Jorge Carvalho - o primeiro da esquerda - Semana Ilustrada 1972
Jorge Carvalho - 30 Janeiro 2016
Filha
Esposa
De seu nome, Jorge Carvalho – Dois anos antes do 25 de Abril, era estudante na Escola Técnica. Seu pai, Manuel Carvalho, era, então, uma das figuras mais populares e emblemáticas no desporto, em S. Tomé e Príncipe; árbitro de futebol e dirigente desportivo– Conhecemo-los a ambos – E até os fotografamos em reportagens para a Revista Semana Ilustrada, de Luanda – Tanto o pai como o filho, vimo-lo, sempre, como pessoas, simpáticas, sorridentes, amáveis e expansivas, perfeitamente integradas, não apenas na comunidade portuguesa, como também junto da população santomense, sem a menor ponta de racismo ou de preconceitos.
Ao Manuel, o veterano e mestre dos árbitros, seu pai, nunca maís o vimos e também já não o voltamos a ver, pois já faleceu – O Jorge Carvalho, vimo-lo agora, volvidos 43 anos, no Café do Miramar e na véspera do seu regresso a Portugal, rodeado da filha e da esposa, e do amigo da sua geração, o Juiz Carlos Semedo, que aqui nasceu, filho de pai português e de mãe-cabo-verdiana – E a cujo grupo se vieram juntar, mais dois velhos amigos dos tempos estudantis, o empresário Abílio Henriques, filho de mãe guineense pai português e o coronel, Victor Monteiro, filho de pais cabo-verdianos, Director do Gabinete do Presidente Manuel Pinto da Costa,ambos aqui nascidos, criados e residentes, que sempre fizeram de S. Tomé e Príncipe a sua pátria - Àqueles trouxe-os a saudade que lhe vai na alma, desta maravilhosa Ilha, que jamais deixou de estar bem presente nas suas mais verdes recordações e no mais fundo do seu coração - Por isso mesmo, até trazem consigo as fotografias desses inesquecíveis tempos - Pois foi o que vimos nas mãos de Jorge Carvalho, como se essas fotos, ainda continuassem a manter o vinculo vivo e perene que o tempo não consegue desfazer
ÁFRICA DOS AFRICANOS TAMBÉM MARCOU OS PORTUGUESES QUE A COLONIZARAM
Juiz Carlos Semedo
As antigas colónias portuguesas de África,
continuam ainda no coração de uns largos milhares de portugueses, que, por
força da descolonização, foram forçados a abandonar
Muitos dos quais, apesar de não terem sido
as terras onde nasceram, as amavam, verdadeiramente, como pátria sua –
Aliás, naquela altura, era justamente este o conceito colonial: - Portugal,
desde o Minho a Timor –
E são, pois, muitos desses
portugueses, por exemplo, no caso do turismo santomense – sejam os
que nasceram nas ilhas ou para cá vieram a trabalhar - talvez
aqueles que mais viagens fazem a S. Tomé e Príncipe – Havendo mesmo
casos de fixação de residência – Como seja, o de Carlos Brito Viana, natural do
Porto, que aqui esteve, ainda rapaz, quando o seu pai era Diretor da Escola
Técnica - E que agora, passa o tempo com um pé em Portugal, outro em S.
Tomé - - Ou mesmo talvez mais tempo nesta Ilha
EM
S. TOMÉ - ANTIGO LICEU E ESCOLA TÉCNICA - MARCARAM GERAÇÕES DE
SANTOMENSES E FILHOS DE PORTUGUESES
Abílio Henriques - Não chegou a deixar a terra onde nasceu
São
talvez das fotos que mais aparecem no Facebook - Isto porque, nestas
instituições escolares, era onde melhor se refletia o espírito de convívio e de
integração multirracial – Justamente, por esse facto, quando ainda hoje, se reencontram antigos alunos, esse reencontro
é sempre preenchido por calorosos momentos de amistoso convívio – Dir-se-ia que
é amizade para toda a vida – Presenciámos esse vinculo, em Outubro de 2014, no
afetuoso abraço de Carlos Brito Viana, Filinto Costa Alegre e Victor Monteiro – Agora, entre Victor
Monteiro e Jorge Carvalho, Carlos Semedo e Abílio Henriques, na esplanada do
Café da Pousada Miramar.
Pessoalmente,
pudemos testemunhar o excelente ambiente, daquelas duas instituições, através
de reportagens para a Revista Semana Ilustrada, das quais lhe recordamos aqui algumas imagens e excertos desses nossos
apontamentos, designadamente com uma Gincana, organizada pelos alunos da Escola
Técnica Silva Cunha
Eis o que então dizimamos,
a propósito de um desses ventos: - “Causou o maior interesse, pois, com
certeza, talvez por ter sido organizada pela Escola Técnica Silva Cunhe; que nisto de
iniciativas em que esteja em causa o seu bom nome nunca falta boa vontade e
dedicação para que tudo corra pelo melhor. E foi assim o que desta vez também aconteceu.
Os alunos organizaram e levaram a cabo uma gincana automóvel, que contou com apreciável
número de concorrentes e despertou o mais 'vivo interesse por parte não só
de aficionados do desporto automóvel e
iniciados, como, aliás, de numeroso público que não quis perder a oportunidade
de se associar à feliz lembrança dos finalistas da Técnica e, igualmente, poder distrair-se com as mirabolâncias
de uns tantos “brincalhões”.
