Jorge Trabulo Marques - Jornalista
A
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) , em
Nov do ano passado, oficializou o 5 de Maio, como o dia Mundial da Língua
Portuguesa, data esta que, desde 2009,
já era comemorada como o Dia da Língua e
da Cultura Portuguesa, instituído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
Várias
personalidades do mundo lusófono associaram-se hoje à efeméride consagrada pela
UNESCO num diversificado programa,
incluindo mensagens, concertos online,
entre outras iniciativas, assinalada pelo Ministério da Cultura e pela Câmara
de Lisboa. Bem como pelo Instituto Camões, que
o assinou protocolo com a FLAD para o desenvolvimento do português nos
Estados Unido
O Embaixador, Tito Mba Ada, que é também representante da missão permanente da Guiné Equatorial junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), reside em Portugal, pais pelo qual se confessa apaixonado
MENSAGEM DE TITO MBA ADA "O Dia Mundial da Língua Portuguesa 2020 é a ocasião para reconhecer a enorme contribuição da Língua Portuguesa para a cultura universal"
"O potencial de implantação da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial está na sua juventude, naqueles que, agora, estão estudando nas Universidades de Portugal, e naqueles que, no País, irão aprender o idioma que, agora, lhes é desconhecido, embora atrativo, mas que tanta importância teve na construção do seu País, como língua de ciência e de negócio. - Diz Sua Excelência o Embaixador Tito Mba Ada Representante Permanente da Guiné Equatorial na CPLP por ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa 2020 - Destaca o distinto diplomata na sua amistosa mensagem para com Portugal e a Mingua Portuguesa
Fernando Pó - 1771 |
1771 - Ano Bom |
No final de Março de 2020, já a Guiné Equatorial tinha em vigor medidas de contenção contra a atual pandemia, os serviços noticiosos da televisão nacional passavam blocos informativos sobre as ações necessárias para evitar o contágio. Depois da óbvia informação em língua espanhola, o mesmo bloco era transmitido em Fang, Bubi, Bisio, Annobonense e Kombe, os idiomas nativos. O bloco transmitido em Annobonense, ou Fá d’Ambó, continha várias palavras perfeitamente inteligíveis em Português – o legado do século XV fazia-se ouvir, seis séculos depois, numa altura em que era vital que toda a população entendesse o que se estava a passar.
O vínculo do
povo da Guiné Equatorial com a Língua Portuguesa é real, não é uma
invenção política: foi um navegador português que reclamou as ilhas do
Golfo da Guiné para a Coroa Portuguesa; foram portugueses a colonizar e
a comerciar naquela zona de África durante séculos; foi o Português o
idioma que deixou raiz na ilha de Annobon, na forma do crioulo que
ainda hoje se fala. Entretanto, o passo para a oficialização do Português
foi dado há seis anos, e não há arrependimentos – cabe agora aos vários
atores envolvidos a continuação e desenvolvimento do processo
iniciado com a integração.
De vital
importância tem sido o apoio do Instituto Internacional da Língua Portuguesa,
destacando, mais recentemente, a visita da sua Alta Delegação, no contexto da realização do Seminário de
Capacitação aos Pontos Focais e Comissão Nacional da
CPLP, evento reconhecidamente coroado de
sucesso, que contou com o testemunho da Exma. Sra. Presidente do Conselho Cientiifico, Margarita Correia.
A UNESCO
oficializou o dia 5 de Maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa,
um passo muito importante para o seu reconhecimento global. A situação geoestratégica da Guiné Equatorial
e a sua inserção em várias comunidades económicas da
África Ocidental dão mais força à implantação da Língua Portuguesa nessa zona. No contexto da crise mundial atual, será a primeira vez que o Dia da Língua
Portuguesa será comemorado como Dia Mundial, e a
importância que se atribui à prática de atividades culturais poderá não ser tão visível, mas iremos, mesmo assim, comemorar o evento, reconhecendo o contributo
de todos os atores envolvidos, nomeadamente o
Camões-ICP e o IILP, e o próprio Governo e Povo da Guiné Equatorial.
O potencial
de implantação da Língua Portuguesa na Guiné Equatorial está na sua juventude, naqueles que, agora, estão
estudando nas Universidades de Portugal, e
naqueles que, no País, irão aprender o idioma que, agora, lhes é desconhecido, embora atrativo, mas que tanta importância teve na construção do seu País, como
língua de ciência e de negócio. Através do planeamento
eficiente do ensino deste novo idioma e do intercâmbio de estudantes universitários, dentro de anos toda esta geração e as seguintes serão multilingues, partilhando
o convívio com as línguas nativas.
Dentro de
anos, também, esta conjuntura de medo e insegurança será apenas uma recordação longínqua, e a pátria de que
Bernardo Soares falava será um enorme Império, mas
não de subjugação, e sim de compreensão
e comunicação.
