"Ilhas Tinhosas - Classificadas como "o mais importante berço das aves marinhas no Golfo da Guiné" - SANTUÁRIOS
DE AVES E DE PEIXES - Estive lá tão perto, e, todavia, tão inacessecível àquele maravilhoso mundo! - Leia os pormenores neste post - mais à frente
(imagem Net)

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Pois, além de aves, também por lá havia bancos de ricos cardumes de peixes em redor das suas águas - O maior problema eram os tornados - De volta e meia, lá ia o pescado e vidas!... E hoje?!...
- Hoje, além dos tornados, há outras ameaças - Já nem traineiras nem as canoas se safam “Na ilha do Príncipe os pescadores, estão preocupados com a falta de segurança no mar da Região. Tudo por causa da constante presença de navios de origem desconhecida ao largo da ilha «Sempre aparecem barcos que lançam redes e levam todo peixe. Pescadores da ilha do Príncipe vivem amedrontados ..A pirataria no Golfo da Guiné ameaça a soberania de São Tomé e Príncipe
(fotos da nossa autoria - em S. Tomé)

E, se a rota aérea ou marítima, ainda for a mesma, certamente que é a surpreendente imagem com que se depara: a de dois enormes e solitários penedos! - A Tinhosa Grande, a maior ilhota, com 55m. E a Tinhosa Pequena, mais a Norte, com um 64m de altitude, localizadas há 22 quilómetros da ilha do Príncipe
Dizia-se, naquele tempo, que,
devido aos muitos bandos de aves que ali nidificavam, estavam cobertas de
manchas brancas de guano., tendo chegado mesmo a falar-se da sua exploração
para a composição de adubos – Mas ainda bem que não se cometeu esse atentado e permaneceram
selvagens.
Pedras Tinhosas "o mais importante berço das
aves marinhas no Golfo da Guiné"

"As ilhas Tinhosas, são consideradas como o mais
importante berço de nidificação de aves marinhas no Golfo da Guiné. «Estes dois ilhéus albergam as maiores colónias
de várias espécies de aves marinhas do Golfo da Guiné»,
confirma o estudo que alimentou a candidatura do Príncipe como património
mundial da Biosfera pela UNESCO.
Não duvido minimamente da importância da sua biodiversidade - Pessoalmente pude testemunhar esse prodígio solitário, num dos 38 dias em que andei à deriva numa canoa, por aqueles mares – Pena ter sido ao escurecer – Pois, tão inesperada visão, acompanhada pelo grito das aves, assustou-me mais de que me deslumbrou.
FANTASMAGÓRICA E RUIDOSA VISÃO SOLITÁRIA DE UM OUTRO MUNDO!

Depois que uma violenta
tempestade me fizera perder a maior parte dos mantimentos e apetrechos, tornava-se-me
tremendamente difícil navegar com o auxilio de um remo improvisado. Mesmo assim,
poderia ter-me aproximado mas hesitei. - Não ocorreu porque
tive mais medo do penedo que do mar. Receando que a canoa se despedaçasse de encontro às rochas e que as aves me pudessem atacar.
Estranha visão! - Mal o sol começou afundar-se a oeste.

Se ao menos lá descobrisse uma árvore ou uma sombra. Mas, no horizonte e a curta distância, só descobria um penedo rapado, terrivelmente solitário e o ruído de muitos bandos de aves, que ainda continuavam a pousar, mesmo já com alguma penumbra, pelo que desisti de me aproximar.
Eu tinha conhecimento que era um santuário de aves e de piolhos. Que não havia outra fauna senão essa. A par de grossas manchas brancas de dejetos, algum mato rasteiro, ninhos por todos os lados, gritarias de aves nas falésias e por todo o maciço, a partir quase da linha da rebentação.

