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domingo, 6 de novembro de 2022

São Tomé e Príncipe, comemorou o 5 de Nov de 1974 . Dia Nacional da Juventude – Neste mesmo dia, mas em 5 de Nov de 1931, nascia em S. Tomé, o poeta e médico Tomás Medeiros, um dos criadores da UGA (União Geral dos Estudantes da África Negra Portuguesa, um dos fundadores do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), integrou as forças do MPLA em 1964-1965.

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista   - 

Tomás Medeiros - "Foi um dos fundadores do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe e esteve ligado aos primórdios do MPLA. Veio mais tarde viver para Portugal por não se sentir identificado com as políticas destes partidos.https://www.esquerda.net/artigo/tomas-medeiros-1931-2019/6320

Nota - Texto reeditado, após alguns dias de o ter remetido para arquivo, por via de uma extensa polémica gerada pelo investigador  Gerhard Seibert, que, face a este texto, fez, entre outros comentários, a seguinte afirmação:

“Acho lamentável que em vez de divulgar a verdadeira história do CLSTP/MLSTP você reinventa a história circulando desinformação"

"Você e o falecido Tomás Medeiros tem algo em comum: afirmar coisas que não correspondem a uma única outra fonte sobre o assunto .Na altura, a própria Elsa contatou-me dizendo que as afirmações de Medeiros teriam sido contraditórias"

Respondi-lhe: não estou inventar nada – Tomás Medeiros (que infelizmente ja não está vivo para se defender)  esteve na génese da formação do MLSTP: se esteve ou não nesta ou naquela reunião, mas participou noutras – Ajudou as lançar as sementes de um movimento. 

Compreenderá, que as contradições fazem parte da vida e, sobretudo, da vida política – Por esta ou por outras razões, cautelosas ou de estratégia, um politico, pode omitir determinadas explicações, num certo dia e, mais tarde, ou vir contradizer-se ou  adiantar mais esclarecimentos - Se assim não fosse, não se escreviam vários livros sobre os mesmos temas


 

Tal como é reconhecido  “O conhecimento histórico, conforme sabemos, nunca esteve acabado nas linhas da última obra que investiga um facto passado". 

Gostaria de receber opiniões, que poderão ser expressas, ao fundo deste post ou me serem enviadas por email ou postadas no facebook, no qual conto voltar a editar este meu artigo.

Isto foi o que escrevi: - Há 48 anos, os jovens que formaram a Associação Cívica pró-MLSTP, deram um importante contributo para que, o governo português na altura, pudesse reconhecer o MLSTP como único representante do povo são-tomense, com sucessivas manifestações e comícios populares

São Tomé e Príncipe, comemorou neste último sábado,, o 5 de Nov. Dia Nacional da Juventude, sob o lema Juventude e emigração - A efeméride, tal como é tradicional, foi assinalada com vários atos e iniciativas, até artísticas, tendo contado com a presença do Ministro da Juventude, Desporto e Empreendedorismo e de outras altas entidades

FOMOS TESTEMUNHA DESSA PÁGINA HISTÓRICA - Em sucessivos artigos que publicámos na revista angolana, Semana Ilustrada

A primeira Assembleia Geral, dessa histórica associação, decorreu justamente em 5 de Novembro de 1974, tendo culminado com a adoção de um caderno reivindicativo, em que os Estudantes exigiam algumas melhorias no plano de ensino em São Tomé e Príncipe – Mas também o reconhecimento do MLSP: como seu legitimo representante.

A juventude nativa, então liderada pelos irmãos, Costa Alegre, mobilizaram não só os jovens como também milhares de outras massas populares. -Outros pormenores mais à frente

Associação Cívica Pró-MLST, mais conhecida como “Cívica”, era apoiada por estudantes entretanto regressados da metrópole e politicamente radicalizados que, até à assinatura do acordo com o governo português, conduziram a “luta” pela independência de São Tomé e Príncipe.

