvalho - Meu antigo colega |
Recordo-me bem, que, quando apanhávamos um enxame, nas imediações do terreiro de uma roça ou onde houvesse habitações e a criação de animais, depressa se espalhavam pelos ares, zumbindo e atacando as cabeças das pessoas ou dos animais domésticos: - Tínhamos sempre mais alguém para ficar nos caminhos avisar que não passassem naqueles momentos. Mas havia sempre quem não fizesse caso das nossas recomendações e acabasse depois por fugir a pular e a sacudir as orelhas e a cabeça com as mãos. Nem por isso se livrando das suas picadas, pois a abelha africana, quando ataca, persegue, por várias centenas de metros, tudo quanto for vivo até cair morta com o ferrão.
MEU PAI IA MORRENDO COM PICADAS DE ABELHAS
Enquanto não me adaptei, não havia máscara e fato de apicultor que me valesse: ao ponto de ter ficado, algumas vezes, imobilizado em casa: ou com os olhos inchados e não podendo ver ou com os pés demasiados inchados e não podendo caminhar – Deus meu! No rol das minhas aventuras, desde a escalada de um pico aprumo ou solitário em pirogas nos mares do Golfo da Guiné, até, por essa experiência, haveria de passar! Quase por a mesma que ia levando à morte o meu pai, por ser alérgico às suas picadas: era eu criança, quando, na propriedade do nosso “Lavor do Ferro”, onde ela andava a lavrar, vendo um enxame junto às raízes de uma oliveira, resolveu ascender umas giestas para as afugentar e tirarmos de lá o mel, como suplemento à nossa magra merenda
Viu-se aflito! E, às tantas, de tanto vomitar, abraçava-se a mim, dizendo-me que ia morrer – “Meu filho! Vou morrer!. Vai para casa! Deixa-me aqui ficar!” Enquanto eu o confortava a chorar!.. Estávamos só os dois e longe da aldeia. Vá lá, que, horas depois, lá se recompôs, melhorou e pudemos regressar a casa no mancho, que era a besta com que ele andava a lavrar a vinha daquela encosta voltada para o Rio Côa – Episódio que jamais esquecerei, tal como outro, que ali me ocorreu, ainda de mais tenra idade: ao levar o macho a beber no ribeiro, enquanto ele bebia, dei-lhe um beliscão nas ancas, tendo-me dado um coice que me ia matando.
Porém, uns meses depois, desse meu trabalho em S. Tomé, quando passei a compreender melhor o seu comportamento, os sons da sua linguagem, as suas danças, até a encarar o meu trabalho com prazer e alguma diversão, ao ponto de as fazer pousar sobre o meu queixo com a rainha mestra engaiolada, tal como documenta a imagem, publicada no extinto Diário Popular.
“Abelhas podem aumentar safra de café em 50%
“As safras de café da América Latina aumentaram nos últimos anos por causa das abelhas africanas, diz um cientista americano – Refere a BBC
Segundo David Roubik, ao polinizar um cafezeiro, os insetos podem fazer a planta produzir até 50% mais frutos.
Introduzida em 1985, a abelha africana teria se adaptado ao continente, tornando-se a maior aliada dos produtores de café latino-americanos.
No entanto, em regiões onde habitats naturais foram destruídos ou substituídos por campos agrícolas, o número de abelhas e outros insetos polinizadores estaria diminuindo. É o que se observa, segundo o cientista, em partes da África e da Indonésia, onde as safras de café vêm caindo nas últimas décadas. https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/020613_abelhacg.shtml
Segundo David Roubik, ao polinizar um cafezeiro, os insetos podem fazer a planta produzir até 50% mais frutos.
Introduzida em 1985, a abelha africana teria se adaptado ao continente, tornando-se a maior aliada dos produtores de café latino-americanos.
No entanto, em regiões onde habitats naturais foram destruídos ou substituídos por campos agrícolas, o número de abelhas e outros insetos polinizadores estaria diminuindo. É o que se observa, segundo o cientista, em partes da África e da Indonésia, onde as safras de café vêm caindo nas últimas décadas. https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/020613_abelhacg.shtml
“A Apicultura em São Tomé e Príncipe. Situação Atual e Perspetivas Futuras” – Titulo de um estudo académico português .
Diz que “As riquezas naturais de São Tomé e Príncipe, tais como a flora diversificada, o clima e a abundância de água, associadas à eficiência das abelhas locais, permite pensar na apicultura como uma aposta promissora para o país, uma vez que, associada à preservação do ecossistema, constitui uma excelente oportunidade de negócio e fonte de rendimento para as comunidades locais. A apicultura, baseada na gestão sustentável de abelhas Apis mellifera, para além de permitir extrair o mel, a própolis, o pólen, a geleia real, a cera, entre outros produtos da colmeia, é uma atividade do agronegócio que requer um baixo investimento inicial, potenciando a geração de emprego e rendimento, o que permite a manutenção das famílias no seu meio e ainda pode despertar a consciência ambiental, convertendo os apicultores em defensores da natureza. Defende também uma dissertação académica de Jeudíger Lima do Nascimento, apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para a obtenção do Grau de Mestre em Qualidade e Segurança Alimentar” – Mais pormenores em https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/18932/1/tesefinal.pdf
COMO EXPLICAR O COMPORTAMENTO DE ABELHAS TÃO MINÚSCULAS MAS E TÃO TREMENDAMENTE DEFENSIVAS! – Que na América Latina, depois de um cruzamento com as abelhas nativas, até já foram apelidadas de “abelhas assassinas”
S. Tomé - 40 anos depois |
Reconhecem estudiosos que. “Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das europeias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar”, afirma o biólogo Osmar Malaspina, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Muitos produtos hortícolas também beneficial com as abelhas |
Acredita-se que o modo agressivo como os nativos africanos retiravam o mel, ateando fogo nas colónias, teria provocado a formação de um espírito tão guerreiro na espécie. Assim, as abelhas africanas ficaram tão preparadas para a autodefesa que percebem vibrações no ar a 30 metros de distância e já se sentem ameaçadas quando alguém chega a menos de 15 metros da colmeia. Quando atacam, podem perseguir sua vítima por mais de 1 quilometro”.