Se ao menos lá descobrisse uma árvore ou uma sombra. Mas, no horizonte e a curta distância, só descobria um penedo rapado, terrivelmente solitário e o ruído de muitos bandos de aves, que ainda continuavam a pousar, mesmo já com alguma penumbra, pelo que desisti de me aproximar.
Eu tinha conhecimento que era um santuário de aves e de piolhos. Que não havia outra fauna senão essa. A par de grossas manchas brancas de dejetos, algum mato rasteiro, ninhos por todos os lados, gritarias de aves nas falésias e por todo o maciço, a partir quase da linha da rebentação.
MAIS
ASSUSTADO DE QUE DESLUMBRADO

De
facto, tal como refiro no registos gravados do meu diário, eu apercebera-me dos bandos de aves a sobrevoarem-me, o que me levou a pensar que não estivesse muito longe de terra.
Porém, o fim de tarde era de uma imensa calma e os meus olhos estavam imersos na paz e na serenidade, no deslumbramento dos raios solares que se estendiam de oeste até mim.
– Por isso, quando me dei conta do recorte daquele morro, quase ao revés do mar, muito a custo ainda dei algumas remadas na sua direcção, porém, às tantas, fixando mais atentamente os recortes petrificados daquele fantasma, que cada vez mais enegreciam, desisti, deixando-me de novo ir ao sabor da corrente, que me arrastava para lugar incerto, envolvido pelas mesmas trevas e escuridão.
Porém, o fim de tarde era de uma imensa calma e os meus olhos estavam imersos na paz e na serenidade, no deslumbramento dos raios solares que se estendiam de oeste até mim.
– Por isso, quando me dei conta do recorte daquele morro, quase ao revés do mar, muito a custo ainda dei algumas remadas na sua direcção, porém, às tantas, fixando mais atentamente os recortes petrificados daquele fantasma, que cada vez mais enegreciam, desisti, deixando-me de novo ir ao sabor da corrente, que me arrastava para lugar incerto, envolvido pelas mesmas trevas e escuridão.
Diário de Bordo 1- Hoje,
15º dia. Grande decepção!... Um barco cargueiro passa aqui ao meu lado
...Faço-lhe sinais vários de aproximação... mas não correspondeu!... Não há dúvida nenhuma que tenho que contar
apenas com os meus modestos recursos. Mais nada!


Há
pouco tive a sorte de pescar outro tubarão!....Pelos vistos, peixes aqui
há muitos e até se podem pescar à mão e a machim, se for preciso..
.
Diário de Bordo 3 - De noite, a dada altura, fui surpreendido por ruídos estranhos dos golfinhos, que andavam aqui a voltear a canoa (às cambalhotas por cima dela) e de um lado para o outro. É curioso, porque deixavam um rasto luminoso e exprimiam uns grunhidos!... Por um lado, aquilo pareceu-me simpático, mas, por outro, atemorizou-me. Depois dei umas apitadelas e consegui afastá-los.
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Diário de Bordo 3 - De noite, a dada altura, fui surpreendido por ruídos estranhos dos golfinhos, que andavam aqui a voltear a canoa (às cambalhotas por cima dela) e de um lado para o outro. É curioso, porque deixavam um rasto luminoso e exprimiam uns grunhidos!... Por um lado, aquilo pareceu-me simpático, mas, por outro, atemorizou-me. Depois dei umas apitadelas e consegui afastá-los.
Diário de Bordo 8 - Há uma serenidade!... Só se vê mar!... Absolutamente mar!... Mar e mais nada!... A
minha canoa a vaguear, a vaguear!...

Há
qualquer coisa de místico!....Ontem! no meio daquelas ondas!... Alterosas!!...De
vez em quando, uma ou outra entrava com
alguma água, dentro da minha canoa!... Eu sentia-me ao mesmo tempo pequeno e
gigante!... Pequeno!... No meio de tanta grandeza!.... E gigante!... por vencer
tamanha força!...
Diário de Bordo 9 - Os
peixes, aqui ao lado; de vez em quando a saltar!... Pois, são decorridos 15 dias
e tal, que me encontro nestas circunstâncias, vivendo numa autêntica banheira,
a que eu, pomposamente, dei o nome de hotel.

Diário de Bordo 10 - Pois... não sei!... Não sei!... Estou longe de tudo!... Longe das vistas de toda a gente!... Perdido nesta imensidão!... É de facto uma imensidão!... Eu, se caísse aqui, não me salvaria!....


