

Esperemos que não seja mais um exemplo - Só depois de ler a tese . Mas, para já, é de saudar e de felicitar a iniciativa - Aqui fica a informação- - “Espectros de Batepá” resulta de um projecto de doutoramento elaborado no âmbito do programa de ‘Pós-Colonialismos e Cidadania Global’ do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES/FEUC) e do trabalho desenvolvido no projecto “CROME – Memórias Cruzadas, Políticas do Silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais”, do qual Inês Nascimento Rodrigues é investigadora.- continua em - buala.org/…/espectros-de-batepa-de-ines-nascimento-rodrigues -
Considera
a autora, que “A literatura são-tomense
tem contribuído para a reescrita da história e preservação da memória. Foi
através da leitura de autores de S. Tomé e Príncipe que Inês Nascimento
Rodrigues tomou conhecimento da dimensão cultural e social do Massacre de
Batepá. Considera que em Portugal ainda existem questões de racismo estrutural
e mitos em torno do passado colonialista português que devem ser
desmistificados

A ditadura
do regime colonial-fascista, tudo fez para silenciar o brutal massacre do Batepá,
de 3 de Fevereiro de 1953, perseguindo quem teve a ousadia de o tornar público,
tal o caso do Capitão Salgueiro Rego e
do escritor luso-santomense, Sum Marques, hedionda barbaridade que teve como epílogo a criação
do famigerado campo de morte de Fernão Dias, ali mandado instalar pelo crápula Governador
Carlos Gorgulho, sob a liderança do verdugo criminoso, José Mulato, que cumpria
pesada pena na cadeia santomense, por duplo assassinato: pois, mas era
justamente este o perfil que convinha aos desígnios do extermínio do colonialismo
vigente: exterminar, cruelmente, só dó nem piedade, não apenas a escassa elite das
ilhas, como tudo quanto pudesse apanhar nas miseráveis aldeias do mato – As razões
da vertigem assassina, já são bem conhecidas pelo povo santomenses, que, todos
os anos, evoca os seus mortos, a vitimas de tão hediondo massacre, na fatídica data
de 3 de Fevereiro – Neste site, já por
várias vezes lhe dedicamos aprofundado espaço,
De seguida, excertos de um dos vários artigos editados
neste meu site - http://www.odisseiasnosmares.com/2015/01/memorias-do-bate-pa-1-auschwitz-em-s.html

.(...) "Desconhecem o lealismo dos filhos de um Império, desconhecem os aviões e os navios, e todo um arsenal de história, de espírito humano e real metralha, que Deus pôs à disposição dos portugueses" - In FORROS, PRETOS E BRANCOS, do jornal A VOZ DE SÃO TOMÉ - 12 de Fev. 1953 - Um dos artigos sobre o MASSACRE DO BETEPÁ
SOBREVIVENTE - A DOR QUE O TEMPO AINDA NÃO APAGOU - ESPANCADA À CRONHADA DEPOIS DE LHE METEREM A CABEÇA NUM TANQUE DE ÁGUA - Era menina e estava grávida.
Ainda jovem, e mesmo grávida, não foi poupada à brutalidade facínora das ordens do então Governador Carlos Gorgulho: arrastada à força de sua casa, levada para um calabouço na então Vila de Trindade, espancada barbaramente, Primeiro deu-se o saque às casas: carregaram o que puderam dos modestos teres e haveres, após o que as incendiaram.
Maria dos Santos, mais conhecida por Mena, agora com 80 anos, é um dos rostos debilitados, que ainda hoje espelha o testemunho do incomensurável sofrimento, angústia e lágrimas, por que viveu há 62 anos, - É uma das mártires, ainda sobrevivente dos hediondos massacres de Batepá, que tiveram inicio nos horrores da longa e pavorosa noite de 2 para 3 de Fevereiro de 1953 e que iriam prolongar-se nos ignóbeis espancamentos e torturas, até à morte, infligidos a centenas de santomenses, em terríveis interrogatórios, desde brutais choques elétricos, à violenta palmatoada, ao chicote, cacetada e cronhada, a soco e a pontapé, quer no afrontoso cárcere da prisão local, onde os presos, coabitavam exíguos e afrontosos espaços, em deploráveis e nauseabundas condições higiénicas, quer numa das salas da Fortaleza S. Sebastião (a capitania dos Portos), transformada em laboratório ao estilo da Gestapo hitleriana, sob a batuta do famigerado médico Aragão, locais donde partiam para o Campo de Concentração Fernão Dias
NÃO LANÇARAM 12O HOMENS AO MAR PORQUE A TRIPULAÇÃO SE OPÕS
Memórias do hediondo Massacre do Batepá
Sim, lá estava ainda a mola de um velho chassi calcinado, assim como a carapaça do motor, junto às raízes da árvore da fruta pão. E, pelo que me apercebi, não me mostravam tais memórias como meros souvenires (que julgo, o terão feito pela primeira vez a um jornalista), dado tratarem-se de peças que têm muito a ver com um período, muito sofrido, do casal que ali vivia, e que depois passaram também a ser, como que um relicário sagrado para os filhos e netos., pelo que não deixei de ver nos olhos e nos rostos de todos, quantos ali se encontravam presentes, como que o perpassar um sentimento, misto de dor, frieza e de angústia, difícil de apagar e de esquecer.
De referir que, inicialmente algo renitente, com expressão dura e não oculta de alguma desconfiança, como se, porventura, a memória que os brancos lhe deixaram, naqueles martirizados dias, ainda pudesse ser estampada num português que agora lhe batia inesperadamente à porta. Sim, pude ver que há chagas psicológicas, feridas no coração, que deixam marcas para o resto da vida – Sobretudo, no seu caso, quando era ainda menina e moça, se bem que já grávida (pois em África o fenómeno da procriação manifesta-se mais cedo que nas regiões frias) e, além de a espancarem, quase a sufocaram quando lhe meteram a cabeça num tanque de água para a obrigarem a confessar que estava envolvida na tal fictícia conspiração comunista
CAMPO DE EXTERMÍNIO DE FERNÃO DIAS
EM PORTUGAL - NUMA REMOTA ALDEIA - TAMBÉM HOUVE OUTRO MASSACRE
Claro que não se pode dizer que, em 1953, os tempos também fossem bons para os portugueses que viviam na “metrópole do império colonial”, muito pelo contrário: eram tempos de repressão, de fome e de miséria – E a pequena aldeia do Colmeal onde nasceu o meu bisavô paterno, varrida por ação de um processo judicial, injusto e prepotente, no dia 10 de Junho de 1957, com os seus habitantes despejados à força, com desfecho trágico de casas queimadas e algumas mortes por balas da GNR- a guarda pretoriana do regime colonial-fascista -, é também outra das páginas negras da História da Lusitânia moderna –
Conheci pessoalmente a dureza desses tempo, quando fui trabalhar aos 11 anos, como marçano em Lisboa. Daí que, os criminosos acontecimento que ocorreram em Fevereiro de 1953, em S. Tomé, sob o comando do próprio governador colonial, tenham que também de ser analisados -não estritamente por via de ódios raciais – mas num contexto mais abrangente – O da época colonial e do fascismo que se servia de todos os meios para defender os interesses de uma certa burguesia privilegiada – Infelizmente é esta a situação a que estamos assistir através da ideologia liberal.

