expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Sophia de Mello Breyner Anderson 1919-2004 – Numa linda praia de S. Tomé - Nasceu há 103 anos - Recordando o dia em que duas grandes poetas, ela e Conceição Lima, se passearam e deslumbraram, lado a lado, com o azul pérola de uma linda praia de areia fina e dourada da luxuriante e maravilhosa ilha verde do equador.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 










Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro de 1919 no Porto, onde passou a infância. Entre 1939-1940 estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Faleceu a 2 de julho de 2004, considerada uma das maiores escritoras e poetisas portuguesas do século XX, que apreciava falar-nos de temas como: o mar, a infância ou o humanismo cristão.

Distinguiu-se também como contista (Contos Exemplares) e autora de livros infantis (A Menina do Mar, O Cavaleiro da Dinamarca, A Floresta, O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana, etc.). Foi ainda tradutora de Dante Alighieri e de Shakespeare e membro da Academia das Ciências de Lisboa.

Os seus livros estão traduzidos em várias línguas e foi muitas vezes premiada, tendo recebido, entre outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana – a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão. Com uma linguagem poética quase transparente e íntima, ao mesmo tempo ancorada nos antigos mitos clássicos, Sophia evoca nos seus versos os objectos, as coisas, os seres, os tempos, os mares, os dias. Na sequência do seu casamento com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares, em 1946, passou a viver em Lisboa. Foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos infantis.

Em termos cívicos, a escritora caracterizou-se por uma atitude interventiva, tendo denunciado activamente o regime salazarista e os seus seguidores. Apoiou a candidatura do general Humberto Delgado e fez parte dos movimentos católicos contra o antigo regime, tendo sido um dos subscritores da «Carta dos 101 Católicos» contra a guerra colonial e o apoio da Igreja Católica à política de Salazar. Foi ainda fundadora e membro da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos. Após o 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, em 1975, pelo círculo do Porto, numa lista do Partido Socialista. Foi também público o seu apoio à independência de Timor-Leste, conseguida em 2002.
Faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em 2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.

Poema Azul



O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu
Sophia de Mello Breyner


Maria da Conceição de Deus Lima, nasceu em Santana, atual vila e capital do distrito de Cantagalo, em 8 de Dezembro de 1961, mais conhecida por Conceição Lima ou São de Deus Lima, creio que em resultado da admiração, do carinho, simpatia e da popularidade, que goza no seu país, possuidora de uma obra poética que tem sido objeto de vários estudos de Mestrado e de doutoramento em universidades portuguesas e sobretudo brasileiras e também o nome mais traduzido da literatura são-tomense, nomeadamente nas línguas alemã, árabe, francesa, italiana, galega, espanhola, inglesa, servo-croata, turca e shona.

Desde os anos 80 que Maria da Conceição Costa de Deus Lima, descobriu os caminhos da poesia, contudo, e, como geralmente acontece aos maiores poetas, a poesia é como voo de ave: voa ou voga, simplesmente, através dos grandes espaços ou mares da sensibilidade e da imaginação, sem, todavia, ter pouso seguro. Vão-se fixando instantes, na sebenta do dia a dia, sem contudo haver a preocupação de os transformar em livro ou de lograr um porto de arribação – Em suma, vai-se viajando:
“Os barcos regressam
carregados de cidades e distância

Adormecem os grilos
Uma criança escuta a concavidade de um búzio.
Talvez seja o momento de outra viagem
Na proa, decerto, a decisão da viragem”




Indubitavelmente, uma das mais reputadas jornalistas são-tomenses, que tem pela poesia uma enorme paixão. Formada em Lisboa e no King's College de Londres, começou por publicar poemas dispersos em jornais e revistas e integra diversas antologias poéticas internacionais

Na capital britânica trabalhou como jornalista e produtora dos serviços de língua portuguesa da BBC. Apesar de uma longa carreira como jornalista, a escrita poética sempre fez parte da sua vida. Aos 19 anos viajou para Angola e participou na VI Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos, onde recitou alguns dos seus poemas. Foi provavelmente a mais jovem a fazê-lo. Desde então já publicou dezenas de poemas em jornais, revistas, e antologias em vários países. Em 2004, publicou ‘O Útero da Casa’ e em 2006 lançou ‘A Dolorosa Raiz do Micondó’. ‘O País de Akendenguê’ é o último título editado

A MÃO
Toma o ventre da terra
e planta no pedaço que te cabe
esta raiz enxertada de epitáfios.
Não seja tua lágrima a maldição
que seqüestra o ímpeto do grão
levanta do pó a nudez dos ossos,
a estilhaçada mão
e semeia
girassóis ou sinos, não importa
se agora uma gota anuncia
o latente odor dos tomateiros
a viva hora dos teus dedos.

Nenhum comentário :