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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Sporting 4 Estrela da Amadora 0 – Goleada leonina em noite fria mas festiva e inspirada

                                                                    Com video da reportagem 

                                                 Jorge Trabulo Marques - Football Dream




Sporting 4 Amadora 0 – Goleada leonina rejubila Alvalade Em noite fria mas festiva e inspirada. neste último domingo de Novembro. Três golos de enfiada na 1ª parte, fazem transbordar a alegria dos abraços no relvado às bancadas e é o corolário depois da auspiciosa frente ao Club Brugge, para a Liga dos Campeões Eurpéus.


A equipa dirigida por Rui Borges,  na 12.ª jornada da I Liga de futebol, igualou provisoriamente o líder FC Porto e assegurou três pontos de vantagem sobre o Benfica, próximo adversário.

Quaresma, abriu o marcador aos 7 minutos e  franqueou  o caminho a Luis Suárez  aos 11 e 54 e Ivan Fresneda, e Ivan Fresneda, aos 25, que selaram a 4ª vitória seguida dos bicampeões, elevando  para oito os jogos sem perder.



domingo, 30 de novembro de 2025

Mestre Leal da Câmara - Nasceu em 30-11-1876., o famoso pintor e caricaturista português. - O dia em que ambos fomos noticia


O Mestre Tomás Júlio Leal da Câmara (1876-1948) foi um caricaturista português de reconhecimento internacional e grande agente cultural do concelho de Sintra

Mestre Leal da Câmara - Nasceu em 30-11-1876. Pangim, Índia Portuguesa Famoso pintor e caricaturista português. Notabilizou-se como perspicaz denunciador da sociedade corrupta e dos costumes do seu tempo. A sua obra, marcadamente satírica e polémica, serviu de espelho e crítica social. Escolheu a Rinchoa, em Sintra para viver.

Tomás Júlio Leal da Câmara (Pangim, Índia Portuguesa, 30 de Novembro de 1876 — Rinchoa, 21 de Julho de 1948)
Biografia e obra

Chegado a Lisboa com quatro anos de idade, veio revelar, desde muito cedo, especial aptidão para o desenho, principalmente a caricatura. Frequentou o Instituto de Agronomia e Medicina Veterinária, que abandonou em 1896 para se dedicar à defesa do ideal republicano.

Colaborou em vários jornais da época como O Inferno — Jornal de Arte e Crítica, A Marselhesa [1] (1897-1898), A Sátira [2] (1911), A Corja [3] (1898) e O Diabo. A sua colaboração nestes jornais, tecendo críticas violentas à Monarquia e à Igreja, provocou a suspensão das publicações. A forte tendência satírica, levou-o a ser considerado inimigo da instituição Monárquica e foi forçado a exilar-se em Madrid e depois em Paris — onde se fixou a partir de 1900, colaborando no grande jornal de caricaturas L'Assiette au Beurre — e finalmente na Bélgica, vindo a tornar-se reconhecido a nível europeu.

Durante a sua estada em Madrid de 1898 a 1900 mantém uma amizade com o poeta modernista Rubén Darío. Foi também testemunha de um destacado incidente no anedotário das letras espanholas do século XX: o afrontamento verbal e físico num café entre os escritores Ramón María del Valle-Inclán e Manuel Bueno em 24 de Julho de 1899.

Depois da Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, pôde finalmente regressar a Portugal, fixando-se no Porto.






Campeões do Mundo Sub-17 recebidos em festa no aeroporto de Lisboa.Registos de imagens e breves diálogos com familiares, amigos e admiradores

           Jorge Trabulo Marques - Video com registos de imagens e breves diálogos                                   


                    Campeões do Mundo Sub-17 recebidos em festa no aeroporto de Lisboa.Registos de imagens e breves diálogos com familiares, amigos e admiradores A seleção sub-17 de futebol, campeã do mundo, chegou sábado a Portugal, depois de conquistar o título mundial inédito na quinta-feira (28), em Doha.

