Na imagem à direita sou eu na Roça Rio do Ouro (atual Agostinho Neto) como empregado de mato - Pelo que também soube o que era a escravidão - Das cinco e meia da manhã até ao pôr do sol - Com a chuva a secar a roupa no corpo, subindo e descendo vertiginosas grotas,.
«Depois desta província ter deixado de ser uma província
do indigenato, dizia o grande António Eanes que a política indígena era a
política de conduzir a população indígena com dosagens de “jeito” e “força” »–
Mais à frente alguns pormenores desse “jeito” e dessa“força”
É uma falácia
dizer-se que, com a abolição da escravatura em S. Tomé e a concessão de
alforria aos santomenses (que passaram a ser designados por forros), os libertou da condição
de trabalho esclavagista – Pois, em substituição da
palavra escravo, adotou-se a terminologia do indigenato. Isto pela razão, que, ao não reconhecer aos negros a qualidade de cidadãos, cerceando-se da liberdade,
era a fórmula opressora e de servidão
encontrada para os desígnios da chamada civilização ocidental. E sua regulamentação, em forma de lei prolongou-se, até quase aos anos 60, não obstante a lei de 11 de
Junho de 1953, ter convertido todas as
colónias em províncias ultramarinas, e, os seus
habitantes, a cidadãos portugueses de plenos direitos. Ou seja, com a ressalva
de que só deixariam de ser “indígenas” e passariam ao nível de “civilizados” ,
nos quais já se incluíam todos os brancos, goeses, os mistos e os negros
assimilados, mediante certas condições
- E quais as condições, vejam bem:
A lei determinava
“que qualquer um pode alcançar o direito de cidadania, desde que esteja
em condições de responder positivamente a um conjunto de premissas,
nomeadamente: idade superior a 18 anos; domínio correcto da língua portuguesa;
exercício duma profissão, uma arte ou ofício que lhe permita o seu próprio
sustento, bem como o dos restantes membros do agregado familiar a seu cargo; ou
possua propriedades ou bens que lhe possibilitem satisfazer esse fim; bom
comportamento, instrução e hábitos, quer em público, quer na vida privada,
dignos dum cidadão português; nenhum registo de recusa ao serviço militar, ou
tentativa de fuga ao mesmo. Dito de outra forma, o “assimilado” deveria não só
possuir uma educação rudimentar e algum dinheiro, mas também aos olhos da
polícia ter um bom carácter. Em 1950 existem em Angola apenas 30.000
assimilados e pouco mais de 4.300 em Moçambique. No entanto, em Cabo Verde e em
São Tomé e Príncipe estes formam a maioria". - Excerto de ..O
Fim do Império Colonial Português e as suas consequências
CLUBE NÁUTICO – JÁ NÃO É O QUE FOI - Está desativado e em reconstrução -MAS
TAMBÉM O QUE FOI NALGUNS ASPETOS DÁ QUE PENSAR
Não era um frequentador habitual do Clube Náutico - A última vez que lá me desloquei foi para fazer uma reportagem de uma festa organizada pelos alunos do 7º ano do Liceu para a revista Semana Ilustrada, de Luanda - Tratava-se de uma passagem de modelos de homem e de senhora, que contou com a presença do então Governador Cecílio Gonçalves e sua esposa, entre outras personalidades. Não desfilou um único modelo negro. Eram todos filhos dos colonos. A reportagem foi publicada na primeira semana de Fevereiro de 1974, portanto, o evento devia ter sido realizado nos finais de Janeiro. Penso que foi a última festa da sociedade colonial antes do 25 de Abril.
(imagem à esquerda a cores - extraída da Net)
Sim, no tempo em que vivi em S. Tomé, poucas foram as
vezes que cheguei a tomar banho no Clube Náutico, pois, como só o podia fazer ao domingo, preferia a
praia ou, então, navegar de canoa, quando fazia os meus treinos, desde a praia Lagarto à praia de S. Jerónimo, donde depois
empreendia o regresso ao ponto de
partida. Tido como um dos sítios da moda – Um centro
social e de natação. Frequentado, nomeadamente pela juventude colonial. Claro que também
lá se viam alguns santomenses e ninguém os ia impedir de lá entrar (pois nos últimos anos, evoluiu-se um pouco) mas eram
mais os brancos de que os negros - E, todavia, estes constituíam o grosso da população. Mais à frente, a sul,
ficava o Clube Militar, onde iam os oficiais, os administradores das roças, a
sociedade colonial, esta sobretudo na passagens de ano – Lugar de ostentação, de vaidade e grandes bailes.
