Fotojornalismo - Videos - Jorge Trabulo Marques - Com Footballdream
Sporting
8- Casa Pia 0 -Goleada Leonina Monumental em Alvalade na 19ª jornada do
Campeonato – Exibição histórica e avassaladora
da garra leonina frente ao Casa Pia, em Alvalade, que vibrou com os golões de Coates, aos 14 e 81 minutos, Gyökeres, aos
23 e 32, o segundo de grande penalidade, Pedro Gonçalves, aos 25, Trincão, aos
43 e 90+4, e Geny Catamo, aos 64, que assinalaram a 6ª vitória seguida dos leões no campeonato.
Noite
de segunda-feira, serena de tempo, mas vibrante de euforia nas bancadas e de
abraços no relvado, que permitiu à equipa de Rúben Amorim, atingir a maior goleada, que, os leões, desde há 50 anos, não venciam no campeonato de forma tão expressiva
Depois
de uma derrota que custou ao Sporting a oportunidade de disputar a primeira
final da época, sim, seis dias após a equipa leonina ter sido penalizada por falta de pontaria e de eficácia na meia-final
da Taça da Liga em Leiria frente ao Sp. Braga, de facto, este resultado de oito golos, sem resposta, não podia ser
mais expressivo para retomara a confiança , fazer esquecer aquele absurdo desaire,
retomando a liderança do campeonato e apontar baterias na
conquista do título. .
Benfica venceu o Estrela
Amadora por 4 a 1, - Arthur Cabral fez
golo de bicicleta e rodar voo às águias
O Benfica conquistou uma importante vitória sobre o
Estrela Amadora, por 3 a 1, em partida válida pelo Campeonato Português. Com
este resultado, o Benfica encosta no Sporting, líder do campeonato, com 35
pontos conquistados. Já o Estrela Amadora segue próximo à zona do rebaixamento,
com 18 pontos conquistados.
O Estrela Amadora abriu o placar do jogo com um golo
de Lé e Jabá, aos 28 minutos de jogo. Mas seria o Benfica a dar a volta ao jogo
com um golaço de bicicleta de Arthur
Cabral, aos 44 minutos, e um gol de Rafa Silva, aos 46 minutos.
Na segunda parte, a equipa das águias, fez melhor jogo
e ampliou o resultado, com um golo de Otamendi, aos sete minutos, até porque
passou também a ter pela frente menos um jogador na equipa da casa, com a
expulsão de Régis
N, aos 26’ o que viria a complicar as hostes do Estrela Amadora
Entrevista ao Escritor Vergílio Ferreira – 1916-1996 – “Depois da morte não há nada” – Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc - Recordando um dos maiores vultos da literatura portuguesa, que me deu a honra e o prazer de me receber, várias vezes em sua casa e de me conceder várias entrevistas, cujos registos ainda conservo - A entrevista que, hoje, aqui recordo, teve como tema principal a questão da morte – Há vida para além da morte? – Entre outras perguntas
VIRGÍLIO FERREIRA, DISSE-ME, UM DIA, EM SUA CASA:
“ESTOU CONVENCIDO QUE A MORTE É O FIM DE TUDO...MAS NÃO TENHO RAZÃO ABSOLUTAMENTE NENHUMA PARA AFIRMAR QUE DEPOIS DA VIDA NÃO HÁ NADA”
Formou-se em
Filologia na Universidade de Coimbra. Em 1942 começou a sua carreira como
professor de Português, Latim e Grego.
Foi em 1953 que
Vergílio publicou sua primeira coletânea de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959
publicou a “Aparição”, livro que lhe rendeu o Prêmio “Camilo Castelo Branco” da
Sociedade Portuguesa de Escritores. No mesmo ano, ingressou no Liceu Camões, em
Lisboa, e ficou até a sua aposentadoria, em 1982. Dois anos depois, em 84, foi
eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.
Suas obras
receberam influências do existencialismo, dos clássicos gregos, do
neo-realismo, da perspectiva metafísica, da simbólica e, de certa forma, do
niilismo. Essa mistura de abordagens e influências resultou em um vasto acerto
e na originalidade dos escritos do autor.