A equipa, que venceu a Áustria por 1-0 na final, foi recebida por algumas centenas de adeptos e familiares que encheram a zona de chegadas
Do aeroporto, seguiu para o Palácio de Belém, num autocarro decorado para assinalar a conquista, tendo depois seguido para a Cidade do Futebol, onde foi recebida pela estrutura da Federação Portuguesa de Futebol, na Praça dos Heróis.
Aqui lhe oferecemos o apontamento que tivemos o prazer de registar no aeroporto.





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sábado, 29 de novembro de 2025

Pico Cão Grande em S. Tomé- A conquista do pico mais aprumo da Terra, o emblemático símbolo basáltico de quem visita o sul desta maravilhosa Ilha, o mais atraente ícone do ecoturismo africano. que a minha equipa conquistou, pela primeira vez, em 12 de Outubro de 1975, depois de sucessivas tentativas, ao longo de quase cinco anos.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista, ex-navegador solitário e escalador


Pico Cão Grande em S. Tomé- A conquista do pico mais aprumo da Terra, o emblemático símbolo basáltico de quem visita o sul desta maravilhosa Ilha, o mais atraente ícone do ecoturismo africano. que a minha equipa conquistou, pela primeira vez, em 12 de Outubro de 1975, depois de sucessivas tentativas, ao longo de quase cinco anos.

UMA CONQUISTA INESQUECÍVEL

Pessoalmente, pude sentir o grande prazer – misto de glória, apreensão e receio – de, com o Cosme Pires dos Santos (mas também graças ao apoio do Constantino Bragança e dos meus guias, do Sebastião e do Chico), desfraldarmos, no topo do seu cume, a 663 metros de altura acima do nível do mar a Bandeira Nacional de São Tomé e Príncipe, depois de nas sucessivas escaladas, antes da Independência, termos erguido a Bandeira Portuguesa, trepando as suas vertiginosas faces, que se erguem aprumo no mais denso manto da selva verde.

De sermos os primeiros seres humanos - pois há aves que lá nidificam – a pisar as rochas da sua monumental crista!Que se ergue no coração da floresta equatorial, área integrada no Parque Natural Obô, com mais de 700 espécies de plantas e 143 tipos diferentes de aves

Já lá vão 50 anos todavia as memórias, permanecem ainda hoje tão vivas, tão vibrantes, como se o tivesse acabado de escalar – O que parecia custar aceitar era o não reencontro, a não partilha dessas mesmas emoções, com o valoroso Pires dos Santos – Mas, felizmente quis o destino que, finalmente, na tarde de 5 de Agosto, 2015, nos reencontrássemos, num abraço fraternal e amigo na companhia da sua mulher, e dois dos seus irmãos e do jornalista Adilson Castro.
- Cão grande não é Pico! É cabeça de bicho, senhor!...Quem subir ele, morre ou então tem poder no seu corpo!...

Estas algumas das afirmações que, por várias vezes, ouvi de velhos angolares (autóctones de uma conhecida etnia fixada ao sul de S. Tomé), entre outras histórias de feitiços e de homens gabões; designação dada aos trabalhadores das roças, vindas de outras colónias, em situação de degredo ou sujeitos a contratos miseráveis, que preferiam o refúgio do interior do espesso obó ao regime brutal e de semiescravidão em que prestavam serviços nas grandes propriedades agrícolas, acabando, enfim, por ali viverem no mais completo abandono e isolamento, decididamente arredados de tudo e de todos, já que a própria condição insular do meio não lhes permitia outra alternativa.

Por isso, o Cão Grande, assim como toda aquela vasta área de obó que o circunda, desde a perseverança ao Novo Brasil e Monte Mário, zonas de “capoeira” enorme e cerrada, foram pois lugares que, pela sua singularidade, muitas histórias, mitos e lendas alimentaram ao longo dos tempos da colonização.

