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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Pico Cão Grande, em São Tomé -1ª Escalada ao cume em 12 de Outubro de 1975 à Agulha Vulcânica mais Vertical da Terra. - Depois de várias tentativas desde meados de 1970



Jorge Trabulo Marques - Jornalista e líder da equipa da primeira escalada ao Pico Cão Grande, concluída com êxito em 12 de Outubro de 1975, após  cinco anos de sucessivas tentativas
Desprovidos de recursos técnicos usados nas grandes escaladas, sem calçado adequado, luvas ou capacetes, munidos apenas de vulgares cordas e de uma vareta de pontiaguda numa mãos com que nos segurávamos nas reentrâncias naturais ou onde não nos era possível fixar umas cavilhas improvisadas, com os pés apenas cobertos por vulgares meias, lá íamos subindo descalços
BIG DOG IN SÃO TOME - THE GREAT PEAK CLIMBING THE VERTICAL "This is one of the highest needle-shaped "volcanic plug" peaks on Earth  -In The Dark Tower: Found!

As minhas primeiras tentativas da escalada ao Pico Cão Grande,  ocorreram em meados de 1970 - Fui  a  primeira pessoa a escalar sozinho este majestoso pico. Dizia-se que o Cão Grande  tinha feitiço e quem ousasse escalá-lo, ficava lá morto. Por isso, não  constava que alguém tivesse ousado subir as suas paredes verticais. Eu achei que devia quebrar esse enguiço. Mas também por se me impor como um desafio desde o primeiro dia que  fui trabalhar como empregado de mato para a Roça Ribeira Peixe   - E que veio a tornar-se ainda mais intenso  depois de abandonar aquela propriedade agrícola. 

Impunha-se-me a sua conquista como uma espécie de  desforra às humilhações de que fui alvo por parte da administração daquela roça e da Roça Uba-budo, pertencentes à mesma empresa: A companhia Agrícola Ultramarina. 

O administrador mandara-me para ali de castigo a contar cacaueiros, numa área abandonada e infestada pela cobra-preta, pelo facto de me ter recusado a tratar os trabalhadores por tu e de forma autoritária, ao velho estilo colonial. Andava eu com um trabalhador cabo-verdiano: ele de caldeirinha na mão cheia de água de cal para marcar os cacaueiros que eu ia contado.   Eu andava de galochas e ele descalço: um dia uma serpente picou-o e morreu no local. Nesse mesmo dia à noite abandonei  a Roça. 

 O Sebastião, que residia numa pequena aldeia, próximo da ponte do Caué,, era quem me acompanhava até ao sopé de um dos flancos. Era caçador de porcos. E aproveitava para, com os seus cães, fazer as suas caçadas.  seguidas de várias subidas solitárias, até que, em Outubro de 1975, na companhia de dois jovens e corajosos santomenses, conseguimos completar a subida.

.DEVIA SER DECLARADO PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE OU MONUMENTO NACIONAL - Tal como o Devils Tower National Monument - EUA



Finalmente a imagem da bandeira que foi estiada na crista de um dos picos mais singulares e difíceis da Terra. -  Em homenagem aos desafios da serenidade e da coragem - O testemunho que faltava dar aos desconfiados e incrédulos  - Foto registada na ponte do Caué, antes da  expedição através da floresta,  com a minha valorosa equipa de santomenses; Pires dos Santos e Constantino Bragança..  Não disponho das últimas imagens, visto ter abandonado a Ilha, dias depois para  uma aventura maritima de canoa.. Não tendo, até hoje, podido recuperar esse e  outro espólio. 

DEPOIS DA ESCALADA COM A  MINHA EQUIPA,  HOUVE VÁRIAS EXPEDIÇÕES - MUNIDAS DE EQUIPAMENTOS QUE NÓS NÃO DISPUSEMOS  - A escalada nas rochas - seja a nível das grandes alturas, tomando o nome de alpinismo,  seja em que circunstância for, é um desrato nobre - Um  dos desportos mais arriscados    e difíceis  do mundo, que não deve ser praticado por  meros caprichos exibicionistas  ou a titulo competitivo, senão como  um desafio ou uma conquista humana às dificuldades impostas pela formações rochosas da natureza  

