Jorge Trabulo Marques Jornalista, - Navegador dos Mares no Golfo da Guiné e Investigador
MÁRIO SOARES DEPORTADO PARA SÃO TOMÉ PELO REGIME SALAZARISTA
Em Dezembro de 1967 rebentou um escândalo sexual que afetou profundamente a ditadura salazarista. Uma rede de prostituição infantil incluía marqueses, condes, empresários, um ministro e até um alto membro da Igreja. Filhas de prostitutas com 9, 10, 11…anos eram entregues pelas mães em troca de dinheiro

O jornal inglês “Telegraph” noticiou que altas figuras do governo de Salazar e da alta sociedade portuguesa estavam envolvidos num escândalo de abuso sexual de menores.
Mário Soares, Francisco Sousa Tavares e Urbano Tavares Rodrigues, acusados de passarem a informação a jornalistas estrangeiros, foram presos, tendo permanecido atrás das grades cerca de três meses. Mário Soares, por ser «demasiado irritante» para o regime, viveu pouco tempo em liberdade, pois foi exilado para S. Tomé e Príncipe, de onde só voltou nos tempos da «primavera marcelista».
CONHECI MÁRIO SOARES EM S. TOMÉ - E em Portugal tive o prazer de lhe fazer algumas breves entrevistas, como repórter da RDP-Rádio Comercial. bem como o registo gravado - entre outras reportagens - da visita que fez por ocasião do Natal, a uma das cadeias portuguesas


Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em Lisboa no dia 7 de dezembro de 1924, há 100 anos a personalidade que escreveu seu nome na história da Democracia portuguesa. Conheci-o em S.Tomé, em 1968, onde ambos fomos perseguidos pela PIDE – Sobretudo ele, que lhe seguia todos os seus passos.
MÁRIO SOARES EM S. TOMÉ - Durante oito meses de exílio em São Tomé, em 1968, Mário Soares viveu vigiado permanentemente pela polícia política do Estado Novo.
De facto, não se pense que ele teve ali a vida facilitada. De um modo beral, os colonos os colonos olhavam-nos com uma certa frieza e indiferença. Quem lhe valeu foi o Sr. Aprígio Malveiro, seu amigo desde os tempos de estudante, que era secretário da CM e que lhe deu alojamento nos primeiros tempos e o protegeu da vigilância dos PIDEs, que andavam quase sempre como cachorros atrás dele, a seguir-lhe os passos.. E também a amizade que tinha com o Eng Goulão da Roça Água Izé . Bem como de Mário Jesus Silva e sua esposa.
Soube também que o Alferes Miliciano, Eduardo Fortunato de Almeida, que tinha sido seu aluno no Colégio Moderno, em Lisboa, naquela altura em comissão de serviço militar no CTI de STP, onde eu também era furriel miliciano, encarregado da Agropecuária e da Messe de Oficiais, foi outra das escassas pessoas a prestar-lhe atenção
Vim a saber que gostava de visitar o restaurante do Fernando dos Angolares, um português que viveu mais de 40 anos em São Tomé e faleceu no final de 2013. Era proprietário de um pequeno restaurante em S. João dos Angolares e dono de algumas canoas, que entregava a pescadores para se que se abastecer de peixe. O Fernando era uma pessoa muito comunicativa e simples e despertou a curiosidade de Mário Soares.
Além do barbeiro e livreiro Sr. João Pedro Dias, onde ia cortar o cabelo, onde, aliás, através do Emissor Regional de STP, viria a tomar conhecimento, em 3 de agosto de 1968, da queda de Salazar de uma cadeira no forte de Santo António da Barra, no Estoril, era olhado com frieza e indiferença pelos colonos - Ele costumava ir às estreias do Cinema Império.
No intervalo das sessões, no chamada área do balcão, vinha tomar o seu cafézinho, junto ao bar mas, geralmente, com olhar pensativo e a movimentar-se isolado pelo espaço do átrio do bar de um lado para outro de que a falar com alguém. Numa dessas sessões, ocasionalmente, sucedeu ter sido uma das pessoas numa das cadeiras ao seu lado.
Na plateia, lá à frente, junto à tela do cinema, onde se sentavam mais os nativos, ouviam-se as reações mais dispares, aos filmes, as mais espalhafatosas desde o bater das palamas a expressões verbais, e muitas vezes também dos colonos, cá atrás, mas de Mário Soares as suas expressões, tanto quanto me apercebi, eram mais de discreto sorriso ou de silêncio introspetivo.
Em São Tomé, Mário Soares, ainda tentou, como Maria Barroso, ser professor do liceu. Sem êxito. Também a iniciativa de ser advogado dos trabalhadores, acabaria por falhar - Não tardaria a desistir. Visto as decisões do Tribunal lhe serem manifestamente hostis - Como mais tarde viria a confessar.
No entanto, já os gestos de simpatia e de acolhimento eram bem diferentes por parte dos nativos, que lhe chagavam até a deixar frutas à porta da sua residência e nomeadamente pela família Espirito Santo, uma das históricas famílias nacionalistas, igualmente na mira do fascismo.
Por isso, não se julgue que, a ditadura Salazarista, deportou o Dr. Mário Soares a passar férias para algum Jardim Tropical ou Paraíso Verde - As duas ilhas são realmente verdadeiros jardins de verdura, mas o povo não era livre e, mesmo a grande maioria dos colonos, também era explorada. O Dr. Mário Soares creio que se apercebeu de tudo isso. E teve sempre à perna a PIDE – Pude testemunhar essa perseguição
Impressões de Maria Barroso, sobre o encontro do Presidente da República Portuguesa, Mário Soares e o Presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, em Moscovo, no dia 20 de maio de 1991 - Ambos se emocionaram - E o que diriam hoje, com o seu afastamento, se fossem vivos e com o que se passa na atualidade?... - Estou certo que não se surpreenderiam, mesmo com a visão optimista, que então nutriam. - Pormenores mais à frente
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SEMPRE NA MIRA DOS OLHOS DA POLÍCIA POLÍTICA DO REGIME OPRESSIVO E DITADOR
Um dia, um agente da PIDE, que o perseguia de carro, quando se ausentara da cidade, tendo-o perdido de vista, parou, junto de mim, e perguntou-me: "Você viu para onde se meteu o cabrão do Mário Soares". Eu estava parado, na berma da estrada que passa ao lado da Praia Amorim da Roça Uba Budo -. Nessa altura, eu já não trabalhava lá.
Estava a cumprir o segundo ano do serviço militar: os primeiros doze meses, foram passados em Angola: curso de sargentos e comandos. Havia dado ali.um passeio: revisitar os secadores da copra e também porque gostava daquela praia, onde havia umas videiras que davam uvas duas vezes por ano e uma pequena figueira que não deixava de dar figos
Do que eu não sentia a menor curiosidade era do campo de treino, onde íamos afinar as pontarias nos alvos com as Mauser, espingardas que o exército também usava na guerra colonial Já me bastava a tropa. Dera ali cabo dos tímpanos.
Ia ali rever aqueles magníficos recantos dos verdes palmares, debruçados sobre as ondas e batidos pelas brisas, da doce maresia equatorial - Pese o facto de ter sido bastante escravizado (tal como os trabalhadores, que, naquele momento, estavam envolvidos na colheita de cocos e das pinhas das palmeiras do azeite, ali próximo da beira da estrada.
Subitamente, um carro trava e estaciona ao meu lado: vi logo quem era. Ato continuo pensei logo para comigo: será que este gajo me vem chatear?!... Mas não, o que ele queria saber era o paradeiro do Dr. Mário Soares. Se calhar desconfiava que a viatura em que seguia, se desviasse ali para aquela praia. Ele vinha do sul e não o apanhara. Mas ele estava para lá, e não muito longe. Por acaso, eu tinha o visto passar num jipe com o Administrador da Roça Água Izé, mas respondi-lhe que não me tinha apercebido.
Todos os seus passos - para onde quer que se deslocasse - eram seguidos e controlados - Sempre de cabeça erguida, procurava manter as melhores relações com a reduzida elite negra, que se opunha à colonização e pugnava pela independência da sua terra - A oposição estava sediada no Gabão, e ali não se manifestava publicamente, porque as ilhas eram pequenas e tudo era controlado.
Mário Soares sabia quem estava de seu lado . - Uma ocasião, eu vi-o, com o seu filho João, na Roça do Eng. Celestino da Graça, que a PIDE havia perseguido e torturado.
Eu partira para S. Tomé, em 1963, a fazer um estágio, como Técnico Agrícola, numa Roça. Mas acabei também por ser uma das vítimas da repressão colonial - antes e depois do 25 de Abril. Sem dúvida, que a presença de Mário Soares, naquela pequena roça, dedicada sobretudo à plantação de ananases, era verdadeiramente um ato de coragem.
Fui preso e torturado pela PIDE. Antes e depois do 25 de Abril, também fui um dos sacrificados – Parti sozinho à meia noite, para que ninguém me visse e se opusesse; só com uma bússola e sem qualquer meio de comunicação, metido uma casca de noz (40 cm de altura, por 60 cm de largura) encaixado num tronco de árvore escavado, percorrendo um braço de mar daqueles, infestado de tubarões e sob a influência de fortes tornados e podres calmarias - Era a primeira das minhas tres travessias: seguir-se-iam, cinco anos depois as travessias de S. tomé à Nigéria 13 dias e de Ano Bom a Bioko, Guiné Equatorial,
Pois bem, o que eu recebi como prémio, daqueles atribulados três dias de mar daminha 1ª travessia?!.. Pesada coima da capitania e espancamentos da PIDE - por suspeita de me ir juntar ao MLSP, no Gabão. O meu objetivo, porém, era apenas o principio de outras travessias para contrariar as teses colonialistas, demonstrado a possibilidade das ilhas, poderem ter sido povoadas por povos limítrofes da costa africana,
A segunda vez, foi na sequência da revolução de abril por parte de alguns colonos, que me agrediram brutalmente, depois de me cortarem os pneus do meu carro à navalhada e me pendurarem uma forca à porta de minha casa, por via dos meus artigos publicados na revista Semana Ilustrada de Angola, por ter dado voz ao MLSTP e entrevistado sobreviventes do massacre do Batepá, tendo que me escapar de canoa de S. Tomé para a Nigéria, numa dramática travessia de 13 dias.
Nesse mesmo ano, e, após a independência, voltei a S. Tomé para tentar a travessia de canoa para o Brasil, evocando a rota da escravatura, entre outros objetivos, acabando por naufragar e ir parar à Ilha de Bioko, Guiné Equatorial, onde fui preso e condenado à forca por suspeita de espionagem - Felizmente, lá me salvei, graças à mensagem que trazia comigo do MLSTP para ler quando chegasse ao Brasil - Aqui deixo os pormenores da travessia de S. Tomé ao Príncipe, a que dei o titulo de viagem clandestina ao Paraíso, mas só mais tarde contei o episódio da PIDE no extinto Diário Popular
Mário Soares, tal como é reconhecido, foi um combate incansável pela liberdade e uma luta incessante pela democracia, esforços que lhe foram indistintos da defesa dos direitos humanos, da paz e da solidariedade entre os povos, bem como do progresso social e económico e do respeito ambiental e ecológico
Figura maior da democracia portuguesa, Mário Soares nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, no seio de uma família republicano-liberal, filho de João Lopes Soares e de Elisa Nobre Baptista. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1951, e em Direito, em 1957. Em 22 de fevereiro de 1949, casou com Maria de Jesus Barroso (1925-2015), por procuração, por se encontrar preso na cadeia do Aljube. Do casal nasceram dois filhos: João (n. 1949) e Isabel (n. 1951
Moldado por uma educação cívica liberal, republicana e democrática, Soares assumiu desde cedo um intenso combate político contra a ditadura. Ainda na universidade, aderiu ao Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), em 1943, e ao Partido Comunista Português (PCP), em 1944. Foi membro da Comissão Central do Movimento de Unidade Democrática (MUD), tendo sido um dos fundadores do MUD Juvenil.
Foi autor e subscritor de importantes documentos de contestação ao Estado Novo. Como representante da Resistência Republicana, foi membro do Directório Democrato-Social, dirigido por republicanos como António Sérgio, Jaime Cortesão e Mário de Azevedo Gomes. Participou ativamente nas candidaturas dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado à Presidência da República, momentos que abalaram o regime.