É certo que nunca por lá se me depararam quaisquer desses homens de barbas até à cintura e com mais de trinta e tantos anos de mato, como por vezes me contavam. Mas acreditei que lá os houvesse, pois apercebi-me dos vestígios da sua presença, nomeadamente cabanas de folhagem e até de buracos nas rochas

. E, à noite, quando pernoitava, lá pelas alturas do Pico, também tive ocasião de ver pequenos clarões de fogueiras a refulgirem por entre o negrume espesso e rumorejante da floresta, donde, aliás, chegavam , simultaneamente, como que sussurros de vozes humanas, em jeito de cânticos ou monólogos em surdina, misturados com o vozear dos macacos e com outros sons característicos do obó, dando-me, por isso, a indicação segura por ali estariam acoitados alguns seres humanos

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

28--11 1975 Prémio de uma aventura de 38 dias numa piroga - Encarecerado Black Beach -Guiné Equatorial.Os tubarões de terra ainda são mais ferozes e cobardes. Era preferivel ter sido engolido pelos do mar de que estar continuamente sob a ameaça de ser condenado à forca por me terem tomado como espião do criminoso regime ditatorial. Impedido de partilhar pela censura do facebook

Jorge Trabulo Marques


Impedido de partilhar pela censura do facebook -Facebook é a plataforma com mais reclamações sobre serviços digitais  - No 2.º trimestre de 2025, a ANACOM recebeu 36 reclamações sobre serviços digitais, mais 23 reclamações do que em igual período do ano passado, o que representa um aumento de 177% no número de reclamações recebidas nesta Autoridade.  https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1815503

De regresso à censura do “ Portugal Amordaçado”  Livro  escrito por Mário Soares no exílio e originalmente publicado em França, em 1972, tendo sido proibida a sua edição e circulação em Portugal. A primeira edição portuguesa teve lugar em 1974, nunca tendo sido reeditada e encontrando-se esgotada.

Sou jornalista desde 1970, possuidor da carteira profissional.  - Conheci a censura antes do 25 de Abril. Impedido de partilhar a postagem sobre o termo da  minha aventura no mar 38 dias numa piroga no Golfo da Guiné.. Pergunto: qual a razão porque me limitam as partilhas? -Estão-me constantemente a indicar grupos ou pessoas para adicionar e depois mão permitem que se possam partilhar conteúdos?  

Que critérios são os vossos. Indiquem-me, por favor, o que editei que justifique a vossa censura: a  limitarem-me as partilhas a grupos, que me aceitaram?  Além do impedimento a amigos, a que não posso diretamente partilhar, desde há muito tempo.  Esta questão tem de ser colocada  Assembleia da Republica, é que vou fazer - Sempre que se aproximam períodos eleitorais, lá está a tesoura do Facebook a funcionar, pelo que depreende, mais para quem não tecer elogios ao regime. 

Temos que voltar a estes dias? – Ao Portugal Amordaçado” foi escrito por Mário Soares no exílio e originalmente publicado em França, em 1972, tendo sido proibida a sua edição e circulação em Portugal

28--11 1975 Prémio de uma aventura de 38 dias numa piroga - Encarecerado Black Beach -Guiné Equatorial.Os tubarões de terra ainda são mais ferozes e cobardes. Era preferivel ter sido engolido pelos do mar de que estar continuamente sob a ameaça de ser condenado à forca por me terem tomado como espião do criminoso regime ditatorial.

Não posso dizer que fosse agredido fisicamente, mas humilhado e submetido a uma incerteza psicológica terrível. É que, após ter dado entrada naquele maldito presídio de condenados à pena capital, contava sempre com o pior: de resto, os presidiários que me visitaram pela janela e me levaram comida, avisam-me logo, com esta pergunta: "És político?!..- A que eu respondi: "Não!" Diz um deles: "Então talvez te safes. Mas não digas mal do Presidente, senão... podem decapitar-te!

Eu tinha realmente informações de que não era aconselhável ir parar à Ilha de Bioko (ex-Fernando Pó), governada pelo então Presidente da Guiné Equatorial, Francisco Macías Nguema, sanguinário e déspota ditador, que dirigia então o país sob duríssima mão de ferro, tendo ordenado o espancamento e o assassínio de milhares de opositores, incluindo alguns familiares – Derrubado, em 3 de Agosto de 1979, pelo seu sobrinho, o actual Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo através do chamado golpe daliberdade, que depois o condenou a um pelotão de fuzilamento a 29 de Setembro, desse mesmo ano.

PIOR DE QUE CELA, AUTÊNTICA LIXEIRA DE RATOS E DE CHEIROS NAUSEABUNDOS

Quem fornecia a comida aos prisioneiros, eram os familiares. Lá dentro não havia cozinhas nem refeitórios. Ao lado da minha cela, situava-se a casa de banho dos guardas prisionais, que me mandava um pivete insuportável, mas que eu não podia utilizar. Havia baratas e percevejos por todos os lados.

