Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Depois de há quatro dias ter sido detido,
em sua casa, na sequência do alegado ataque ao quartel militar, o ex-Presidente da AN, Delfim Neves,
que entretanto, se candidatou com o recém-criado Basta, foi hoje libertado por
falta de "indícios fortes de envolvimento" no assalto ao quartel na
sexta-feira, após ter sido detido pelos militares como alegado mandante, disse
à Lusa o advogado.
A libertação do ex-Presidente da Assembleia Santomense, ocorreu no dia em que o Parlamento são-tomense aprova o Programa do XVIIIº Governo constitucional chefiado por Patrice Trovoada com declarações políticas favoráveis das bancadas parlamentares do partido ADI do próprio Trovoada o MCI-PS-PUN de António Monteiro.
Na sua declaração política em apoio ao programa, o líder da bancada parlamentar do ADI, José António sublinhou que o seu partido “congratula-se com a visão do governo espelhado no texto deste programa”.
LIBERTAÇÃO DO EX-PRESIDENTE DA AN DE STP
Diz a Lusa, que "O despacho [de libertação] foi emitido hoje à noite pela
juíza de instrução criminal, atendendo a que não existem indícios fortes e
sólidos de o mesmo [Delfim Neves] estar envolvido", disse à Lusa o
advogado do antigo presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe,
Hamilton Vaz.
Segundo a defesa de Delfim Neves, este ficou sujeito a termo de identidade e
residência.
O advogado não esclareceu se existe alguma acusação contra o deputado.
Delfim Neves foi detido às primeiras horas da manhã de sexta-feira pelos
militares, quando se encontrava na sua casa, por ter sido alegadamente indicado
como um dos mandantes do ataque ao quartel-general do exército.
Na madrugada de dia 25, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na
capital são-tomense, num assalto que se prolongou por quase seis horas, com
intensas trocas de tiros e explosões, e durante o qual fizeram refém o oficial
de dia, que ficou ferido com gravidade devido a agressões.
O ataque foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa), com a
detenção dos quatro assaltantes e de 12 militares suspeitos de envolvimento na
ação, que foi classificada pelas autoridades são-tomenses como "uma
tentativa de golpe de Estado" e condenada pela comunidade Internacional.
Os militares também detiveram, na sua casa, Arlécio Costa, antigo oficial do
'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de
Estado, e que terá sido igualmente identificado pelos atacantes como mandante.
Três dos quatro atacantes e Arlécio Costa morreram na sexta-feira e imagens dos
homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das
costas, ainda com vida e também já na morgue, foram amplamente divulgadas nas
redes sociais.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, brigadeiro Olinto Paquete, afirmou
que os três assaltantes morreram na sequência de uma explosão quando os
militares procuravam libertar o refém e Arlécio Costa porque se "atirou da
viatura".
Delfim Neves, eleito nas legislativas de outubro de 2018 pelo Partido de
Convergência Democrática (PCD), presidiu ao parlamento são-tomense no anterior
mandato, que terminou com a vitória da Ação Democrática Independente (ADI) com
maioria absoluta nas eleições de setembro passado.
Nestas legislativas, foi eleito deputado, juntamente com o ex-secretário-geral
da ADI Levy Nazaré, pelo movimento Basta, criado em junho do ano passado.
Atualmente tem o mandato suspenso.
Delfim Neves também concorreu às presidenciais de 2021, tendo ficado colocado
em terceiro lugar na primeira volta, resultado que contestou alegando ter
ocorrido uma fraude "maciça".
Lusa
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