expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Portugal e S. Tomé e Príncipe – Reforço da cooperação de no domínio da Saúde, edução e agrícola - Transformação da Pimenta


Saúde e Educação são sectores estruturantes para o progresso de São Tomé e Príncipe. Para atingir o desenvolvimento sustentado a cooperação portuguesa assinou na segunda-feira, 22 de agosto, dois acordos com o governo são-tomense. – Refere o Jornal Téla Nón,

 Acrescentando que  o primeiro acordo foi assinado nas instalações da embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe, e tem a ver com o sector da saúde. Trata-se do acordo de parceria que reforça a intervenção do Projecto Saúde para Todos, na consolidação do sistema nacional de saúde.

Válido por 4 anos o acordo de parceria no domínio da saúde está avaliado 5 milhões e 800 mil euros.

O Projecto saúde para todos entra hoje numa nova fase com um reforço do orçamento que será de 5 milhões e 800 mil euros», declarou Rui Carmo embaixador de Portugal em São Tomé e Príncipe.

Uma nova fase que reforça de forma invulgar o apoio financeiro de Portugal no sector da saúde de São Tomé e Príncipe.

Centro de transformação da pimenta foi reabilitado

É também noticia pelo Telá Nón, que, o centro de transformação da pimenta, localizado no rio Liam,a foi reabilitado no âmbito do projecto de apoio às fileiras agrícolas de exportação. Um projecto financiado pela União Europeia. Portugal é cofinanciador. O Instituto Marquês de Valle Flor é o executor do projecto.

A pimenta produzida pela cooperativa dos produtores designada CEPIBA, é biológica.

«Esta obra de reabilitação visa contribuir para a melhoria da qualidade da pimenta produzida e processada em São Tomé e Príncipe», diz a nota de imprensa da embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe.


Mais de 250 produtores de pimenta beneficiam do centro de transformação, agora reabilitado. No entanto o projecto de apoio às fileiras agrícolas de exportação, pretende formar os membros da cooperativa em higiene e segurança alimentar.

Situação que permitirá « aos funcionários da cooperativa garantir a qualidade constante da pimenta, que desta forma irá ao encontro das exigências dos mercados internacionais, valorizando assim a pimenta de origem são-tomense», concluiu a nota de imprensa da embaixada de Portugal.

A obra de reabilitação do centro de transformação da pimenta demorou 8 meses e custou mais de 198 mil euros.

Jorge Bom Jesus, Primeiro Ministro e Chefe do Governo juntou-se a Carlos Tavares o Presidente da CEPIBA, na inauguração do centro de transformação da pimenta.

Abel Veiga

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

"Mulheres são-tomenses na diplomacia" - Livro de autoria do escritor Esterline Género


Foi acontecimento literário, na capital de  São Tomé, no passado dia  19 Agosto,  o lançamento do livro do escritor “A Diplomacia São-Tomense no Feminino”, de autoria do escritor   Esterline Género,  natural desta ilha, apresenntado pela jornalista e poetiza, Conceição Lima - 

Refere a STP-Press, que,  segundo  Esterline Género, o livro faz referência a algumas mulheres que se destacaram na diplomacia de São Tomé e Príncipe, das quais Maria Amorim, que foi, igualmente, Embaixadora do país em Portugal. 

O livro faz também referência, igualmente, a falecida ministra da Justiça e antiga Embaixadora do país em Portugal, Alda Melo.

Alda  Bandeira, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros e antiga candidata as eleições presidências no país, assim como Elsa Pinto, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros do actual Governo também estão referenciadas na obra. 

A cerimónia de lançamento do livro ocorreu nas instalações da Faculdade de Letras da Universidade Pública de São Tomé e Príncipe, onde estiveram presentes alguns amantes da literatura e figuras bastante conhecidas do mundo da escrita no país.