 Mas, pelos vistos, há quem o pratique exibindo conquitas sem as fazer É o caso do Pico Cão Grande - Fizeram escaladas no Pico Cão Pequeno, afirmando, depois , de  que haviam escalado o Cão Grande. - Curiosamente, com este em pano de fundo, a  que mais à frente me reportarei.  Recebem apoios e têm que os justificar de qualquer forma . E, segundo apuramos, nalguns casos, pagando irrisórias importâncias a quem os ajuda a transportar as mochilas

As ilhas deviam promover  este desporto. E todas as escaladas deviam ser devidamente autorizadas  e  acompanhadas por observadores para, em caso de acidentes, terem pronta assistência clinica. Veja-se o que se passa com a escaldado Evereste  

Informação atualizada - 25/04/2022  Uma licença de escalada para o Everest custa US$ 11.000 (cerca de R$ 50.000, na cotação atual*), e no ano passado o Nepal faturou US$ 4,1 milhões com essas vendas. Por outro lado, o país gerou um total de apenas US$ 451.000 de vendas de licenças para seus outros sete picos acima de 26.000 pés/7.900 metros de altitude  https://gooutside.com.br/permissoes-para-escalar-o-everest-despencam


O Pico Cão Grande, que se ergue no coração da floresta equatorial, ao sul  da Ilha de São Tomé, não é apenas um gigantesco falo de pedra basáltica, é,  indubitavelmente, uma das mais singulares maravilhas  geológicas da terra: não tanto pela altitude mas pela forma e verticalidade. 

Situado dentro dos limites do Parque Nacional Ôbó de São Tomé  , mesmo assim,  parece-me que seria importante declará-lo monumento nacional - tal como sucedera  a outra enigmática formação rochosa  - o  Devils Tower National Monument, a Torre do Diabo, que se ergue  no estado de Wyoming, EUA

  Cada um com as suas peculiaridades, ambos de  origem ígnea monolítica,  infunde uma surpreendente  beleza e mistério. Enquanto Devils Tower o  tem o topo relativamente plano, o Cão Grande é uma rocha, quase pontiaguda de  formada por um bloco maciço, vertical, escorregadio e escarpado –

Autêntico dedo gigantesco apontado aos céus!- que se destaca do coração da floresta mais densa e exuberante da zona meridional da ilha, próximo da linha do Equador, onde a queda pluviométrica oscila, entre 4500 a 5000mm anuais  – Monólito  de origem vulcânica com  663 metros de altitude, com um perímetro na base, talvez superior à  superfície rochosa que se levanta aprumo, sobre o manto verde, que se calcula acima dos 300 m de altura  - ou mais, conforme a vertente que se escalar -   Algumas das suas escarpas, além de encobertas pela floresta, confundem-se  com o próprio monte donde emerge, desnudam-se dele e vão quase até à  linha das águas, que correm ou jorram junto dele,  excedendo muito além das três centenas de metros calculados, que é possível medir em área livre e aberta. 

Quem o vir de longe,  seja da clareira da floresta,  seja ao surgir da curva de uma estrada ou até a levantar-se  à frente dos olhos, irrompendo no meio de uma pequena reta, não poderá deixar de  sentir o pasmo de uma majestosa aparição,  de ser tentado a contemplar, algo  que parece divinizar toda a natureza selvagem envolvente – Qual gigantesca testemunha, simultaneamente, terrena e cósmica! Ou qual expressão  genuína de  um monumento, erguido da terra, aos céus! 

Seja de que ângulo for, de perto ou mais afastado, o Cão Grande é único no seu género: não há conhecimento de  semelhanças no Planeta.

 

Daí o fascínio que exerce aos olhos de quem o contempla. Mas, sobretudo, o permanente desafio que se revela aos amantes da escalada vertical -  Pessoalmente, pude  viver tais emoções, sentir o grande prazer  – misto de glória, apreensão e receio – Tendo por companheiros o Cosme Pires dos Santos e o Constantino Bragança e os meus guias, do Sebastião e do Chico. 

 De sesfraldarmos, no topo do seu cume,  a Bandeira Nacional de São Tomé e Príncipe, depois de nas sucessivas escaladas, antes da Independência, termos erguido a Bandeira Portuguesa, trepando  as suas vertiginosas faces, que se erguem aprumo no mais denso manto da selva verde. De sermos os primeiros seres humanos  - pois  há aves que lá nidificam – a pisar as rochas da sua monumental crista!

