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terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Campeonato de Futebol 19ª Jornada - Reportagem em Alvalade e na Amadora - Sporting faz goleada histórica em Alvalade com o Estrela da Amadora, averbando 8 golos sem resposta E, na Reboleira, o Benfica vence o Estrela da Amadora por 4-1- - Golão de bicileta do brasileiro Arthur Cabral deu fôlego às águias depois de golo sofrido

Fotojornalismo - Videos   - Jorge Trabulo Marques - Com Footballdream


Sporting 8- Casa Pia 0 -Goleada Leonina Monumental em Alvalade na 19ª jornada do Campeonato  – Exibição histórica e avassaladora da garra leonina frente ao Casa Pia, em Alvalade, que vibrou com os golões  de Coates, aos 14 e 81 minutos, Gyökeres, aos 23 e 32, o segundo de grande penalidade, Pedro Gonçalves, aos 25, Trincão, aos 43 e 90+4, e Geny Catamo, aos 64, que assinalaram a 6ª  vitória seguida dos leões no campeonato.

Noite de segunda-feira, serena de tempo, mas vibrante de euforia nas bancadas e de abraços no relvado, que permitiu à equipa de Rúben Amorim,  atingir a maior goleada, que, os leões,  desde há 50 anos, não venciam  no campeonato de forma tão expressiva


Depois de uma derrota que custou ao Sporting a oportunidade de disputar a primeira final da época, sim, seis dias após a equipa leonina  ter sido penalizada por  falta de pontaria e de eficácia na meia-final da Taça da Liga em Leiria frente ao Sp. Braga, de facto,  este resultado  de oito golos, sem resposta, não podia ser mais expressivo para retomara a confiança , fazer esquecer aquele absurdo desaire,  retomando a  liderança do campeonato e apontar baterias na conquista do título. .


Benfica venceu o Estrela Amadora por 4 a 1, - Arthur Cabral  fez golo de bicicleta e rodar voo às águias

O Benfica conquistou uma importante vitória sobre o Estrela Amadora, por 3 a 1, em partida válida pelo Campeonato Português. Com este resultado, o Benfica encosta no Sporting, líder do campeonato, com 35 pontos conquistados. Já o Estrela Amadora segue próximo à zona do rebaixamento, com 18 pontos conquistados.

O Estrela Amadora abriu o placar do jogo com um golo de Lé e Jabá, aos 28 minutos de jogo. Mas seria o Benfica a dar a volta ao jogo  com um golaço de bicicleta de Arthur Cabral, aos 44 minutos, e um gol de Rafa Silva, aos 46 minutos.

Na segunda parte, a equipa das águias, fez melhor jogo e ampliou o resultado, com um golo de Otamendi, aos sete minutos, até porque passou também a ter pela frente menos um jogador na equipa da casa, com a expulsão de Régis N, aos 26’ o que viria a complicar as hostes do Estrela Amadora

 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Escritor Vergílio Ferreira – Entrevista - Nasceu neste dia há 108 anos, em Melo, Gouveia, O que pensava sobre a morte, o autor da Manhã Submersa, Aparição, Alegria Breve, Espaço do Invisível, Cântico Final, Para Sempre, Até ao Fim – Além de muitas outras obras em romance, conto, ensaio e diário

 Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - 




Entrevista ao Escritor Vergílio Ferreira – 1916-1996 – “Depois da morte não há nada” –    Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc  -


Recordando um dos maiores vultos da literatura portuguesa, que me deu a honra e o prazer de me receber, várias vezes em sua casa e de me conceder várias entrevistas, cujos registos ainda conservo -  A entrevista que, hoje, aqui  recordo, teve como tema principal a questão da morte – Há vida para além da morte? – Entre outras perguntas



VIRGÍLIO FERREIRA, DISSE-ME, UM DIA, EM SUA CASA:


ESTOU CONVENCIDO QUE A MORTE É O FIM DE TUDO...MAS NÃO TENHO RAZÃO ABSOLUTAMENTE NENHUMA PARA AFIRMAR QUE DEPOIS DA VIDA NÃO HÁ NADA”


Formou-se em Filologia na Universidade de Coimbra. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego.