Foi realmente uma manhã
de domingo interessantíssima a que proporcionou a gincana automóvel que teve
lugar no próprio recinto da Escola Técnica Silva Cunha. E isto, não só pelo
colorido e variado tipo das “máquinas”
em prova, da destreza, perícia e habilidades dos seus participantes, como ainda pela nota
viva e alegre que a assistência, na sua maior parte jovem, imprimiu ao ambiente
UM SEGUNDO DIA EM CHEIO
Este foi o meu segundo dia em S. Tomé – De novo o reencontro com bons e
distintos amigos – Um dos quais é o Coronel Victor Monteiro, Diretor do
Gabinete do Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, que teve a
gentileza de me convidar, na companhia de outro meu bom amigo, o jornalista
Adilson Castro, em sua casa, onde também estava a sua tão querida Raquel
Monteiro, com uns olhos que parecem dois diamantes do mais fino brilho
africano, para um calúlú à moda da terra, – 0
A
manhã foi muito chuvosa, no entanto, a tarde, apesar de cinzenta, foi muito
agradável – E, sobretudo, quando passada, junto de tão generosos e dedicados
amigos - Mas, o fim do dia, já ao anoitecer, ainda me proporcionou outros
magníficos reencontros, com luso-santomenses, que vieram matar saudades a esta
maravilhosa ilha - São as imagens de uma das próximas postagens
No Café da Avenida – Em S. Tomé – Ponto de
encontro obrigatório da cidade – Pois há sempre a possibilidade de se encontrem
rostos amigos ou conhecidos – E também no Café do Miramar – Sítios onde apetece
estar
De novo em S. Tomé e em voo da TAP –
Melhores os dois voos anteriores da TAP, em Outubro de 2014 e Julho de 2015, de
que este que, agora, no dia 28, me trouxe, mais uma vez, ao reencontro de uma
maravilhosa Ilha, que aprendi a conhecer a amar, desde os já distantes dias de
Novembro de 1963 - Nos voos anteriores, tanto
na ida como no regresso, foram passados,
tranquilamente, entre largas extensões do oceano e do mar – Inicialmente, até à ponta de Sagres, a
costa Portuguesa, depois, um braço de mar até atingir a costa africana – E por
aí rumo ao sul, entre o azul do céu e as terras áridas do deserto, onde, alguma
das suas panorâmicas, nos faziam recuar, como que ao principio do mundo – Autênticos
quadros, verdadeiramente bíblicos, que podem ser desfrutados, nomeadamente para
quem vai junto às janelas – Tive a felicidade de os contemplar e fotografar –
Naqueles dois voos – Mas agora, não tive a mesma sorte – Não estou arrependido de ter feito a viagem,
porque, realmente, quando se desembarca em S. Tomé, a sensação que se tem é a de que se acaba de
chegar a um maravilhoso paraíso perdido no oceano – Neste caso, no meio do
mundo!
Um pesado e extenso manto de nuvens brancas,
nuns casos, noutros uma intensa neblina, pairando abaixo da rota do voo,
impedia de se saber se se voava acima da terra ou do mar - Não me calhou ir sentado junto à janela, entre
Lisboa e Acra, mas, como só ia mais um passageiro ao meu lado, dava para relançar
um olhar de vez em quando, mas em vão – nada mais que névoas ou uma densa neblina - Contrariamente, ao panorama do mar do Golfo
da Guiné , mais azul e limpo.
É COSTUME VIAJAR QUASE SEM
VER O TEMPO PASSAR – MAS DESTA VEZ O TEMPO PREGOU ALGUMAS PARTIDAS - E DEU
MOSTRAS DE QUE A NATUREZA TEM OS SEUS CAPRICHOS – OU HAVERÁ OUTRAS EXPLICAÇÕES?
Julho 2015 - Ponta de Sagres
Ao voar em voo da TAP, rumo ao sul, com destino a S. Tomé, quando se
parte a meio da manhã, mesmo com escala em Acra, pois também há voos diretos, pese
a longa distância, nem se dá conta que o tempo passa – As hospedeiras de bordo são generosas e gentis em
sorrisos, quando distribuem comida e
bebidas ou mesmo quando fazem avisos mas desta vez a turbulência dos céus do deserto do Sarah e no Golfo da
Guiné, deu que fazer ao piloto e fez apertar
várias vezes o cinto aos passageiros, tornando, alguns momentos da viagem, num
certo incómodo e desconforto – Situações que, há uns tempos atrás, não sucediam com esta intensidade - Quase nem se dava por isso, mesmo quando lá
por baixo se viam levantar grandes tempestades de areia sobre o deserto do Sarah.
E vimos alguns desses fenómenos atmosféricos, em Outubro de 2014
A PRIVATIZAÇÃO DA TAP FEZ SUBIR AS TARIFAS
- E TAMBÉM MUDAR DE FROTA?!...
S. Tomé 28 de Janeiro 2015
Antes o
passageiro podia acompanhar a rota, continuamente, com informações detalhadas,
desde a temperatura interior à exterior, o tempo percorrido e a
distância a percorrer – Agora, silêncio absoluto – Procuramos a explicação à
chefe das hospedeiras, disse-nos que a TAP fez isso em todos os aviões, porque,
o que está previsto é , que, nas novas aeronaves, o ecrã seja instalado à
frente da cadeira do passageiro - Mas para quê retirar uma coisa boa por coisa
nenhuma?!... Na verdade, a avaliar pela informação editada pela TAP, o
passageiro, “em parte da frota A330 e A340, encontrará uma grande variedade de
conteúdos audiovisuais, com tecnologia touchscreen: Vídeo, áudio e jogos Na
TAP, queremos tornar cada vez mais agradáveis as horas que passa connosco,
oferecendo-lhe entretenimento de qualidade, que o acompanhe ao longo de todo o
vooConforto - Serviços a Bordo dos Voos | TAP Portugal
ENTRETANTO QUEM
NÃO VIAJE NA FROTA DOS A330 3 A34O – TEM DE SER MENOS EXIGENTE
Neste voo, de que lhe venho falar, notei
que houve algum desapontamento por parte de passageiros, não apenas, relativamente aos efeitos da turbulência,
como da ausência de informação a bordo Em certos momentos, devido aos solavancos da
turbulência, sentiu-se mesmo alguma sensação
de um certo mal-estar –Nos anteriores
voos, antes de privatização, o passageiro podia acompanhar a todo o instante a
rota do avião, saber por onde estava a voar, essa possibilidade agora não pôde
ser desfrutada – Havendo mesmo quem admitisse que, a nova gestão da TAP, que anunciou publicamente novas
estratégias, e também fez subir as tarifas para S. Tomé, uma delas fosse a troca de aparelhos nas rotas – Como geralmente, a África, desde os tempos
coloniais, costuma ser o parente pobre, constatámos
que houve mesmo quem levantasse, esse velho anátema – Pois é sabido, que nos Aviões,
mais modernos, os efeitos da turbulência, são menos notados.