As ratazanas entravam na minha cela, chegavam a passear-se por cima de mim e a morder-me nos dedos dos pés, quando me deitava - Por vezes no chão, pois não conseguia estender-me e segurar-me no banco. Também nem sequer dispunha de uma torneira ou de um lavatório. Para beber um copo de água tinha de o implorar aos guardas, que só mo levavam quando lhes apetecesse.

Por outro lado, também tinha de levar com o cheiro das minhas fezes, pois, só de manhã eram recolhidas. Como se não bastasse o estado de desnutrição, que quase me arruinara, tinha agora que levar com os suores e cheiros do meu corpo, pois não tinha onde me lavar.

Daí que, quem ali desse entrada, não tardasse a que, ao fim de alguns dias, tivesse a sensação de que, em vez do prisioneiro se sentir um ser humano, se identificasse como um pária e ficasse assim mais propenso a aceitar a condenação como um castigo justo e inevitável. Felizmente, nunca me deixei abater, porque, as adversidades do mar, me haviam preparado para todo o tido de dificuldades, no entanto, a passagem por aquela prisão (breve é certo) constitui uma marca negra nas minhas recordações da Guiné Equatorial e na minha vida.

MAS QUE MAL TERIA FEITO EU? - Para, após 38 longos e exaustivos dias de incerteza e de sofrimento no alto mar, dar entrada num presidio dos condenados à morte?- Cheguei mesmo a pensar se não teria valido mais a pena ter ficado na barriga de um tubarão

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Ao 38º Dia numa piroga - 27-11-1975 - pude acostar na Guiné Equatorial, numa pequena enseada da Ilha de Bioko - Mas a noite viria a ser passada estendido no chão sobre uma vulgar esteira esteira dos calabouços de uma esquadra amontoado com outros presos, após um longo e exaustivo interrogatório, tendo sido conduzido algemado, no dia seguinte, para famigerada prisão Black Bech, por suspeita de espionagem - Onde quem entrava vivo, saía caixão - Todos os dias e anoites ouvia gritos lancinantes de tuturosas execussões

  

De miserável náufrago a perigoso prisioneiro - 38 dias de sofrimento na vastidão do Golfo da Guiné:  depois de pisar areia macia, do recanto uma discreta praia, algures em Bococo e de ter sido humanamente recebido numa finca de cacau, neste mesmo dia à noite sou depois conduzido algemado  a um escuro calabouço e, no dia seguinte,  a  uma sinistra cela do reino de terror  de  Francisco Macias Nguema


Diário de Bordo  - 27 de Nov - 1975 - 38º Dia - Eis que, finalmente, depois de 38 dias, me encontro numa praia!... Junto a um recanto!... de ummagnífica montanha! De verdura!... Equatorial!... De plantas exóticas ! das mais variadas espécies!.... Foi extremamente difícil chegar até aqui!... Foi para além mesmo da minha resistência!... Mas finalmente , atingi esta costa!... Esta costa que  se ergue aqui numa montanha de verdura!... De magníficas árvores, das mais variadas cores!...

 Estas foram as últimas palavras que pronunciei para o meu diário gravado, um pequeno gravador que consegui preservar no interior de um contentor de plástico, igual aos do lixo. assim como a máquina fotográfica , cujos rolos  o mar poupou mas que bem podiam ter sido confiscados pelas autoridades policiais da Guiné Equatorial, o que não aconteceu, porventura por descuido, já que, quando me prenderam, além de terem passado tudo a pente fino, até as gravações chegaram a ouvir, de ponta a ponta - E eram seis as  cassetes. 




