Tomás Medeiros - "Foi um dos fundadores do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe e esteve ligado aos primórdios do MPLA. Veio mais tarde viver para Portugal por não se sentir identificado com as políticas destes partidos.https://www.esquerda.
Nota - Texto reeditado, após alguns dias de o ter remetido para arquivo, por
via de uma extensa polémica gerada pelo investigador Gerhard Seibert, que,
face a este texto, fez, entre outros comentários, a seguinte afirmação:
“Acho lamentável que em vez de divulgar a verdadeira história do
CLSTP/MLSTP você reinventa a história circulando desinformação"
"Você e o falecido Tomás Medeiros tem algo em comum: afirmar coisas que não correspondem a uma única outra fonte sobre o assunto .Na altura, a própria Elsa contatou-me dizendo que as afirmações de Medeiros teriam sido contraditórias"
Respondi-lhe: não estou inventar nada – Tomás Medeiros (que infelizmente ja não está vivo para se defender) esteve na génese da formação do MLSTP: se esteve ou não nesta ou naquela reunião, mas participou noutras – Ajudou as lançar as sementes de um movimento.
Compreenderá, que as contradições fazem parte da vida e, sobretudo, da vida política – Por esta ou por outras razões, cautelosas ou de estratégia, um politico, pode omitir determinadas explicações, num certo dia e, mais tarde, ou vir contradizer-se ou adiantar mais esclarecimentos - Se assim não fosse, não se escreviam vários livros sobre os mesmos temas
Tal como é reconhecido “O conhecimento histórico, conforme sabemos, nunca esteve acabado nas linhas da última obra que investiga um facto passado".
Gostaria de receber opiniões, que poderão ser expressas, ao fundo deste post ou me serem enviadas por email ou postadas no facebook, no qual conto voltar a editar este meu artigo.
Isto foi o que escrevi: - Há 48 anos, os jovens que formaram a Associação Cívica pró-MLSTP, deram um importante contributo para que, o governo português na altura, pudesse reconhecer o MLSTP como único representante do povo são-tomense, com sucessivas manifestações e comícios populares
São Tomé e Príncipe, comemorou neste último sábado,, o 5 de Nov. Dia Nacional da Juventude, sob o lema Juventude e emigração - A efeméride, tal como é tradicional, foi assinalada com vários atos e iniciativas, até artísticas, tendo contado com a presença do Ministro da Juventude, Desporto e Empreendedorismo e de outras altas entidades
FOMOS TESTEMUNHA DESSA PÁGINA HISTÓRICA - Em sucessivos artigos que publicámos na revista angolana, Semana Ilustrada
A primeira Assembleia Geral, dessa histórica associação, decorreu
justamente em 5 de Novembro de 1974, tendo culminado com a adoção de um caderno
reivindicativo, em que os Estudantes exigiam algumas melhorias no plano de
ensino em São Tomé e Príncipe – Mas também o reconhecimento do MLSP: como seu
legitimo representante.
A juventude nativa, então liderada pelos irmãos, Costa Alegre, mobilizaram
não só os jovens como também milhares de outras massas populares. -Outros
pormenores mais à frente
Associação Cívica Pró-MLST, mais conhecida como “Cívica”, era apoiada por
estudantes entretanto regressados da metrópole e politicamente radicalizados
que, até à assinatura do acordo com o governo português, conduziram a “luta”
pela independência de São Tomé e Príncipe.
A luta incluiu manifestações (como a de 22 de agosto junto ao Palácio do Governo), greves, boicotes e ameaças a colonos e trabalhadores das roças
Em
1965, foi incumbido da formação dos primeiros núcleos do independentismo
sãotomense e partiu para Acra, com essa missão. Em Outubro de 1965 participou
ainda na 2ª Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas
(CONCP), em Dar-es-Salam. Daí seguiu para Accra, onde permaneceu durante dois
anos, como conselheiro político do presidente do Ghana, Kwame Nkrumah, até ao
golpe de Estado que pôs fim à presidência deste, em 1966, e deu aos movimentos
de libertação das colónias portuguesas 48 horas para abandonarem a capital
ganense.
Após as
independências, não se identificava com os rumos escolhidos pelos poderes
instalados, quer em São Tomé, quer em Angola, e partiu para o exílio,
fixando-se em Portugal onde faleceu.
Porém, nada disso lhe interessava, a sua vocação era outra: destinos ousados o aguardavam. Então os seus pais mandaram-no para Nova Lisboa, Huambo, onde fez o primeiro ciclo liceal, após o que, três anos mais tarde, parte para a capital do Império para concluir os dois anos que lhe faltavam e inscreve-se na Faculdade de Medicina -
De nada lhe valeu: como estava ligado à atividade politica, foi denunciado pela PIDE e por uma organização da extrema direita, como sendo um dos estudantes comunistas mais perigosos em Portugal, o que lhe valeu um mandato de captura – Para não ser preso, fugiu para Moscovo, onde cursa medicina, trabalha como locutor na Rádio de Moscovo, é Secretário-geral dos Estudantes Africanos na Europa, Secretário-Geral dos Estudantes Africanos na União Soviética, colaborador da Academia das Ciências e investigador numa biblioteca.
Em 1964, Tomás Medeiros, que se formara em medicina na então União Soviética e se especializara em medicina militar e identificava-se com a luta angolana, integrou a guerrilha do MPLA em Cabinda. Dali foi enviado para Accra onde colaborou na fundação do movimento nacionalista santomense, MLSTP, e na propaganda da luta nacionalista angolana. Saiu do Ghana em 1966 depois do golpe de estado que depôs N’Krumah, tendo-se fixado em Argel onde passou a exercer a sua profissão de médico e a colaborar com Aquino Bragança e Mário Pinto de Andrade na CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas), organismo que teve importante papel na divulgação da luta empreendida pelos movimentos nacionalistas PAIGC, MPLA e FRELIMO.
Para além de ter
escrito livros de medicina, Tomás Medeiros é um dos grandes poetas santomenses
e escreveu também ficção e ensaio. Os seus poemas figuram em antologias de
poesia africana de língua portuguesa como “No Reino de Caliban'” e “Antologias
de Poesia da Casa dos Estudantes do Império/1951-1963”. Escreveu ainda '”Quando
os Cucumbas Cantam”' e “'A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral.”
Os países
africanos antigas colónias portuguesas acabam de perder um intelectual, um
combatente da liberdade.https://www.esquerda.net/artigo/tomas-medeiros-1931-2019/63205
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