Ilha de S. Tomé Julho de 2015
Sim, porque, longe vai o dia, em que, num
voo que fizemos a bordo de um avião da Força Aérea, em Julho de 1975, bem menos dos 11 mil metros de altitude dos atuais voos, pois, quando saltávamos nas
cadeiras, não se falava de turbulência mas de poços de ar – O avião não oscilava, como agora - Era bem pior: cada vez que encontrava os tais poços de ar, parecia despenhar-se de barriga ao solo.
Naturalmente que, desde então para cá, se registou uma grande evolução – Por isso mesmo, quanto mais
velhos forem as aviões, menos preparados estão para tais contingências
atmosféricas.
VIAGEM QUE PERMITE O CONVÍVIO ENTRE PASSAGEIROS
– TIVEMOS BONS MOMENTOS DESTE GÉNERO - NOMEADAMENTE, COM SANTOMENSES E ATÉ COM NORUEGUÊS - Que ia em busca da luz e calor que no seu país, que nesta altura do ano não encontra, dada a proximidade do árctico
S. Tomé - 20 Outubro 2014
Bom, mas pondo de lado , as contrariedades,
com que, desta vez, deparámos, tivemos,
no entanto, agradáveis surpresas - Pois, se há quem prefira bater apenas uma
soneca a bordo, há, contudo, quem aproveite para dialogar com quem está ao seu
lado ou até mesmo nas cadeiras à sua frente – Tínhamos bastas razoes para passar
o tempo a dormitar, já que optamos por fazer uma “direta”, mesmo assim, deu
para fazer isso e também para conhecer pessoas e conversar As primeiras agradáveis surpresas, direi antes, amáveis reencontros,
começaram no próprio aeroporto, com o abraço amigo de alguns santomenses –
Entre os quais, o do cantor Pércio Silva, conhecido, artisticamente, por
Pekagboom, a que já nos referimos em http://www.odisseiasnosmares.com/2016/01/musico-santomense-em-portugal-pekagboom.html que partiu
para S. Tomé para apresentar o seu novo álbum Banho Público, no próximo
dia 19, na Casa Cacau – Sempre sorridente e amável, com o seu estilo expansivo
e comunicativo – Teve a gentileza de nos oferecer um CD, em primeira mão, com
que, aliás, também presenteou, o Dr. Neto, a residir na Holanda, que
trabalha no escritórios de Posser da Costa e Associados –
Depois, entre outros amáveis sorrisos, foi ainda o abraço, muito caloroso, de
Ana Mota, que me deixou quase desconcertado, pois já estava na fila e pediu-me
que lhe fizesse uma fotografia – A lente da máquina é que parecia não querer
responder e teve de ser substituída. Outra presença, muito simpática, que
regressava de um pequeno período de férias e nos reconheceu, foi a de Ayres
Major, da Comissão do Património Cultural Imaterial – na Casa da Cultura de S
Tomé e Príncipe – Além disso, deu-se a feliz coincidência de se sentar ao nosso
lado direito na fileira da frente, permitindo bons momentos de diálogo, que, em
certa altura, também foram partilhados por Ana Mota e por Adilson Vilhete – Um
jovem empresário, com excelentes projetos turísticos em vista
Acra - Outubro 2014
FEZ-NOS COMPANHIA UMA DAS
TRÊS PRIMEIRAS MULHERES QUE ATRAVESSARAM O GOLFO DA GUINÉ DE CANOA – DA NIGÉRIA
A S. TOMÉ - Mas não quis ser fotografada
Outra surpresa,
esta surgiu-nos, no voo, entre Acra e S. Tomé: Desceu, no aeroporto da capital
do Gana, o passageiro que ia ao nosso
lado, junto à janela e entrou a Nigeriana, Elifida – - E quem é esta mulher, que se apresentava
com um traje típico nigeriano, tão bonito?
S. Tomé 28 Janeiro 2016
Voando no Golfo da Guiné
Pois bem,
longe de imaginar de ir ter ao meu lado, uma verdadeira heroína
dos mares do Golfo da Guiné – Ambos agora a voar sobre aquele mesmo mar que,
tanto a ela, como no meu caso, embora em circunstâncias diferentes nos havia causado tantas incertezas e
sofrimento. – Pois também eu, por três vezes o sulquei, uma das quais, de S.