De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à toa: desde a década de 50, mais de 1 000 pessoas já morreram por causa de suas picadas só no continente americano. No Brasil, elas chegaram em 1956, trazidas pelo agrónomo paulista Warwick Estevan Kerr, que queria melhorar a produção de mel – mais resistente a doença https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-as-abelhas-africanas-sao-tao-perigosas/
De tão perigosas, passaram a ser conhecidas em todo o mundo como abelhas assassinas. O apelido não pegou à
É POSSÍVEL SELECIONAR ESPÉCIES AFRICANAS MENOS DEFENSIVAS - Ó QUE TESTEMUNHA UM ESTUDO NO UGANDA COM ABELHA AFRICANA - “Apis mellifera adansonii é a abelha mais defensiva do Uganda” -
Existem várias espécies de abelhas, e mesmo em cada espécie, os comportamentos, não são os mesmo: podem selecionar-se abelhas mestras capazes de propiciarem enxames mais calmos. Em África, existem várias raças, subespécies de abelhas (Apis mellifera L.) [1]., pelo que, o apicultor possa obter melhores rendimentos, precisa de colónias de abelhas com bom temperamento em termos defensivo.
É o que aponta um estudo levado a cabo no Uganda, referindo que “Cinco colónias de abelhas foram avaliadas por apiário. Em cada apiário, as colônias foram selecionadas de forma que a próxima colónia a ser observada não fosse influenciada pela colônia (as colónias de teste foram separadas por 2 ou 3 outras colónias). A distância entre as colónias de teste não foi medida por dois motivos: (i) reduzir o tempo gasto no apiário e (ii) limitar a perturbação antes da amostragem. Durante as observações da colónia, o comportamento defensivo das colônias foi recuperado https://www.hindawi.com/journals/psyche/2018/4079587/
A MAIOR AMEAÇA AO HOMEM NÃO É A DEFENSIVA GUERREIRA DAS ABELHAS SOBRE QUEM AS PERTURBAR MAS A DOS QUÍMICOS
A Quercus saudou hoje a proposta da Comissão Europeia para restringir a utilização de alguns inseticidas prejudiciais para as abelhas e apelou para o apoio do Governo português a esta posição, protegendo o ambiente, a apicultura e a saúde. https://beira.pt/portal/noticias/ambiente-noticias/quercus-sauda-proposta-restringir-uso-inseticidas-abelhas/
“A agricultura intensiva torna as paisagens homogéneas e pode levar ao desaparecimento da flora, reduzir o número de alimentos ou os locais onde os pássaros podem fazer os seus ninhos. Os pesticidas e outros poluentes podem também afetar os polinizadores - diretamente (inseticidas e fungicidas) e indiretamente (herbicidas) - e, por esta razão, o Parlamento Europeu sublinhou a importância da sua redução como uma prioridade. As espécies invasoras, como a vespa asiática, e algumas doenças são particularmente perigosas para as abelhas. As alterações climáticas, que estão a provocar o aumento das temperaturas e eventos meteorológicos extremos, também contribuem para esta problemática. https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/society/20191129STO67758/porque-estao-a-desaparecer-as-abelhas-e-os-polinizadores-infografia
Estudos confirmam que o papel das abelhas melíferas é maior, atuando em diversas culturas: maçãs (90%), amêndoas (100%), mirtilo (100%), pêssego (48%), algodão (16%), frutas cítricas (27%), canola (17% a 30%), tomate (12%), melão (15%), pera e kiwis, além de outros frutos e
essa pesquisa foi evidenciado que a abelha irapuá é o polinizador efetivo de 10 espécies agrícolas: acerola, cenoura, chuchu, girassol, laranja, manga, morango, abóbora, pimentão e romã. Ademais, foi considerada como um polinizador potencial de 16 outros cultivos: melão, urucum, canola, melancia, tangerina, coqueiro, pinhão-manso, macadamia, abacate, pessegueiro, goiaba, beringela, cajazeira, e umbu. Dessas 26 culturas citadas, onze delas apresentam dependência essencial ou grande por polinizadores.
Essa dependência também foi estimada e apresentada em um artigo publicado nesse ano pelo Journal of Economic Entomology. Culturas que apresentam uma dependência essencial ou grande por polinizadores têm a produção muito reduzida na ausência desses animais. No caso, as culturas citadas que apresentam dependência essencial são abóbora, acerola, cajazeira, macadamia, melancia e urucum. Já as que apresentam grande dependência são abacate, girassol, goiaba, pessegueiro e pinhão-manso. Assim, a irapuá representa um importante polinizador para a agricultura, especialmente considerando sua ampla distribuição geográfica. https://abelha.org.br/o-papel-das-abelhas-irapuas-como-polinizadores-na-agricultura-e-em-habitats-degradados/
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