Mal me arrastava de fraqueza mas sentia-me como se estivesse a viver as aventuras de um inesperado
 Robinson Crusoe - E, mesmo ainda hoje, não sei se sentiria vontade de sair dali tão cedo. Porém, quando me apercebi de que havia um carreiro, muito batido, que ali desembocava e que poderia ser sinal de que a praia não era totalmente selvagem (de resto, pouco depois do nascer do sol e antes de a abordar, já ali tinha visto, na pequena língua do negro areal, um homem à cata de ovos de tartaruga) pelo que não tive outro remédio senão seguir aquele mesmo careiro, que me levaria a uma finca  - à sede de uma plantação de cacau.  Tal facto, ia-me custando a vida. Tomado por espião e depois de ter passado a primeira noite nos calabouços de uma esquadra, fui transferido algemado para ser encarcerado na então tenebrosa prisão de Black Beach, em Punta Fernando.

LER POSTAGEM COMPLETA EM  
https://canoasdomar.blogspot.com/2024/11/ao-38-dia-numa-piroga-27-11-1975-pude.html

Sporting 3- Club Brugge 0 – Liga Europeia - Equipa leonina em noite cantada e vitoriosa , na 5ª jornada da Liga dos Campeões Europeus,

                                                    Jorge Trabulo Marques - Football Dream



A equipa liderada por Rui Borges, logrou uma vitória folgada, ao bater por 3-0 os belgas do Club Brugge  e empolgar a noite outonal no Estádio de Alvalade, nesta quarta-feira, dia 26 , com mais de 41 mil espectadores.

Soube  resistir à pressão inicial da equipa visitante e dominar a partida com um resultado expressivo e merecido – Ao minuto nove surgiu algo inesperado que parecia antever uma noite complicada, quando a Morten Hjulmand é exibido o cartão vermelho direto depois de uma falta sobre Stankovic. Vá lá que o árbitro Stieler, tomou a decisão sensata – depois de consultar a  VAR e reverteu a decisão para o  cartão amarelo.

Os golos foram matracados por Geovany Quenda, aos 24 minutos, Luis Suárez, aos 31, e Francisco Trincão, aos 70 – Assim sendo, os bicampeões portugueses, que já tinham vencido em casa o Kairat (4-1) e o Marselha (2-1).além dos três triunfos um empate frente à Juventus (1-1), e uma derrota com o Nápoles (2-1), segue no 8º lugar, o último que garante o apuramento direto, com 10 pontos, mas em igualdade com algumas das equipas em zona de play-off.- Segundo é referido pela imprensa desportiva






terça-feira, 25 de novembro de 2025

Meu 25 de Nov 1975 - 36º dia Perdido no Golfo da Guiné - Há muito desisti de olhar para a bússola. Ora navego para um lado ora navego para outro. Tento evitar que a canoa fique completamente à deriva ou atravessada à vaga. Tenho a costa de África já próxima para meu espanto!..(..) Mas já é noite!...Estou a velejar!... Estou-me a precipitar como um suicida.... Mas tenho fome!!... Não posso demorar mais tempo

 


A
lgures no Golfo da Guiné, 25 de Novembro de 1975  Há 49 anos
 Jorge Trabulo Marques  25 de Nov 1975 - 36º dia Perdido no Golfo da Guiné - Há muito desisti de olhar para a bússola. Ora navego para um lado ora navego para outro. Tento evitar que a canoa fique completamente à deriva ou atravessada à vaga. Tenho a costa de África já próxima para meu espanto!..(..) Mas já é noite!...Estou a velejar!... Estou-me a precipitar como um suicida.... Mas tenho fome!!... Não posso demorar mais tempo
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À medida que as forças me vão fraquejando, são mais os pensamentos  que me assolam de que as palavras que expresso para o meu diário. Embora com os olhos pregados nos contornos de  terra à vista, assim vai decorrer mais um dia perdido no mar, sem todavia a poder alcançar. Mas, só ao 38º dia é que a poderia finalmente pisar.

À medida que as forças me vão fraquejando, são mais os pensamentos  que me assolam de que as palavras que expresso para o meu diário. Embora com os olhos pregados nos contornos de  terra à vista, assim vai decorrer mais um dia perdido no mar, sem todavia a poder alcançar. Mas, só ao 38º dia é que a poderia finalmente pisar. 