Tomé à Nigéria. – No seu caso, foi ao contrário-
fez parte das primeiras travessias, que, nos anos 80, passaram a ligar, em canoas a
motor, os dois países: partiam em demanda de uma nova vida – Com carregamentos
de vários artigos e produtos para vender em S. Tomé - Elifida, de 60 anos, partiu numa dessas
frágeis embarcações: eram três mulheres e treze homens, todos na mesma canoa. Segundo
nos recordou, num desses dias, a canoa foi assolada por uma grande tempestade –
Mas lá conseguiram chegar ao destino – Desde então, acabou por optar viver nas Ilhas Verdes - Já lhe nasceu ali um filho, o Jonh Wilian, que
tem uma serração, em S. Marçalo, próximo da cidade de S. Tomé – Ela, entretanto,
optou por abrir uma loja no Príncipe – Sente-se lá bem;agora foi passar uns
dias férias à Nigéria mas confessa que é nestas ilhas que quer passar o resto da sua
vida
S. Tomé 28 Janeiro 2016
CREPÚSCULO RÁPIDO - MAL SE ESCONDE O SOL, ANOITECE Quando o
avião da TAP, aterrou no aeroporto de S. Tomé, tinha-se acabado de pôr o sol,
e, como o crepúsculo no equador, é rápido, quando chegámos à pensão, onde nos
hospedámos, era já noite escura – A
cidade, a bem dizer, ainda estava longe de adormecer, pois ainda havia muito
movimento de carros, mas deu para ter perfeitamente a sensação, sobretudo ao passarmos na estrada marginal
da Praia Lagarto, de que os aromas que
nos vinham dos lados da estrada, até com a temperatura, que se fazia
sentir, tinham o sabor dos frutos tropicais, assim como o cheiro da maresia, era, naturalmente, bem
diferente dos mares frios do Norte.
.DIA 29 –
ENCONTRO COM OS AMIGOS – O JORNALISTA ADILSON CASTRO E O CORONEL VICTOR MONTEIRO – DIRETOR DO
GABINETE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
S. Tomé 29 de Janeiro 2016
Só
abandonei o quarto da pensão, por volta do meio dia – Mas já me havia apercebido que o dia nascera
ensolarado e brilhante, apesar das grossas nuvens, que habitualmente se levantam
nas partes mais alta da Ilha – E foi justamente essa luz maravilhosa, que ainda
pude desfrutar no período da tarde – Inicialmente, na companhia de Adilson
Castro, com quem fui almoçar, num restaurante típico santomense, um saboroso arroz de feijão e posta de peixe - Depois foi o reencontro com o Coronel Victor Monteiro, apesar
de assoberbado de trabalho ainda da visita que o Presidente Manuel Pinto da
Costa, acabou de fazer a Cabo Verde, sempre solicito, simpático e disponível
para me prestar a sua ajuda – Pois ele sabe que as minhas visitas, a S.
Tomé, vão muito além das do visitante turístico
– Comportam a paixão de todos que amam, verdadeiramente uma terra, e que se
esforçam por ir ao encontro das suas genuínas raízes e descortinar o seu passado. E é, pois, um dos motivos que
aqui de novo me trazem e do que conto vir a falar neste meu site, nesta minha
nova estadia..
Por Jorge Trabulo Marques Jornalista e investigador C
Júlio Henriques, Considerado o grande
impulsionador da Exploração Botânica da ilha de S. Tomé. realizada em
1885
Júlio
Henriques, elaborou também, a primeira monografia florística de São Tomé e
Príncipe, que, tal como toda a sua produção científica, se encontra publicada
nos Boletins da Sociedade Broteriana. Também publicou o primeiro estudo
metódico de uma flora regional de Portugal – Esboço da Flora da Bacia do
Mondego.http://bibdigital.bot.uc.pt/index.php?language=pt&menu=4&tabela=geral
“E ideia
corrente que a ilha do 8. Tomé não era habitada quando foi descoberta
polos portugueses. Nunca teria realmente tido habitantes? O sr. dr.
Adriano Pessa, que durante alguns anos exerceu clínica nesta· ilha,
oferecei,1-me um instrumento de pedra perfeitamente comparável a alguns da
idade da pedra pulida. Êste instrumento tinha-lhe sido dado por um empregàdo da
roça Porto Alegre, que lhe disse que tinha sido encontrado numas escavações
feitas para abrir um caminho.
O exame da pedra de que é formada mostra
que é de natureza vulcânica, comparável a algumas das que se encontram na ilha.
A
superfície dêste instrumento está um pouco modificada por alteração
parcial da rocha, de que é feita
Qual seria a origem dêste objecto? Será admissível que alguem, em qualquer época, a levasse para S. Tomé e por acaso a perdesse ? Não me parece aceitável tal hipótese, muito especialmente atendendo à circunstância de ser feita de rocha da natureza das rochas da ilha.
Haveria em épocas pre-históricas habitantes na ilha?
Na Africa ocidental houve habitantes nas épocas da pedra lasca da em Mossâmedes e na Huilla e em Mangyanga no vale do Congo.
Punhal encontrado submerso - Ag.2015
O sr. Stainier (1) descreve numerosos instrumentos de pedra lascada encontrados no Congo e com êles instrumentos de pedra pulida parecendo-lhe que deveriam pertencer à época neolítica.
Dêsses alguns apresentam forma comparável à de S. Tomé. Haveria portanto habitantes em S. Tomé na época neolítica? Bom seria que houvesse em S. Tomé quem procurasse descobrir exemplares de instrumentos semelhantes àquele de que dou notícia, pois que um só e desacompanhado de informações sôbre o local e condições em que foi encontrado, mal pode servir de base a qualquer hipótese. ·
Dêste instrumento de pedra diz assim o meu colega F. de Carvalho:
- Talhado numa rocha basaltoide muito compacta, tendo analogias estreitas com exemplares estudados de Nova Moka ou Rio d'Ouro (fig. p).
Apresenta textura hialopilítica, com passagem a uma disposição fluidal dos pequenos cristais sôbre tudo junto dos cristais de maiores dimensões. Estes são raros e principalmente de a ugite e olivina, uns e outros muito alterados. A augite em quási todos associada à clarite e a olivina à serpentina.