A luta incluiu manifestações (como a de 22 de agosto junto ao Palácio do Governo), greves, boicotes e ameaças a colonos e trabalhadores das roças

ANTÓNIO TOMÁS  ALVES DE MEDEIROS - Foi médico-general  do MPLA, em Cabinda  - Privou com com líderes históricos de todos os movimentos de libertação 

Participou em várias associações estudantis e na criação da UGA (União Geral dos Estudantes da África Negra Portuguesa). Pertenceu à direção da Casa dos Estudantes do Império desde 1957 a 1961, onde foi diretor do boletim “Mensagem”. Participou na chamada fuga dos cem estudantes que, em meados de 1961, saíram clandestinamente de Portugal para ingressar nos movimentos de libertação nacional 

Em 1965, foi incumbido da formação dos primeiros núcleos do independentismo sãotomense e partiu para Acra, com essa missão. Em Outubro de 1965 participou ainda na 2ª Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), em Dar-es-Salam. Daí seguiu para Accra, onde permaneceu durante dois anos, como conselheiro político do presidente do Ghana, Kwame Nkrumah, até ao golpe de Estado que pôs fim à presidência deste, em 1966, e deu aos movimentos de libertação das colónias portuguesas 48 horas para abandonarem a capital ganense.

 Reconhece que a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas. 

Após as independências, não se identificava com os rumos escolhidos pelos poderes instalados, quer em São Tomé, quer em Angola, e partiu para o exílio, fixando-se em Portugal onde  faleceu.

António Tomaz Alves De de  Medeiros, nasceu em S. Tomé no dia 5 de Novembro, de 1931. Terminada a instrução primária, aos 13 anos, e, tal como a generalidade dos santomenses, como os  seus pais, não tinham possibilidades económicas, começou a trabalhar numa barbearia, como vendedor de jornais e vendedor de carvão, depois numa loja comercial. 

Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde,  parte para a capital do Império  para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina - 

De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa,   Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.





Três anos depois parte para Crimeia onde conclui o curso de medicina . Não sendo obrigatório o exercício da profissão para os estrangeiros,  paralelamente faz a cadeira de latim e vários cursos de formação política:  o  Curso de Academia política,  o de História do Partido, de Marxismo Leninismo e o Curso de Medicina Militar  - Volta ao continente africano, a Brazzaville, onde o MPLA tinha a sua sede. Dali parte para Cabinda onde é médico militar e dos refugiados, professor de instrução revolucionária, tendo chegado à patente de General – Oportunidade de alto combatente que lhe deu a possibilidade de privar  com todos os líderes históricos dos movimentos de libertação: desde Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Ângelo Cabral,  Francisco Tenreiro, Fernando de Sousa, Marcelino dos Santos, Eduardo Mondlane  - Reconhece que a sua relação, com S. Tomé e Príncipe, era muito estreita, porque, naquela altura, os elementos envolvidos na guerrilha, não tinham possibilidade de viajar, tendo ido lá apenas duas vezes mas em viagens muito curtas. 

OUTROS PORMENORES DA SUA VASTA BIOGARAFIA

Em 1964, Tomás Medeiros, que se formara em medicina na então União Soviética e se especializara em medicina militar e identificava-se com a luta angolana, integrou a guerrilha do MPLA em Cabinda. Dali foi enviado para Accra onde colaborou na fundação do movimento nacionalista santomense, MLSTP, e na propaganda da luta nacionalista angolana. Saiu do Ghana em 1966 depois do golpe de estado que depôs N’Krumah, tendo-se fixado em Argel onde passou a exercer a sua profissão de médico e a colaborar com Aquino Bragança e Mário Pinto de Andrade na CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas), organismo que teve importante papel na divulgação da luta empreendida pelos movimentos nacionalistas PAIGC, MPLA e FRELIMO.

Para além de ter escrito livros de medicina, Tomás Medeiros é um dos grandes poetas santomenses e escreveu também ficção e ensaio. Os seus poemas figuram em antologias de poesia africana de língua portuguesa como “No Reino de Caliban'” e “Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império/1951-1963”. Escreveu ainda '”Quando os Cucumbas Cantam”' e “'A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral.”

Os países africanos antigas colónias portuguesas acabam de perder um intelectual, um combatente da liberdade.https://www.esquerda.net/artigo/tomas-medeiros-1931-2019/63205

 



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