PISCINA CONSTRUÍDA PELO GOVERNADOR GORGULHO - OS NEGROS NESSE TEMPO NÃO A FREQUENTAVAM - ESTAVA-LHE VEDADA - MESMO SEM TABULETA - QUEM SE ATREVIA?
A acusação de que teriam sido os negros os culpados da sua degradação, foi apenas um bode expiatório visto por quem ali estava de passagem -
Não era preciso colocarem lá tabuletas para impedir a sua entrada - Eles próprios não se sentiriam à vontade. Os santomenses, mesmo já nos governos de Silva Sebastião e de Cecílio Gonçalves - de 63 a 74 - eram escassos os que iam lá. Tanto assim que, não cultivando o hábito de a frequentar, lhe viraram ostensivamente as costas, mesmo depois da independência, razão pela qual chegou ao estado de abandono em que está.
(Os santomenses preferem o mar ou as piscinas naturais do rio ou de água salgada que águas tratadas - E agora já todos os hoteis as possuem - e até privados - há muito por onde escolher)
O Clube Náutico, situado junto à marginal, na cidade de S. Tomé, com a sua piscina, esplanada coberta e bar, foi construído, nos princípios dos anos 50, no tempo do famigerado Governador Carlos Gorgulho. Mas, pelo que me é dado saber, não tardou a encerrar por falta de manutenção.
A piscina não era limpa, nem a água mudada, razão pela qual os hábitos voltaram-se de novo para os banhos das praias e “ a piscina e restaurante - passaram a estar praticamente “desertos”.
Isto porque, do ponto de vista de um alto responsável no Mistério do Ultramar, “desde que o Governo Central concedeu a “cidadania” aos nativos de S. Tomé e Príncipe deveria ter previsto a mistura de raças e de cores” evitando que àquele “centro” de diversões acudissem diversíssimos exemplares da fauna humana local”, defendendo "que devia ter-se colocado à entrada uma tabuleta com letras bem visíveis onde o direito de admissão fosse reservado, para evitar a frequência de cidadãos de todas as matizes e pigmentação que não tivessem o nível de educação à altura do meio que o deveria só frequentar
– Mais à frente poderá ler o resto dos argumentos, e ver até onde chegava a miopia colonialista – Obviamente, que o estado em que se encontra, atualmente, o Clube Náutico, completamente desfigurado (felizmente que em obras), nada tem a ver com esse conceito racista, mas pelo facto dos santomenses, nunca se terem ali acostumado e de também de não faltarem praias de areia limpa e macia, onde tomarem banho - e, até, logo ali ao lado, uma piscina natural. E, como tal, de lhe terem virado costas, permitindo que, ao abandono a que foi votado, a Natureza completasse o seu estado de degradação.
Não era preciso colocarem lá tabuletas para impedir a sua entrada - Eles próprios não se sentiriam à vontade. Os santomenses, mesmo já nos governos de Silva Sebastião e de Cecílio Gonçalves - de 63 a 74 - eram escassos os que iam lá. Tanto assim que, não cultivando o hábito de a frequentar, lhe viraram ostensivamente as costas, mesmo depois da independência, razão pela qual chegou ao estado de abandono em que está.
(Os santomenses preferem o mar ou as piscinas naturais do rio ou de água salgada que águas tratadas - E agora já todos os hoteis as possuem - e até privados - há muito por onde escolher)
O Clube Náutico, situado junto à marginal, na cidade de S. Tomé, com a sua piscina, esplanada coberta e bar, foi construído, nos princípios dos anos 50, no tempo do famigerado Governador Carlos Gorgulho. Mas, pelo que me é dado saber, não tardou a encerrar por falta de manutenção.
A piscina não era limpa, nem a água mudada, razão pela qual os hábitos voltaram-se de novo para os banhos das praias e “ a piscina e restaurante - passaram a estar praticamente “desertos”.
Isto porque, do ponto de vista de um alto responsável no Mistério do Ultramar, “desde que o Governo Central concedeu a “cidadania” aos nativos de S. Tomé e Príncipe deveria ter previsto a mistura de raças e de cores” evitando que àquele “centro” de diversões acudissem diversíssimos exemplares da fauna humana local”, defendendo "que devia ter-se colocado à entrada uma tabuleta com letras bem visíveis onde o direito de admissão fosse reservado, para evitar a frequência de cidadãos de todas as matizes e pigmentação que não tivessem o nível de educação à altura do meio que o deveria só frequentar
– Mais à frente poderá ler o resto dos argumentos, e ver até onde chegava a miopia colonialista – Obviamente, que o estado em que se encontra, atualmente, o Clube Náutico, completamente desfigurado (felizmente que em obras), nada tem a ver com esse conceito racista, mas pelo facto dos santomenses, nunca se terem ali acostumado e de também de não faltarem praias de areia limpa e macia, onde tomarem banho - e, até, logo ali ao lado, uma piscina natural. E, como tal, de lhe terem virado costas, permitindo que, ao abandono a que foi votado, a Natureza completasse o seu estado de degradação.