A massa de cristais microscópicos é formada por augite e magnetite, apresentando-se esta última em grãos de dimensões muito seduzidas.É do grupo das rochas basaltoides mais básicas, podendo classificar-se entre os augitetos"
Que bom aos 70 anos recordar aqueles meus tempos de navegador das canoas
ANTIGAS NAVEGAÇÕES NO GOLFO DA GUINÉ Seguramente. que as Ilhas do Golfo da Guiné -
desde a mais meridional à setentrional; desde Ano Bom, S. Tomé, Príncipe e
Fernando Pó, atual Bioko, todas estas Ilhas, já haviam sido ligadas por canoas E, porventura, também por embarcações que partiam do mediterrâneo, fenícios, entre outros. Quando foram mandadas “descobrir” , diga-se explorar, a palavra adequada da época, já havia noticia da sua existência.
A ligação a Fernando Pó, descoberta pelo navegador português do mesmo nome, em 1472, que se avista perfeitamente dos Camarões, não fincando a mais de 30 milhas, sendo provavelmente feita em canoas com ligações vindas do Norte, daquele território ou de outras áreas continentais limítrofes, onde prosperavam vários reinos e antigas civilizações africanas - Quanto às Ilhas de Ano Bom, S. Tomé e Príncipe é de admitir que tenham pertencido ao Reino do Congo, do qual fazia parte a região africana localizada no sudoeste da África no território que hoje corresponde ao noroeste de Angola incluindo Cabinda, República do Congo e uma parte do centro-sul do Gabão - Não é por acaso que o dialeto de Ano Bom, é muito semelhante ao de S. Tomé - O povoamento inicial do Príncipe, é mais provável que tenha sido ou do Norte ou do leste, uma vez ser avistável, de qualquer desses quadrantes. De referir, que, muito antes dos europeus terem desembarcado nas remotas Ilhas do Pacifico - nomeadamente as do arquipélago da Polinésia - já estas haviam sido ligadas pelos antigos navegadores das
canoas, muitos séculos ou milénios atrás
Coronel Victor Monteiro - Gravuras rupestres
Demonstrei essa possibilidade, através das várias travessias que efetuei,
nas frágeis pirogas dos pescadores de S. Tomé, ligando S. Tomé à Ilha do
Príncipe, fazendo a travessia de S. Tomé à Nigéria, e posteriormente
tentando a travessia oceânica, que
só não concretizei por ter sido traído pelo comandante do pesqueiro que
não me largou na corrente equatorial; em todo o caso, os 38 dias de Ano Bom a
Fernando Pó, não deixam margem para dúvidas para as capacidades destas
primitivas embarcações. Assim como os variadíssimos casos de sobrevivência
de pescadores náufragos que vão parar à costa africana . Além disso, a
existência de gravuras rupestres, nos arredores da orla de Anambó, a
Noroeste da Ilha de S. Tomé, http://canoasdomar.blogspot.com/2014/10/descoberta-de-gravuras-pre-historicas.html
assim como a descoberta de um antigo
punhal e uma espada, objetos resgatados do mar, bem como outros achados,
a que me referi documentalmente neste meu site, reforçam a minha
convicção do povoamento das Ilhas, ser bem mais antigo
Menos interessante, porém, não creio que deixe de ser - no que
respeita à chegada dos navegadores portugueses, a esta ilha - a descoberta da inscrição
(parcial) da divisa do Infante D. Henrique , em Pedra, na orla
marítima, voltada a Norte (TALANT DE) BIEN FAIRE, atual divisa da
Escola Naval que poderá ter sido gravada pelos primeiros navegadores
portugueses das caravelas, atendendo às excelentes condições de aportagem do
local ou http://canoasdomar.blogspot.com/2016/01/em-s-tome-descoberta-historica.html
“UM PROBLEMA” -Este o título dado a um texto (relacionado com o achado
arqueológico) que faz parte de uma obra de autoria de Júlio A. Henriques, antigo professor da Universidade de Coimbra, intitulada A ILHA DE SÃO TOMÉ - SOB O PONTO
DE VISTA HISTÓRICO-NATURAL E AGRÍCOLA, editada pela Universidade de Coimbra, em
1917, que pude consultar. NÃO SE TRATA DE ESPECULAÇÃO MAS DE UM PROBLEMA COM O QUAL OS ACADÉMICOS, HABITUADOS A ESPECULAR SOBRE "VERDADES BÍBLICAS COLONIAIS", NÃO SE SENTIRÃO MUITO À VONTADE
"A História das Navegações Portuguesas tem
pecado por ter sido escrita, por vezes, por quem desconhecia Arte Náutica -
dizia Sacadura Cabral (…) por estranhos
às «coisas do mar» como eram quase sempre, cronistas e historiadores .
Incapazes de se imaginarem a navegando dentro dos navios antigos. Eles
fiavam-se nas versões que corriam, contadas por mareantes românticos, que
acrescentavam um «ponto» ao seu «conto». - Não é o caso de Júlio Augusto Henriques
Há que não descurar, que, o distinto investigador de ciências naturais e professor de filosofia, não era um mero curioso, para, de ânimo leve, juntar a imagem do achado à sua notável obra, mas um cientista de grande prestígio e credibilidade - O seu currículo assim no-lo diz. O facto da imagem fotográfica não ser muito esclarecedora, senão apenas na forma do objecto, ele teve o cuidado de descrever a dita pedra, indo ao pormenor da sua composição química. Não creio, pois, que tivesse havido de sua parte qualquer tipo de especulação, antes, sim, um apuradíssimo espírito de observação, tal como o revelou nos seus amplos e belíssimos estudos botânicos e iniciativas que tomou no meio académico. Por outro lado, há que ter em conta, que, a classificação de um utensílio do tempo da pedra lascada, nomeadamente, um machado, reconhece-se, não tanto por qualquer analise laboratorial, mas pelo "olhómetro" , olhando bem o que se tem entre as mãos: só esta análise - sem dúvida, a mais fidedigna - nos poderá informar da sua forma e do grau de polimento -Nomeadamente pelo gume - Mesmo passados milénios, o tipo de desgaste, difere muito da erosão provocada pelos agentes naturais. É um facto, que, nalgumas praias de S. Tomé, nas coroadas de gogos, se podem encontrar pedras com as mais diversas formas e feitos, que podem enganar um leigo mas não creio que possam enganar um cientista, habituado a classificar as plantas, a natureza, a olhá-la com olhos de ver.