Sim, mais propenso a pensar de que a expressar as minhas emoções ou observações  para o modesto gravador,  que religiosamente guardo num simples contentor de plástico,  que em terra servira de caixote de lixo – Estou completamente desligado do resto do mundo. A bússola permite-me saber a direcção que tomo mas não sei onde estou. Vou ao sabor dos ventos e das correntes. Que nem sempre me levam pelo melhor rumo. O remo improvisado, continua a ser pouco ou nada eficaz. Não posso comunicar seja com quem for. Senão com a vontade de Deus. E também não tenho a certeza se me vê ou se me ouve. Mas eu existo, e,  a bem dizer, sou um náufrago. E o drama que vai no coração de quem anda perdido no mar, é intraduzível  em palavras - Aqui ficam, pois,  as que foram faladas (para o diário) e alguns dos pensamentos  que ficaram guardados na minha memória. 

 Diário de Bordo Já é manhã do 36ª dia! Esteve uma noite esplêndida!..Magnífica! Não choveu... A manhã apresenta-se  serena mas muito nublada!...Está aqui à minha frente uma serra muito alta!!...Muito comprida!!...Devo estar entre  os Camarões e a Nigéria...Mas ainda falta um bocadito...

O mar é um imenso tapete calmo, que cintila como um espelho de luz. . Manhã  radiante! Não corre a mais leve aragem... Nem um sopro sequer a agitá-lo. A canoa "São Tomé - Yon Gato" mal se move. Também ela parece querer repousar  das muitas pancadas, dos maus tratos que tem sofrido...  Que,  inexplicavelmente, tem suportado, com tanta indiferença e resignação...Como se levasse no seu bojo a carga mais preciosa deste mundo, que fosse imprescindível salvaguardar.

OLHA O CÉU E REZA DEUS A TUA ORAÇÃO – Que tão imenso e distante é , cujo teto é o teu único abrigo e o vasto mar o teu único caminho em todos os sentidos do circular horizonte   




Assando uma ave
Obrigado minha canoa!.. Sou um retrato desfigurado de mim mesmo mas não me sinto derrotado. Ainda não me levaste a terra mas antevejo esse momento de suprema felicidade... Sinto um encantamento inexprimível, inefável!... Porém, começa a sentir-se muito calor.....Mas, por agora, estou bem.....Dá-me a impressão que até   já  me sararam as feridas e me passaram  as dores do meu corpo. Estou mais tranquilo. Vejo que tenho aqui a terra, relativamente próxima. ...Oh, meu pobre coração!.. Tão maltratado tens sido!.... Depois de tanta angústia e de tanta incerteza,  como esta visão te descomprimi e tranquiliza um pouco mais!... 


 Diário de Bordo 2 Esta amanhã, a moral pode considerar-se elevadíssima! Comi a ave que ontem apanhei... Cozia-a com um toco de uma vela de cera que ainda aí tinha... E apanhei mais um peixito...Tenho aqui a costa de África já muito próxima... e montanhosa para meu espanto....

De facto, estava convencido de que a orla da costa  fosse mais baixa, como a da Nigéria, onde fui parar da outra vez... Mas não... É extraordinariamente acidentada ... Já pensei que fosse a Ilha de Fernando Pó...Mas não deve ser...Dá-me a impressão que se prolonga indefinidamente, formando como que uma imensa bacia que se destaca de uma enorme massa verde escura....Ora, se fosse uma ilha, provavelmente teria outra configuração... Porém, as nuvens que pousam nas suas montanhas, que ora cobrem ou descobrem os seus perfis, fazem-me uma certa confusão...Veremos, quando lá chegar...

 Diário de Bordo Serão neste momento, uma ou duas da tarde... Tem estado um calor sufocante!...Uma calmaria bastante inquietante!...Vejo perfeitamente  à minha frente a nordeste a costa de África!... Que se eleva numa enorme serra!  Toda coberta de vegetação, encimada por nuvens... 

Agora começa a correr uma ligeira brisa... Entretanto, vou ver se consigo velejar qualquer coisa...

Tento, mas em vão...A vela continua a pender, quase inerte, espanejando debilmente, a brisa é muito fraca...O sol bate-me em cheio... A água das chuvas que guardo no bidão de plástico,  tem uma colorarão amarelada, é mal gostosa, não me mata a sede. A garganta fica-me sequiosa, arde-me de secura...Os lábios gretam-se-me, devido ao calor que é abafadiço, escaldante, insuportável!..