Na honrosa entrevista que nos concedeu, no final do VI Congresso Ordinário do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) que decorreu, em Bata, em Julho de 2017. recordou-nos o vinculo histórico que liga Portugal e a Guiné equatorial, dizendo-nos que gostaria que muitos portugueses visitassem o seu pais, pois admite que "muitos portugueses não conhecem a Guiné Equatorial. Têm que vir conhecer a Guiné Equatorial, investir na Guiné Equatorial, conhecer os guineenses, e trabalhar juntos, porque juntos somos
mais fortes e competitivos.
Jorge Marques com o Embaixador Tito Mba Ada
|
mais fortes e competitivos.
Imagens em Lisboa numa das festivas comemorações do Dia Nacional da Guiné Equatorial |
Portugal é uma potência turística, porque acolhe mais de três milhões de turistas, então é um dos países que sabem gerir a afluência turística. A Guiné Equatorial é um destino óptimo, um dos melhores de África, e é uma prioridade para o Governo do meu País, portanto é uma área decisiva.
Presidente Obiang |
Embaixador Tito Mba Ada: “Portugal é um dos
países que beneficiou da integração da Guiné Equatorial na CPLP, em termos de
negócios”. “Temos muitas ligações antigas com Portugal, e a Comunidade é uma
prioridade para a Guiné Equatorial, e queremos que todos os dias venham
portugueses conhecer este belo país” – Três séculos,
possessão portuguesa, que o tratado de El Pardo separou contra a vontade do
povo nativo: “convocando o Capitão
Mor da sobredita Ilha, e alguns negros mais principaes, lhe propus as ordens de
Sua Mag, dizendo lhes hera preciso jurarem obediencia a El Rey Catholico, me
responderão que não, e que elles não conheciao senão a El Rey de Portugal, e
que do de Espanha nunca ouvirão falar; ao que se sseguio hum motim geral de
Homens e/ Mulheres”
Guiné Equatorial foi admitida a 23 de Julho de 2014 como membro CPLP, na X cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, em Díli, na sequência de um processo de dez anos.
Tito Mba Ada, que é também representante da missão permanente da Guiné Equatorial junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), reside em Portugal, pais pelo qual se confessa apaixonado:
Questionado em que outras áreas, os portugueses poderiam investir no seu país, a nível empresarial, respondeu-nos que na “agricultura, na pequena indústria, no mar e pescas, o mar tem recursos importantes para a alimentação e para a ciência, portanto Portugal tem óptima oportunidade de investimento, e também na língua portuguesa – Portugal tem que investir, aqui, na língua portuguesa, para fazer negócios em português. Gostaríamos que Portugal oferecesse bolsas de estudo para que estudantes da Guiné Equatorial possam ir estudar naquele país, sendo uma garantia da integração. Neste campo, a Guiné Equatorial não deve fazer esforços unilaterais.
Você esteve aqui, dia e noite, em qualquer lugar, com a sua câmara, esteve perto do Presidente, foi bem recebido na Guiné Equatorial, e, portanto, queremos que seja o melhor interlocutor, o melhor embaixador da Guiné Equatorial.
Recebido pelo Secretário-Geral do PDGE |
“Nossa Senhora da Graça, aos 30 de Novembro de 1778, fundeado em a enciada da Ilha de Anno Bom - Attesto em como dando fundo na enciada de Anno Bom em o dia quinta feira 26 de Novembro, e dezembarcando em o dia sabado 28 para dar posse ao Commissario de Sua Mag.de Catholica da sobredita Ilha conforme as ordens de que vinha munido pela minha Soberana, dezembarcando em companhia do sobredito commissario e mais officiaes, que nos acompanhavão para Testemunhas daquelle Acto; nos dirigimos a Igreja, levando em nossa companhia vinte soldados armados, e tendo se celebrado o officio Divino da Missa acabado elle convocando o Capitão Mor da sobredita Ilha, e alguns negros mais principaes, lhe propus as ordens de Sua Mag.de Fidelíssima, para a cessão da mesma, dizendo lhes hera precizo, que juraçem obediencia a El Rey Catholico, como determinava a Nossa Soberana, ao que me responderão o não podião fazer sem convocarem o Povo, estando a este tempo ja todo junto em motim, e propondo se lhe com effeito em altas vozes, as ordens que trazia, em motim responderão todos, que não, e que elles não conheciao senão a El Rey de Portugal, e que do de Espanha nunca ouvirão falar;
Temos muitas
ligações antigas com Portugal, e a Comunidade é uma prioridade para a Guiné
Equatorial, e queremos que todos os dias venham portugueses conhecer este belo
país.
- O que acha que devia ser feito,
aqui, por Portugal, para intensificar essa relação? Se, por um lado, a Guiné
Equatorial já tem o seu espaço, em Lisboa, já fez esse esforço de integração, o
que é que falta
fazer, por parte de Portugal, para
que essa integração seja mais profícua, mais intensa?
Creio que faz
falta passar da teoria à prática. Cremos que muitos portugueses não conhecem a
Guiné Equatorial. Têm que vir conhecer a Guiné Equatorial, investir na
Guiné Equatorial, conhecer os guineenses, e trabalhar juntos, porque juntos
somos mais fortes e competitivos.
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