Manuel Dênde, jornalista da Agência STP-Press 










sábado, 20 de agosto de 2022

EXPOSIÇÃO EM SANTA COMBA – DE FOZ CÔA –Sobreviver no Mar dos Tornados e tubarões 38 dias à deriva numa piroga - Fotográfica e documental - EM HOMENAGEM AOS EMIGRANTES


 Jorge Trabulo Marques - Jornalista

EXPOSIÇÃO EM SANTA COMBA – DE FOZ CÔA –Sobreviver no Mar dos Tornados e tubarões 38 dias à deriva numa piroga – De 19 a 23 de Agosto – Em Homenagem aos emigrantes e imigrantes -
Patente até Terça-feira, no salão da Junta de Freguesia, antiga escola primária, graças ao amável gesto de acolhimento da sua presidente, Paula Abreu, que, juntamente com a Presidente da Assembleia Adelaide Vicente e outros membros da autarquia, José Ramos, mais conhecido por Zé da Torrinha e da Sandra Sousa, igualmente me têm prestado a sua generosa colaboração
Trata-se de uma exposição que já foi apresentada no Padrão dos Descobrimentos em Março de 1999, e posteriormente no salão da junta de freguesia de Foz Côa e num dos espaços do Município da Guarda, bem como numa escola secundária na Amadora – Posteriormente, em 2015, foi exposta no Centro Cultural Português, em S. Tomé, expressando um dos exemplos: de que se vence quando não se perde a fé e a força de vontade ou se luta por um propósito nobre e não se cruzam os braços

É composta por uma série de fotografias e outros documentos das minhas aventuras em pirogas de São Tomé, iguais às dos pescadores nativos, escavadas em troncos de árvores, de experiências marítimas solitárias vividas no vasto Golfo da Guiné

Iniciativa esta que me ocorreu espontaneamente, sem prévio agendamento, com o intuito de poder mostrá-la, especialmente aos emigrantes, que neste mês regressam ao seu torrão natal para matar saudades e retemperar forças para o resto do ano - Sim, porque , também eu fui um dos habitantes destas terras que cedo deixou o lar onde nasceu – Aos 12 anos como marçano em Lisboa, e, desde os 18 anos aos 30 em S. Tomé e parte do serviço militar em Angola. Tal como tantos outros que hoje guardam episódios de vida, recordações de dias difíceis, ousando ousaram enfrentar sacrifícios e as mais inesperadas adversidades

Os objetivos dessas minhas travessias foram vários: antes de mais, o fascínio que o mar exerceu em mim, desde o primeiro dia que desembarquei, do velho Uíje, ao largo da baía azulinha da linda cidade de São Tomé; o desejo de me encontrar a sós com a solidão e a vastidão do oceano e, de perante esse cenário, de me poder interrogar, ainda mais de perto, sobre a presença e os mistérios de Deus. Mas também por outras razões de carácter histórico-científico e humanitário. Tais como: evocar a rota da escravatura, ao longo da grande corrente equatorial, lembrar esses ignominiosos tempos do comércio de escravos e chamar atenção para esse grave problema que, sob as mais diversas formas, continua afetar a existência muitos seres humanos, na atualidade.

Demonstrar a possibilidade de antigos povos africanos terem povoado as ilhas, situadas naquele imenso Golfo, muito antes dos nossos navegadores, ali terem chegado, contrariamente ao que defendem as teses coloniais, que dizem que as ilhas estavam completamente desabitadas - E a verdade é que, entretanto, já foram encontradas antigas cartas em arquivos, do tempo dos árabes que provam, justamente, esses contactos com povos que, de há muito, ali viviam.

Contribuir para a moralização de futuros náufragos, à semelhança de Alan Bombard. Segundo este investigador e navegador solitário francês, a maioria das vítimas morre por inação, por perda de confiança e desespero, do que propriamente por falta de recursos, que o próprio mar pode oferecer. Era justamente o que eu também pretendia demonstrar - Navegando num meio tão primitivo e precário, levando apenas alimentos para uma parte do percurso e servindo-me, unicamente, de uma simples bússola, sem qualquer meio de comunicar com o exterior, tinha, pois, como intenção, colocar-me nas mesmas condições que muitos milhares de seres humanos que, todos os anos, ficam completamente desprotegidos e entregues a si próprios - Porém, quis o destino que fosse mesmo esta a situação que acabasse por viver. E, felizmente, também quis a minha boa estrelinha e, creio, com ajuda de Deus, que pudesse resistir a tantos dias de angústia, de sobressaltos e de incerteza.