O céu está manchado de azul e de branco.. E, sob aqueles vultos de névoas, descobre-se um verde escuro, luzidio .... Quando poderei  lá chegar?!... Tão próximos me parecem aqueles contornos, todavia,   fisicamente, tão  inacessíveis!

Que pena a força misteriosa das  correntes e as ninfas que regem o carinhoso bafo das  brisas me não  arrastarem para lá...O pano erguido no tosco mastro,  mal se mexe, não drapeja. Parece estar ainda mais  triste de que eu.

Sim, estou ansioso e preocupado. O tempo passa... As horas correm lentas mas vão seguindo o seu curso... Já não faz tanto calor mas mantém-se a mesma calmaria ... O sol declina,  já baixo e meio pálido a poente ... Não tardará a desaparecer... O crepúsculo, aqui é muito rápido...E, eu,   na iminência de já não alcançar a tão desejada costa de África... Depois vem a noite... ...Como será a noite?!.. Esta é sempre a minha maior incerteza... A interrogação que faço todos os dias  ao anoitecer... Mais uma vez tenho que deixar o meu destino à mercê dos caprichos dos ventos e das correntes... Oh!... esta vontade!.. Esta ânsia de aportar a  uma praia e pisar as suas areias, ouvir o sonoro marulhar das ondas (tão diferente do chape-chape no costado da piroga, que já quase  me enlouquece) a desfazerem-se na perpétua maresia sonora daquela beberagem espumosa... Oh, brilho divino!...Desejava que ao menos me aproximasses à luz do dia para que não fosse enrolado na rebentação ou atirado contra qualquer rochedo... Quando fiz a travessia de São Tomé ao Príncipe, eu, ao pôr do sol, estava aproximar-me de uma falésia. E vi que ao largo estava a formar-se um tornado. Não tive outro remédio senão afastar-me daquele precipício, voltar costas à rochosa e íngreme encosta. e enfrentar a tempestade. Se me apanhasse ali, não tinha salvação possível... Só Deus sabe os trabalhos que não tive durante aquela tormentosa noite!... Os relâmpagos rasgavam continuamente a escuridão, caíam faíscas por todo o lado. E, o plâncton, que a escuridão trazia à superfície, parecia deixar a espuma das vagas em chama, arder em fogo!

Porém, enquanto a noite me não cobre pela cortina do seu espesso véu e me não turva meus  olhos ansiosos, os inunda de sons e  silêncios noturnos, evoco aqui  um poema de José Régio, creio que muito a propósito, num momento em que me sinto levado a vaguear por um imenso oceano  de pemubrosas dúvidas. 

Talvez à vida, talvez à morte, não sei..Não sei, efectivamente, onde vou chegando. Mas não ignoro, no entanto, que terei de chegar, urgentemente, a qualquer parte . Porque, o mísero estado em que me encontro, quase esgotado de forças,  dificilmente me permitirá que possa adiar a minha sobrevivência por mais tempo, que reuna forças  para  chegar  mais longe.

Por isso, procuro avaliar no lusco-fusco do entardecer, tento decifrar os passos que ainda terei de avançar ou de percorrer... Indago e perscruto, através da morosidade inquietante que me angustia e me arrasta,  o que me aguardará para lá dos confins da imensa e misteriosa planura cinzenta,  pergunto-me a que ponto do horizonte poderei ser levado..

 O tempo refrescou, a noite ondula negra em torno de mim. .Vogo sobre um  mar de trevas e o que eu vejo em redor é um manto de escuridão. Lá, no alto, surge o brilho tímido das primeiras  estrelas – E, quem sabe,  se talvez alguma  me sirva agora de guia e de protecção. Oh, sim... Mas, eestando elas, tão  longínquas? ....

Diário de Bordo 4 - Neste momento são oito horas da noite! Deverão ser cerca das oito hora das noite! Toda a tarde de manhã não houve vento!... Só agora é que apareceu! Estou a velejar!... Estou-me a precipitar como um suicida!.. Não vejo absolutamente  nada! Não sei se estou perto, se estou longe da terra!... Mas tenho fome!!... Não posso demorar mais tempo!...

A canoa voa velozmente, qual pássaro notívago. A vela mal se distingue por entre o emaranhado das sombras  que preenchem o vazio da noite, no entanto, noto que vai enfunada e que estica retesadamente a corda da escota.