Ag 2015 espada descoberta submersa
Sim, penso que, Júlio Augusto Henriques, não podia ter escolhido
palavra mais significativa para revelar a descoberta de um machado, que supõe
ser do neolítico, descoberto nas escavações da abertura de um caminho, na Roça
Porto Alegre, isto pelo facto de tocar em verdades coloniais, intocáveis, nas
estafadas teses de que, quando os bravos marinheiros portugueses, inspirados
pela Escola Náutica de Sagres, ali desembarcaram pela primeira vez,
as ilhas se encontravam completamente desabitadas - Como se tal facto fosse mais relevante para classificar a coragem daqueles corajosos navegadores. Ora, se nem sequer se sabe,
ao certo, nem o ano nem o nome dos pilotos, que comandavam as ditas caravelas,
tal como é comummente aceite por vários historiadores, sim, aventaram-se nomes
e até datas, mas porque era preciso dizer alguma coisa, preencher uma cédula baptismal, pelo que, muito menos
se poderia recuar ainda mais no tempo - Pois, não é crível, que
havendo lá gente, a viver pacificamente, essa gente se fosse mostrar a pessoas
que nem sequer eram da sua cor - Fizeram-no. mais tarde, através de várias guerrilhas, que partiam do interior do mato, criando imensas dificuldades aos colonizadores. :
Dezembro de 1969
Não foi através da Internet que fui ao encontro da sua obra mas por via das
minhas persistentes e aprofundadas pesquisas
de bibliografia das Ilhas de S. Tomé e Príncipe - Os
alfarrabistas, nas feiras do Chiado, em Lisboa, já me conhecem e sabem
muito bem o que eu procuro, quando os abordo.
Todavia, os elementos que aqui passo a transcrever sobre a biografia de
Júlio Augusto Henriques, recolhi-os, posteriormente, da Internet -
Estão acessíveis a quem os quiser consultar - E dos quais vou
citar alguns excertos
QUEM É JÚLIO A. HENRIQUES?
Considerado o grande impulsionador da Exploração Botânica da ilha de S.
Tomé7 realizada em 1885 pelo jardineiro-chefe do Jardim Botânico de Coimbra,
Adolpho Frederico Moller, com o objectivo de efectuar herborizações naquela
ilha (Carrisso e Quintanilha, 1929- 3
Fra Mauro - 1459
(Em 1866, Júlio Henriques foi nomeado lente substituto extraordinário da
Faculdade de Filosofia da UC (Fernandes, 1991). Este professor que adoptava nas
suas aulas livros modernos e mais adequados aos cursos, foi também a primeira
pessoa em Portugal a divulgar os trabalhos de Charles Darwin, nomeadamente na
sua dissertação do Acto de Conclusões Magnas, em 1865, intitulada As espécies
são mudáveis?. Nesta dissertação de título sugestivo manifesta o seu apoio à
teoria da selecção natural sendo, por isso, considerado como o primeiro
darwinista a manifestar as suas opiniões entre a conservadora comunidade
académica portuguesa (Pereira et al., 2007)
(…)A forte incidência da malária tanto em Portugal continental como nos
territórios ultramarinos, na década de 60 do século XIX esteve na origem da
decisão de introduzir a cultura da quina3 em Angola, Cabo Verde, Moçambique e
S. Tomé (Fernandes, 1982). Para isso, Júlio Henriques investigou qual das
espécies produziria casca com maiores níveis de quinino e qual o território
mais adequado à cultura destas plantas (Fernandes, 1991). Para tal, solicitou a
diversas instituições, principalmente ao Jardim Botânico de Büitenzorg em Java,
sementes de diferentes espécies do género Cinchona que semeava e mantinha nas
estufas do Jardim Botânico de Coimbra. Com a colaboração dos Serviços de
Agricultura, dos Governadores e de fazendeiros de várias províncias africanas,
foram seleccionados locais e realizados diversos ensaios (Fernandes, 1982).
Depois dos ensaios e da análise da quantidade de quinino produzida, a ilha de
S. Tomé foi considerada a região mais propícia a essa cultura (Paiva, 2005).
Alguns anos após o inicio da cultura da quina em S. Tomé, já se produzia
quinino em quantidade suficiente, não só para satisfazer as necessidades dos
territórios portugueses, mas também para ser exportado (Fernandes, 1982). Esta
história de sucesso constitui apenas um exemplo do enorme interesse que Júlio
Henriques sempre manifestou, desde o início das suas funções na direcção do
Jardim Botânico em 1874, pelo desenvolvimento agrícola dos territórios
ultramarinos.
(…) O professor Júlio Henriques foi, juntamente com o Governador da Ilha de
S. Tomé, Custódio de Borja, o grande impulsionador da Exploração Botânica da
ilha de S. Tomé7 realizada em 1885 pelo jardineiro-chefe do Jardim Botânico de
Coimbra, Adolpho Frederico Moller, com o objectivo de efectuar herborizações
naquela ilha (Carrisso e Quintanilha, 1929- 30; Carrisso, 1934). Moller
desempenhou a sua tarefa com muita eficiência e êxito e, para além de ter
colhido espécimes de plantas de todos os grupos vegetais em S. Tomé, preparou
ainda um colector, Francisco Dias Quintas, que deu continuidade a este trabalho
em S. Tomé e na ilha do Príncipe8 após o seu regresso a Coimbra (Carrisso, 1934).
