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terça-feira, 11 de agosto de 2020

AMÁLIA RODRIGUES HOSTILIZADA EM ANGOLA - Em Junho de 1972 - Na imprensa sensacionalista da época. -– "Não sei que "lingrinhas" de mal entendido poderá ter havido entre mim e o público de Angola. “Vejam em mim, apenas uma pessoa simples e sincera” - “Há por aí gente que não gosta de mim? É natural. Eu também não tenho a pretensão de pensar que toda a gente em Portugal em toda a parte goste de mim” - Amália, era criticada por alguma comunicação social por via de uma atraso num espetáculo - A Revista Semana Ilustrada, de Luanda - de que era delegado em STP, veio defendê-la através de uma entrevista a Rogério de Matos

JORGE TRABULO MARQUES - JORNALITA  -  Desde há 50 anos 
Tal como tive oportunidade de referir, acerca da entrevista, que mais famosa diva do fado,  me concedeu em sua casa, http://www.odisseiasnosmares.com/2020/07/amalia-rodrigues-nasceu-ha-100.html sim,  uma das personalidades mais importantes da história da música do século XX, as  celebrações do centenário do nascimento dr Amália Rodrigues,   começaram no dia 01 de julho e vão estender até ao próximo ano, com um vasto programa de iniciativas 

Hoje vou recordar-lhe o excerto de uma entrevista, conduzida por Rogério de Matos, publicada na revista Semana Ilustrada, de luanda, da qual era seu correspondente  em S. Tomé,  acerca de uns mal entendidos, que haviam sido propalados por alguns órgãos de informação angolanos, acusando  Amália de chegar atrasada aos espetáculos e por desrespeito ao público, o que não passaram de atoardas pela imprensa sensacionalista, que também ali existia naquela época, pese o filtro da censura .

PARECE QUE HÁ UM CERTO mal entendido entre o público de Angola, quanto ao procedimento de Amália, artista, em relação a esse mesmo público,  Por isso procurámos o esclarecimento, já que há quem pense que Amália Rodrigues tem tido, em certos casos, pouca consideração  para com· os espectadores. O que se segue é uma troca impressl5es com a conhecida artista.


A - Penso que não tenho necessidade nenhuma de esclarecer o público. Só  posso prestar um esclarecimento ao público que ainda não me viu· e ouviu em 'Angola porque aquele público que tem assistido aos meus espectáculos em Angola, não precisa com certeza 'do meu esclarecimento. Não sei que "lingrinhas" de mal entendido poderá ter havido entre mim e o público de Angola. Deve; sim, ter havido um senhor que não me compreendeu. Concordo perfeitamente que haja gente que não me entenda; compreendo que como . pessoa que sou, e eu sou  humana. que haja gente, que não goste de mim . Penso também que essas pessoas que não gostam de mim não vão com certeza ver-me. Nunca na minha vida, em Angola ou noutro sitio qualquer de Portugal ou do mundo, notei que o público se mantivesse frio comigo; nem sequer é verdade aquela história  dos espectáculos e prejudicados por deficiências de não sei de quê  Até nem dei conta do atraso do último espéctáculo .realizado  em Luanda e. se realmente se  efectuou com tanto atraso como afirmou certo sector de informação. – não sei qual, porque não ouvi nem li nada a esse respeito, mas contaram-me – peço desde já desculpa  às pessoas que estavam presentes

Um atraso que eu tenha com  um espectáculo nunca é por querer nem jamais por má educação e desrespeito  pelo público. Por um atraso pode-se ser  chamada de mal criada; mas às  vezes chega-se  atrasada sem querer. Tanta coisa pode· acontecer, tanta coisa, na vida das pessoas e acho que não há ninguém que não tenha já chegado com atraso a um sitio qualquer. E nunca se chega com esse ar de querer ser malcriada  ou de ser vedeta. Naturalmente as pessoas que levam isso para esse lado é porque  são vedetas. Eu não sou. Sou apenas Amália Rodrigues por força de circunstâncias porque cantava quando   era miúda à  minha porta e as pessoas amigas dizerem-me que cantava bem e  levaram-me a um local onde se cantava. Profissionalmente gostaram de mim, contrataram-me , têm-me contratado  até agora; mas nunca tive a mania de ser vedeta.

Compreendo perfeitamente que haja pessoas que não  gostam de mim .Agora o que eu não acredito é que a pessoa que vai a um espectéculo leva a ideia preconcebida de não gostar de mim. E nunca me aconteceu aqui em Angola ou noutro sitio qualquer que as pessoais, depois' de um espetáculo, demonstrem frieza comigo. Pois se nem no estrangeiro,  que não me entendessem devido à estranheza da língua
Há por aí gente que não gosta de mim? É natural. Eu também não tenho a pretensão   de pensar que toda a gente em Portugal em toda a parte goste de mim. Deve haver imensa gente que não gosta de mim. Agora, não gostar de mim como artista é uma coisa; dizer-se “Amália canta mal”, “não gosto daquele estilo - EXCERTO






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