Admiro a coragem dos
marinheiros portugueses mas questiono a colonização e os seus métodos - Há
precisamente 47 anos, nas comemorações do V Centenário , fiz a ligação de canoa
da capital da Ilha à praia onde se diz terem chegado as primeiras caravelas,
desfraldando a bandeira portuguesa - O facto mereceu relevo na imprensa local, o
mesmo não sucedeu quando, um mês depois parti de canoa clandestinamente de S.
Tomé ao Príncipe, tendo sido espancado e preso pela PIDE - Em Novembro do ano
passado, voltei lá, mas agora com as duas bandeiras: a de S. Tomé e Príncipe e
a de Portugal. -
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Evaristo Carvalho Março 2016 - Atal PR de STP -Agosto 2016 |
Descobrimentos de S. Tomé e Príncipe – “Não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta” A resposta poderá estar numa antiga inscrição gravada numa rocha, situada na orla marítima “Bien Faire” (Bem Fazer) a famosa divisa do Infante D. Henrique - Ministério da Educação, Cultura e Ciência de STP, interessado em estudar o achado
"Quando os primeiros navegadores portugueses chegavam a uma terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore ou pedra «este motto do Infante, Talent de Bien Faire» diz o historiador Armando Cortesão
Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Autor de outras descobertas na aldeia de Chás, Foz Côa - https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2014/01/pedra-da-ursa-maior-nos-templos-do-sol.html organizador das celebrações dos equinócios e solstícios https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2017/06/templos-do-sol-chas-foz-coa-1800-2045.html

Ministério da Educação, Cultura e Ciência, interessado em estudar o achado - Diretor Geral da Cultura, Nelson Campos, acompanhou -me ao local para conhecer o achado e proceder às diligências, que forem necessárias, para o preservar e estudar mais detalhadamente - Vamos, pois, esperar que sejam convidados especialistas que possam comprovar a antiguidade da inscrição e a sua autenticidade


A pedra foi encontrada por mim e pelo santomense Cosme Pires dos Santos, em Agosto, do ano passado. 2015, num dia em que, ambos, percorremos, várias áreas da orla marítima, com o objetivo de encontramos eventuais vestígios arqueológicos – Tanto anteriores à colonização, como a partir desse período.

Com o Cosme Pires dos Santos |
Como é reconhecido, a tendência do homem deixar sinais da sua presença, através de gravuras ou outro tipo de inscrições, é tão velha, como a natureza humana - Os animais (cães e lobos) urinam junto das árvores ou pedras para ali marcarem o seu território – No fundo, é uma tendência dir-se-ia instintiva da preservação da espécie
Ermelinda de Jesus Lima,Coronel Vitor Monteiro e Alexandre Sousa |
De sublinhar que, uns dias antes, na mesma pedra, pousaria Evaristo Carvalho, antes de ser eleito Presidente da República de STP, durante um agradável passeio que por ali fazemos, com o propósito de lhe revelar a descoberta - E o mesmo sucedera, com o meu amigo Teodoro Ela Ngui, Secretário da Embaixada da Guiné Equatorial, em STP, que também mostrara curiosidade em ir conhecer a pedra, de que lhe falara, num dos encontros numa conhecida esplanada da cidade
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Evaristo Carvalho Março 2016 - Atual PR de STP -Agosto 2016 |
A inscrição, denota ser muito antiga, tal como o comprovam as observações das pessoas às quais foi mostrada a pedra - Embora lhe faltem algumas letras, mas as que existem denotam configurar a lendária expressão TALANT DE BIEN FAIRE desejo ou vontade de bem fazer, exortando a um esforço pessoal e coletivo de perfeição. Esta frase está inscrita no túmulo do Infante D. Henrique, que era o seu lema e que hoje serve de divisa à Escola Naval
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38 dias nesta canoa |
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Dezembro de 1969 |

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Teodoro Ela Ngui,- Secretário da Emb. Guiné Equatorial |
A palavra francesa “talent”, que se traduz em português por talento, tem origem numa expressão grega (tálantom) que indica “prato da balança”, peso ou valor. Assumiu a versão em latim de talentum, com sentido semelhante, e passou para o português para designar valores ou méritos intrínsecos de alguém. “Talant”, por outro lado, é uma palavra que existiu no dialeto provençal com um sentido de “desejo” ou “vontade”. Entrou na língua francesa e confundiu-se durante alguns séculos com “talent” (usado com duplo sentido), mas perdeu o significado provençal a partir do século XVII e desapareceu do uso corrente ( Èmile Littré).
"A História das Navegações Portuguesas tem pecado por ter sido escrita, por vezes, por quem desconhecia Arte Náutica - dizia Sacadura Cabral (…) por estranhos às «coisas do mar» como eram quase sempre, cronistas e historiadores . Incapazes de se imaginarem a navegando dentro dos navios antigos. Eles fiavam-se nas versões que corriam, contadas por mareantes românticos, que acrescentavam um «ponto» ao seu «conto».