Em 1992 foi eleito
para a Academia das Ciências de Lisboa, além disso, recebeu o Prêmio Camões,
atribuído por um júri luso-brasileiro.
Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc.…Hoje estou convencido que a morte é realmente o fim de tudo… Se eu não estivesse convencido disso, naturalmente a vida e o seu absurdo não se imporiam tanto!…
Evidentemente que estas certezas não se baseiam em nada… Baseiam-se num equilíbrio interior…(…) Aliás, é em função desse equilíbrio interior que nós aderimos a muita coisa na vida…Desde a mulher que se ama à verdade da política que se segue ou o clube de futebol a que se adere, etc.… Portanto, eu não tenho razão absolutamente nenhuma para afirmar que depois desta vida não há mais nada… A única razão é esse tal equilíbrio interior….Não vou discutir com ninguém que acredito num além!… Não vou discutir com ele para lhe pretender demonstrar que ele não tem razão e quem tem razão sou eu!… Estas coisas decidem-se no íntimo de nós…sem que nós, no fim de contas, para aí metamos prego nem estopa, como se costuma dizer…Estou convencido que a morte é o fim de tudo…. Mas não tenho razão absolutamente nenhuma para afirmar que depois na vida não há nada!.
P - Nunca se se viu à beira da morte?
R - V.F. Já estive à beira da morte duas vezes!… Uma vez porque fui atropelado e estive inconsciente durante seis horas e outra vez, há dois anos, que foi quando tive um ataque cardíaco e quase passei para o lado de lá!… Estive mesmo numa situação em que a minha mulher pensou que eu ia morrer!…Porque já não tinha consciência… também porque estava a abrir e a fechar a boca, como um peixe fora da água!… Mas devo dizer que, nesse momento… aliás, quando fui atropelado não tive tempo de pensar, porque, se tive, esse pensar, apagou-se-me!… Porque, quando há assim perda de consciência - eu não sabia, mas verifiquei por mim - a memória apaga-se-nos, até, digamos, uma hora ou duas horas ou mais, antes do acidente…Não assim, quando tive o enfarte.. porque, nessa altura, eu vi a coisa a progredir justamente o nada…. Mas não tive tempo de pensar na morte!…sentia-me apenas aflito, com um mal-estar tremendo!…Era só o que me preocupava.
P - Portanto, não teve consciência de ficar assustado?
R - V.F - Não…O problemas da morte, o facto de eu me preocupar com a morte não significa que a morte me assuste… apenas tendem a confundir essas duas coisas… Uma coisa é o medo da morte outra é a intriga que a morte nos causa…. A mim…dizer que não me importava de morrer, não é verdade… importo-me tanto como as outras coisas…Mas cada vez me importo menos à medida que o fim se chega… Simplesmente, uma coisa é isso, outra é nós querermos encontrar uma resposta para esta oposição de duas realidades que se opõem flagrantemente!… De um lado a vida, com todo o seu milagre; do outro lado a morte, com todo o seu vazio!… Portanto, a intriga deste problema é que sempre me obcecou… Não é o problema do medo da morte…
. Suponhamos, por absurdo, que eu depois da morte me encontrava de facto, digamos, a viver no além, com a minha auto-consciência, etc. etc… Também não ficava surpreendido!… Agora isso, de maneira nenhuma se me impõe… O que se impõe é a ideia de que isto acabou definitivamente!… Mas, como não tenho razões nenhumas , excepto esse equilíbrio interior, que há pouco disse…pois, naturalmente, não posso ter argumento nenhum para pensar nisso…Por conseguinte, se, por absurdo me encontrasse depois da morte?!…Não sei!… Ficava um bocado interrogado, mas não ficaria assim muito admirado disso!…
Significa, portanto, que este tipo de verdades não têm nenhuma fundamental razão de ser…Claro que eu não acredito em nenhuma sobrevivência para além da morte, não acredito!…O problema intriga-me!…Mas outros acreditam que sobrevirão!… Não tenho nenhum argumento contra eles!… E eles não têm nenhum argumento a opor-se-me a mim…Toda a condução da minha vida, tudo aquilo que eu tenho que pensar, centra-me nesta certeza: realmente depois da morte não há nada…
