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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

VENERANDOS ALTARES DO MEU CHÃO SAGRADO - Espantosos ídolos graniticos que moldaram a minha infânca e adolescência



Ó fonte clara de luz,
astral sublime e luminosa voz!
Belo é o teu manto azul ou estrelado, e ditosa e bela
é também a minha terra materna, onde vos canto!
Por isso, ó teto divino e morada da verdade,
escutai o meu cântico, do alto da fraga em que me encontro,
e olhai em mim a vossa sagrada imagem,
mesmo que seja através dos olhos deste penedo,
aparentemente cego, é certo,
porém, sendo obra do Criador,
e estando livremente tão exposta aos céus,
certo é que tem o amor dos olhos de Deus




Somos todos irmãos e filhos de Deus - Sob a imensidade do Universo, cada ser humano, traz consigo na matriz do seu génese a ínfima partícula da sua sabedoria - Saibamos escutar os seus acordes e usá-la Por estes sacros altares da minha aldeia, trilhando musgos, giestas, fetos e ervas, alcandorando-me nos antiquíssimos penhascos das suas fragas, aqui me dirijo, nesta minha prece, nesta minha singela evocação, na esperança de que as minhas palavras encontrem algum eco
e não sejam proferidas em vão,
ao coração de todos os pobres e aflitos da Terra
que, nos dias de hoje, mesmo às horas mais mortas,
não tendo sequer um tecto, um mísero abrigo onde se acolherem,
choram, em silêncio, dilacerados, lágrimas amargas e profundas,
uns, já vazios de esperança e rendidos ao seu desespero,
outros, com alguma centelha na alma,
aguardando que a divina luz da prateada roda
ou do rubro clarão do sol, os cubra de melhor sorte,
os livre, de vez, do seu infortúnio e da sua triste ventura!

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