Foi em 1953 que Vergílio publicou sua primeira coletânea de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro que lhe rendeu o Prêmio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. No mesmo ano, ingressou no Liceu Camões, em Lisboa, e ficou até a sua aposentadoria, em 1982. Dois anos depois, em 84, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Suas obras receberam influências do existencialismo, dos clássicos gregos, do neo-realismo, da perspectiva metafísica, da simbólica e, de certa forma, do niilismo. Essa mistura de abordagens e influências resultou em um vasto acerto e na originalidade dos escritos do autor.

Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa, além disso, recebeu o Prêmio Camões, atribuído por um júri luso-brasileiro.


Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc.…Hoje estou convencido que a morte é realmente o fim de tudo… Se eu não estivesse convencido disso, naturalmente a vida e o seu absurdo não se imporiam tanto!…

Evidentemente que estas certezas não se baseiam em nada… Baseiam-se num equilíbrio interior…(…) Aliás, é em função desse equilíbrio interior que nós aderimos a muita coisa na vida…Desde a mulher que se ama à verdade da política que se segue ou o clube de futebol a que se adere, etc.… Portanto, eu não tenho razão absolutamente nenhuma para afirmar que depois desta vida não há mais nada… A única razão é esse tal equilíbrio interior….Não vou discutir com ninguém que acredito num além!… Não vou discutir com ele para lhe pretender demonstrar que ele não tem razão e quem tem razão sou eu!… Estas coisas decidem-se no íntimo de nós…sem que nós, no fim de contas, para aí metamos prego nem estopa, como se costuma dizer…Estou convencido que a morte é o fim de tudo…. Mas não tenho razão absolutamente nenhuma para afirmar que depois na vida não há nada!.












P - Nunca se se viu à beira da morte?

R - V.F. Já estive à beira da morte duas vezes!… Uma vez porque fui atropelado e estive inconsciente durante seis horas e outra vez, há dois anos, que foi quando tive um ataque cardíaco e quase passei para o lado de lá!… Estive mesmo numa situação em que a minha mulher pensou que eu ia morrer!…Porque já não tinha consciência… também porque estava a abrir e a fechar a boca, como um peixe fora da água!… Mas devo dizer que, nesse momento… aliás, quando fui atropelado não tive tempo de pensar, porque, se tive, esse pensar, apagou-se-me!… Porque, quando há assim perda de consciência - eu não sabia, mas verifiquei por mim - a memória apaga-se-nos, até, digamos, uma hora ou duas horas ou mais, antes do acidente…Não assim, quando tive o enfarte.. porque, nessa altura, eu vi a coisa a progredir justamente o nada…. Mas não tive tempo de pensar na morte!…sentia-me apenas aflito, com um mal-estar tremendo!…Era só o que me preocupava.


P - Portanto, não teve consciência de ficar assustado?

R - V.F - Não…O problemas da morte, o facto de eu me preocupar com a morte não significa que a morte me assuste… apenas tendem a confundir essas duas coisas… Uma coisa é o medo da morte outra é a intriga que a morte nos causa…. A mim…dizer que não me importava de morrer, não é verdade… importo-me tanto como as outras coisas…Mas cada vez me importo menos à medida que o fim se chega… Simplesmente, uma coisa é isso, outra é nós querermos encontrar uma resposta para esta oposição de duas realidades que se opõem flagrantemente!… De um lado a vida, com todo o seu milagre; do outro lado a morte, com todo o seu vazio!… Portanto, a intriga deste problema é que sempre me obcecou… Não é o problema do medo da morte…


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Suponhamos, por absurdo, que eu depois da morte me encontrava de facto, digamos, a viver no além, com a minha auto-consciência, etc. etc… Também não ficava surpreendido!… Agora isso, de maneira nenhuma se me impõe… O que se impõe é a ideia de que isto acabou definitivamente!… Mas, como não tenho razões nenhumas , excepto esse equilíbrio interior, que há pouco disse…pois, naturalmente, não posso ter argumento nenhum para pensar nisso…Por conseguinte, se, por absurdo me encontrasse depois da morte?!…Não sei!… Ficava um bocado interrogado, mas não ficaria assim muito admirado disso!…

Significa, portanto, que este tipo de verdades não têm nenhuma fundamental razão de ser…Claro que eu não acredito em nenhuma sobrevivência para além da morte, não acredito!…O problema intriga-me!…Mas outros acreditam que sobrevirão!… Não tenho nenhum argumento contra eles!… E eles não têm nenhum argumento a opor-se-me a mim…Toda a condução da minha vida, tudo aquilo que eu tenho que pensar, centra-me nesta certeza: realmente depois da morte não há nada…
