Já se passaram vários anos, porém, essa minha experiência ainda está muito presente na minha memória – E duvido que algum náufrago, alguma vez possa esquecer os seus longos momentos de abandono e de infortúnio -

sábado, 6 de agosto de 2022

Escritor Jorge Amado - Faleceu no dia em que passavam 56 anos sobre o lançamento da bomba de Hiroshima lançada no dia 6 de agosto de 1945,- Entrevistei-o, neste mesmo dia, em 1981
























Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Registo sonoro  de  várias entrevistas que me concedeu          

BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.."

Escritor Jorge Amado - As armas atómicas, é um crime contra a Humanidade - Mas que estranha coincidência! - Entrevista concedida no dia 6 de Agosto de 1981, Ironia do destino - Iria falecer 21 anos depois, no dia 6 de Agosto de 2001, aos 89 anos, a 4 dias de completar 69 anos. No dia em que passavam 56 anos sobre o lançamento da bomba de Hiroshima lançada no dia 6 de agosto de 1945

Excerto de mais 3 videos

Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima

- Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

- Eu tinha 33 anos.
 "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."

Jorge Amado foi um dos mais premiados e populares escritores brasileiros. Dono de uma obra numerosa, sempre privilegiando a Bahia como cenário de suas narrativas, cativou o público com suas histórias que foram largamente adaptadas para a televisão.

Traduzido para dezenas de idiomas e aclamado nacional e internacionalmente, Jorge Amado conciliou realismo e lirismo poético, causas sociais e erotismo, trazendo consigo uma identificação afetiva com o povo brasileiro


BOMBA DE HIROXIMA -" Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!.."



- Jorge Amado: passam hoje 36 anos sobre o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima. Na altura o Jorge Amado, teria os seus?... Quantos anos?..

JA – Eu tinha 33 anos.
JTM – Recorda-se?....Tem alguma lembrança, dessa data, dessa data, tão trágica para a Humanidade?
JÁ – Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido.

JTM – No entanto, há quem pense o contrário; há quem diga que foi realmente uma maneira de  resolver o conflito!
JA -  Não acredito. Foi a fórmula de querer mostrar a superioridades, que, naquele momento os Estados Unidos, com aquela arma, passariam a ter para as negociações no após  guerra

JTM – Já que, ambos os blocos, as possuem: pois há também quem defenda que é uma maneira de se respeitarem mutuamente, de evitarem a guerra: o que é que pensa, Jorge Amado, a esse respeito?
JÁ – Eu sou pelo desarmamento: eu acho que a guerra se evita não tendo armas; se nós estamos  nós os dois, aqui  e não temos armas, é mais difícil que nos matemos de que você estiver aí com vários revólveres  e eu com armas brancas e revólveres, mais facilmente nos mataremos.

Eu acho que essa coisa das armas, incluindo as armas atómicas,  é um negócio sujo: é um negócio sujo, porque, por um lado envolve dinheiro, e não é uma maneira de chegar dinheiro à custa da morte!    À custa da desgraça dos demais!... E é realmente um crime!... Esta coisa dos grupos antagónicos de nações, se equilibram e isto evita a guerra, eu acho extremamente discutível!... Eu acho que isso  nos coloca sempre no perigo da guerra! Diante do perigo da guerra!... Eu acho que, se os homens que dirigem as nações, tivessem mais sentido de humanismo, pensassem mais na humanidade de que nos seus interesses pequenos e mesquinhos, nós teríamos o desarmamento - não é o desarmamento geral –que colocaria a guerra muito mais distante e muito mais difícil. É isso que eu penso.

JTM  - Haver paz sem se recorrer à existência de armas?
JA – Eu acho que sim; que haverá, realmente, no dia em que se deixar de recorrer às armas.