Anos oitenta - Em conversa com o escritor, tendo como tema - A Morte
O RETORNO AO SAGRADO
“Fala-se tanto nele, como aliás, estava previsto. Mas não no que dele mais importa e não passa pelos deuses e muito menos pelas sacristias. O retorno do sagrado deve ter que ver fundamentalmente com a recuperação da sacralidade do homem, da vida, da palavra, do mundo. A sacralidade está no que suspeitamos de mistério nas coisas, a força “original de tudo o que nos espera o nosso olhar limpo, a nossa atenção humilde, a divindade está em nós. O grande acontecimento do nosso tempo, que é o sinal do nosso desastre, é a profanação de tudo, a dessacralização do que abusivamente foi invadido pelos deuses. Os deuses morreram e quiseram arrastar consigo a morte do que era divino sem eles” in Pensar - de Vergílio Ferreira
Recordando algumas das images do passeio ao Morro Carregado, em Março de 2016 do então candidato a Presidente de STP - Nessa maravilhosa tarde, fiz-lhe mais de uma centena de fotografias, entre as quais junto aos troncos dos milenares imbondeiros
Gigantescas árvores, que, aqui, já se erguiam e tinham as suas raízes, muito antes da Ilha ter sido batizada com o nome do apóstolo santo - Desde a fímbria marítima, das margens vulcânicas, até aos seus mais altos montes e picos, se cobria de verdejante e copado manto
Evaristo do Espírito Santo Carvalho, nasceu em Bombom, 22 de outubro de 1942 - Faleceu no dia 29 de Maio 2022, aos 80 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada.Desempenhou o alto cargo de Presidente de São Tomé e Príncipe de 3 de setembro de 2016 até 2 de outubro de 2021. Anteriormente, ele foi o primeiro-ministro do país em duas ocasiões em 1994 e entre 2001 e 2002.
Evaristo Carvalho
foi diretor do gabinete do ex- Presidente da Republica, Manuel Pinto da
Costa (1975-76) tendo ainda sido secretario geral do gabinete presidencial do
antigo Presidente Miguel Trovoada (1991-92).
Ministro da Defesa
e Ordem Interna (1992-94), Evaristo Carvalho foi também Ministro das
Construções, Transportes e Comunicações (1978/80), Secretário de Estado da
Administração Territorial (1977-1978) entre outros cargos públicos.
Além de ter sido vice-presidente do partido ADI do ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada, Evaristo Carvalho foi membro co-fundador do PCD-GR (1990-94) liderado na altura por Leonel Mário d’Alva, antes de exercer as funções de Secretário Executivo Permanente do MLSTP ( 1980-82) então liderado por ex-Presidente da República, Manuel Pinto da Costa
Pai de 25 filhos, Evaristo Carvalho era um histórico da política são-tomense, tendo sido, por duas ocasiões, primeiro-ministro em governos de iniciativa presidencial.
Além de ter sido
vice-presidente do partido ADI do ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada,
Evaristo Carvalho foi membro co-fundador do PCD-GR (1990-94) liderado na altura
por Leonel Mário d’Alva, antes de exercer as funções de Secretário Executivo
Permanente do MLSTP ( 1980-82) então liderado por ex-Presidente da República,
Manuel Pinto da Costa
Pai de 25 filhos,
Evaristo Carvalho era um histórico da política são-tomense, tendo sido, por
duas ocasiões, primeiro-ministro em governos de iniciativa presidencial.
Técnico de agricultura,
Evaristo Carvalho começou por ser um quadro do partido único – Movimento para a
Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) – após
a independência e até ao início do multipartidarismo, na década de 1990.
Foi chefe de gabinete de Miguel Trovoada quando este
foi Presidente da República e aderiu ao Ação Democrática Independente (ADI),
partido liderado pelo filho daquele e antigo primeiro-ministro, Patrice
Trovoada
Uma embarcação de
alta velocidade da Marinha portuguesa vai juntar-se ao navio “Centauro” em São
Tomé e Príncipe para a missão de capacitação da guarda costeira daquele país e
apoio à fiscalização marítima no Golfo da Guiné.