Diário de Bordo 12 - Apenas
a presença de aves, aqui perto e de peixes, aqui debaixo da canoa.... Peixes de
todas as espécies são a minha companhia... Nesta serenidade!...Nesta calmaria!...Não
sei se isto é prologo para mais uns momentos como os de ontem....O mar é
assim!... Umas vezes sereno, outras furioso!
Diário de Bordo 13 - Fim
de tarde do 15º dia. Estou a ouvir o Duro Ouro Negro (Muxima) através da Rádio Nacional
de São Tomé e Príncipe. Uma tarde serena!... Mas, no horizonte, ao longe, nuvens
carregadas, nuvens escuras!....Ameaçam chuva!...
!

Diário de Bordo 15 - Pois tenho tudo arreado... A canoa, enfim, aos solavancos, tomboleando ao sabor da corrente. Uma corrente que se faz sentir, evidentemente, ouvindo Muxima-ai-oé!... É realmente, uma canção africana que eu gosto muito de ouvir.
Diário de Bordo 16 - Não
há dúvida nenhuma... O mar é cheio de beleza!..... Umas vezes ameaçador!...Outras vezes
belo! Maravilhoso!... De plenitude!...De alegria e de paz!...
Há
uma serenidade em tudo o que vejo aqui... E há vida!... Há a luta dos peixes
pela sobrevivência!... Luta mais feroz, talvez que a dos homens!...
Diário de Bordo 17 - Pois é já ao anoitecer... A canoa com uma
coberta, faz-me lembrar, não sei o quê... Uma espécie de junco chinês!...
Diário de Bordo 17 - Parece-me
que tenho ali a costa de África !...O céu está agora carregado para lá...Deve estar a
chover, com certeza, porque as nuvens estão para lá a descarregar chuva!.... Mas
ainda estou muito longe.... Vejo, lá longe!... A umas 20 milhas, contornos de
Fernando Pó... (era, afinal, ainda a ilha do Príncipe)
(...)
(...)
Diário de Bordo 19 - São
cerca das 10 horas da noite. O ruído que se ouve são as vagas a baterem constantemente e arrastarem-me!...Neste
momento, não tenho qualquer vela içada...Estou aqui deitado numa espécie de
caixão!...
- Excertos
Ontem,
de facto, estive próximo da Ilha do Príncipe. Mais propriamente, do Ilhéu das
Tinhosas. Afastei-me... agora ando para aqui!... Não há vento. Há uma
calmaria!...Longe de terra, com falta de água!...
Fim
de tarde do 16º dia. Um dia bastante aborrecido!... Há bocadinho, houve um
tubarão que investiu contra a minha canoa! Andou aqui em volta dela, dando-lhe rabanadas
violentas e só consegui afugentá-lo com o auxílio do machim!... Estava a ver
que me queria virar a canoa... Realmente foi uma situação bastante desesperada.
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16º DIA
Já
são dezasseis dias passados que me encontro numa canoa, em pleno Golfo da
Guiné. Devem ser três horas da tarde. Sinceramente, encontro-me muito desiludido!
Muito desanimado!..Cheio de sede!... Não tenho praticamente água!..
.
.

Encontro-me muito desanimado!... Não perdi ainda a esperança de que hei-de
chegar a terra... Hei-de me salvar!...Mas, sinceramente, sinto-me muito
saturado, muito saturado!...
A situação é extremamente difícil!... Ponho a vela e canoa não obedece... Não há vento!...Por outro lado, a falta do leme (que lhe adaptei e a perda do remo) é que provocou isto tudo!... É uma situação delicada! Bastante, mesmo!...Perdi até o apetite de comer!... Aliás, eu tenho muita sede! Imensa sede!.. Oxalá que chova!
A situação é extremamente difícil!... Ponho a vela e canoa não obedece... Não há vento!...Por outro lado, a falta do leme (que lhe adaptei e a perda do remo) é que provocou isto tudo!... É uma situação delicada! Bastante, mesmo!...Perdi até o apetite de comer!... Aliás, eu tenho muita sede! Imensa sede!.. Oxalá que chova!

Mais
tarde, voltaria a ser atacado por um outro tubarão enorme e da mesma
espécie. Mas só daria duas voltas; à segunda, esperei-o.num dos bordos e
deferi-lhe um golpe com o machim, tendo-o afastado - Desesperado,
propriamente, nunca estive. Nem com ataques de tubarões, nem com
tempestades. Mas também não vejo outras palavras para descrever, certas
situações dramáticas.
Excertos do dário de Bordo
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