JTM – Acredita que, num futuro próximo ou distante, essas armas que são uma ameaça à Humanidade,
possam deixar de existir? Que sejam postas de lado, uma vez para sempre?
JA -  Eu sou otimista em relação ao futuro da humanidade; eu acredito no homem: o homem, apesar de tudo, evolui e marcha para diante e que chegará o dia em que, realmente, a humanidade  deixará de lado, todas essas armas  e que os homens do futuro pensarão: como foi possível esse acumular de armas! Que loucura! Deu na humanidade e nos homens! Nos dirigentes dos países, para que se ameaçasse a humanidade, com essas armas tão terríveis!... Note que não é o povo de nenhum país que deseja as armas: são sempre os grupos dirigentes, aqueles que estão no poder!... Os povos não desejam as armas, muito menos  as armas atómicas! Os povos desejam viver em paz! Tranquilamente, trabalhando.

JTM – Mas, a corrida ao armamento, parece cada vez mais aguerrida! As aramas aparecem cada vez mais aperfeiçoadas!... Como ver isto?
JA – Eu vejo, sempre como um perigo para a humanidade! Eu vejo como uma desgraça!... É uma desgraça e um crime! – É isso que eu penso.

JTM – A nível mundial, que é que, Jorge Amado, acha que devia ser feito para que as nações depusessem as armas e não apostassem nessas forças diabólicas? E que podem, de um momento para o outro destruírem a existência do homem na Terra?
JA – Eu acho que devia ser feito aquilo que a sua rádio está fazendo, mas a nível mundial! Por todos! Uma campanha contra as armas atómicas e contra todas as armas!... Uma campanha mundial de todos os homens, pelo desarmamento!... Mas não uma campanha feita com interesse desse ou daquele grupo, não: uma campanha que fosse de todos os homens e no interesse, sim,  da humanidade e não desta ou daquela superpotência, deste ou de outro grupo de nações!... Mas pela Humanidade!

JTM – Jorge Amado, falou da Humanidade mas os escritores também têm um importante papel na humanidade!
JA – Com certeza: os escritores, os artistas, sobretudo os cientistas, porque sabem que uma guerra atómica seria a destruição da vida sobre a Terra: não apenas da vida humana mas de toda a vida sobre a Terra! … Todos nós temos essa obrigação, é nosso dever! Todos nós: a luta contra  a corrida armamentista! A luta contra as armas atómicas!

JTM – Já agora, uma última pergunta, sobre o mesmo assunto: já alguma vez, Jorge Amado, nos seus livros abordou esta questão ou pensa abordá-la futuramente?

JA – Eu abordei essa questão, em inúmeros artigos! Em conferências! Em discursos no Parlamento, quando fui deputado… De todas as maneiras, lutando contra as armas atómicas, e, de certa maneira, eu diria que os meus livros refletem o desejo de Paz da Humanidade! 

Mesmo  que eu não tenha tido nenhum tema em nenhum deles, a luta contra as armas atómicas, porém, os meus livros refletem a luta do homem por uma vida melhor e de paz e uma vida mais feliz.


BIOGRAFIA -  Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, município de Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância. Fez os estudos secundários no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador. Neste período, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes.
Publicou seu primeiro romance, O país do carnaval, em 1931. Casou-se em 1933, com Matilde Garcia Rosa, com quem teve uma filha, Lila. Nesse ano publicou seu segundo romance, Cacau.
A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Seus livros foram traduzidos para 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato de audiolivro.
Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001. Foi cremado conforme seu desejo, e suas cinzas foram enterradas no jardim de sua residência na Rua Alagoinhas, no dia em que completaria 89 anos -  Mais pormenores em http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75


GLAUBER ROCHA Um grande amigo meu, um amigo fraterno, meu irmão e um homem extremamente importante dentro da cultura do nosso país: dentro da cultura brasileira, dentro da cultura de Portugal, do mundo da língua portuguesa, pois que é um cineasta! E um escritor que tem realizado uma obra da mais alta importância!... Além de mais, é um homem extremamente lúcido na sua maneira de pensar, que tem lutado sempre ao lado do povo, contra os inimigos do Povo! Sempre ao lado dos interesses mais nobres da humanidade! Contra aqueles, exatamente, que querem a guerra, a opressão e a miséria! Os filmes de Glauber Rocha, são todos eles um elogio do Homem, do ser humano.”