Já lá vão cinquenta anos, todavia as memórias, permanecem ainda hoje tão vivas, tão vibrantes, como se o tivesse acabado de  escalar – O que parecia  custar aceitar era o não reencontro, a não  partilha dessas mesmas emoções,  com o valoroso Pires dos Santos – Mas, felizmente quis o destino que, finalmente, na tarde de 5 de Agosto, 2015, nos reencontrássemos, num abraço fraternal e amigo, tal como o testemunha  o vídeo, gravado junto de sua casa, na companhia da sua mulher, e dois dos seus irmãos e do jornalista Adilson Castro.  

Nas margens do rio Côa 
MONSTRUOSO PÁRA-RAIOS - EM DIAS DE TEMPESTADE, É DE TAL MANEIRA FUSTIGADO POR FAÍSCAS E RELÂMPAGOS, QUE MAIS LEMBRA A  TORRE NEGRA E INCENDIADA DO INFERNO

A sua forma, quase esférica e pontiaguda, funciona como um portentoso para-raios! - Várias vezes vi esse espetáculo pirotécnico noturno  da Roça Ribeira Peixe, quando ali trabalhava, como empregado de mato - Dizia-se lá: "Olha lá está o Cão Grande a ser bombardeado pela fuzilaria do diabo!!...  - Não tarda a  trovoada a vir por aí abaixo!...Curiosamente, mais das vezes, as nuvens faziam por lá a descarga e a chuva não atingia o  terreiro da roça, que ficava ali junto ao mar - É, sem dúvida, a zona onde chove mais! - Em São Tomé há cinco micro-climas - Que vão desde os 300mm na cidade São Tomé, até aos 5000mm, onde se situa aquele pico.





"Quem tiver o singular privilégio de visualizar esta rara pedra preciosa certamente ficará repleto de variadíssimas e agradáveis sensações"  - In Património de S. Tomé.: Roça Porto Alegre



"This is one of the highest needle-shaped "volcanic plug" peaks on Earth (300 m), perhaps even more impressive than the Devils Tower in Wyoming   (386 m), as it rises above the landscape in an equally unexpected and even bluntly obscene way. It is however more difficult to photograph than Devils Tower: its top is often hidden by clouds or precipitation, not to mention that it's harder to get to the tiny country of São Tomé and Principe (though I'm sure it's worth the effort).

The Dark Tower by Stephen King have been inspired by Pico Cão Grande? This “volcanic plug” is in Obo National Park in the tiny island country of São Tomé and Principe off the coast of Africa. Photographs of this tower are hard to take because the top is usually in the clouds, but you’ll find some good ones at Dark Roasted Blend. Link. - In The Dark Tower: Found!
  .
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The heavy mist and humidity over the surrounding jungle (the rainfall varies between 4500 mm to 5000 mm per year) adds to the mystery and the foreboding feeling of the Great Dog Peak, as its rocky presence rises and darkly glistens Pico Cão Grande - Neatorama


EM DEZENAS DE ESCALADAS - 1970 -1975 - UM PORTUGUÊS (O AUTOR DESTE POST) E MAIS QUATRO SANTOMENSES, ARRISCARAM A VIDA  NAS PAREDES APRUMO DESTA TORRE:  UM DOS MAIS DIFÍCEIS E IMPONENTES PICOS DO MUNDO
uto-retrato - do Peregrino da luz - por  mares,  montes e picos
 
NÃO PERMITAS QUE NO MEIO DO CAMINHO DA TUA VIDA HAJA UMA PEDRA  QUE TE IMPEÇA DE SONHAR E DE TE TRANSCENDER -  MAS QUE SEJA O MARCO QUE TE ABRA OS HORIZONTES DE ESPERANÇA E DE LUZ 

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra



 Sim, um dia eu vi  uma enorme pedra no meio de uma linda floresta  - Atraído pelo seu fascínio, fui ao seu encontro - E, quando me apercebi, parecia  que essa pedra se atravessava no meu caminho - E só havia uma forma de impedir que essa pedra esmagasse os meus sonhos, escalá-la - E foi o que fiz:  inicialmente sozinho, depois com outros companheiros - Pois vi que era demasiado grande para as minhas possibilidades - A vida também nos ensina a ser solidários e a mostrar que a união faz a força - Foi o exemplo que depois tomei. E julgo que do mesmo modo, assim pensaram os meus companheiros que seguiram os meus passos.


