JORGE TRABULO MARQUES - JORNALITA - Desde há 50 anos
Tal como tive
oportunidade de referir, acerca da entrevista, que mais famosa diva do fado, me concedeu em sua casa, http://www.odisseiasnosmares.com/2020/07/amalia-rodrigues-nasceu-ha-100.html sim, uma das
personalidades mais importantes da história da música do século XX, as
celebrações do centenário do nascimento dr
Amália Rodrigues, começaram
no dia 01 de julho e vão estender até ao próximo ano, com um vasto programa de iniciativas
Hoje vou recordar-lhe
o excerto de uma entrevista, conduzida por Rogério de Matos, publicada na
revista Semana Ilustrada, de luanda, da qual era seu correspondente em S. Tomé,
acerca de uns mal entendidos, que haviam sido propalados por alguns órgãos de informação angolanos, acusando Amália
de chegar atrasada aos espetáculos e por desrespeito ao público, o que não
passaram de atoardas pela imprensa sensacionalista, que também ali existia naquela
época, pese o filtro da censura .
PARECE QUE HÁ UM CERTO mal
entendido entre o público de Angola, quanto ao procedimento de Amália, artista,
em relação a esse mesmo público, Por
isso procurámos o esclarecimento, já que há quem pense que Amália Rodrigues tem
tido, em certos casos, pouca consideração para com· os espectadores. O que se segue é
uma troca impressl5es com a conhecida artista.
A - Penso que não tenho
necessidade nenhuma de esclarecer o público. Só posso prestar um esclarecimento ao público que
ainda não me viu· e ouviu em 'Angola porque aquele público que tem assistido
aos meus espectáculos em Angola, não precisa com certeza 'do meu esclarecimento.
Não sei que "lingrinhas" de mal entendido poderá ter havido entre mim
e o público de Angola. Deve; sim, ter havido um senhor que não me compreendeu.
Concordo perfeitamente que haja gente que não me entenda; compreendo que como .
pessoa que sou, e eu sou humana. que
haja gente, que não goste de mim . Penso também que essas pessoas que não gostam
de mim não vão com certeza ver-me. Nunca na minha vida, em Angola ou noutro
sitio qualquer de Portugal ou do mundo, notei que o público se mantivesse frio
comigo; nem sequer é verdade aquela história dos espectáculos e prejudicados por
deficiências de não sei de quê Até nem dei
conta do atraso do último espéctáculo .realizado em Luanda e. se realmente se efectuou com tanto atraso como afirmou certo
sector de informação. – não sei qual, porque não ouvi nem li nada a esse
respeito, mas contaram-me – peço desde já desculpa às pessoas que estavam presentes
Um atraso que eu tenha com um espectáculo nunca é por querer nem jamais
por má educação e desrespeito pelo público.
Por um atraso pode-se ser chamada de mal
criada; mas às vezes chega-se atrasada sem querer. Tanta coisa pode·
acontecer, tanta coisa, na vida das pessoas e acho que não há ninguém que não
tenha já chegado com atraso a um sitio qualquer. E nunca se chega com esse ar
de querer ser malcriada ou de ser
vedeta. Naturalmente as pessoas que levam isso para esse lado é porque são vedetas. Eu não sou. Sou apenas Amália
Rodrigues por força de circunstâncias porque cantava quando era miúda
à minha porta e as pessoas amigas dizerem-me
que cantava bem e levaram-me a um local
onde se cantava. Profissionalmente gostaram de mim, contrataram-me , têm-me
contratado até agora; mas nunca tive a
mania de ser vedeta.
Compreendo perfeitamente que haja pessoas que não gostam de mim .Agora o que eu não acredito é que a pessoa que vai a um espectéculo leva a ideia preconcebida de não gostar de mim. E nunca me aconteceu aqui em Angola ou noutro sitio qualquer que as pessoais, depois' de um espetáculo, demonstrem frieza comigo. Pois se nem no estrangeiro, que não me entendessem devido à estranheza da língua
Há por aí gente que não
gosta de mim? É natural. Eu também não tenho a pretensão de pensar
que toda a gente em Portugal em toda a parte goste de mim. Deve haver imensa
gente que não gosta de mim. Agora, não gostar de mim como artista é uma coisa;
dizer-se “Amália canta mal”, “não gosto daquele estilo - EXCERTO
Nenhum comentário :
Postar um comentário