Anos oitenta - Em conversa com o escritor, tendo como tema - A Morte

O RETORNO AO SAGRADO

“Fala-se tanto nele, como aliás, estava previsto. Mas não no que dele mais importa e não passa pelos deuses e muito menos pelas sacristias. O retorno do sagrado deve ter que ver fundamentalmente com a recuperação da sacralidade do homem, da vida, da palavra, do mundo. A sacralidade está no que suspeitamos de mistério nas coisas, a força “original de tudo o que nos espera o nosso olhar limpo, a nossa atenção humilde, a divindade está em nós. O grande acontecimento do nosso tempo, que é o sinal do nosso desastre, é a profanação de tudo, a dessacralização do que abusivamente foi invadido pelos deuses. Os deuses morreram e quiseram arrastar consigo a morte do que era divino sem eles” in Pensar - de Vergílio Ferreira

sábado, 27 de janeiro de 2024

São Tomé e Príncipe - E o ex-Presidente Evaristo Carvalho – - Momentos partilhados com o meu antigo camarada da Brigada de Fomento Agropecuário – Num passeio ao Morro Carregado, em Março de 2016, onde lhe fiz uma centena de imagens, entre as quais junto aos troncos dos milenares imbondeiros, bem como na visita presidencial a Portugal

                                                                Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Recordando algumas das images do passeio ao Morro Carregado, em Março de 2016 do então candidato a Presidente de STP  -  Nessa maravilhosa tarde,  fiz-lhe mais de uma centena de fotografias, entre as quais junto aos troncos dos  milenares imbondeiros   
Gigantescas árvores, que, aqui, já se erguiam e tinham as suas raízes, muito antes da Ilha ter sido  batizada com o nome do apóstolo santo - Desde a fímbria marítima, das margens vulcânicas, até aos seus mais altos montes e picos, se cobria de verdejante e copado manto



Evaristo do Espírito Santo Carvalho, nasceu em Bombom, 22 de outubro de 1942 - Faleceu no dia 29 de Maio 2022, aos 80 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada.Desempenhou o alto cargo de Presidente de São Tomé e Príncipe de 3 de setembro de 2016 até 2 de outubro de 2021. Anteriormente, ele foi o primeiro-ministro do país em duas ocasiões em 1994 e entre 2001 e 2002.


Evaristo Carvalho foi diretor do gabinete do  ex- Presidente da Republica, Manuel Pinto da Costa (1975-76) tendo ainda sido secretario geral do gabinete presidencial do antigo Presidente Miguel Trovoada (1991-92).

Ministro da Defesa e Ordem Interna (1992-94), Evaristo Carvalho foi também Ministro das Construções, Transportes e Comunicações (1978/80), Secretário de Estado da Administração Territorial (1977-1978) entre outros cargos públicos.

Além de ter sido vice-presidente do partido ADI do ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada, Evaristo Carvalho foi membro co-fundador do PCD-GR (1990-94) liderado na altura por Leonel Mário d’Alva, antes de exercer as funções de Secretário Executivo Permanente do MLSTP ( 1980-82) então liderado por ex-Presidente da República, Manuel Pinto da Costa
Pai de 25 filhos, Evaristo Carvalho era um histórico da política são-tomense, tendo sido, por duas ocasiões, primeiro-ministro em governos de iniciativa presidencial.


Além de ter sido vice-presidente do partido ADI do ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada, Evaristo Carvalho foi membro co-fundador do PCD-GR (1990-94) liderado na altura por Leonel Mário d’Alva, antes de exercer as funções de Secretário Executivo Permanente do MLSTP ( 1980-82) então liderado por ex-Presidente da República, Manuel Pinto da Costa


Pai de 25 filhos, Evaristo Carvalho era um histórico da política são-tomense, tendo sido, por duas ocasiões, primeiro-ministro em governos de iniciativa presidencial.

Técnico de agricultura, Evaristo Carvalho começou por ser um quadro do partido único – Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) – após a independência e até ao início do multipartidarismo, na década de 1990.