Esta será a
primeira vez que Portugal terá dois dispositivos a operar nesta missão,
criada no âmbito de acordos bilaterais e multilaterais com o objetivo de
capacitar a guarda costeira de São Tomé e Príncipe, “apoiando a fiscalização
marítima conjunta e contribuindo para o reforço da segurança marítima”,
adiantou a Marinha.
De referir que o
navio Zaire, operado por uma guarnição mista constituída por 23 militares
portugueses e 14 santomenses, contou com 2011 dias de missão, tendo percorrido
mais de 37 mil milhas.
De acordo com fonte oficial, esta embarcação, batizada “Príncipe”, será operada por seis fuzileiros portugueses aos quais se juntarão mais quatro são-tomenses, compondo uma guarnição mista.
A
nova embarcação “Príncipe”, que tem uma velocidade de operação de 20
nós, vai assim juntar-se ao navio português “Centauro”, uma lancha de
fiscalização rápida que chegou àquele país a 7 de maio, altura em que
rendeu o NRP (Navio da República Portuguesa) “Zaire”, que já regressou.
A
cerimónia que assinala a partida desta nova embarcação realizou-se esta
sexta-feira, na Base Naval de Lisboa, e na mesma ocasião será assinalado o regresso do NRP “Zaire” “passados mais de cinco anos e após concluir a sua participação
na missão de Apoio à Fiscalização dos Espaços Marítimos e de
Capacitação Operacional Marítima de São Tomé e Príncipe”, lê-se na nota
enviada pela Marinha.
Durante os mais de cinco anos de missão em
São Tomé e Príncipe para reforçar a fiscalização do mar são-tomense e do
Golfo da Guiné, o “Zaire” percorreu mais de 37 mil milhas, realizou 19
ações de busca e salvamento, 31 ações de fiscalização conjunta, 13 ações
de segurança marítima no âmbito da pirataria, oito vistorias a navios
no mar e também participou em diversos exercícios internacionais.
Oh, sim, Ó Deus do Azul dos Céus! Ás vezes só quero irmanar-me com a liberdade destas formas dispersas e abstrair-me das injustiças e violências humanas sobre as inocentes crianças pobres e desprotegidas, idosos abandonados e os mais desfavorecidos - Mas, ó Deus dos Imensos Mundos Longínquos e Invisíveis, que, lá alto, contemplais a Terra, que também Vós mesmo criastes, quem, em boa consciência, poderá ignorar a cruel realidade que se escancara, no dia a dia, aos olhos dos corações mais atentos e sensíveis
Estudantes da Universidade da Beira, que vieram às Ilhas Verdes do Equador participar num projeto de intercâmbio no âmbito dos cuidados de saúde
Magistral herança que ressoa a primórdios, trazendo o eco recôndito e
longínquo de remotas eras, dos povos que por aqui se abrigaram e cultuaram os
seus deuses, erigindo insólitas catedrais, templos solares alinhados com os
ciclos da Natureza, altaneiras estátuas de descomunais figuras humanas em descampados
morros, impressionantes formas de animais, de aves, enfim, configurando as mais
estranhas criaturas e fantasmagorias, cavadas e moldadas no ventre ou na face
do acinzentado e negro-sarapintado granítico - qual fabuloso petrimundo
dissimilado por mil cidadelas
Não é mera obra do acaso, vestígios da erosiva e poderosa ação dos
elementos - Na verdade, sítios há que são uma tentação, um verdadeiro centro de
emanações e de eflúvios, propensos ao deleite, ao esquecimento e à sublimação.