Nuns casos enviei, noutros, simplesmente, acabaram por figurar no arquivo das minhas elucubrações do foro mediúnico e espírita.- Alguns excertos foram editados neste site, mas remetidos para arquivo, sem visibilidade pública, aguardando oportunidade de serem trazidos à luz, com a data que foram editas, quando se achar oportuno. - E assim tem sido






Era uma forma epistolar mais de reflexão e de introspecção de ordem espiritual de que propriamente com carácter temporário e politico. - Mário Soares, foi uma dessas figuras - Umas cartas foram-lhe enviadas, outras, por tão extensas, ficaram inacabadas e por enviar - É o caso do texto que a seguir aqui apresento, acerca das suas reencarnações, que comecei a escrever em Dezembro de 2002.

06/12/2008 - - sou a mesma pessoa que, em 27 de Março de 2001, e através da carta, a que atrás aludi, lhe disse, textualmente, o seguinte, a propósito das densas nuvens que via, então, pairar no horizonte: “Sem com isto pretender ser alarmista, penso que o Ano de 2001(ironia das ironias), o tão badalado e tão profetizado Ano da Odisseia do Espaço), vai ser, certamente, um ano para esquecer - o ano de todas as “odisseias” - E, ao que parece, ainda agora a procissão vai no adro.” - Estas minhas proféticas palavras, escrevi-lhas eu na 2ª página da dita carta (registada), tendo acrescentado, na 3ª página, ainda o seguinte: “Como disse, vejo com apreensão o decurso do Ano 2001(não é um ano bom: no que já nos trouxe e naquilo que de negativo nos poderá trazer - a nós e aos outros Postagem editada neste site em 2008 - Remetida para arquivo temporariamente - Será reaberta, logo que se considere oportuno


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