Foi chefe de gabinete de Miguel Trovoada quando este foi Presidente da República e aderiu ao Ação Democrática Independente (ADI), partido liderado pelo filho daquele e antigo primeiro-ministro, Patrice Trovoada


sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

São Tomé - Navio “Príncipe” da Marinha Portuguesa vai reforçar a vigilância nas águas costeiras – Operado por uma guarnição mista dos dois países


Jorge Trabulo Marques - Jornalista 


Uma embarcação de alta velocidade da Marinha portuguesa vai juntar-se ao navio “Centauro” em São Tomé e Príncipe para a missão de capacitação da guarda costeira daquele país e apoio à fiscalização marítima no Golfo da Guiné.

Esta será a primeira vez que Portugal terá dois dispositivos a operar nesta missão, criada no âmbito de acordos bilaterais e multilaterais com o objetivo de capacitar a guarda costeira de São Tomé e Príncipe, “apoiando a fiscalização marítima conjunta e contribuindo para o reforço da segurança marítima”, adiantou a Marinha.

De referir que o navio Zaire, operado por uma guarnição mista constituída por 23 militares portugueses e 14 santomenses, contou com 2011 dias de missão, tendo percorrido mais de 37 mil milhas.

De acordo com fonte oficial, esta embarcação, batizada “Príncipe”, será operada por seis fuzileiros portugueses aos quais se juntarão mais quatro são-tomenses, compondo uma guarnição mista.

A nova embarcação “Príncipe”, que tem uma velocidade de operação de 20 nós, vai assim juntar-se ao navio português “Centauro”, uma lancha de fiscalização rápida que chegou àquele país a 7 de maio, altura em que rendeu o NRP (Navio da República Portuguesa) “Zaire”, que já regressou.

A cerimónia que assinala a partida desta nova embarcação realizou-se esta sexta-feira, na Base Naval de Lisboa, e na mesma ocasião será assinalado o regresso do NRP “Zaire” “passados mais de cinco anos e após concluir a sua participação na missão de Apoio à Fiscalização dos Espaços Marítimos e de Capacitação Operacional Marítima de São Tomé e Príncipe”, lê-se na nota enviada pela Marinha.

Durante os mais de cinco anos de missão em São Tomé e Príncipe para reforçar a fiscalização do mar são-tomense e do Golfo da Guiné, o “Zaire” percorreu mais de 37 mil milhas, realizou 19 ações de busca e salvamento, 31 ações de fiscalização conjunta, 13 ações de segurança marítima no âmbito da pirataria, oito vistorias a navios no mar e também participou em diversos exercícios internacionais.

Roberto Carlos - "A vida é a minha musa inspiradora” –Também o tenho procurado seguir - Recordando a entrevista que me concedeu, em 1982, no aeroporto de lisboa e pouco depois de ter entrevistado sua mãe,

                                                   Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

"Eu vou seguir uma luz lá no alto eu vou ouvir
Uma voz que me chama eu vou subir
A montanha e ficar bem mais perto de Deus e rezar
Eu vou gritar para o mundo me ouvir e acompanhar
Toda minha escalada e ajudar
A mostrar como é o meu grito de amor e de fé
Eu vou pedir que as estrelas não parem de brilhar
E as crianças não deixem de sorrir
E que os homens jamais se esqueçam de agradecer"
- Roberto Carlos

Recordando a entrevista que me concedeu, Roberto Carlos, em 1982mLeia mais pormenores da sua digressão, em https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2015/05/roberto-carlos-de-novo-em-portugal-32.html



Oh, sim, Ó Deus do Azul dos Céus! Ás vezes só quero irmanar-me com a liberdade destas formas dispersas e abstrair-me das injustiças e violências humanas sobre as inocentes crianças pobres e desprotegidas, idosos abandonados e os mais desfavorecidos - Mas, ó Deus dos Imensos Mundos Longínquos e Invisíveis, que, lá alto, contemplais a Terra, que também Vós mesmo criastes, quem, em boa consciência, poderá ignorar a cruel realidade que se escancara, no dia a dia, aos olhos dos corações mais atentos e sensíveis

Estudantes da Universidade da Beira, que vieram às Ilhas Verdes do Equador participar num projeto de intercâmbio no âmbito dos cuidados de saúde 


Vinde e Seja Bem-vindo à “Rainha do Equador

mimosa filha de Deus! / És em África o esplendor

a estrela dos lábios céus!