Quando não coberto das giestas em flor, aparentemente, mais lembra terra
de ninguém, parda e vazia paisagem de um qualquer pedaço lunar, porém, estou
certo que não haverá alguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido daquelas
tisnadas fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, subtis fragâncias, e
volvendo o olhar em torno dos vastos horizontes que se rasgam por largos
espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e
representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco
Ali se refugiaram povos muito antigos, aproveitando os naturais abrigos:
as cavernas abertas nos enormes megalíticos, as fendas e as grutas dos
encastelados afloramentos, ou mesmo implantando, nos espaços mais estratégicos
e abrigados, os seus acampamentos, valendo-se de grotescas lascas e pedras
soltas, de cujas construções ainda prevalecem abundantes amontoados e outros
vestígios - e até um santuário de sacrifícios, amuralhado por um recinto
circular, junto ao qual se destacam dois colossais fraguedos, assentes num lagedo
que descai em rampa. Um deles, o principal, está de tal maneira inclinado a
poente, que parece desfiar todas as leis do equilíbrio e da gravidade. Visto de
trás, faz lembrar um enorme crânio humano
A fronte, pelo contrário, parece ter sido cortada de alto abaixo por um
só golpe - sabe-se lá por que hábil mão e recorrendo a que gigantesco machado!
Junto à sua base, de extremo a extremo, e no sentido poente nascente, é
atravessado por uma galeria em forma de cúpula, tendo no interior, um nicho com
uma pintura a negro, que tem dado origem a várias lendas e que a o povo
chama(talvez pelo seu entrelaçado), a Cabeleira de Nossa Senhora, nome pelo
qual é também conhecido o dito santuário.
A outra fraga, fica um pouco ao lado - e também não é uma pedra vulgar.
A sua orientação é ligeiramente diferente. Vista de costas para poente, parece
um enorme boné semi-pousado ou cabeça de réptil de olho aberto. Porém, o lado
que está voltado para Norte, uma boa parte do seu fundo, sai do lagedo que o
sustenta, é oco, fica incrivelmente suspenso em vazio, tomando a forma de uma
gigantesca campânula
A sós silenciosamente imperturbável, peregrinando e contemplando o poder divino da intemporalidade das pedras e dos antiquíssimos caminhos que me viram nascer e crescer
Noite de Janeiro
dos ventos reais,
rua do Cruzeiro,
casa dos meus pais
geadas branquinhas
cobrem as choupanas
almas pequeninas
no colo das amas.
Mais tarde pardais,
já são os primeiros
a dizer aos pais
Nasci em Janeiro!
Aqui nasci nesta humilde casa - Tendo, depois, aos 7 anos, mudado com os meus pais e meus dois irmãos e minha irmã para a antiga casa dos meus avós maternos
As celebrações contam com a presença do Presidente da República, Eng.º Carlos Vila
Nova, que ali foi recebido pelo Presidente da Assembleia Legislativa Regional,
Francisco Gula, e pelo Presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, em
encontros que serviram para se inteirar do andamento dos assuntos da Região, na
qual também se encontra o Presidente da Câmara Municipal de
Oeiras, Isaltino Morais, que declarou à imprensa que o projeto liceu avançará
no quadro da parceria tripartida.
Depois de ter
realizado uma viagem costeira, desde a Baía Ana de Chaves (onde se situa a
cidade), até à praia onde se encontra o padrão que assinala a chegada dos
primeiros navegadores portugueses, precisamente na véspera do dia em se
iniciavam as comemorações dos 500 anos da descoberta das ilhas
(experiência que serviria também de teste para outras viagens mais arrojadas),
parti então para a primeira aventura, que foi a travessia de São Tomé ao
Príncipe.
Larguei à
meia-noite, clandestinamente, pois sabia que, se pedisse autorização, me seria
recusada, dada a perigosidade da viagem, levando comigo apenas uma rudimentar
bússola para me orientar.
Fui preso
pela PIDE, por suspeita de me querer ir juntar ao movimento de Libertação de
São Tomé e Príncipe, no Gabão, o que não era o caso. Levei três dias e
enfrentei dois tornados. À segunda noite adormeci e voltei-me com a canoa em
pleno alto mar. Esta era minúscula e vivi um verdadeiro drama
para me salvar,
debatendo-me como extrema dificuldade no meio daquele denegrido
sorvedouro das águas
Apesar das dúvidas suscitadas por alguns
historiadores, quanto à data exata da descoberta das Ilhas de S. Tomé e Príncipe,
tem-se admitido que Ilha de São Tomé foi descoberta, no reinado de D. Afonso V,
em 21 de dezembro de 1470, que
recebeu o nome do apóstolo S. Tomé, e, quase um mês depois, em 17 de Janeiro, deparavam
com nova ilha, a que, inicialmente, deram
o nome de Santo Antão, dia consagrado a
este apóstolo.