(Festa de fim de ano no Clube Militar - Velho Fonseca , da Sociedade Agrícola Vale Flor, ao lado do comandante da Polícia e de sua esposa - roceiros e policia de mãos dadas)
Durante a minha estadia em S. Tomé, de 20 de Outubro
a 10 de Novembro, 2014, a passagem pela marginal voltada a nascente, impunha-se-me
como uma peregrinação obrigatória.
Toda a cidade tem a sua beleza mas a que está voltada para o mar, é, sem dúvida, aquela que mais encantos lhe dá, a que mais seduz o visitante, sendo mesmo o regalo para quem nela reside. Tanto a parte curvilínea voltada para a Baía Ana de Chaves, como a marginal, exposta a leste desde antiga Fortaleza de S. Sebastião (atual Museu Nacional), passando pela Pousada Miramar, até ao Forte de S. Jerónimo, onde se encontra situado o Hotel Pestana, são, de facto, as duas zonas citadinas onde os olhos se podem estender pelo horizonte fora, extasiarem-se com o imenso azul do céu e do oceano mas cuja linha de fusão ou de união, que todavia parece não ficar longe.
Também por lá dei alguns passeios. E, naturalmente, ao empreender aquele percurso a pé, após uma visita ao Museu Nacional, dei-me em demandar aquela ala marginal, em direção a sul, sabendo que ia passar ao lado do antigo Clube Náutico, contíguo a uma piscina natural – E, depois, quem é que, passando naquela local, não olha para alvura franjeada das ondas a rebentarem nas negras pedras de basalto, no seu constante vai e vem, pois, conquanto se encontre completamente à mercê dos caprichos do mar, da inconstância das suas marés, foi para onde logo me dirigi para ali me banhar, ante um fundo (mesmo que baixo) de areia branca e macia e a doçura da água quente e traquila, na qual não tardaria a encontrar uma revoada de sorridentes miúdos. Fala-se, na internet, que em S. Tomé, há muitas crianças, sem paternidade, mas não era o caso.
Toda a cidade tem a sua beleza mas a que está voltada para o mar, é, sem dúvida, aquela que mais encantos lhe dá, a que mais seduz o visitante, sendo mesmo o regalo para quem nela reside. Tanto a parte curvilínea voltada para a Baía Ana de Chaves, como a marginal, exposta a leste desde antiga Fortaleza de S. Sebastião (atual Museu Nacional), passando pela Pousada Miramar, até ao Forte de S. Jerónimo, onde se encontra situado o Hotel Pestana, são, de facto, as duas zonas citadinas onde os olhos se podem estender pelo horizonte fora, extasiarem-se com o imenso azul do céu e do oceano mas cuja linha de fusão ou de união, que todavia parece não ficar longe.
Também por lá dei alguns passeios. E, naturalmente, ao empreender aquele percurso a pé, após uma visita ao Museu Nacional, dei-me em demandar aquela ala marginal, em direção a sul, sabendo que ia passar ao lado do antigo Clube Náutico, contíguo a uma piscina natural – E, depois, quem é que, passando naquela local, não olha para alvura franjeada das ondas a rebentarem nas negras pedras de basalto, no seu constante vai e vem, pois, conquanto se encontre completamente à mercê dos caprichos do mar, da inconstância das suas marés, foi para onde logo me dirigi para ali me banhar, ante um fundo (mesmo que baixo) de areia branca e macia e a doçura da água quente e traquila, na qual não tardaria a encontrar uma revoada de sorridentes miúdos. Fala-se, na internet, que em S. Tomé, há muitas crianças, sem paternidade, mas não era o caso.
Só, então, depois uns momentos, verdadeiramente
aprazíveis, nesta piscina natural é que retomei o caminho da avenida, tendo
logo a seguir do lado da marginal, contígua a esta, o antigo Clube Náutico.
Claro que, ao passar por ali, não podia
deixar de olhar para o muro e a porta de entrada das suas antigas instalações.