Teu rosto que o Criador,

formou com tão sábia mão,

embora de baça cor

é o primor da criação! “

                                                               Francisco Stocler



quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Pedras com memória num lugar com história - Chãs - Foz Côa - Maciço dos Tambores - Bustos hercúleos, testemunhos de um passado longínquo – além destes – muitos mais, que povoam estes maravilhosos espaços.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 






Magistral herança que ressoa a primórdios, trazendo o eco recôndito e longínquo de remotas eras, dos povos que por aqui se abrigaram e cultuaram os seus deuses, erigindo insólitas catedrais, templos solares alinhados com os ciclos da Natureza, altaneiras estátuas de descomunais figuras humanas em descampados morros, impressionantes formas de animais, de aves, enfim, configurando as mais estranhas criaturas e fantasmagorias, cavadas e moldadas no ventre ou na face do acinzentado e negro-sarapintado granítico - qual fabuloso petrimundo dissimilado por mil cidadelas

Não é mera obra do acaso, vestígios da erosiva e poderosa ação dos elementos - Na verdade, sítios há que são uma tentação, um verdadeiro centro de emanações e de eflúvios, propensos ao deleite, ao esquecimento e à sublimação.


Quando não coberto das giestas em flor, aparentemente, mais lembra terra de ninguém, parda e vazia paisagem de um qualquer pedaço lunar, porém, estou certo que não haverá alguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido daquelas tisnadas fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, subtis fragâncias, e volvendo o olhar em torno dos vastos horizontes que se rasgam por largos espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco 
Ali se refugiaram povos muito antigos, aproveitando os naturais abrigos: as cavernas abertas nos enormes megalíticos, as fendas e as grutas dos encastelados afloramentos, ou mesmo implantando, nos espaços mais estratégicos e abrigados, os seus acampamentos, valendo-se de grotescas lascas e pedras soltas, de cujas construções ainda prevalecem abundantes amontoados e outros vestígios - e até um santuário de sacrifícios, amuralhado por um recinto circular, junto ao qual se destacam dois colossais fraguedos, assentes num lagedo que descai em rampa. Um deles, o principal, está de tal maneira inclinado a poente, que parece desfiar todas as leis do equilíbrio e da gravidade. Visto de trás, faz lembrar um enorme crânio humano 

A fronte, pelo contrário, parece ter sido cortada de alto abaixo por um só golpe - sabe-se lá por que hábil mão e recorrendo a que gigantesco machado! Junto à sua base, de extremo a extremo, e no sentido poente nascente, é atravessado por uma galeria em forma de cúpula, tendo no interior, um nicho com uma pintura a negro, que tem dado origem a várias lendas e que a o povo chama(talvez pelo seu entrelaçado), a Cabeleira de Nossa Senhora, nome pelo qual é também conhecido o dito santuário.



A outra fraga, fica um pouco ao lado - e também não é uma pedra vulgar. A sua orientação é ligeiramente diferente. Vista de costas para poente, parece um enorme boné semi-pousado ou cabeça de réptil de olho aberto. Porém, o lado que está voltado para Norte, uma boa parte do seu fundo, sai do lagedo que o sustenta, é oco, fica incrivelmente suspenso em vazio, tomando a forma de uma gigantesca campânula




domingo, 21 de janeiro de 2024

Chãs - de Foz Côa - Aldeia planaltica de penhascos graniticos do meu amado torrão Natal - Naquele distante dia 20 de Janeiro, meus olhos, se cobriam de luz divina - e talvez mais fria de que luminosa e solar - para abraçar a Terra, o Mar e o Mundo Inteiro



A sós silenciosamente imperturbável, peregrinando e contemplando o poder divino da intemporalidade das pedras e dos  antiquíssimos caminhos que me viram nascer e crescer
 


Noite de Janeiro 

dos ventos reais,

rua do Cruzeiro,

casa dos meus pais

geadas branquinhas

cobrem as choupanas

almas pequeninas 

no colo das amas.

Mais tarde pardais,

já são os primeiros

a dizer aos pais

Nasci em Janeiro!