Seja como for, foi há mais de V séculos e meio, que, ambas as ilhas do Golfo da Guiné, S. Tomé, Ano Bom, Príncipe e Fernando Pó, atual ilha de Bioko, todas descobertas por navegadores portugueses, passaram a ter ligações com o continente europeu e se iniciou uma nova fase na história das civilizações. .
Embora não constem registos de ocupação humana nas ilhas de São Tomé e Príncipe anteriores a 1470, defendo, no entanto, a possibilidade de as ilhas terem sido alcançadas, anteriormente, por povos da costa africana, por meios primitivos, à semelhança do povoamento das Ilhas do Pacifico , tendo-o demonstrado nas várias travessias que efetuei, em pirogas, entre as ilhas e o continente
Não se sabe ao certo, em que ano e dia ali teriam chegado as primeiras canoas com os primeiros povoadores a bordo dos grandes troncos escavados das árvores gigantescas, cortadas nas florestas costeiras africanas, nomeadamente a sul do Gabão e a Norte do Zaire - Canoas essas, que, aproveitando as correntes e os ventos favoráveis, ali teriam aportado.
Seguramente, que os intrépidos navegadores africanos, ter-se-iam dirigido, para essas ilhas, muito antes do homem branco ter-se deslumbrado com a sua vegetação luxuriante.
Com o inicio da colonização no final do século 15, já
com D. João II, liderada por Álvaro Caminha, que ali introduziu engenhos de
açúcar no sistema de capitanias, viria a ser rebatizada da Ilha do Príncipe, em homenagem ao futuro rei D. João III.
Os donatários das ilhas e vassalos do rei
levaram grupos de povoadores constituídos por filhos de judeus, artificies,
alguns fidalgos, degredados e escravos negros, importados do continente
africano, os únicos que conseguiam adaptar-se ao clima equatorial, húmido e
quente. As doenças tropicais dizimaram grande parte dos primeiros colonos.
Desde
1995, a Ilha do Príncipe é uma região autônoma. A capital é Santo Antônio,
fundada em 1502. Em 1753, foi elevada à condição de cidade e tornou-se a
capital da antiga colônia portuguesa até 1852, quando retornaria para S. Tomé .
Hoje, a Ilha do Príncipe, com uma área de 143Km2, abriga uma grande reserva natural.
FASCINIO MARÍTIMO E PELA NAVEGÃO DAS CANOAS
–
Pouco tempo após ter desembarcado em S. Tomé, em 1963, a bordo do paquete Uíge, fiquei logo com a impressão de que as ilhas, eram possuidoras de um passado muito mais antigo daquele que vinha sendo descrito e preconizado - Naturalmente, sem com isto pretender deixar de admirar a coragem dos bravos navegadores portugueses, que, partindo, em frágeis caravelas de um pequeno pais, atravessaram longos oceanos, deram a conhecer à civilização europeia, mares e terras desconhecidas
Aos povos africanos, situados no litoral e a sul de São Tomé, não teria sido difícil aproveitar a direção dos ventos e das correntes.- Pormenores mais desenvolvidos desta minha teoria em https://canoasdomar.blogspot.com/2011/12/sao-tome-e-principe-ilhas-asben-e-sanam.htmlonde explano a possibilidade das canoas da costa africana, terem alcançado as Ilhas do Golfo da Guiné, através de meios primitivos, tal como sucedeu no povoamento das Ilhas do pacifico
(construção da canoa Yoan Gato - que usei na minha última viagem) - Defendo, pois, a teoria de que os primeiros povoadores, aqueles que, pela primeira vez, aportaram nas suas baías, foram os hábeis navegadores das canoas, vindos da costa africana.