Perdoem-me se veem nas minhas palavras autoelogio - Mas, a certeza dos nossos actos, quando bem sucedidos, porque não reconhecermo-los?.. -  Sim, poderei dizer, que, enquanto ao monte mais alto do mundo, acorrem, todos os anos, uns largos milhares de desportistas  - e é porque há limites ao número de expedições, mesmo tendo de desembolsar em equipamento, viagens e taxas aí uns 100 mil dólares, mais deles vão lá apenas para o ver de perto - não são autorizados -  (Everest By the end of the 2010 climbing season, there had been 5.104 ascents to the summit by about 3.142 individuals)- e já foi escalada por alpinista cego e outro com próteses nas pernas) aos picos, às agulhas de pedra, a essas anónimas torres verticais, mais delas continuam ignoradas, muitos torcem o nariz - Parece ser o caso do Cão Grande: até hoje, além de minha equipa,  não houve alguém, antes ou depois de nós,  que ateste  ter subido as suas rochosas escarpas  As nossas fotos é que já foram reeditadas para sites da especialidade, extraídas da publicação que tínhamos noutro espaço, que para aqui transferimos - Mas soubemos que já houve quem lá fosse com esse propósito: uma equipa de italianos e outra de japoneses. Viram, contemplaram, admiraram, deram meia volta e foram-se embora - para desfazer dúvidas, fizemos o registo no site apropriado, em: - peakery No qual constam os picos de todo o mundo e as escaladas -: até agora fomos os únicos e os primeiros.  Não é motivo para nos pormos nos bicos dos pés - isso fizemo-lo lá muitas vezes -  mas para humildemente reconhecermos que no ser humano moram insupeitáveis forças capazes de superar as maiores adversidades e de o transcender.

ACIMA DOS 200 METROS ERA DE CORTAR A RESPIRAÇÃO


- Se a corda rebentasse ou uma cavilha se desprendesse (e era tudo tão improvisado e tão artesanal) estatelávamo-nos imediatamente no sopé. Talvez amortecidos pelas copas  da floresta que o cercam, mas apenas o tempo para a queda ser ainda mais horrível: de tomarmos consciência da morte que nos esperava sobre os blocos  de basalto em  redor - Numa das escaladas, o meu companheiro, que seguia uns metros acima, só teve tempo de me dizer: pedra!!! E eu encostar a cabeça à rocha. Ainda me tocou na orelha. Ele, foi menos feliz: uma lasca que se desprendeu apanhou-lhe o pulso, fez-lhe um grande golpe - Ainda hoje me custa a crer como ele se   aguentou e não cedeu à queda.  

A chuva era o maior  constrangimento  - quando chove a pedra fica como uma  enorme garrafa de vidro - E onde há musgos,  pior ainda! E, ali, no sul, chove quase todos os dias (pelo menos naquele tempo), e nós não não nos conformávamos por tão prolongada espera. A neve é o tapete ideal para se cravarem os pitões das botas na alta montanha, mas numa rocha lisa, deseja-se o mais seca possível. 

CÃO GRANDE: ESCALADA  APRUMO E SOB O FIO DA NAVALHA

No período da Gravana, que corresponde aqui ao Verão no Hemisfério Norte, chove um pouco menos. E, tal como em toda a ilha, não há praticamente crepúsculo. Logo que o disco solar se esconde no oceano, rapidamente anoitece; o mesmo acontece ao alvorecer; passa-se rapidamente da noite mais espessa à claridade mais radiosa. Quem anda na floresta ou faz uma escalada, já sabe que não se pode descuidar - Eu naquele dia descuidei-me.

Enquanto me aproximava do exíguo abrigo, uma trovoada  tornou repentinamente a parede basáltica  numa gigantesca garrafa de vidro - fiquei praticamente pendurado, e, nessa altura, estava sozinho sobre o abismo e fora do lugar de segurança - Foi uma noite horrível! A bem dizer, também não estava só: do fundo do arvoredo, ouviam-se muitos sons.E o que, hoje eu  mais recordo, é o cheiro do musgo húmido e da pedra (aquela pedra parece que ainda tem o cheiro da incandescência dos  magmas) e os perfumes inebriantes que vinham lá das copas e da folhagem. Onde os macacos faziam geralmente uma enorme algazarra e, quando por lá se passava (com o Sebastião abrindo caminho com o machim, a zagaia e as suas matilhas para capturar os porcos bravos) por entre fetos gigantes e lianas, não havia vez alguma que não deparássemos com as temíveis cobras pretas! - Mas ali também não há leões nem tigres ou outras feras selvagens

 Raras eram as noites ali bem passadas, mas aquela, de facto (e eu naquele  dia eu estava sozinho) afigurava-se ser de todas a mais dramática. A mente teve que funcionar a duzentos por cento. Impondo ao meu corpo a firmeza e a robustez de uma estátua. Envolto em espessas neblinas, chuva diluviana tropical e densas trevas, era impossível arredar pé. Era uma situação muito perigosa e desconfortável. O Ilhéu das Rolas, fica ali ao largo, não muito longe, frente a Porto Alegre - Estava quase sobre a linha do equador, mesmo assim, exposto todo à  noite, chuva, senti um grande desconforto,  devido arrefecimento do corpo..