(...) "o tope comercial dos descobrimentos, em 1466, era a Serra Leoa. Comercial. E não de forma alguma geográfico (...) Da Serra Leoa por diante e até ao Rio Lago, da actual Nigéria, os aspectos da geografia humana mudavam inteiramente. Entre o Senegal e a Serra Leoa dominava o urbanismo flúvio-marítimo. Dali por diante, ao contrário, a população encontrava-se disseminada ao largo do litoral em pequenas aldeias; depois do Cabo das Palmas e por toda a Costa do Ouro era muito densa, mas fraccionada em unidades mínimas, que não obedeciam a qualquer organização política, como a dos mandigas. Enquanto aquele império se desenvolvera numa zona de estepes e savanas, propícia ao deslocamento de grupos humanos, ao contrário, desde a Serra Leoa por diante e ao largo de quase todo o Golfo da Guiné a grande floresta tropical bordava as costas, impondo a disseminação dos homens, cortando-lhes os movimentos em terra e impelindo-os para o mar" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses r" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses
CANOAS FAZIAM GRANDES TRAVESSIAS EM OCÁ . ENTRE S. TOMÉ E O PRÍNCIPE E O GABÃO – Diz investigador português - Ocá – Eriodendron anfractuosum -Colosso. Lá no alto, nos seus frutos, dá-nos a lã d’óca, boa para almofadas e colchões. A madeira é utilizada na construção de gamelas. Chegam a medir15X2x1x1,50 metros - Era nestas embarcações, leves de d’ocá, que, ainda em 1860, se viajava de S. Tomé para o Príncipe e para o Gabão – Eng. Egydio Inso - 1922

Quando os europeus demandaram a costa de África, já os africanos, há muito mais tempo, haviam sulcado o litoral marítimo, subido e descido os rios e ligado as ilhas limítrofes com as suas pirogas talhadas em enormes troncos de árvores - Pessoalmente pude demonstrar, essa possibilidade, através das várias ligações solitárias, que efetuei: o teste desde a cidade de S. Tomé a Anambô, 1970, onde se encontra o Padrão dos descobrimentos - Depois, as travessias, ente S. Tomé e Principie (3 dias); S. Tomé-Nigéria 12 e, mais tarde, de Ano Bom a Fernando Pó (mais à deriva que a navegar, devido à falta de equipamento (remos) que perdera por ação de um violento tornado, ao pretender regressar a S. Tomé, por não ter sido largado na corrente equatorial que me arrastaria, inevitavelmente, para oeste. Claro que qualquer destas viagens, se fosse feita acompanhado, não teria levado tantos dias
Canoe, Rivers Province, Nigeria


(tradução) …..escravos fugidos de São Tomé ou do Príncipe, realizaram em suas canoas pelas correntes marinhas ligações à ilha de Fernando Pó. Em 1778, o ano da transição do domínio Português ao da Espanha, um grupo de ex-escravos de São Tomé e Príncipe viveu no sul de Fernando Pó. (..)Após a abolição da escravatura em 1875, trabalhadores contratados africanos fugidos respetivamente, foram frequentemente devolvidos pelas Autoridades espanholas para os seus senhores em São Tomé e Príncipe. Outros foram simplesmente entregues aos empregadores locais.

30º Dia - Não comi nada: limitei-me a comer uma das barbatanas do tubarão. .......... 31º Dia - A canoa a meter água cada vez mais!.... .............. .32º Dia -Estou comendo o coco! Avidamente!... Sofregamente!................33º Dia - Estou exausto!.........Dia 34º - Sinto uma grande dureza no estômago..........35ºDia - Acordei com o barulho de uma enorme baleia aqui próximo da canoa ...
gravuras rupestres - S. Tomé 2014 |
Não sendo arqueólogo, estou, desde há vários anos, ligado à descoberta dos calendários pré-históricos dos Tambores, nos arredores da minha aldeia, cujas imagens já correram mundo. Além disso, já na década de noventa, contribuí para descoberta de algumas gravuras rupestres do Vale do Côa - Isto para já não falar das várias travessias solitárias que empreendi em frágeis pirogas para comprovar a possibilidade do povoamento inicial ter sido realizado por canoas, à semelhança das remotas ilhas do Pacífico
ACHADOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO QUE NÃO SURGEM POR MERO ACASO