Demonstrei essa possibilidade através das várias travessias que empreendi - De resto, não será por mero acaso que as canoas surgem nas cartas do século XVII, com idêntico destaque ao das caravelas
.
Em minha modesta opinião, a história das descobertas prima mais pela ficção e efabulação de que em dar-nos conta do que se verdadeiramente se passou. Mas o fenómeno da sublimação foi transversal a outras potências coloniais.
Em Novembro de 2014, 39 anos depois, voltei ao local, acompanhado pelos Jornalistas santomenses, Adilson Castro e João Soares, para erguer as duas bandeiras: a de STP e a Portuguesa, agora ambos países independentes e democráticos, falando a mesma língua.
Alcancei Anambô, na noite do dia 20 de Dezembro de 1969, no incio das comemorações dos 500 anos da descoberta de STP - Pernoitei lá, embrulhado em ramos de palmeiras e sob o ataque constante de enormes caranguejos, que não me deixaram pregar olho - A notícia, mereceu destaque no Jornal a Voz de S. Tomé – Porém, o mesmo não mereceria, quando, um mês depois, parti da mesma baía, à meia-noite, na minúscula piroga, disfarçado de pescador, fazia a travessia à Ilha do Príncipe – Tendo sido preso e espancado pela PIDE-DGS
Era a minha primeira travessia: mais tarde, faria a ligação de S. Tomé à Nigéria, em 13 dias, e, após a independência, a tentativa oceânica, que resultaria numa odisseias de 38 dias, de Ano Bom a Bioko, antiga ilha de Fernando Pó
Uma coisa são é o domínio colonial, outra as navegações marítimas – Há, pois que realçar a coragem dos marinheiros lusitanos, que se fizeram ao mar apenas munidos de um mero astrolábio - Não dispunham de sextante, nem de cronómetro ou sequer de almanaque náutico que lhes possibilitasse algum rigor da navegação - Não iam completamente às cegas, porém, embora dispondo de alguma informação, iam à aventura! - Indubitavelmente, foram grandes navegadores aventureiros
Do alto das velhas muralhas do Fortim de São Jerónimo, onde tantas vezes olhava a espuma que ali ia rebentar nas rochas negras e contemplava o mar ao largo, sim, muitas vezes ali me envolvi em prolongadas cogitações. E só via o mar... Só pensava, obsessivamente, nas distâncias e nas entranhas do mar.!.. Olhava-o com pasmo e respeito, mas queria sentir-me também parte dele! Ser mais um elemento do mítico e misterioso oceano! Ir por ali a fora numa das ágeis pirogas.! Desvendar segredos esquecidos no tempo!
Oh, e quantas vezes ali mesmo, não experimentei as estreitíssimas cascas de noz, navegando em frente ou embicando na areia da pequena praia ao lado, naqueles meus habituais treinos, ao Domingo, vindo da Praia Lagarto (ao fundo da descida a caminho do aeroporto), passando em frente da Baía Ana Chaves, Fortaleza de São Sebastião, costa da marginal, Praia Pequena e ponta do Forte de São Jerónimo -e, por vezes, ainda um pouco mais a sul, à Praia do Pantufo.
São Jerónimo era geralmente a baliza de chegada e de retorno ... E, também, muitas vezes ao fim da tarde e pela noite adentro, era o meu local preferido (até por ficar um pouco isolado e retirado da cidade) para me familiarizar profundamente com o mar.
Lembrava-me das façanhas dos pescadores são-tomenses, dos seus antepassados que demandaram as ilhas, dos barcos negreiros que ali aportaram e também dos nossos marinheiros (antes desse vil mercado) que por aquelas águas navegaram; imaginava quantos naufrágios e sofrimentos aqueles mares, já não teriam causado.