Aqui nasci  nesta humilde casa - Tendo, depois, aos 7 anos, mudado com os meus pais  e meus dois irmãos e minha irmã  para a antiga casa dos meus avós maternos 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Ilha do Príncipe, descoberta há 553 anos por navegadores portugueses – Neste mês, há 54 anos fiz a travessia clandestina em canoa de S. Tomé ao Príncipe, tendo sido preso pela PIDE por suspeita de me ir juntar ao MLSTP, no Gabão

                                          Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador





As celebrações contam com a presença do  Presidente da República, Eng.º Carlos Vila Nova, que ali foi recebido pelo Presidente da Assembleia Legislativa Regional, Francisco Gula, e pelo Presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, em encontros que serviram para se inteirar do andamento dos assuntos da Região, na qual também se encontra o Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, que declarou à imprensa que o projeto liceu avançará no quadro da parceria tripartida.



Depois de ter realizado uma viagem costeira, desde a Baía Ana de Chaves (onde se situa a cidade), até à praia onde se encontra o padrão que assinala a chegada dos primeiros navegadores portugueses, precisamente na véspera  do dia em se iniciavam  as comemorações dos 500 anos da descoberta das ilhas (experiência que serviria também de teste para outras viagens mais arrojadas), parti então para a primeira aventura, que foi a travessia de São Tomé ao Príncipe.

Larguei à meia-noite, clandestinamente, pois sabia que, se pedisse autorização, me seria recusada, dada a perigosidade da viagem, levando comigo apenas uma rudimentar bússola para me orientar.

Fui preso pela PIDE, por suspeita de me querer ir juntar ao movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, no Gabão, o que não era o caso. Levei três dias e enfrentei dois tornados. À segunda noite adormeci e voltei-me com a canoa em pleno alto mar. Esta era minúscula e vivi um verdadeiro drama



para me salvar, debatendo-me como extrema dificuldade no meio daquele denegrido  sorvedouro  das águas

Apesar das dúvidas suscitadas por alguns historiadores, quanto à data exata da descoberta das Ilhas de S. Tomé e Príncipe, tem-se admitido que Ilha de São Tomé foi descoberta, no reinado de D. Afonso V,  em 21 de dezembro de 1470, que recebeu  o nome do apóstolo S. Tomé,  e, quase um mês depois, em 17 de Janeiro, deparavam com nova  ilha, a que, inicialmente, deram o nome de Santo Antão, dia consagrado a  este apóstolo.

Seja como for,  foi há mais de V séculos   e meio,  que, ambas as ilhas do Golfo da Guiné, S. Tomé, Ano Bom, Príncipe e Fernando Pó, atual ilha de Bioko, todas descobertas por navegadores portugueses, passaram a  ter ligações com  o continente europeu e se iniciou uma nova fase na história das civilizações. .

Embora não constem registos de ocupação humana nas ilhas de São Tomé e Príncipe anteriores a 1470,  defendo, no entanto,  a  possibilidade de as ilhas terem sido alcançadas, anteriormente, por povos da costa africana, por meios primitivos, à semelhança do povoamento das Ilhas do Pacifico , tendo-o demonstrado nas várias travessias que efetuei, em pirogas, entre as ilhas e o continente  

Não se sabe ao certo, em que ano e  dia ali teriam chegado as primeiras canoas com os primeiros povoadores a bordo dos grandes troncos escavados das árvores gigantescas, cortadas nas florestas costeiras africanas, nomeadamente a sul do Gabão e a Norte do Zaire - Canoas essas, que, aproveitando as correntes e os ventos favoráveis, ali teriam aportado.

Seguramente, que os intrépidos navegadores africanos, ter-se-iam dirigido, para essas ilhas, muito antes do homem branco ter-se deslumbrado com a sua vegetação luxuriante.

Com o inicio da colonização no final do século 15, já com D. João II, liderada por Álvaro Caminha, que ali introduziu engenhos de açúcar no sistema de capitanias, viria a ser rebatizada da Ilha do Príncipe,  em homenagem ao futuro rei D. João III.

Os donatários das ilhas e vassalos do rei levaram grupos de povoadores constituídos por filhos de judeus, artificies, alguns fidalgos, degredados e escravos negros, importados do continente africano, os únicos que conseguiam adaptar-se ao clima equatorial, húmido e quente. As doenças tropicais dizimaram grande parte dos primeiros colonos.

Desde 1995, a Ilha do Príncipe é uma região autônoma. A capital é Santo Antônio, fundada em 1502. Em 1753, foi elevada à condição de cidade e tornou-se a capital da antiga colônia portuguesa até 1852, quando retornaria para S. Tomé . Hoje, a Ilha do Príncipe, com uma área de 143Km2,  abriga uma grande reserva natural.