BOMBA ATÓMICA EM HIROXIMA - "Eu me recordo perfeitamente. Foi durante a guerra; foi lançada sobre o Japão! No momento em que já não havia absolutamente necessidade de que a bomba atómica fosse lançada, a guerra estava ganha pelos aliados, foi um crime! Um crime terrível não só para a população japonesa mas contra a Humanidade!... Não havia absolutamente nenhuma necessidade de lançar a bomba atómica naquele momento sobre o Japão: o Japão já estava vencido."


Depois do 25 de Abril. Jorge Amado, deslocou-se várias vezes a Portugal: vindo, nomeadamente, de Paris, onde passava algumas temporadas, sobretudo na década de 80, numa fase, literariamente,  ainda muito ativa – Não era que gostasse mais de viver na Europa de que no Brasil; o motivo não era esse mas a falta de privacidade e o necessário isolamento, que não conseguia encontrar na sua cidade natal, onde era constantemente solicitado     - Nascido em Tabuna,  a 10 de Agosto de 1912, Estado da Baía, e, em cujas terras,  havia também de falecer:  Em Salvador, 6 de Agosto de 2001

Confessou-me que adorava o nosso país:   deliciar-se com a sua gastronomia, admirava o artesanato do Minho  (nomeadamente o da cerâmica),  as belezas naturais, o nosso sol,  nosso clima, a simpatia das nossas gentes, onde contava com  bons amigos, alguns dos quais, fonte de inspiração, como personagens nas suas obras: é o caso, por exemplo, de Nuno Lima de Carvalho, diretor da Galeria de Arte do casino Estoril


Tanto ele, como Zélia Gattai, sua esposa, deram-me o prazer de me concederem várias entrevistas, que aguardo no meu arquivo. Uma das quais feita por ocasião do Congresso de Escritores Portugueses, em 1988 (creio que o 2º), ou seja, dois anos antes da assinatura do então já  polémico acordo ortográfico – Obviamente, que o tema não deixou de vir à baila,  gerando acaloradas discussões, tal como, de resto, ainda hoje continua a suscitar, - Mais à frente o registo em vídeo dessa interessante entrevista

Naquela manhã de 06 de agosto de 1945, os tripulantes do avião “Enola Gay” só conseguiam dizer “Meu Deus, o que fizemos”, depois de presenciarem a cidade de Hiroshima, no Japão, desaparecer embaixo de uma nuvem em forma de cogumelo. Era o efeito do lançamento da primeira bomba atômica americana que saiu de um avião B-29 batizado pelo seu comandante com o nome de Enola Gay, em homenagem à sua própria mãe. No dia 09, outra bomba igual seria lançada sobre a cidade de Nagasaki. Os pilotos norte-americanos haviam sido treinados durante meses para uma missão especial, a bordo de uma esquadrilha de aviões B-29. No entanto, quase ninguém sabia o que estes aviões realmente transportavam.

Morreram cerca de 100 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. As vítimas eram civis, cidadãos comuns, já que nenhuma das duas cidades era alvo militar muito importante. O cenário histórico dessa tragédia que permanece até hoje na memória de milhares de japoneses era a guerra no Pacífico, entre Japão e Estados Unidos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Parabéns Dr. Manuel Pinto da Costa – Completa hoje mais um ano de vida, o 1º Presidente da República de S. Tomé e Príncipe e 1º Presidente do MLSTP/PSD, figura histórica e incontornável da nacionalidade santomense

Jorge Trabulo Marques - jornalista e antigo co-respondente, em STP,  da Revista Semana Ilustrada, de Luanda  - 1970 a Março de 75 

Meus Parabéns, Caro Presidente
E votos de um dia feliz, com saúde e de que este dia se repita por outras gravanas com alegria e tranquilidade 

Hoje é um dia muito especial na vida de um dos principais rostos da nacionalidade santomense, a   mais prestigiada  e carismática figura histórica do MLSTPexemplo de Generosidade, Dedicação, Seriedade e de Amor Pátrio. –  Falar do seu nome, é associar a imagem  e o perfil  a uma das mais heróicas e ilustres figuras destas Ilhas maravilhosas do Equador. 