Os estudos realizados sobre o material colhido por Moller e, posteriormente,
por Quintas permitiram realizar enormes progressos no conhecimento da flora de
S. Tomé (Carrisso, 1934). Em 1903, tendo já completado 65 anos e, apesar de
todas as dificuldades inerentes às viagens naquela época, Júlio Henriques
deslocou-se a S. Tomé para colher mais exemplares para herbário, observar o
habitat e estudar a distribuição das plantas espontâneas e cultivadas da ilha
(Coutinho, 1929- 30). Depois do regresso a Coimbra intensificou as suas
pesquisas sobre a ilha de S. Tomé resultando na monografia “A Ilha de S. Tomé
sob o ponto de vista histórico-natural e agrícola”, publicada em 1917, no
volume 27 do Boletim da Sociedade Broter
A ilha de S. Tomé foi a região acerca da qual Júlio Henriques mais
trabalhos publicou. Nos volumes 4 (1886), 5 (1887) e 10 (1892) foram
sucessivamente publicados catálogos da flora de S. Tomé, resultantes das
colheitas de A. Moller e F. Quintas. Júlio Henriques contou com o auxílio de
diversos especialistas como Baker, Müller, Stephani, Winter, Nylander, Agardht,
Nordstedt, Hauck, Flahault, Ridley, Oliver, Engler, Hoffmann, Schumann, C. de
Candolle, Cogniaux, Planchon, Lindau e Pax, entre outros, no estudo destas
plantas. O catálogo “Contribuições para o estudo da flora d’Africa. Flora de S.
Thomé.
Em S. Tomé Agosto 2015
Primeira roda de pedra - Internet
(…) A monografia “A Ilha de S. Tomé sob o ponto de vista histórico-natural
e agrícola”, publicada no volume 27 (1917), apresenta um estudo muito detalhado
sobre a ilha de S. Tomé com base nos dados que Júlio Henriques recolheu quando
a visitou em 1903, nos trabalhos publicados nos volumes anteriores do Boletim e
num grande volume de publicações de outros autores sobre diversos aspectos
desta ilha. Este trabalho divide-se nos seguintes capítulos: 1) Resumo
histórico da ilha, 2) Posição geográfica e orográfica, 3) Estrutura geológica,
4) As rochas de S. Tomé11, 5) Clima, 6) A Fauna, 7) A Flora, 8) A Agricultura,
9) A Floresta e 10) Um problema (relacionado com um achado arqueológico). Na
parte final desta extensa obra encontra-se o “Catalogo das espécies de animais
e plantas até hoje encontradas na ilha de S. Tomé”, sendo a parte relativa à
fauna baseada em publicações de autores estrangeiros e nacionais e a parte relativa
à flora uma revisão, com correcções e algumas adições, ao que já havia sido
publicado nos volumes anteriores do Boletim. Para a determinação das espécies
vegetais de S. Tomé, Júlio Henriques, contou com a colaboração de inúmeros
botânicos estrangeiros (Winter, Bresadola, Roumeguère, Berlese, Nylander,
Nordstedt, Hariot, Stephani, Muller, Hackel, C. de Candolle, Cogniaux, os
botânicos do Jardim Botânico de Berlim, dos Jardins de Kew e do Museu de
História Natural de Paris) e portugueses (Veríssimo de Almeida e M. Sousa da
Câmara). Embora S. Tomé tenha sido a ilha que despertou maior interesse a Júlio
Henriques, a flora dos outros territórios africanos também foi estudada como se
pode ver pela análise dos seguintes trabalhos.Júlio Henriques contributo para o conhecimento da
diversidade vegetal e o desenvolvimento agrícola dos PALOP
Nota Biográfica de Júlio Augusto
Henriques, 1838-1928
Júlio Augusto Henriques, filho de António Bernardino Henriques e Maria
Joaquina, nasceu em Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto), no distrito de Braga
(Portugal), no dia 15 de Janeiro de 1838. Em 1854, foi para Coimbra, fazer os
preparatórios para Direito. Entra como aluno interno no colégio de São Bento
(edifício onde se encontra o Departamento de Botânica da FCTUC), onde lhe é
destinado um quarto, que veio a conservar como morada até ao dia da sua morte.
Matricula-se no curso de Direito em 10 de Setembro de 1855, que conclui em 22
de Junho de 1859, tornando-se Bacharel em Direito. Complementa a sua formação
com um curso de Direito Administrativo, que lhe vem a ser muito útil na
execução de tarefas de gestão inerentes os vários cargos executivos de que se
ocupou ao longo da vida. Nesta época, o curso de Direito incluía as cadeiras de
Química, Física, Mineralogia, Zoologia, Botânica e Agricultura, da Faculdade de
Filosofia, que, por certo, alimentaram o interesse que já detinha pelos estudos
científicos. – Mais informação detalhada em Júlio Henriques - Biblioteca Digital de Botânica –
E também em Júlio Augusto Henriques – Wikipédia,
NAQUELA ÉPOCA A PALAVRA DESCOBRIR, SIGNIFICAVA EXPLORAR O QUE JÁ ERA CONHECIDO
Vou reproduzir alguns excertos de
textos que publiquei neste meu site
Não há certezas quanto à data exata da descoberta das ilhas - Diz Luís de Albuquerque: Sabe-se por exemplo que João de Santarém, Pêro Escobar, Fernão do Pó, Lopo Gonçalves e Rui Sequeira estiveram ao serviço de Fernão Gomes. Mas não há registos que nos permitam dizer com segurança qual deles, em que ano, descobriu o quê." - Admite-se, no entanto, que, a Ilha de S. Tomé, teria sido descoberta em 21 de Dezembro de 1471, e, um ano depois, em 17 de Janeiro, a Ilha do Príncipe – Por outro lado, também já, o Almirante Gago Coutinho, em “A Náutica dos Descobrimentos, aludia à palavra “descobrir”, acerca dos “factos náuticos que procederam à Viagem de ´Álvares Cabral, ao Brasil, citando o livro “Esmeraldo”, referindo que naquela época, a palavra descobrir, tem o sentido de explorar uma costa que já fora achada antes de 1948”, de “uma exploração, confiada a Duarte Pacheco.