Através de uma tabuleta, bem visível, notei que
estavam em obras. Forçando um pouco a porta, que estava apenas encostada, não
resisti a dar uns passos e ver como se
encontrava o seu interior: a bem dizer,
já nada do que foi. Um sítio mais propenso a ser substituído por um jardim ou
de horta para ali despontarem alguns mamoeiros, visto já por lá rebentarem alguns por entre
os buracos abertos do pavimento, de que voltar a ser piscina e
espaço de diversão.
PISCINA DO CLUBE NÁUTICO - Uma
tabuleta de acesso interdito a quem “não tivesse o nível de educação à altura
do meio” – Preconizava um zeloso funcionário da Administração colonial, dois
anos depois dos bárbaros massacres do Batepá
A piscina foi construída, no tempo do Governador
Carlos Gorgulho - Começou por ser designado Centro Social de Natação e
Diversões – Mas não tardou a ficar desativada, tal como se encontra hoje –
Porém, na governação de Silva Sebastião, já no tempo em que ali me encentrava,
sofreu novas obras e arranjos, tendo sido concessionada pela Câmara Municipal a
exploração privada, tal como, de resto, o Cinema Império, as pousadas de S. Gerónimo,
Miramar, na cidade, e a de Salazar, junto à cascata de S. Nicolau, entre outras
concessões a colonos.
Pois, mas, pelos vistos, no dizer de um alto
funcionário da Administração Colonial, esta mesma piscina apareceu construída
sem que tivesse existido a respetiva dotação quer no orçamento da Província
quer no municipal. Situada na Avenida das Armadas junto ao mar era o único
local de distração e desporto existente
na cidade mas devido a um não se sabe bem porquê, deixou de funcionar por falta
de quem substituísse a água salgada e o
restaurante não tinha a iluminação elétrica , por lhe ter sido cortada a
energia, por virtude de uma querela entre o município e o arrendatário deste
estabelecimento turístico situada junto ao mar e da piscina.
Muita gente, à tarde, principalmente aos sábados,
vinha da cidade para se deliciara e banhar na piscina ao mesmo tempo que com a
aglomeração de várias famílias se fazia um pouco de vida social . Não se
mudando a água e não tendo sido dada aprovação à proposta dos serviços das
obras públicas par aquisição e montagem de uma bomba para encher e esvaziar a
água salgada da piscina, a água ficou em más condições de limpeza e imprópria
para os banhos e exercícios de natação e assim o local - a piscina e restaurante - passaram a estar praticamente “desertos”.
Coisas de terras portuguesas, sobretudo do
Ultramar e de parcelas pequenas! “A Voz Pública” atribuía toda esta série de
circunstâncias impróprias e inacreditáveis ao facto de se temer a mistura de
cores rácicas neste centro social que se tentara formar. Ora, parece, que o
Governo Central - certamente com a informação concordante do Governo Provincial
– desde que concedeu a “cidadania” aos nativos de S. Tomé e Príncipe deveria
ter previsto a mistura de raças e de
cores, e. assim, àquele “centro” de diversões acudiriam diversíssimos
exemplares da fauna humana local. O que faltaria à entrada de acesso ao local seria uma tabuleta com
letras bem visíveis onde o direito de admissão fosse reservado, para evitar a
frequência de cidadãos de todas as matizes e pigmentação que não tivessem o
nível de educação à altura do meio que o deveria só frequentar. Seria a melhor
forma de se resolver o assunto, podendo assim não permitir a entrada até a
brancos sem aqueles requisitos
O que não me parece certo é que o plano de
obras de local tão aprazível tivesse
sido sustado e que até se pensasse em mandar aterra a piscina pondo ponto pedra
final a tão necessário centro social de
convivência e distração.
Todas as crianças que se veem
no vídeo e que correram chapinhando até nós tendo dado vivas a S. Tomé e a Portugal e cantado o hino do seu país, são
acarinhadas pelo pai e mãe. Foi, de resto, a primeira pergunta que lhe fizemos.
Gostam de cabriolar por onde lhes apetece e o mar é o seu dileto veraneio, onde se vieram
banhar e pescar com ajuda de uns simples canecos. É só meter na água e apanhar
o peixe. Não precisam de linha. Vimo-las fazer essa habilidade, depois do registo destas imagens.