Pouco depois do 25 de Abril, vi com os meus próprios olhos essas feridas - Ainda em chagas vivas por sarar! ... Provocadas por longo cativeiro, no campo de concentração de Fernão Dias, acorrentados a bolas de ferro, tal como aos escravos nos barcos negreiros. Pude entrevistar algumas dessas pessoas para a Revista Semana Ilustrada.
"Você que é amigo dos pretos, veja se tem a coragem de publicar estas fotografias! Ao mesmo tempo que mas passa algumas para as mãos, pedindo-me, que, logo que as fotografasse, lhas devolvesse. Com a recomendação: "Mas se o fizer, acautele-se! Olhe que eles ainda andam quase todos por aí e não vão gostar - Agradeci-lhe o gesto e a recomendação mas não me amedrontei. Pelo contrário, tinha ali um bom motivo de reportagem, entre mãos mas, para isso, precisava de ouvir alguns dos sobreviventes e de fazer as entrevistas que me fosse possível.
COMETERAM CRIMES HEDIONDOS E NÃO FORAM PRESOS

Eu desembarcara, a bordo do paquete Uíge, em Novembro de 1963, numa altura em que ainda devia haver bastantes mais feridas por cicatrizar do que após o 25 de Abril de 1974, mas nem assim nunca ninguém me falou de tais factos. A razão é simples de compreender: eram das tais conversas, publicamente proibidas, tal como proibido chegara a ser o livro das “MEMÓRIAS DE UM AJUDANTE-DE-CAMPO”, a que conto vir a falar numa das postagens seguintes.
MUSEU NACIONAL DE SÃO TOMÉ – SITO NA ANTIGA FORTALEZA DE S. SEBASTIÃO - ONDE O PASSADO HISTÓRICO PORTUGUÊS NÃO DEIXA MUITO A DESEJAR
São Tomé e Príncipe possui um Arquivo Histórico, localizado na praça de Mártires da Liberdade, na cidade capital, com a avenida da Independência e Parque Popular, e o Museu Nacional, localizada no sudeste da mesma cidade, que passou ali a integrar as instalações da antiga fortaleza de S. Sebastião, desde 1975.

Confesso que também guardo más recordações destas instalações. Era ali a antiga Capitania dos Portos, e, no seguimento da minha viagem clandestina de canoa ao Príncipe, fui ali chamado pelo Capitão dos Portos – um tal Elias da Costa - que, além de me aplicar pesada coima, me deu uns valentes encontros contra a parede – Isto já depois de ter sido recebido no aeroporto de S. Tomé, com um par de socos no estômago e de seguida ter passado pelos calabouços da Pide, supondo que eu não queria ir para aquela ilha mas fugir para o Gabão
SOBRE O MESMO ASSUNTO:
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30 de Jan. 2015… ….1 De Feve. De 2015 Cerca de centena e meia de prisioneiros iam ser lançados aos tubarões por onde de Gorgulho e de Fev.2015…– São Tomé recorda os seus mortos caídos…4 de Fev Zé mulato o carrasco de Fernão Dias ….J Victor Pereira de Castro diz que a cobfissão oficial do Governador debita 47 vidas