JORGE
TRABULO MARQUES - JORNALISTA - E antigo
correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada – Na Baía Ana de Chaves, a
celebração a São Pedro, decorre em 31 de Janeiro, junto à pequena ermida, sendo considerada a
primeira grande festa do ano - Além de São Tomé, que deu o nome à Ilha, é o
santo mais popular no arquipélago
Hoje é o dia de São Pedro, natural de Betsaida, na Galileia, o pescador., que se
transformou em discípulo de Jesus em
Betânia, através de seu irmão André.
De seu nome original era
Simão, mas Jesus lhe chamou de Cefas (Rocha, do grego Petros), cuja
tradução é Pedro, e o instituiu como líder da Igreja: “Tu és Pedro e sobre
esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16:18).
A tradição bíblica católica
considera São Pedro como o primeiro Papa. O martírio de São Pedro ocorreu em Roma,
sendo crucificado de cabeça para baixo na Colina Vaticana, provavelmente no ano
de 64 d.C. https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-pedro/
A DEVOÇÃO A SÃO PEDRO, EM SÃO TOMÉ QUE EU TESTEMUNHEI
Escrevia eu na Revista Semana Ilustrada, de Luanda, da qual era seu corespondente, que " devoção a São Pedro, está há muito enraizada no povo de S, Tomé Mas, é principalmente nas vilas ou povoações ribeirinhas que a crença a este santo popular assume maior 'fervor e religiosidade
Sendo, São. Pedro o padroeiro dos Pescadores, é pois natural que, numa Ilha como a de São Tomé, onde o mar está ligado a grande parte da população, aqui o popular santo se venere com certo ardor· e singularidade. E é realmente o que acontece. Sobretudo, na povoação do Pantufo, a escassos quilómetros da cidade de S, Tomé, que as festividades a S, Pedro., assumem características muito especiais - Mais imagens e pormenores à frente
A FESTA DE SAO PEDRO, EM SÃO TOMÉ - TEM UM CALENDÁRIO DIFERENTE - NA BAÍA ANA DE CHAVES - Realiza-se a 31 de Janeiro, festa de São Pedro - É a primeira grande festa do ano
A celebração ao padroeiro dos pescadores da Baía Ana de Chaves, junto à sua ermida na Baía Ana de Chaves, é considerada a primeira grande festa do novo ano, com uma moldura humana de milhares de pessoas, que se concentram junto ao local onde se ergue uma capelinha em honra do dito santo popular e se estende ao longo da avenida marginal, na praia de S- Pedro, com gente vinda de todos os pontos da cidade da ilha e da cidade, mas especialmente dos bairros circundantes, Budo-Budo, São João Davargem, Ponte Graça, Potó-Potó, Atrás do Cemitério, Oquei-Del-Rei - Três dias de arromba, com música a rodos dos conjuntos típicos da terra ou apresentada por discotecas móveis, onde os DJ, dão largas à sua agilidade e imaginação, com os sons mais mexidos e frenéticos das últimas novidades
A DEVOÇÃO A SÃO PEDRO,
EM SÃO TOMÉ QUE EU TESTEMUNHEI
Dizia eu: "Vale pois a pena ir a
esta festa. Já nos tinham dito que era, de facto, acontecimento digno de ser
apreciado. Mas, sinceramente, tudo o que observámos transcendeu
o que julgávamos ir ver Na verdade as pessoas não se limitam, unicamente, a incorporarem-
se na procissão, que, após a 'missa solene em honra a este santo popular ,
percorre, vagarosamente e com muita pompa e devoção nos dois sentidos, a principal artéria da
povoação Festejam-no também no mar.
Finda a procissão na rua,
outra cerimónia, esta então muito característica, vai começar na praia. É o cortejo
das canoas. São os pescadores que, nas suas frágeis embarcações, coloridamente enfeitadas de andalas
e bandeiras, vão levar o seu São Pedro
para o mar. É uma imagem mais pequenina. A outra, a maior, ficará. nó andor,
voltada para o mar. Para aquele mesmo mar, onde, diariamente, buscam, com muito
suor e sacrifício, e não raras as vezes com risco das próprias vidas, o pão de
cada dia, E é aí onde eles o vão
festejar O sacerdote também vai, numa canoa maior e propositadamente preparada. Leva consigo o santíssimo
sacramento e, entre outras canoas que em redor da que o leva voltejam., vai percorrer uma
parte daquele imenso azul ·por onde os
bravos homens dos dongos partem diariamente para às suas fainas da pesca.
Entretanto, na praia, o espetáculo
não é menor. Aí é mais das mulheres dos pescadores e da maior parte de toda
aquela gente que vive debruçada sobre aquela praia da simpática povoação do Pantufo. Enquanto as canoas, lá fora,
voltejam de um:. Ledo para -o outro,
quase num verdadeiro malabarismo de equilíbrio, aqui, na praia, as mulheres e
raparigas, entram vestidas e calçadas à
água e dão largas A sua natural alegria e fé religiosa
Porém, após o regresso do
sacerdote do mar, a festa é ainda mais· calorosa e movimentada. Nessa altura, o entusiasmo é ainda maior e dura algumas horas. A noite é um bocado diferente. Têm os divertimentos e as exibições de folclore. Há bailes, ou fundões
como são conhecidos, ao sabor dos conjuntos típicos danço congo e tbciloli. Em suma, há . a continuação de uma festa como em todas as festas de carácter
religioso, onde sobressai um bocado de
tudo: de significado religioso e sentido pagão. Mas é sobretudo na sua essência uma verdadeira
e demonstração de aculturação euro-africana. E, neste caso, de presença
lusa. Vale pois a pena, por tudo isto; pelo seu tipicismo e peculiaridade,
observar de perto meie esta singular
tradição da boa gente de São Tomé.
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