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Em 1963, quando desembarquei do paquete Uíge, num bote, apelidado de gasolina, que me levaria, com outros passageiros, ao cais da Baia Ana de Chaves, e dali partir num jipe para um estágio na Roça Uba-Budo, ainda pude vir a conhecer todo o tipo de transportes coloniais: em quase todas as roças, ainda existiam linhas ferroviárias ou carroças puxadas a vacas, machos e cavalos para transporte individual –
Roça Uba-Budo - 2014 |
Redes de estradas - Poucas mais vias de abriram depois, que, a antiga colónia, ascendeu à independência, em 12 de Julho de 1975 - É referido, que, em 2006, havia 320 km (200 mi) de estradas em São Tomé e Príncipe, 218 km (135 mi) de estradas pavimentadas e 102 km (63 mi) de estradas não pavimentadas" - Pois, mas com o piso em péssimo estado de conservação
O
país possui a rede de rodovias (comumente como rotas), que consiste em três
rodovias principais, a EN1 (São Tomé-Guadalupe-Neves), a EN2 (São Tomé-Santana-São
João dos Angolares-Porto Alegre) e a EN3 ( São Tomé-Monte Café). Possui também
estradas secundárias, algumas delas na área da ES1, ES2 e ES3. O Príncipe não
tem números de rota.
Refere um estudo, que, “em tempos que já lá vão (há 90
anos!), nas mais belas ilhas africanas, também o movimento de peões, viaturas e
de animais de tração, que circulassem nas vias de rodagem, fazia-se pela
esquerda.
O Governador interino de então, Sebastião José Barbosa, com
seis meses de atraso, determinou que, partir das zero horas do dia 1 de janeiro
de 1929, a circulação rodoviária alteraria e começava a movimentar-se pela
direita, tal como se verifica nos dias de hoje.
Para tal assinou, em 23 de novembro de 1928, o Diploma
Legislativo 73, com o primeiro Código de Estrada, composto de 8 capítulos e 44
artigos, que entrou (parte) em vigor a 2 de dezembro de 1928.
1 – Veículo estacionado na via pública à noite só
possível com, pelo menos, uma luz branca.
2 – Os veículos quando se aproximarem de bifurcação ou
cruzamento devem anunciar a presença com sinal sonoro. http://albertohelder.blogspot.com/2018/08/sao-tome-e-principe-e-as-suas.html
A vida em São Tomé decorre ao pacífico ritmo do
leve-leve ou do moli-moli mas não naqueles que conduzem por caminhos ou
estradas – Sempre foi assim, desde o tempo colonial e assim parece continuar a
ser. Claro que a condução desabrida e perigosa, acontece por todo o lado. Os
acidentes rodoviários são uma tragédia constante, desde a invenção do
automóvel. É o que se pode dizer a atração do irresistível fascínio da
vertigem, que faz subir a adrenalina e convida até à própria aventura.
Todavia, o fenómeno, em São Tomé, desde que surgiu a profissão de “motoqueiro”, como forma de ganhar uns trocados, como forma de subsistência, constituída maioritariamente por jovens, que são o grosso da população, muitos dos quais impreparados e sem carta de condução, ganhou forma de alarmante tragédia e perigosidade - E também de enorme preocupação para as autoridades, quer a nível da segurança nas estradas, quer para as entidades sanitárias
GINCANA AUTOMÓVEL DOS FINALISTAS DA ESCOLA TÉCNICA
- Escrevia estas linhas, em junho de 1972, na Revista Semana Ilustrada, de Luanda, de
que seu correspondente, Causou o maior interesse, pois, com certeza, e talvez
por ter sido organizada pela Escola Técnica Silva Cunha, que nisto de
iniciativas em que esteja em causa o seu
bom no.me nunce falta. boa vontade e dedicação para que tudo corra pelo melhor. E foi assim
que deste vez também aconteceu. Os alunos organizaram e levaram a cabo uma gincana
automóvel, que contou com apreciável número de concorrentes e despertou o mais vivo interesse por parte não só dos aficionados
do desporto automóvel, veteranos e iniciados, como, até, de numeroso público, que não quis perder a
oportunidade de se associar A sináptica lembrança dos finalistas da Técnica .e,
igualmente, poder distrair-se com as mirabolâncias de uns tantos “brincalhões”
Foi de facto uma manhã de domingo interessantíssima a que proporcionou a gincana automóvel . que teve lugar no próprio recinto da Escola Técnica Silva Cunha. E isto, não só pelo
colorido e variado tipo de “máquinas” em prova, da destreza, perícia e habilidades dos seus
participantes ,como ainda pela nota viva e alegre, que, a assistência, na sua
maior parte jovem, imprimiu ao ambiente.
Foi realmente agradável apreciar, por exemplo, os apuros em que se colocavam os
concorrentes e acompanhantes para vencerem determinada espécie de obstáculos,
tais como o de enfiar uma agulha, coisa que parece simples mas que não o é em circunstâncias como
esta em que há sempre uma pontinha de
nervosismo, assim como o de passar um
ovo sobre a concha de uma colher e transportá-lo de um lado ao outro do carro sem lhe tocar com
a mão, e até mesmo o de rebentar, com uma µressão de ar, um balão preso por um fio a um suporte de alguns metros
de altura e sensivelmente `à mesma distância do atirador, coisa que igualmente se afigura
fácil mas que não o foi para todos, pois que alguns nem à segunda tentativa o lograram rebentar.