Manuel Pinto da Costa  -Presidente do seu país, de 1975 até 1991 e de 2011 até 2016.
Licenciado em Economia pela Universidade de Berlim-Leste, onde também se doutorou, 



Eu não tenho ambições de liderar nada mas estou disponível a dar o meu contributo naquilo em que possa ser útil. - Primeira parte de uma interessante  e honrosa entrevista que, 
Manuel Pinto da Costa, me concedeu, aquando da minha deslocação a São Tomé,  a convite da Associação de jornalistas de STP, para a participar  no  Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de Maio de 2019 .  
https://canoasdomar.blogspot.com/2020/06/manuel-pinto-da-costa-o-ex-presidente.html


O cofundador da Nacionalidade Santomense, continua  acreditar  nas potencialidades do seu pais - Reconhece que “São Tomé e Principe tem um enorme desafio,  de um pais no Golfo da Guiné, potencialmente rico , com muitas possibilidades!... Não tem que ter necessariamente petróleo!..Temos uma situação geográfica invejável  no mundo de hoje" - . Palavras da honrosa entrevista que me concedeu, na sua residência.


Não era ficção mas surpreendente realidade: ver à minha frente o mesmo homem, com o mesmo perfil, a mesma determinação, bonomia, o mesmo entusiasmo e seriedade, e até ainda exteriorizando  uma grande juventude,  que aceitara a duríssima  tarefa de conduzir os destinos do seu jovem país, em levar por diante a pesadíssima herança colonial, com apenas quatro licenciados e roças abandonadas - Pena, no entanto, que estas não  tivessem sido preservadas - Mas também é verdade que a memória destas grandes propriedades, onde os trablhadores nativos, não iam além de capatazes, tão não era muito estimuladora.

Atualmente, em São Tomé existem muitas carências, é verdade,  mas não há sinais de fome. Peixe abunda e das mais diversas espécies. Não se vêem as imagens de uma áfrica faminta. O mar é de um madrepérola quente e acariciador a convidar os olhos e o corpo. Não faltam frutos na floresta e aninais domésticos, desde o porco, à galinha ou ao cabrito, em estreita simbiose e harmonia com as pessoas e o ambiente paradisíaco envolvente. 


Nasceu no dia 5 de Agosto de 1937 em Água Grande – Já lá vão 85 anos mas a vida não se esgota na contagem das gravanas na sua amada ilha mas na forma intensa, sábia, inteligente  e dedicada, como se persegue um ideal, como se dá sentido à vida! – E a do Dr. Manuel Pinto da Costa, tem sido uma vida, particularmente exemplar, dedicada à causa pública, à fundação e aos destinos da sua amada pátria, de quem sente o apelo, de um dever de consciência e de entrega, não olha a sacrifício


DEFENSOR  DOS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS E  DAS PONTES DE DIÁLOGO - " Palavras proferidas, nas comemorações do 12 de Julho de 2015, que aqui me apraz recordar .


"Dizia eu há 3 anos que é preciso, neste mundo global, competitivo e vivido em tempo real devido aos avanços tecnológicos no domínio da comunicação,  construir pontes para o exterior, preservando a imagem de um país que é, seguramente, a sua principal marca.

Hoje queria acrescentar que temos de saber também e ao mesmo tempo construir pontes entre nós próprios, independentemente das diferenças, num permanente diálogo construtivo e gerador de consensos estratégicos que permitam ao país construir um futuro melhor, o futuro com que todos sonhamos desde que conquistámos a independência.

O diálogo nunca será uma causa perdida nem falhada porque sem diálogo não há democracia nem coesão social.

Mesmo que os resultados fiquem aquém das expectativas o diálogo será sempre um instrumento fundamental para unir as diferenças, enriquecer a diversidade e encontrar caminhos comuns que mobilizem as energias da nação para vencer os desafios do século XXI.

Uma das distintas figuras,  com quem tive a honra e a grata satisfação  de dialogar, antes da independência de S. Tomé e Príncipe e de quem, com igual simpatia e cordialidade, me despedi ao deixar esta maravilhosa Ilha para tentar a travessia oceânica, numa frágil piroga, de S. Tomé ao Brasil - 


Mas só, 39 anos mais tarde, o pude voltar aqui a reencontrar e abraçar, concedendo-me a honra e o prazer de me receber na sua residência oficial, no morro da Trindade – Gesto amigo e cordial, que muito me sensibilizou, de particular significado na minha vida profissional e do amor a uma terra, ao seu Povo, pacifico e generoso, a que me sinto ligado por laços de profundo afeto, como se fosse a terra onde nasci, como se fosse também um dos seus filhos.