Sabia dos muitos perigos que me podiam esperar - não os desdenhava! - mas entregava-me ao oceano de coração aberto, possuído de uma enorme paixão, em demanda dos grandes espaços e de uma infinita liberdade, tal qual as aves migradoras! Olhava-o como se fosse já meu familiar e meu amigo. Embora sabendo que a sua face, quando acometida de irascível crueldade, havia sido palco de muitas tragédias, havia engolido muitos barcos e tragado muitas vidas. Contudo, eu não ia ali apenas movido pelo prazer da aventura: só por isso, não sei se compensaria... Mas orientado por razões mais fortes
Havia algo, no fundo de mim, impelido como que por um pendor sobrenatural inexplicável que me fazia acreditar que, mesmo que apanhasse alguns sustos, tal como já havia acontecido em anteriores viagens, lá haveria de sobreviver e de me safar!.
O mar também é generoso quando quer ... A sorte protege os audazes e acreditava que o mar haveria de compreender os objetivos pelos quais que norteava o meu espírito e a minha temeridade.
"O contributo dos Portugueses para uma nova visão do Mundo e da Natureza é essencialmente informativo e empírico (baseado nos sentidos). Como escreveu Pedro Nunes: “os descobrimentos de costas, ilhas e terras firmes não se fizeram indo a acertar…” Pois os nossos marinheiros: “…levavam cartas muito particularmente rumadas e não já as que os antigos levavam"
LEVADOS PELO ESPÍRITO DE AVENTURA, PELO INSTINTO MIGRADOR DAS AVES - que partilhavam a mesma alegria e abundância da Mãe-Natureza, pelo acaso ou por outras razões que a razão desconhece e só Neptuno poderia interpretar, sim, ao Mar se fizeram nas suas pirogas e por lá se fixaram nas suas majestosas Ilhas a que aportaram.
ALGUNS VOLTARAM ÀS TERRAS DE ORIGEM PARA TRAZEREM AS MULHERES E OS FILHOS.
E a notícia das suas maravilhas, depressa se espalharia... E, assim, pouco a pouco se foi constituindo um Povo, que se aventurou pelo oceano a fora, atraído por ilhas que lhe terão parecido os Jardins do Éden ou os Paraísos mais belos que hão conhecido
.O que ignoravam é que a paz, a tranquilidade secular, endémica, haveria de vir a ser quebrada, abruptamente, com a chegada de homens e modos de ser completamente estranhos e adversos à sua cultura e ao seu pacífico modo de vida. Daí que as chamadas descobertas de 500 anos, dos ditos tempos heróicos, com as naus de guerra, armadas de canhões, partindo ao encontro de gentes indefesas, que, surpreendidas ou se refugiavam na floresta ou acorriam às praias, ignorando, porém, que esse seria o primeiro dia de uma longa e atribulada tragédia.
NÃO CHEGUEI ATRAVESSAR O OCEANO ATLÂNTICO, TAL COMO ESPERAVA MAS CONTINUO ACREDITAR QUE SÃO POSSÍVEIS LONGAS TRAVESSIAS
MESMO ASSIM:
Comprovei que as canoas vão ao cabo do mundo: naveguei e fui arrastado por centenas de milhas: - Liguei as ilhas e estabeleci ligações de uma delas ao continente.
Sozinho e ao longo de sucessivos dias é extremamente arriscado e muito difícil navegar a bordo dessas frágeis embarcações - E, se eu não fiquei no mar, talvez o deva a um feliz acaso - mas não estou arrependido, pois safei-me por três vezes.
Os pescadores (nas Ilhas) aos quais se inculcou o fantasma de que só gente de feitiço é que o tornado leva a canoa ou que o "gandú" não engole "perna de gente" , poderão estar descansados:
Se a tempestade alguma vez os surpreender e os arrastar para fora do alcance ou do horizonte da sua querida Ilha, não se importem; deixem-se levar pelo seu ímpeto
Não cruzem os braços e se deem por vencidos: remem ou velejem, sempre que puderem ou então deixem que a canoa vogue à flor das ondas, que o mar não quer nada que lhe seja estranho e a algum ponto da costa, hão de ir parar
Basta que não percam a calma e se alimentem com a pesca: a carne do peixe mata a fome e o sangue, que não é salgado, a sede - E a água das chuvas, com um pouco de água do mar, é ainda melhor