Ficaram nos primeiros lugares da classificação geral, Manuel Sá. e Zé
Manuel, que conduziram, .respectivamente, carros . Austin 1000 e Ford Cortina
GT 1600, duas belíssimas máquinas que, nas mãos de bons volantes como de facto
eles se mostraram, deram· mesmo que falar. Houve ainda outros, no entanto, que
apesar de não se fixarem. nos primeiros postos da tabela (o que só não o
conseguiram por excessiva perda de tempo
no vencimento. de certos obstáculos por parte dos seus acompanhantes} tiveram
igualmente comportamento meritório, como
foi o caso, de Acácio Marinho, com um Volkswagen,
na qual se revelou uma autêntica pro' messa em competições desta natureza.
Assistiu à Gincana o sr. Governador da Província, coronel Cecílio Gonçalves, que não quis deixar de estar presente
a mais uma manifestação de carácter desportivo. Presentes, ainda, muitas individualidades,
oficiais e particulares., professores e família dos finalistas e seus colegas
daquele estabelecimento de ensino santomense.
"Uma problema de saúde pública"
Referem noticias que "O cirurgião e diretor dos cuidados da saúde, Pascoal d’Apresentação, já perdeu a conta aos casos de acidentes lhe chegaram as mãos. Este médico diz que, tendo em conta que os mortos ou mutilados são, na sua maioria, jovens, esta situação afeta também a produtividade do país: “Por essa razão consideramos este um problema de saúde pública” 04/09/2013. Aumento de acidentes de viação preocupa São Tomé e ..
O ACIDENTE – QUE HÁ, 42 ANOS, IMPRESSIONOU BRANCOS E NEGROS – E OS LEVOU A SOLIDARIZAREM-SE NO MESMO FUNERAL
Foi notícia, na revista Semana Ilustrada, cujo relato e imagens, hoje trago aqui, em mais um episódio das minhas antigas memórias de jornalista, naquelas Ilhas – Acidente esse, que, em minha opinião, além do grande impacto e consternação geral que provocou, transversalmente, desde brancos a negros, se revelou como um dos mais profundos testemunhos de convivência, entre colonos e os santomenses, nomeadamente, nos meios urbanos, que progressivamente passou a existir nos anos seguintes ao terrível e conturbado período do Governador Carlos Gorgulho.
Sim, é uma verdade inegável, que, no tempo colonial, a vida nas roças era dura e escrava para os negros e também para a quase generalidade dos brancos (eu conheci essa escravatura aos 18 anos) , salvo para os administradores e feitores-gerais e chefes de escritórios, porém, fora desses feudos, começavam a registar-se alguns passos significativos – Especialmente, a partir dos anos sessenta, a nível de diálogo e convivência, entre os portugueses e os negros das diversas etnias Principalmente, no comércio, pescas, indústria e funcionalismo público, se bem que ainda continuassem a subsistir profundas desigualdades sociais.
E, se houve alguns avanços, foi mais a nível das mentalidades – Não tanto pela evolução do sistema colonial, porque, este, há muito estava condenado pela história e, mesmo assim, teimava persistir sob diferentes roupagens, aprisionado por uma politica incapaz de ler os sinais dos novos tempos, de perspetivar o futuro, cega e tacanha, divorciada do nos ventos que sopravam, a favor da liberdade e da independência dos povos colonizados.
O ACIDENTE NA ESTRADA QUE FOI QUASE UM DIA DE LUTO GERAL EM S. TOMÉ
Eis o que então escrevi: "Fim-de-semana marcado a sangue e molhado com lágrimas. Eram cerca das vinte horas de sábado quando o jovem Emídio de Jesus da Conceição Correia, com apenas vinte anos de idade, estudante liceal, sétimo ano, natural de Estombar - Algarve, filho de Alvarina de Jesus Correia e David da Conceição Correia, tripulava uma viatura “Datsun” ma estrada que liga a Pousada Salazar à cidade de São Tomé. Naquele estabelecimento estivera em alegre convívio com pessoas amigas e alguns turistas estrangeiros, após o que se propusera regressar à urbe. Numa das poucas rectas a escassos quilómetros de São Tomé e em local devidamente iluminado , foi embater, sem esboçar sequer a travagem, com uma camioneta que estava estacionada à berma da rodoviária, tendo dois terços da carroçaria sobre o passeio,
Presume-se que o condutor do automóvel, o infeliz Emídio Correia, viesse distraído e a certa velocidade, poia que o embate fez ligar o motor da camioneta que marchou alguns metros. A viatura do Emódio ficou literalmente desfeita, e, do acidente brutal, resultou a morte deste jovem. O companheiro que com ele seguia ficou em estado grave.
Emídio Correia gozava de gerais simpatias na cidade e o seu passamento foi altamente sentido por parte dos seus colegas e é como é lógico pelos pais e parentes mais próximos.
O funeral que se realizou na tarde de segunda-feira, pelas quinze horas, constituiu enorme manifestação de pesar e congregou centenas de pessoas e inúmeras viaturas automóveis no cortejo fúnebre,
Mais uma acidente que na sua brutalidade ceifou uma vida em pleno desabrochar. Os ímpetos da juventude e uma menor responsabilidade transformaram a alegria repousante de um fim-de-semana numa tragédia para a família da vítima.
Que todos os jovens – e aqueles que já o não são – meditem nestas repetidas e lamentáveis ocorrências e vejam nos outros a imagem que as loucuras de “carregar no prego” podem acarretar. E quase sempre assim acontece, mais cedo ou mais tarde
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