Depois, lá foram andarilhando como que
ao sabor do vento - Gostam da terra e do mar mas ficámos com a impressão de que
não fazem parte das crianças abandonadas. Vieram
banhar-se na piscina natural e saltar do
alto de um muro que serve de represa à própria açude mas no sentido oposto, onde as ondas vêm brincar
na borda da areia. De facto, confirma-se que, em São Tomé “as adolescentes de idade
compreendida entre os 12 e os 19 anos de idade representam mais de 4% de idade
das mães solteiras a nível nacional, atingindo na região do Príncipe 9%, daí a existência
de muitas crianças a necessitarem de apoio. Parece não ser o caso destes adoráveis miúdos.
A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las
felizes.... Disse Oscar Wilde. Mas as
crianças de São Tomé já são boas e amáveis por natureza – O que é
preciso é saber corresponder aos gestos e afetos de espontaneidade e à doçura
que se espelha nos sorrisos dos seus rostos de uma tez negra ou morena mas luzidia
como é o brilho dos seus olhos ou a alvura que ressalta de entre os seus lábios
. Abrem-se em rasgados sorrisos ao visitante, com a mesma simplicidade com que
vivem o dia a dia. Nunca regateiam um sorriso
de alegria e de calorosa inocência mesmo
que não sejam correspondidas – De resto,
as expressões de simpatia e afabilidade são timbre das gentes deste pequeno mas
maravilhoso país.
Casa dos Pescadores um luxo desnecessário – Diz ainda
o zeloso servidor colonial
(imagens da Fortaleza de S. Sebastião)
"Na tentativa do desenvolvimento turístico a Câmara construiu um pequeno pavilhão
próximo do pontal e cais da Alfândega onde um empregado fornece informações. A
construção pouco feliz pois embora de pequenas dimensões podia ser de melhor
estética e com um pouco mais de gosto. Além do “restaurante” de que já se falou
a actual Comissão Administrativa adquiriu ao Governo um grande edifício só em
paredes e que este se destinava à “Casa
dos Pescadores”, para o aproveitar e adaptar
a uma pousada.
Situada quase no topo da Avenida da Armadas, o local é excelente para estes novos fins e a compra pelo preço de 300 contos foi excelente. Para casa dos pescadores é que o local menos se prestaria além de que uma casa de pescadores em S. Tomé não seria de oportunidade própria por praticamente só haver nativos-pescadores que só pescam quando aos próprios falta peixe! Mesmo para um “companha” montada seria um luxo a todos os títulos desnecessário e muito menos com aquela grandeza projetada e um sítio tão mal apropriado. No entanto, com o dinheiro ali gasto – mais de 700 contos – melhor aproveitado teria sido na compra de um barco salva-vidas para qualquer sinistro marinho tanto de pescadores como de barcos que fazem as carreiras de passageiros em todos os vapores que escalam S. Tomé tão fustigado pelos constantes e perigosos tornados.- Sousa Moutinho - 1956
Situada quase no topo da Avenida da Armadas, o local é excelente para estes novos fins e a compra pelo preço de 300 contos foi excelente. Para casa dos pescadores é que o local menos se prestaria além de que uma casa de pescadores em S. Tomé não seria de oportunidade própria por praticamente só haver nativos-pescadores que só pescam quando aos próprios falta peixe! Mesmo para um “companha” montada seria um luxo a todos os títulos desnecessário e muito menos com aquela grandeza projetada e um sítio tão mal apropriado. No entanto, com o dinheiro ali gasto – mais de 700 contos – melhor aproveitado teria sido na compra de um barco salva-vidas para qualquer sinistro marinho tanto de pescadores como de barcos que fazem as carreiras de passageiros em todos os vapores que escalam S. Tomé tão fustigado pelos constantes e perigosos tornados.- Sousa Moutinho - 1956
2 comentários :
É sempre bom reviver um passado que, não assim tão distante, ainda está na memória daqueles que por lá passaram.
Estive a primeira vez em S. Tomé em Outubro de 1970, estive instalado na Pousada de S. Jerónimo e ainda por lá havia revistas endereçadas ao Mário Soares de quando lá esteve "desterrado". Era Governador o Silva Sebastião (?).
Foram umas semanas de muito trabalho mas gostei da ilha e das suas gentes.
Voltei mais umas vezes para curtas estadias e esqueci, fui para outras paragens.
Voltei em 1999 e só não chorei porque já tinha visto as mesmas cenas de destruição, abandono e acumular de lixo noutras partes do mundo.
Lembro as histórias da colaboração dada à guerra do Biafra e lembro principalmente a esperança perdida de alguns de não mais voltarem a Cabo Verde país de origem dos seus antepassados.
Mas a ilha continua bonita e o seu povo um exemplo de sofrimento.
Rui Figueiredo Jacinto ruyjacinto@gmail.com
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