FASCINIO MARÍTIMO E PELA  NAVEGÃO DAS CANOAS 

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Pouco tempo após ter desembarcado em S. Tomé, em 1963, a bordo do paquete Uíge,  fiquei logo com a impressão de que as ilhas, eram possuidoras de um passado muito mais antigo daquele que  vinha sendo descrito e preconizado  - Naturalmente, sem com isto pretender deixar de admirar  a coragem dos bravos navegadores portugueses, que, partindo, em frágeis caravelas de um pequeno pais, atravessaram longos oceanos, deram a conhecer à civilização europeia, mares e terras desconhecidas

Aos povos africanos, situados no litoral e a sul de São Tomé, não teria sido difícil aproveitar a direção dos ventos e das correntes.- Pormenores mais desenvolvidos desta minha teoria em  https://canoasdomar.blogspot.com/2011/12/sao-tome-e-principe-ilhas-asben-e-sanam.html  onde explano a possibilidade das canoas da costa africana,  terem alcançado as Ilhas do Golfo da Guiné,  através de meios primitivos, tal como sucedeu no povoamento das Ilhas do pacifico

(construção da canoa Yoan Gato - que usei na minha última viagem)  - Defendo, pois, a teoria de  que os primeiros povoadores, aqueles que, pela primeira vez,  aportaram nas suas baías,  foram os hábeis navegadores das canoas, vindos da costa africana. 

Demonstrei essa possibilidade através das várias travessias que empreendi - De resto, não será por mero acaso que as canoas surgem nas cartas do século XVII, com idêntico destaque ao das caravelas

Em minha modesta opinião, a história das descobertas prima mais pela ficção e efabulação de que em dar-nos conta do que se verdadeiramente se passou. Mas o fenómeno da sublimação foi transversal a outras potências coloniais.

Em Novembro de 2014, 39 anos depois, voltei ao local, acompanhado pelos Jornalistas santomenses, Adilson Castro e João Soares, para erguer as duas bandeiras: a de STP e a Portuguesa, agora ambos países independentes e democráticos, falando a mesma língua.

Alcancei Anambô, na noite do dia 20 de Dezembro de 1969, no incio das comemorações dos 500 anos da descoberta de STP -  Pernoitei lá, embrulhado em ramos de palmeiras e sob o ataque constante de enormes caranguejos, que não me deixaram pregar olho - A notícia, mereceu destaque no Jornal a Voz de S. Tomé – Porém, o mesmo não mereceria, quando, um mês depois, parti da mesma baía, à meia-noite, na minúscula piroga, disfarçado de pescador, fazia a travessia à Ilha do Príncipe – Tendo sido preso e espancado pela PIDE-DGS


Era a minha primeira travessia: mais tarde, faria a ligação de S. Tomé à Nigéria, em 13 dias, e, após a independência, a tentativa oceânica, que resultaria numa odisseias de 38 dias, de Ano Bom a Bioko, antiga ilha de Fernando Pó

Uma coisa são é o domínio colonial, outra as navegações marítimas – Há, pois que realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação - Não iam completamente às cegas, porém, embora dispondo de alguma informação, iam à aventura! - Indubitavelmente, foram grandes navegadores aventureiros



Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!


Oh, e quantas vezes ali mesmo, não experimentei as estreitíssimas cascas de noz, navegando em frente ou embicando na areia da pequena praia ao lado, naqueles meus habituais treinos, ao Domingo, vindo da Praia Lagarto (ao fundo da descida a caminho do aeroporto), passando em frente da Baía Ana Chaves, Fortaleza de São Sebastião, costa da marginal, Praia Pequena e ponta do Forte de São Jerónimo -e, por vezes, ainda um pouco mais a sul, à Praia do Pantufo.

São Jerónimo era geralmente a baliza de chegada e de retorno ... E, também, muitas vezes ao fim da tarde e pela noite adentro, era o meu local preferido (até por ficar um pouco isolado e retirado da cidade) para me familiarizar profundamente com o mar.

Lembrava-me das façanhas dos pescadores são-tomenses, dos seus antepassados que demandaram as ilhas, dos barcos negreiros que ali aportaram e também dos nossos marinheiros (antes desse vil mercado) que por aquelas águas navegaram; imaginava quantos naufrágios e sofrimentos aqueles mares, já não teriam causado.