Os meus olhos e os meus ouvidos mantêm-se ativamente sincronizados e jogam entre si o rumo que deve tomar a pequena quilha galopante da propa desta espécie de embarcação fantasma.  Assentado no fundo da canoa, recostando-me a uma das travessas, apelo a todas as minhas forças para segurar o tosco remo improvisado e dar o rumo em direcção à zona  onde deixei de ver os contornos de terra.  Não pude navegar de dia, quero aproveitar o vento que sopra de noite. Mas só vejo trevas à minha volta. Vultos negros, sombras disformes e confusas a preencherem o imenso deserto vazio que paira em torno de mim. Meus olhos fixam-se no pequeno círculo fosforescente da pequena bússola que trago no pulso em forma de balão. Nada mais enxergam que a pequeníssima agulha a oscilar tremulamente. Se ao menos descobrisse alguma estrela que me servisse de orientação. É assim que me oriento nas noites em que  posso navegar.  Mas a noite é cerrada e já as ofuscou. No entanto,  não quero desistir. Bem me bastaram as horas de espera e de calmaria ao longo do dia. Com a terra sempre à vista e nem um sopro de vento que me empurrasse para lá. As correntes levavam-me sempre ao lado, autêntico suplício de Tântalo. Tremenda ansiedade e sofrimento.  

 O céu continua carregado  de nuvens escuríssimas. Atmosfera densa. Pesadíssimo  e baixo o tecto que  quase me submerge....A canoa  galopa, vai galopando, vai  sulcando temerariamente  a negra vastidão,  qual pássaro noctívago de peito aberto ao desconhecido. Nunca, como esta noite, naveguei com tão porfiada  determinação. Nada me intimida. Ou vida ou morte.  Vou disposto arriscar  tudo. Mesmo a ter que correr o risco da canoa ser atirada para qualquer escolho, negro rochedo ou linha de rebentação.

Navego, talvez  há quatro ou cinco horas, vergado sobre o remo. Velejando continuamente às cegas, alheio a todos os perigos. Tão cansado já vou do esforço do remo, que tenho a sensação de estar possuído por uma certa vertigem,... Que não é a canoa que navega  à tona de uma vasta e negra planície, mas que sou eu que  deslizo e me precipito por uma  escuríssima colina abaixo.   Não faço  a menor ideia para onde vou, que distância  me separa de um porto de abrigo.  A única coisa de que me apercebo é o ressoar de um certo bruá, que parece vir dos confins da massa escura para onde me dirijo. 

 Os meus ouvidos funcionam como  um autêntico radar - São também os meus olhos. Procuram decifrar todos os ruídos dos súbitos movimentos, todas as ressonâncias, provenientes do  barulho das vagas que se enrolam e espumam nas proximidades,  as pancadas que se  abatem contra o costado,. Avaliam todos os sons, vão sincronizados com o rumorejar noturno do mar.

É, todavia, cada vez mais complicado segurar o remo, o vento é forte e inconstante e vai-se-me tornando difícil  saber qual o verdadeiro rumo que  estou a tomar. Há muito desisti de olhar para a bússola. Ora navego para um lado ora navego para outro. Tento evitar que  a canoa fique completamente à deriva ou atravessada à vaga. Estou fisicamente esgotado e no limiar da minha resistência. A  par da fraqueza,   invade-me uma enorme sonolência, a que não quero ceder. 

Finalmente, encarando  a noite e todos os perigos, sem desfalecimento, sem pregar olho, dou-me conta dos primeiros alvores da madrugada.  O vento afrouxa, a vela fica panda e, para minha maior decepção,  a claridade do novo dia, faz-me descobrir que, em vez de me ter aproximado dos perfis e recortes  daquelas encostas montanhosas, que vira de véspera, afinal, constato de que nada me servira tamanho esforço – Fico com a sensação de que estou noutra posição, ainda mais ao largo.  Exausto, aproveito então para me deitar um pouco sobre o fundo duro e encharcado da canoa e descansar – Agora, completamente alheio ao que desse e viesse.... Na esperança, porém,  de que o novo dia  me conduza a bom porto.