Não dormi um minuto.  Abraçado àquele negro penedo, como que pedindo-lhe protecção. O que me valeu foi que havia uns esporões debaixo dos meus pés que me impediram de escorregar. A rocha estava escorregadia como óleo sobre mármore.

QUANTAS VEZES DESEJEI SER HOMEM PÁSSARO! - NO ENTANTO, NÃO PODENDO ALCANDORAR-ME A ESSA METAMORFOSE -   POR ALEGRIA OU TRISTEZA E IMPOTÊNCIA  -  , DEI MUITOS GRITOS COMO OS "GABÕES" DO MATO!... 

Quando era garoto eu adorava ir para a ladeira do nosso Lavor do Ferro, lá para os lados do Côa e correr por ali abaixo, abrir os braços e ter a sensação de voar. Depois, nas veredas da  boiça da Escola Agrícola, em Santo Tirso, ainda mais testei essa tentação de pássaro voador. Às tantas da noite, vendo-me ali pendurado, pensei mesmo nisso; algumas dessas recordações afloraram-me à mente... Apetecia-me ser um homem pássaro, ter asas de condor e voar ou ser o falcão que persegue os papagaios -Mas dei muitos berros.. À índio ou à gabão do mato. Cada ascensão mais difícil conquistada, era encher pulmões e extravasar a alegria! - A macacada no obó da capoeira, dava logo sinal e ficava em alvoroço! - Era uma coisa que eu fazia muitas vezes... De dia e de noite, sobretudo nas minhas escaladas solitárias.

De noite era mais para espantar fantasmas ou comunicar com os meus companheiros ermitas. Naquela altura, havia trabalhadores que fugiam das roças(devido aos maus tratos - sobretudo moçambicanos e cabo-verdianos) que se refugiavam no mato - chamavam-lhe os gabões; viviam da caça, que trocavam com outros bens alimentares nas aldeias. Eu imitava o grito deles. E, por vezes, eles correspondiam: dos arredores e lá do fundo do arvoredo, em torno do  Cão Grande

 Oh! sim, mas ali no meio daquela escuridão alagada de chuva, se despegasse os braços da rocha e os abrisse, a queda era fulminante como o chumbo. Mais tarde pedi ao meu grande amigo Pires dos Santos para me tirar ali uma foto. Queria recordar aquela noite que poderia ter sido a última da minha vida - Tudo era escuro e viscoso. Mas eu tinha que zelar pela minha vida: não queria precipitar-me no abismo e morrer;  lá fui resistindo, conforme pude. Só Deus, sabe como..



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Portugal 1- Irlanda 0 - Vitória da Seleção de Portugal de Futebol sobre a Irlanda-1-0 - nos descontos, abre rumo ao Campeonato do Mundo 2026.

Jorge Trabulo Marques 
Portugal 1- Irlanda 0 - Vitória da Seleção de Portugal de Futebol sobre a Irlanda-1-0 - nos descontos, abre rumo ao Campeonato do Mundo 2026. Pela frente vai ter a da Hungria, pràs 19h45, 14-10-2025, igualmente no Estádio José Alvalade, em Lisboa, e terá arbitragem do sérvio Srdjan Jovanovic.
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Cristiano Ronaldo voltou a ser um grande motor da equipa. E podia ter inaugurado o marcador . Só que, a grande penalidade marcada, foi diretamente bater, às mãos do guarda-redes Caoimhin Kelleher, que fez uma brilhante defesa .


Com este resultado, Portugal permanece no 1º lugar do Grupo F e um triunfo sobre a Hungria e um empate ou derrota da Arménia na Irlanda, poderá, desde logo, garantir a 9ª presença de Portugal na fase final de um MundialTrês pontos serão suficientes para tirar o ‘bilhete’ rumo ao Campeonato do Mundo, desde que a Arménia não vença a Irlanda.