  
Pouco passava das 11 da manhã, quando, Manuel Pinto da Costa, acompanhado pelos seus assessores, descia as curtas escadas da sua residência, e vinha ao meu encontro, num dos mais belos e aprazíveis mirantes ajardinados do referido Palácio, no qual se desfruta uma impressionante panorâmica sobre a ilha – Cumprimentando-me, de forma afetuosa e  cordial, numa saudação comum de quem há muito não se via mas cujas boas memórias não esquecem facilmente  – Aproveitava a oportunidade para lhe fazer a entrega  da camisola do MLSTP, que me acompanhara na longa odisseia dos 38 dias à deriva numa piroga, a mensagem que não chegara ao destino e  voltava ao ponto de partida, bem como para lhe  comunicar a intenção de vir a doar o espólio fotográfico da exposição que apresentei no Padrão dos Descobrimentos, por ocasião da Expo98, "Sobrevier no  Mar dos Tornados e Tubarões, 38 dias à deriva numa piroga". afim de que, por seu intermédio, fosse entregue no Museu Nacional de S. T. P.





"MENSAGEM DO POVO DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, PARA O POVO BRASILEIRO" - Que não chegou ao destino  mas continua perfeitamente actualizada.


Em meados de Outubro,  pouco tempo   depois da Independência e após a escalada do Pico Cão Grande, deixaria São Tomé a bordo do pesqueiro Hornet para ser largado numa piroga na Ilha de Ano Bom, 180 Km a sul da linha do Equador, a fim de tentar a travessia atlântica - com uma mensagem redigida por José Fret Lau Chong que então desempenhava as funções de ministro da Informação, Justiça e Trabalho – cargo que ocupou entre 1975 e 1976 – a qual dizia, entre outras palavras, o seguinte:



"A recente independência  nacional de S. Tomé e Príncipe, e a consequente libertação do nosso povo do domínio colonial português, reforça a afinidade dum passado histórico comum com o Povo Brasileiro, e daí, a razão de ser de uma irmandade que importa  reviver, sempre que possível, para se reforçar. 


Assim, aproveitando a travessia  atlântica do camarada Jorge Trabulo Marques, que servindo-se de uma simples canoa, vai percorrer  o mar, de S. Tomé ao Brasil, evocando a rota por que, na era retrógrada, os escravos eram conduzidos  para as plantações  da cana do açúcar, o povo de S. Tomé e Príncipe, representado pela sua vanguarda revolucionária,  o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (MLSTP), saúda fraternal e calorosamente, o povo irmão do Brasil" - Excerto

DOAÇÃO DO ESPÓLIO DA EXPOSIÇÃO "ODISSEIAS NOS MARES DO GOLFO DA GUINÉ", APRESENTADA NO PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS, EM LISBOA, EM 1999, AO MUSEU NACIONAL DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE



Registo, em vídeo, de algumas passagens da audiência que me fora concedia, a mim, Jorge Trabulo Marques, no dia 4 de Outubro de 2014,  na qualidade de Jornalista,  investigador e navegador solitário, pelo Sr. Presidente da República de S. Tomé e Príncipe, Dr. Manuel Pinto da Costa  - Durante a honrosa e gratificante audiência, que se prolongaria por mais de duas horas, muitos foram os assuntos abordados, desde a narrativa das minhas aventuras solitárias, em canoas, aos  tempos atribulados da descolonização, até  outras questões da atualidade, cuja explanação se tornaria demasiado longa, oportunidade esta também aproveitada para a oferta de algumas fotografias da tentativa da travessia de S. Tomé ao Brasil, que se saldaria por 38 longos e penosos dias à deriva no Golfo da Guiné, assim como de uma t-shirt, usada na referida  odisseia  marítima, com o símbolo do MLSTP, ao mesmo tempo que lhe comunicava  o desejo de doar ao Museu Nacional de STP, o espólio da minha exposição fotográfica e documental, inaugurada no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, por ocasião da Expo99 –