Ag 2015 espada descoberta submersa |
antigo punhal resgatado do mar |

Ermelinda de Jesus Lima, - 20-02-2016 |

Não haja, pois, ilusões, quando o Infante D. Henrique fundou a Escola de Sagres, ele já tinha recolhido abundante informação de uma grande parte da costa de África: pelo menos, até ao Golfo da Guiné.
Coronel Victor Monteiro - Gravuras rupestres |
Gravura em rocha na orla marítima de S.Tomé
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De tudo ou quase tudo o que foi descoberto, isto é, descoberto oficialmente, se pode dizer que foi redescoberto. João de Barros, cronista sério e quase sempre fidedigno, diz «terem os nossos mais terras descobertas no tempo de D. Afonso V do que achamos na escritura de Gomes Eanes de Zurara», e que quando os nossos primeiros navegadores chegavam a terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore «este motto do Infante, Talant de Bien Faire», por outros navegadores depois encontrado ao longo da costa africana, que julgavam atingir pela primeira vez. Depois de ter mencionado os descobrimentos das ilhas de S. Tomé, Ano Bom e Príncipe, refere-se o cronista a propósito a uma ilha que em 1438 havia sido descoberta pelos Portugueses e de que se perdeu memória. Conta Barros cotão que quando em 1525 uma armada castelhana sob o comando de Garcia de Loiasa se dirigia do golfo da Guiné para a costa do Brasil, depois de ter encontrado um navio português que vinha da ilha de S. Tomé, descobriu uma ilha desabitada, dois graus a sul do equador, chamada S. Mateus, «e em duas árvores estava escrito que havia 87 anos que nela estiveram portugueses». Alguns autores têm identificado esta ilha com a de Fernão de Noronha, que de facto fica em dois graus de latitude sul, perto da costa do Brasil. A primeira vez que encontro esta ilha de S. Mateus é na carta Anónimo-Jorge Reinei, de e. 1519, por conseguinte antes da referência de Loiasa, note-se bem, na verdade uns dois graus a sul do equador mas a meio do Atlântico ou na parte ocidental do golfo da Guiné, de facto nesta parte oriental do Atlântico, mais perto da África que da América. Depois a ilha de S. Mateus ainda continua a aparecer muitas vezes na cartografia quinhentista e seiscentista.
Antigo encaixe do mastro |
O que importa é esta indicação do descobrimento duma ilha atlântica em data remota e a que durante muitos anos não houve qualquer referência. Vários casos semelhantes poderia citar, não só dos descobrimentos das ilhas e costas atlânticas, da América, da circum-navegação do continente africano, da lnsulíndia, da Austrália, do Japão, etc., de cuja existência já havia conhecimento, por vezes muito vago, antes do seu redescobrimento ou «descobrimento oficial». Muitos casos se podem também citar de referências mais ou menos veladas a navegações e descobrimentos portugueses de que não nos chegaram informações concretas..
A ORIGEM DO POVOAMENTO DAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É POIS MUITO MAIS ANTIGA DO QUE A DESCRITA PELA VERSÃO COLONIAL - AINDA CONTINUA A SER REFERIDA, NÃO OBSTANTE AMBAS CONSTITUÍREM UM PAÍS SOBERANO E INDEPENDENTE, VOLVIDAS MAIS DE TRÊS DÉCADAS São Tomé e Príncipe...Hist.Descobrimentos e Exp.Portug.....

Em S. Tomé Agosto 2015 |
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Primeira roda de pedra - Internet |
1964- Empregado de Mato |
Tudo não passa de pressupostos - O único relato fidedigno existente, foi escrito por um piloto português (século XVI), que descreve a Viagem de Lisboa à Ilha de São Tomé. Noutra postagem, farei a sua transcrição. Para já, eis um dos excertos sobre a descoberta das duas ilhas, que extraí da antologia,"Presença do Arquipélago de S. Tomé e Príncipe na Moderna Cultura Portuguesa", de autoria de Amândio César.

"A Ilha de São Tomé começou a ser povoada em 1486 pelos colonos de João de Paiva, aos quais o Rei D. João II, concedera privilégios, no ano anterior; porém a era da sua prosperidade começou em 1493, quando foi criada a capitania da ilha e dada a Álvaro de Caminha" - Mas esta ou outras versões do género, podem ser igualmente consultadas na Internet .História de São Tomé e Príncipe
O facto da situação ainda ter piorado, em certas circunstâncias, depois dos povos acenderem à independência (dizem que as roças estão irreconhecíveis) , isso deve-se, em boa parte, à pesada herança colonial: ao facto de não se haver apostado na cultura e não se terem preparado quadros.
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