Sabia dos muitos perigos que me podiam esperar - não os desdenhava! - mas entregava-me ao oceano de coração aberto, possuído de uma enorme paixão, em demanda dos grandes espaços e de uma infinita liberdade, tal qual as aves migradoras! Olhava-o como se fosse já meu familiar e meu amigo. Embora sabendo que a sua face, quando acometida de irascível crueldade, havia sido palco de muitas tragédias, havia engolido muitos barcos e tragado muitas vidas. Contudo, eu não ia ali apenas movido pelo prazer da aventura: só por isso, não sei se compensaria... Mas orientado por razões mais fortes

Havia algo, no fundo de mim, impelido como que por um pendor sobrenatural inexplicável que me fazia acreditar que, mesmo que apanhasse alguns sustos, tal como já havia acontecido em anteriores viagens, lá haveria de sobreviver e de me safar!.

O mar também é generoso quando quer ... A sorte protege os audazes e acreditava que o mar haveria de compreender os objetivos pelos quais que norteava o meu espírito e a minha temeridade.

"O contributo dos Portugueses para uma nova visão do Mundo e da Natureza é essencialmente informativo e empírico (baseado nos sentidos). Como escreveu Pedro Nunes: “os descobrimentos de costas, ilhas e terras firmes não se fizeram indo a acertar…” Pois os nossos marinheiros: “…levavam cartas muito particularmente rumadas e não já as que os antigos levavam"


LEVADOS PELO ESPÍRITO DE AVENTURA, PELO INSTINTO MIGRADOR DAS AVES  - que partilhavam a mesma alegria e abundância da Mãe-Natureza, pelo acaso ou por outras razões que a razão desconhece e só Neptuno poderia interpretar, sim, ao Mar se fizeram nas suas pirogas e por lá se fixaram nas suas majestosas Ilhas a que aportaram.

ALGUNS VOLTARAM ÀS TERRAS DE ORIGEM PARA TRAZEREM AS MULHERES E OS FILHOS.  


E a notícia das suas maravilhas, depressa se espalharia... E, assim, pouco a pouco se foi constituindo um Povo, que se aventurou pelo oceano a fora, atraído por ilhas que lhe terão parecido os  Jardins do Éden  ou  os Paraísos  mais belos que hão conhecido

.O que ignoravam é que a paz, a tranquilidade secular, endémica,  haveria de vir a ser quebrada, abruptamente, com a chegada  de homens e modos de ser completamente estranhos e adversos  à sua cultura e ao seu pacífico modo de vida. Daí que as chamadas descobertas de 500 anos, dos ditos tempos heróicos, com as naus de guerra, armadas de canhões, partindo ao encontro de gentes indefesas, que, surpreendidas ou se refugiavam na floresta ou acorriam às praias, ignorando, porém, que esse seria o primeiro dia de uma longa e atribulada tragédia.

NÃO CHEGUEI ATRAVESSAR O OCEANO ATLÂNTICO, TAL COMO ESPERAVA MAS CONTINUO ACREDITAR QUE SÃO POSSÍVEIS LONGAS TRAVESSIAS
MESMO ASSIM:



Comprovei que as canoas vão ao cabo do mundo: naveguei e fui arrastado por centenas de milhas: - Liguei as ilhas e estabeleci ligações de uma delas ao continente.


Sozinho e ao longo de sucessivos dias é extremamente arriscado e muito difícil navegar a bordo dessas frágeis embarcações  - E, se eu não fiquei no mar, talvez o deva a um feliz acaso - mas não estou arrependido, pois safei-me por três vezes. 

Os pescadores (nas Ilhas) aos quais se inculcou o fantasma de que só gente de feitiço é que o tornado leva a canoa ou que o "gandú" não engole "perna de gente" , poderão estar descansados:

Se a tempestade alguma vez os surpreender e os arrastar para fora do alcance ou do horizonte da sua querida Ilha, não se importem; deixem-se levar pelo seu ímpeto

Não cruzem os braços e se deem por vencidos: remem ou velejem, sempre que puderem ou então deixem que a canoa vogue à flor das ondas, que o mar não quer nada que lhe seja estranho e a algum ponto da costa, hão de ir parar

Basta que não percam a calma e se alimentem com a pesca: a carne do peixe mata a fome e o sangue, que não é salgado, a sede - E a água das chuvas, com um pouco de água do mar, é ainda melhor