De um modo geral, salvo os historiadores, que não se limitam a transcrever a tese oficial colonial, que entendeu, arrumar factos históricos ao seu jeito, “todos os historiadores que se ocupam do «descobrimento das ilhas de S. Tomé e Príncipe» concluem que não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta; parece que ninguém se sente à vontade ao tratar do assunto - o que quase sempre acontece com o descobrimento das ilhas da parte oriental do Atlântico. – Diz Armando Cortesão em “Descobrimento e Cartografia das Ilhas de S. Tomé e Príncipe
“Convém notar”- refere o mesmo investigador - “ que desde já e sempre que se aborde tão delicado e controverso assunto, qual o significado a dar à palavra descobrimento, quando se trata de novas terras e em especial no século XV. Já vários historiadores se têm referido ao problema e dele me ocupo mais de espaço no vol. III da minha História da Cartografia Portuguesa, que estou a escrever e cujo vol. II (…)”
“A meu ver as palavras descobrimento e suas derivadas de princípio significavam que a terra respectiva foi reconhecida, provavelmente redescoberta, tornando-se conhecida de todo o Mundo, estabelecendo-se entre ela e a Europa relações normais, isto é, viagens frequentes, povoamento, colonização, relações comerciais, etc. É aquilo a que se pode chamar descobrimento oficial, como sugeriu o saudoso Com. Fontoura da Costa.
De tudo ou quase tudo o que foi descoberto, isto é, descoberto oficialmente, se pode dizer que foi redescoberto. João de Barros, cronista sério e quase sempre fidedigno, diz «terem os nossos mais terras descobertas no tempo de D. Afonso V do que achamos na escritura de Gomes Eanes de Zurara»,
Arte abstrata no litoral da Ilha de São Tomé?.... Nada de outro mundo - "África tem a maior variedade e algumas das mais antigas pinturas rupestres na terra. África tem muito mais arte rupestre do que qualquer outro continente, com pelo menos 10 milhões de imagens espalhados por mais de 30 países. Pinturas e gravuras rupestres da África, alguns dos quais muitos milhares de anos de idade, são nossa herança, uma herança que nos informa como os nossos antepassados pensavam e percebido o seu mundo. Eles são os primeiros indícios restantes das crenças espirituais / religiosas; eles falam de rica história e cultura da África, e um tempo muito antes de a escrita foi inventada. Em toda a África hoje, pesquisadores gravar e estudar a arte, buscando a sua idade, significado e propósitos originais. Consciente dos problemas de conservação emergentes, Os governos africanos estão a criar planos de gestão e estimular as comunidades locais a se envolverem na proteção da arte.Rock Art da África - TARA Trust For African Rock Art
Ao longo da costa africana, já haviam navegado fenícios e árabes e o Infante D. Henrique, estava bem informado. A história nem sempre é um relato fidedigno dos factos. "Se o Infante D. Henrique e os dirigentes portugueses que se lhe seguiram proibiram a venda de caravelas ao estrangeiro, mandava a lógica que se opusessem igualmente à saída de capitães, pilotos, cosmógrafos (...) e com eles dos roteiros para as novas terras, das cartas de marear e de tudo que ensinasse a nova ciência da posição e da direção do navio e, mais que tudo, da do sol ao meio dia." - In "DÚVIDAS E CERTEZAS NA HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES" Luís de Albuquerque.
Não haja, pois, ilusões, quando o Infante D. Henrique fundou a Escola de Sagres, ele já tinha recolhido abundante informação de uma grande parte da costa de África: pelo menos, até ao Golfo da Guiné- A história das descobertas marítimas portuguesas, está empolada e cheia de mitos. A começar pela Escola de Sagres
Dizia eu, há cinco anos, neste site - É certo, que, até hoje, não foram descobertos monumentos ou vestígios arqueológicos perenes em qualquer das ilhas do Golfo da Guiné, que pudessem dar-nos indicações para a existência de antigas civilizações. Não porque não possam existir, mas talvez mais pelo facto de nunca ter sido encarado a sério um estudo aprofundado.
NÃO ME ENGANEI AO REFERIR que essa investigação deveria fazer-se. Acredito que não faltariam surpresas interessantes. Porém, existe uma prova que continua igual há de milénios atrás: a sua tradição marítima. Haverá elo mais genuíno, com as suas antigas origens, que a arte de navegar em tão frágeis meios primitivos? ....- Canoas frágeis e toscas, é um facto, mas capazes de resistirem aos mais violentos vendavais
Demonstrei-o, por três vezes, ao ligar as ilhas com o continente. E assim o haviam igualmente demonstrado as enormes canoas que foram utilizadas para transporte de escravos, nomeadamente do Gabão, mesmo depois da alforria, cuja lei muito custou a aceitar aos proprietários nas grandes roças.
Ainda não perdi a experiência - 2014
Os portugueses foram grandes navegadores -E talvez dos maiores navegadores daqueles épicos tempos. Um país, tão pequeno e com tão fracos recursos económicos, ter feito o que fez, foi realmente uma verdadeira odisseia. Há, pois, que enaltecer a coragem daqueles bravos pilotos e marinheiros. – Todavia, uma coisa é essa coragem e bravura, outra a verdade história – E está não deve ser ocultada ou pervertida.http://www.odisseiasnosmares.com/2011/07/2-sao-tome-e-principe-as-antigas-ilhas.html